segunda-feira, 25 de abril de 2011

American hero (dos últimos)

Gabrielle Giffords e Mark Kelly

Hoje, 2ª feira, a minha crónica no jornal i.

Esta é uma história tipicamente americana, quase um filme hollywoodesco, com sangue, suor, lágrimas, espaço e até mesmo Obama, o presidente. Comecemos pelo futuro: se tudo correr como previsto, esta sexta-feira, pelas 19h47, hora de Lisboa, partirá do Cabo Canaveral a última missão do vaivém espacial Endeavour. A comandar a tripulação de seis astronautas está Mark Kelly, piloto de testes da Marinha, com missões de sucesso na Guerra do Golfo e já com três viagens ao espaço. Mas o maior desafio que teve até hoje tocou na sua esfera mais íntima: a sua esposa, Gabrielle Giffords, é uma senadora democrata que, a 8 de Janeiro e num ataque ainda hoje incompreensível, foi alvejada na cabeça enquanto discursava no Arizona. Com uma missão espacial tão simbólica já marcada, Kelly sabia que este também seria o seu último passeio "lá fora". Largou tudo, o dever rendeu-se ao amor, juntou-se à mulher, sofreu com ela. Entretanto, Gabrielle melhora e Kelly regressa aos exigentes treinos físicos. O sonho dele é que a mulher esteja ali, ao lado do presidente Obama (que insistiu em estar presente), no instante do lançamento. Hoje, Gabrielle está a reaprender a andar e a falar e há quem pergunte: será que Kelly tem força psicológica e concentração suficiente para liderar esta missão? Ele respondeu: "Aprendi a ignorar toda a minha vida pessoal e a focar- -me apenas na missão. E faço-o há já 24 anos." Tornou- -se, assim, num novo herói! Mais um, espacial.

16 comentários:

margarida disse...

O desenvolvimento científico no projecto espacial teve sempre um impacto enorme em mim, desde que assisti, ainda de bibe, à alunagem. Já ouvia falar da Laika e Sputnik era estrangeirismo usado com frequência à mesa.
Daí a adorar a Sci-Fi foi um pulo.
E amar o projecto dos vaivéns, uma naturalidade.
É sempre com tremenda emoção que os vejo partir e aterrar.
Para muitos, algo tão especial e, na sua brutalidade, delicado, tornou-se corriqueiro, banal. Não falam, mal ouvem ou lêem a propósito.
Uma pena, porque à parte os oceanos, o espaço será a única escapatória da humanidade.
E, estes homens e estas mulheres que penam e dão até a vida por pioneirismos impensáveis, deviam ser, sim, e muito, incensados e aplaudidos como verdadeiros heróis que são.
Quem com eles partilha a vida tem um privilégio e uma cruz.
Esta história de amor que aqui se relata é um exemplo limite e público de tantas outras que não sabemos e que merecem todo o nosso respeito e admiração.
Sei que na América são mais acarinhados, embora viajem para as estrelas por todo um planeta que boceja e hoje ria ao usar a terrível frase: "Houston, we have a problem..."
Boa viagem, Endeavour!
And thank you so very much!

Cláudia S. Tomazi disse...

Dificilmente encontrará um americano pessimista, ou, reduzido sem opinião formada, e no entanto, apenas cobram o que aprendem como possibilidade de realização, pautado inclusive em programas espaciais de que tudo é possível, como este agora do casal Gabrielle e Mark Kelly.

Abordo sob este ponto a educação:
Aliás, a capacidade para com a honra americana é de uma verdade esplendorosa e objetiva, pois o estadunidense nasce com o apelo de ser a pátria em cores, para a educação e cultura do seu próximo. Quando um americaninho tem por mamãe a pátria, este cresce em direitos e deveres que lhe assistem, sendo este, um devedor de seu potencial à serviço do que entende como ideal de nação. Característica, formalizada na base educativa e disciplinada ao respeito mútuo, pautada em resultados de superação aos índices de acerto aos próprios valores. Isto ocorre porque, treinam crianças com sentimento de responsabilidade e estima de ser somente possível, enquanto referência de qualidade superior e união. Mas, o que torna ser o foco um círculo vicioso, tem importância intrínseca pela seriedade que concorre e implica desde a tenra idade em seus direitos. O Governo (sua mãe) lhe assiste com a melhor educação, a melhor alimentação, a melhor moradia e uma liberdade traduzida na possibilidade de ir ao espaço, onde nem o céu é limite... Contrapartida a cultura americana através da mídia é responsável pela formação ao indivíduo em acalentar esta versão das possibilidades em realizações, através da figura do herói. Pois, induzindo fatos, transformando imagens e criando personagens, alimentam sucessivas gerações, em se tratando do mito presente, quando o próximo mito, até pode ser você.

Anónimo disse...

Herói é todo o sujeito,
seja americano ou não,
que por um supremo feito
os pés levanta do chão!

JCN

Anónimo disse...

@Cláudia S. Tomazi: os EUA que descreve só existem em filmes de blockbuster ou propaganda do partido que está no governo feita nos e pelos media não-independentes.

Difícil de encontrar americanos pessimistas ou sem opinião? De maneira nenhuma. A maior parte das pessoas não sabe o que se passa no estado ao lado, quanto mais no país ou no mundo. Aliás, a maioria dos americanos (~80%) nem sequer tem passaporte, e isto inclui congressistas e senadores. O próprio ex-presidente Bush só teve passaporte depois de ser eleito. Se para a população em geral se pode justificar em boa parte pela dimensão do país, é incompreensível no caso dos governantes dada a presença militar e não só dos EUA por todo o mundo.

"O Governo (sua mãe) lhe assiste com a melhor educação.."? O governo? Obama está constantemente debaixo de fogo por estar a tentar que toda a gente tenha acesso a cuidados de saúde providenciados pelo estado. Os americanos são essencialmente pelo mínimo de estado e máximo de iniciativa privada. Não existe esquerda, apenas direita e extrema-direita.

"...a cultura americana através da mídia é responsável pela formação ao indivíduo em acalentar esta versão das possibilidades em realizações, através da figura do herói...". Glenn Beck na Fox News sistematicamente compara os democratas e Obama aos nazis. Nem formação nem herói. Estações de televisão e jornais declaram abertamente o seu apoio aos partidos, não são independentes. Se os republicanos voltarem ao poder, então sim a Fox New volta ao discurso do "herói americano" e outras estações farão o oposto.

"..treinam crianças com sentimento de responsabilidade e estima..."? Columbine, Virgina Tech e tantos outros tiroteios em escolas com origem no bullying, facilidade em adquirir armas, e não só.

Pessoalmente acho que os EUA nem sequer estão no top 10 dos países mais desenvolvidos. Só tem direito a cuidados de saúde quem tem dinheiro. Os media não são independentes. Tem índices de criminalidade muito elevados e uma cultura das armas. Têm pena de morte. Subsistem em grande número as seitas e cultos (veja-se o caso do Texas), e as tentativas de desfazer a separação entre estado e igreja. Vivem na permanente ilusão de que são o melhor país do mundo.

Há naturalmente também muito de positivo a dizer sobre os EUA. Apenas um exemplo, da minha experiência: universidades de grande qualidade.

Falo tendo a experiência de já ter vivido, estudado, trabalhado e viajado nos EUA. Está muito longe de ser um país perfeito. Nem tal coisa existe.

P. Santos

Anónimo disse...

Poder ser americano
continua a ser o sonho,
de o dizer não me envergonho,
para todo o ser humano!

JCN

Anónimo disse...

Eu vejo pelos meus netos
como a América do Norte
constitui o prato forte
de todos os seus projectos!

JCN

Cláudia Tomazi - Brasil disse...

Ao Sr. P. Santos

Com relação ao tema American Hero:
A princípio, seria evasivo tomar por sintomas de uma sociedade capitalista, o inconsciente coletivo desta, pois a natureza destas duas coisas que por sua vez, distintas, também, ditam regras diferentes.

Ao que preza por interesse de Portugal, o Brasil disponibilizou ontem 150.000 vagas somente para Engenheiros portugueses, sendo que a minha pátria, vosso capricho tem por terceiro mundo...

Então, para cada proporção sua confluência.

João de Castro Nunes disse...

"GOD BLESS AMERICA!"

Que seria do mundo se não fora
nos dias de hoje o povo americano
que ante as sevícias de qualquer tirano
é a única nação... libertadora!

Seja onde for que exista prepotência,
abuso de poder ou barbarismo,
em nome dos princípios do humanismo
nunca se furta a dar sua assitência.

Falando de maneira nua e crua,
não quer isto dizer que não possua
defeitos como todas as nações.

Contudo, feitas as comparações,
constata-se dever-lhe a humanidade
a mais saudável... generosidade!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

"em nome dos princípios do humanismo"?
"nunca se furta a dar sua assistência"?

Ingenuidade e desconhecimento da história. Infelizmente não existe nenhum país assim. As motivações das intervenções foram quase exclusivamente sempre as questões económicas e a segurança própria. Os direitos humanos são ainda hoje uma questão secundária que servem para adornar um discurso politicamente correcto e inconsequente.

P. Santos

Anónimo disse...

Vossemecê está mesmo convencido disso? Ingenuidade por ingenuidade, venha o diabo e escolha! Quanto a desconhecimento, ninguém seja juiz... em causa própria. Olhe que essa do petróleo e quejandas razões de índole económica... é disco muito riscado! JCN

Anónimo disse...

AMÉRICA!

América é o sonho!... o eldorado
dos nossos tempos, o país das notas
de inconfundível tom esverdeado
que chegam às paragens mais remotas!

América é penhor de liberdade
sem raças, credos, discriminações
ou não devesse a sua identidade
às mais diversas miscigenações.

América é o pão de cada dia
honestamente ganho e garantido
como um direito de cidadania.

Brindemos pela América, anteparo
dos povos oprimidos no sentido
de não lhes recusar o seu amparo!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

A realidade são os numerosos regimes ditatoriais que subsistem e onde os EUA não interviram até hoje. Nem nenhum outro país. Nem a ONU. Alguém abdica dos negócios com a China em nome de direitos humanos, ambiente ou outros valores?

Só faltava mesmo o disparate de nos EUA não haver discriminação, quanto ontem o Presidente Obama revelou o seu certificado de nascimento por os republicanos racistas o perseguirem desde sempre.

O Sr. JCN parece que vive noutro mundo, um de fantasia poética e países perfeitos.

P.Santos

Anónimo disse...

De que lado está a ingenuidade, Sr. J. Santos? JCN

Anónimo disse...

Nem sempre, caro senhor,
poesia é fantasia,
mas um modo de repor
as normas da cortesia!

JCN

Anónimo disse...

A tolice e a ingenuidade
gostam de andar de mão dada
numa espécie de irmandade
que de sangue não tem nada!

JCN

Anónimo disse...

GUARDIÃES DA LIBERDADE

Proteja Deus a América do Norte,
dê-lhe a missão de cavaleiro andante
para a golpes de lança e de montante
fazer valer a vida sobre a morte!

Que possa ser um firme baluarte
contra todo o poder autoritário,
bem seja pessoal ou partidário,
venha donde vier, de qualquer parte!

Não deixe soçobrar a liberdade,
em nenhum continente nem nação
mesmo que não pertença à cristandade!

Seja, acima de tudo, o paladim,
o defensor da civilização
ameaçada de chegar ao fim!

JOÃO DE CASTRO NUNES

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