quarta-feira, 16 de maio de 2007

AINDA O CODEX ARQUIMEDES


Convite para o lançamento de um livro de que já aqui se falou:

As Edições 70 têm a honra de convidar V. Ex.ª para a apresentação pública do livro "O Codex Arquimedes", da autoria de Reviel Netz e William Noel, na Livraria Bulhosa de Entrecampos, no dia 18 de Maio pelas 19:00h. A obra será apresentada pelo Prof. Doutor Nuno Crato e pelo Prof. Doutor Henrique Leitão.

LIVRARIA BULHOSA ENTRECAMPOS,
CAMPO GRANDE, 10-B, LISBOA

A história da descoberta das obras perdidas de um génio da Antiguidade”

A obra:

Em 1999, um manuscrito medieval foi vendido em leilão na Christie's de Nova Iorque por 2 milhões de dólares, a um comprador que, até hoje, se mantém anónimo. Ao ser analisado, o manuscrito revelou-se, na verdade, um palimpsesto: um texto rasurado num pergaminho sobre o qual se escreveu um livro de orações no século XIII.

Este é o ponto de partida para uma viagem fascinante, que nos leva num périplo pelo Mediterrâneo – das areias de Siracusa, sitiada pelos Romanos, a Constantinopla e, por fim, a Nova Iorque. É, também, a história do percurso dos textos de uma das maiores mentes matemáticas – Arquimedes – e de como a análise das suas obras, há muito dadas como desaparecidas, nos revela a genialidade do seu pensamento.

Profusamente ilustrada com diagramas elaborados com base nos de Arquimedes, esta é uma obra cativante, num relato que alterna entre o thriller científico, a história, e a divulgação da ciência.

Prefácio:

Nicetas Choniates, irmão do arcebispo de Atenas, presenciou a maior
calamidade que alguma vez se abateu sobre o mundo do conhecimento. Em
Abril de 1204, os soldados cristãos enviados em missão para libertarem
Jerusalém esqueceram o seu propósito e saquearam Constantinopla, a mais
rica cidade da Europa. Nicetas relatou o seu testemunho desta carnificina.
O tesouro sumptuoso da grandiosa igreja da Hagia Sophia (Santa Sabedoria)
foi divido e distribuído pelos soldados. Levaram mulas até ao próprio
santuário, para carregarem o saque. Na sé do Patriarca – sobre a qual
dançou e entoou cantigas obscenas – sentou-se uma meretriz, que fazia
encantamentos e venenos. Os soldados capturaram e violaram as freiras
consagradas a Deus. «Ó Deus imortal», lamentou-se Nicetas, «quão grandes
foram as aflições dos homens». A realidade obscena da guerra medieval
abateu-se sobre Constantinopla e o cerne de um grande império
estilhaçou-se.

A cidade saqueada tinha mais livros do que habitantes. Esta era a primeira
vez que Constantinopla fora pilhada em 874 anos, desde que fora fundada em
330 A.D. por Constantino, o Grande, imperador de Roma. Os seus habitantes
ainda se consideravam Romanos e como seu legado a cidade albergava os
tesouros literários do mundo antigo. Entre estes tesouros contavam-se
tratados do maior matemático da Antiguidade, e um dos maiores pensadores
de todos os tempos. Ele calculara o valor aproximado de Pi, elaborou a
teoria dos centros de gravidade, e lançou as bases do cálculo, 1800 anos
antes de Newton e Leibniz. O seu nome era Arquimedes. Ao contrário de
centenas de milhares de livros que foram destruídos no saque da cidade,
três livros com textos de Arquimedes escaparam.

Um destes livros, o primeiro a desaparecer, era o Códice B; sabe-se que em
1311 ainda constava da biblioteca do Papa, em Viterbo, a norte de Roma,
desconhecendo-se o seu paradeiro desde então. O outro era o Códice A, cujo
último registo é de uma biblioteca de um humanista italiano, em 1564. Foi
através de cópias destas obras que os mestres da Renascença como Leonardo
da Vinci e Galileu conheceram os trabalhos de Arquimedes. Mas Leonardo,
Galileu, Newton e Leibniz nada sabiam do terceiro livro. Este continha
dois textos extraordinários de Arquimedes, que não constavam dos códices A
e B. Comparada com estes textos, a matemática de Leonardo parece uma
brincadeira de crianças. Oitocentos anos após o saque de Constantinopla,
este terceiro livro, o Codex Arquimedes, o Códice C, na sua designação
técnica, apareceu.

Esta é a história verídica e extraordinária do livro e dos textos que
contém. Revela como é que os textos sobreviveram ao longo dos séculos,
como foram descobertos, como desapareceram novamente, e como viriam
finalmente a encontrar um paladino. É também a história do restauro
paciente, da tecnologia de ponta e do estudo dedicado que devolveram à
vida os textos rasurados. Quando em 1999 iniciou o seu trabalho, a equipa
que trabalhou no livro não fazia ideia do que viria a descobrir. Quando
concluíram, tinham revelado textos novos do mundo antigo e mudado para
sempre a história da ciência.

Sobre os autores:

Reviel Netz é Professor de Ciência Antiga na Universidade de Stanford e é
autor e de várias obras sobre Filosofia e História da Ciência. É
actualmente um dos mais reconhecidos especialistas sobre as obras de
Arquimedes.

William Noel é o Conservador de Manuscritos e Livros Raros do Walters Art
Museum e autor de diversos estudos sobre Manuscritos Antigos. É igualmente
o Director do Projecto de Investigação “O Codex de Arquimedes".

Visite o site oficial do Projecto de Investigação do Manuscrito em
http://www.archimedespalimpsest.org/ e o site nacional em
www.codexarquimedes.edicoes70.pt

Para informações adicionais, por favor entre em contacto com Ana Neves –
914964368; aneves@almedina.net

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma história verdadeiramente fascinante. Todo o conhecimento e informação está disponível algures na intrincada teia de relações que define a realidade que nos envolve. Só alguns conseguem a chave para conseguirem ter acesso a ela e não parecem ser obrigatóriamente indispensáveis os instrumentos com que a tecnologia nos vai presenteando.
Artur Figueiredo

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