A exposição "Azulejos que Ensinam" de um conjunto de azulejos baseados em "Os Elementos" de Euclides e datados do século XVII (ou posterior, há um mistério nestes azulejos pois ninguém sabe nem de quando são nem de onde vieram!) estará patente na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra de 17 de Maio a 28 de Setembro. Publico a nota introdutória que escrevi para o catálogo da exposição:
Albert Einstein declarou um dia: “Quem, na juventude, não teve o seu entusiasmo despertado por Euclides, certamente não nasceu para ser cientista”. De facto, o grande cientista foi impulsionado para a ciência através da leitura aos doze anos dessa grande obra de certo modo fundadora da matemática, 300 anos antes de Cristo, que é “Os Elementos” de Euclides. Desse livro, salvo do esquecimento graças aos árabes da Península Ibérica, publicaram-se milhares de edições ao longo dos anos, algumas em português. Uma das mais famosas nos séculos XVII e XVIII, e que foi traduzida em português, teve como autor o jesuíta belga André Tacquet, encontrando-se um exemplar da primeira edição de 1654 no rico espólio da Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra.
Recorde-se que Euclides foi o fundador da Escola de Matemática da Biblioteca de Alexandria, que não só foi a primeira grande biblioteca (que está, nos últimos anos, a ressurgir...) como também a primeira universidade.
Não admira por tudo isso que a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra tenha apoiado desde a primeira hora a ideia de fazer uma exposição sobre um conjunto notável de azulejos – julgamos que único no mundo – que ilustram os teoremas geométricos do sábio grego. É tradicional em Portugal a arte da azulejaria. Mas estes azulejos euclidianos, além de belos, são, de facto, azulejos que ensinam. Vale a pena nesta ocasião não só apreciá-los como tentar perceber a geometria que eles ilustram. Acresce, para o visitante curioso, a circunstância de ser desconhecida a proveniência destes azulejos, que na sua maioria estão depositados no Museu Nacional de Machado de Castro em Coimbra. Terão vindo do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, antes da grande reforma empreendida pelo Marquês de Pombal? Onde estão os numerosos azulejos que faltam? Há mistérios na geometria de Euclides que podemos facilmente descobrir, mas há também este mistério dos azulejos euclidianos, que, embora seja mais difícil, podemos também tentar desvendar...
Ao Director do Museu Nacional de Machado de Castro, Pedro Redol, ao Director do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, Paulo Gama Mota, e (os últimos são os primeiros!) à Comissária desta exposição, Carlota Simões, o bem-haja da Biblioteca Geral por esta iniciativa comum, que, ao juntar arte e ciência, reúne dois dos maiores empreendimentos do espírito humano.
Recorde-se que Euclides foi o fundador da Escola de Matemática da Biblioteca de Alexandria, que não só foi a primeira grande biblioteca (que está, nos últimos anos, a ressurgir...) como também a primeira universidade.
Não admira por tudo isso que a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra tenha apoiado desde a primeira hora a ideia de fazer uma exposição sobre um conjunto notável de azulejos – julgamos que único no mundo – que ilustram os teoremas geométricos do sábio grego. É tradicional em Portugal a arte da azulejaria. Mas estes azulejos euclidianos, além de belos, são, de facto, azulejos que ensinam. Vale a pena nesta ocasião não só apreciá-los como tentar perceber a geometria que eles ilustram. Acresce, para o visitante curioso, a circunstância de ser desconhecida a proveniência destes azulejos, que na sua maioria estão depositados no Museu Nacional de Machado de Castro em Coimbra. Terão vindo do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, antes da grande reforma empreendida pelo Marquês de Pombal? Onde estão os numerosos azulejos que faltam? Há mistérios na geometria de Euclides que podemos facilmente descobrir, mas há também este mistério dos azulejos euclidianos, que, embora seja mais difícil, podemos também tentar desvendar...
Ao Director do Museu Nacional de Machado de Castro, Pedro Redol, ao Director do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, Paulo Gama Mota, e (os últimos são os primeiros!) à Comissária desta exposição, Carlota Simões, o bem-haja da Biblioteca Geral por esta iniciativa comum, que, ao juntar arte e ciência, reúne dois dos maiores empreendimentos do espírito humano.
4 comentários:
Infelizmente muitos outros azulejos desaparecem sem deixar rasto...
Num passeio numa zona rural do Oeste, um muro que parceira uma ermida tem pedaços de azulejos incrustados no cimento , certamente para melhor argamassar o dito!!!!
De onde vieram, porque estão ali?
Todas as pessoas conhecem a situação...mas, para quê preocuparem-se com uns míseros bocados velhos e quebrados?????
Só falta acrescentar que foram os árabes a introduzir a arte da azulejaria na Península Ibérica e que a moldura do azulejo na figura é um motivo com origem provável na Andaluzia de tradição árabe.
Os árabes conheciam "Os Elementos" e poderiam ter difundido algumas das ideias através desses objectos tão facilmente transportáveis e resistentes à acção dos elementos que são os azulejos.
Fiquei muito curioso com a "história" destes azulejos que desconhecia por completo.
Obrigado Professor Fiolhais por nos trazer à memória o exemplo de Euclides, não só no conceito de Blioteca como rede de difusão do conhecimento, como também no gosto pelo conhecimento, simplesmente por o possuir, sem ser necessáriamente para o utilizar a seguir.
Achei engraçado que o final do seu post, " ao juntar arte e ciência, reúne dois dos maiores empreendimentos do espírito humano" me tenha feito pensar que a sua manifestação mais sublime até pode por vezes estar num simples pormenor sob os nossos pés. Que não é o caso, claro!
Artur Figueiredo
O cientista dimensiona a realidade enquanto o sábio aproxima-a da verbalidade.
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