sexta-feira, 11 de maio de 2007

IR AO SOL


Minha primeira crónica no semanário "Sol":

Quando perguntei, na baixa lisboeta, a um polícia onde é que ficava o “Sol”, ele olhou-me com ar incrédulo e apontou para o céu. Tentei saber de um transeunte mais à frente se o “Sol era longe” e ele respondeu-me que, à velocidade da luz, eram só oito minutos, mostrando uma cultura científica bem acima da média nacional. É o que dá as aspas serem mudas... Enfim, em menos de oito minutos eu tinha chegado ao “Sol”.

Mas nunca ninguém foi ao Sol, sem aspas. A estrela mais próxima de nós, à qual devemos a vida, está demasiado quente, cerca de seis mil graus à superfície e quinze milhões de graus no centro. Por que é tão quente? No Sol, em obediência a Einstein, a matéria transforma-se em energia. Em cada dia 360 mil milhões de toneladas de matéria solar são transformadas em energia. É uma energia tremenda! As estrelas como a nossa são grandes “centrais” de energia, obtida pela transformação de hidrogénio em hélio, o elemento químico que foi pela primeira vez encontrado no Sol (hélio é Sol em grego). O Sol é tão grande que a perda de massa não o diminui muito: Se a Terra fosse o ponto com que encerra esta frase, o Sol teria o tamanho de uma bola de pingue-pongue.

A sonda Helios 2 da NASA foi o artefacto que esteve mais perto do Sol. Em 1976 esteve a uns prudentes 44 milhões de quilómetros, mais perto do que Mercúrio. E a mesma agência enviou sondas para muito longe do Sol. A Voyager 1 já saiu para fora do sistema solar, tendo há pouco ultrapassado a distância recorde de cem vezes a distância do Sol à Terra, bem para lá de Plutão. Daqui a dez anos estará no limite da heliosfera, a bolha cósmica ocupada pelo vento solar (chuveiro de partículas expulsas pelo Sol). Uma profecia acertada foi a que fez em 1911 K. Tsiolkovsky, o pioneiro russo da astronáutica:Os homens não permanecerão na Terra para sempre, mas, na sua busca da luz e do espaço, penetrarão primeiro timidamente além da atmosfera e depois conquistarão todo o espaço perto do Sol.”

1 comentário:

Ciência Ao Natural disse...

Muito boa introdução!
Nada como fazer descer as pessoas da "Lua" para se lhes poder falar de Ciência!
Depois de se viciarem no conhecimento até ficam a ver "Estrelas", tal a alteração "meteórica" da sua atitude perante o mundo...
Deusculpe, mas não resisti!

Luís Azevedo Rodrigues

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