terça-feira, 29 de maio de 2007

O CODEX ARQUIMEDES


Já neste blog se falou do livro "Codex Arquimedes". Aqui vai mais uma referência, transcrevendo a minha penúltima crónica do "Sol":

Já alguém, numa bela metáfora, disse que Deus conhece o futuro mas, para conhecer o passado, criou os historiadores. E os historiadores fazem, por vezes, descobertas fascinantes. É o caso da descoberta em 1906 em Constantinopla de um manuscrito do grande sábio grego Arquimedes, o “Palimpsesto de Arquimedes” (um palimpsesto é uma obra escrita por cima de outra).

Um livro sobre essa descoberta e tão fascinante como ela acaba de ser lançado em Portugal ao mesmo tempo que em vários outros países. Intitula-se precisamente “O Codex Arquimedes” (Edições 70) e são seus autores dois norte-americanos: o historiador de ciência Reviel Netz e o conservador de manuscritos e livros raros William Noel, director de um projecto de investigação sobre o manuscrito.

É dos livros mais surpreendentes que tenho lido. Nao é ficção, embora por vezes pareça! Conta, de uma forma arrebatadora, como o Codex foi adquirido em leilão por dois milhões de dólares há oito anos por um anónimo, que logo o cedeu para estudo. No século X, um escriba, tão anónimo como o recente comprador, tinha copiado do grego um conjunto de obras de Arquimedes que, dois séculos depois, foram rasuradas por um monge para dar lugar a um livro de orações. As mais modernas tecnologias permitiram, nos últimos anos, reconstituir originais únicos, que estavam semi-ocultos, de “Dos Corpos Flutuantes”, “Do método relativo aos teoremas mecânicos» e “Stomachion”. O primeiro é o tratado que contém a famosa lei de Arquimedes, o segundo antecipa em certos aspectos o cálculo diferencial que Newton e Leibniz descobriram muito mais tarde e o terceiro, que contém um intrigante “puzzle”, coloca questões de um ramo de matemática conhecido por combinatória.

Os autores deste “thriller” histórico-científico não têm dúvidas: “Arquimedes é o maior cientista de todos os tempos”. Quase dois mil anos antes da Revolução Científica, ele conseguiu aliar a experimentação à matemática. E propor inúmeras aplicações técnicas. O leitor deste “Codex Arquimedes” também vai, como ele, dizer “Eureka!”...

1 comentário:

Anónimo disse...

Soube da publicação deste livro na língua de Camões a propósito de uma das minhas assíduas visitas ao vosso blogue. Acorri a uma livraria próxima para adquirir o canhanho. O mesmo é agora livro da minha mesinha de cabeceira. Como aspirante a investigador e amante que sou da área das ciências exactas, aluno de mestrado em Eng. Electrotécnica em Coimbra (efectuarei algumas incursões no campo dos metamateriais, na elaboração da minha tese), não poderia de todo ficar indiferente a tamanha descoberta. Esta constitui a notícia do momento em matéria do desenvolvimento científico, histórico e cultural. Os meus parebéns, já agora, pelo vosso excelente espaço.

José Trindade

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