Gabrielle Giffords e Mark Kelly
Hoje, 2ª feira, a minha crónica no jornal i.
Esta é uma história tipicamente americana, quase um filme hollywoodesco, com sangue, suor, lágrimas, espaço e até mesmo Obama, o presidente. Comecemos pelo futuro: se tudo correr como previsto, esta sexta-feira, pelas 19h47, hora de Lisboa, partirá do Cabo Canaveral a última missão do vaivém espacial Endeavour. A comandar a tripulação de seis astronautas está Mark Kelly, piloto de testes da Marinha, com missões de sucesso na Guerra do Golfo e já com três viagens ao espaço. Mas o maior desafio que teve até hoje tocou na sua esfera mais íntima: a sua esposa, Gabrielle Giffords, é uma senadora democrata que, a 8 de Janeiro e num ataque ainda hoje incompreensível, foi alvejada na cabeça enquanto discursava no Arizona. Com uma missão espacial tão simbólica já marcada, Kelly sabia que este também seria o seu último passeio "lá fora". Largou tudo, o dever rendeu-se ao amor, juntou-se à mulher, sofreu com ela. Entretanto, Gabrielle melhora e Kelly regressa aos exigentes treinos físicos. O sonho dele é que a mulher esteja ali, ao lado do presidente Obama (que insistiu em estar presente), no instante do lançamento. Hoje, Gabrielle está a reaprender a andar e a falar e há quem pergunte: será que Kelly tem força psicológica e concentração suficiente para liderar esta missão? Ele respondeu: "Aprendi a ignorar toda a minha vida pessoal e a focar- -me apenas na missão. E faço-o há já 24 anos." Tornou- -se, assim, num novo herói! Mais um, espacial.
16 comentários:
O desenvolvimento científico no projecto espacial teve sempre um impacto enorme em mim, desde que assisti, ainda de bibe, à alunagem. Já ouvia falar da Laika e Sputnik era estrangeirismo usado com frequência à mesa.
Daí a adorar a Sci-Fi foi um pulo.
E amar o projecto dos vaivéns, uma naturalidade.
É sempre com tremenda emoção que os vejo partir e aterrar.
Para muitos, algo tão especial e, na sua brutalidade, delicado, tornou-se corriqueiro, banal. Não falam, mal ouvem ou lêem a propósito.
Uma pena, porque à parte os oceanos, o espaço será a única escapatória da humanidade.
E, estes homens e estas mulheres que penam e dão até a vida por pioneirismos impensáveis, deviam ser, sim, e muito, incensados e aplaudidos como verdadeiros heróis que são.
Quem com eles partilha a vida tem um privilégio e uma cruz.
Esta história de amor que aqui se relata é um exemplo limite e público de tantas outras que não sabemos e que merecem todo o nosso respeito e admiração.
Sei que na América são mais acarinhados, embora viajem para as estrelas por todo um planeta que boceja e hoje ria ao usar a terrível frase: "Houston, we have a problem..."
Boa viagem, Endeavour!
And thank you so very much!
Dificilmente encontrará um americano pessimista, ou, reduzido sem opinião formada, e no entanto, apenas cobram o que aprendem como possibilidade de realização, pautado inclusive em programas espaciais de que tudo é possível, como este agora do casal Gabrielle e Mark Kelly.
Abordo sob este ponto a educação:
Aliás, a capacidade para com a honra americana é de uma verdade esplendorosa e objetiva, pois o estadunidense nasce com o apelo de ser a pátria em cores, para a educação e cultura do seu próximo. Quando um americaninho tem por mamãe a pátria, este cresce em direitos e deveres que lhe assistem, sendo este, um devedor de seu potencial à serviço do que entende como ideal de nação. Característica, formalizada na base educativa e disciplinada ao respeito mútuo, pautada em resultados de superação aos índices de acerto aos próprios valores. Isto ocorre porque, treinam crianças com sentimento de responsabilidade e estima de ser somente possível, enquanto referência de qualidade superior e união. Mas, o que torna ser o foco um círculo vicioso, tem importância intrínseca pela seriedade que concorre e implica desde a tenra idade em seus direitos. O Governo (sua mãe) lhe assiste com a melhor educação, a melhor alimentação, a melhor moradia e uma liberdade traduzida na possibilidade de ir ao espaço, onde nem o céu é limite... Contrapartida a cultura americana através da mídia é responsável pela formação ao indivíduo em acalentar esta versão das possibilidades em realizações, através da figura do herói. Pois, induzindo fatos, transformando imagens e criando personagens, alimentam sucessivas gerações, em se tratando do mito presente, quando o próximo mito, até pode ser você.
Herói é todo o sujeito,
seja americano ou não,
que por um supremo feito
os pés levanta do chão!
JCN
@Cláudia S. Tomazi: os EUA que descreve só existem em filmes de blockbuster ou propaganda do partido que está no governo feita nos e pelos media não-independentes.
Difícil de encontrar americanos pessimistas ou sem opinião? De maneira nenhuma. A maior parte das pessoas não sabe o que se passa no estado ao lado, quanto mais no país ou no mundo. Aliás, a maioria dos americanos (~80%) nem sequer tem passaporte, e isto inclui congressistas e senadores. O próprio ex-presidente Bush só teve passaporte depois de ser eleito. Se para a população em geral se pode justificar em boa parte pela dimensão do país, é incompreensível no caso dos governantes dada a presença militar e não só dos EUA por todo o mundo.
"O Governo (sua mãe) lhe assiste com a melhor educação.."? O governo? Obama está constantemente debaixo de fogo por estar a tentar que toda a gente tenha acesso a cuidados de saúde providenciados pelo estado. Os americanos são essencialmente pelo mínimo de estado e máximo de iniciativa privada. Não existe esquerda, apenas direita e extrema-direita.
"...a cultura americana através da mídia é responsável pela formação ao indivíduo em acalentar esta versão das possibilidades em realizações, através da figura do herói...". Glenn Beck na Fox News sistematicamente compara os democratas e Obama aos nazis. Nem formação nem herói. Estações de televisão e jornais declaram abertamente o seu apoio aos partidos, não são independentes. Se os republicanos voltarem ao poder, então sim a Fox New volta ao discurso do "herói americano" e outras estações farão o oposto.
"..treinam crianças com sentimento de responsabilidade e estima..."? Columbine, Virgina Tech e tantos outros tiroteios em escolas com origem no bullying, facilidade em adquirir armas, e não só.
Pessoalmente acho que os EUA nem sequer estão no top 10 dos países mais desenvolvidos. Só tem direito a cuidados de saúde quem tem dinheiro. Os media não são independentes. Tem índices de criminalidade muito elevados e uma cultura das armas. Têm pena de morte. Subsistem em grande número as seitas e cultos (veja-se o caso do Texas), e as tentativas de desfazer a separação entre estado e igreja. Vivem na permanente ilusão de que são o melhor país do mundo.
Há naturalmente também muito de positivo a dizer sobre os EUA. Apenas um exemplo, da minha experiência: universidades de grande qualidade.
Falo tendo a experiência de já ter vivido, estudado, trabalhado e viajado nos EUA. Está muito longe de ser um país perfeito. Nem tal coisa existe.
P. Santos
Poder ser americano
continua a ser o sonho,
de o dizer não me envergonho,
para todo o ser humano!
JCN
Eu vejo pelos meus netos
como a América do Norte
constitui o prato forte
de todos os seus projectos!
JCN
Ao Sr. P. Santos
Com relação ao tema American Hero:
A princípio, seria evasivo tomar por sintomas de uma sociedade capitalista, o inconsciente coletivo desta, pois a natureza destas duas coisas que por sua vez, distintas, também, ditam regras diferentes.
Ao que preza por interesse de Portugal, o Brasil disponibilizou ontem 150.000 vagas somente para Engenheiros portugueses, sendo que a minha pátria, vosso capricho tem por terceiro mundo...
Então, para cada proporção sua confluência.
"GOD BLESS AMERICA!"
Que seria do mundo se não fora
nos dias de hoje o povo americano
que ante as sevícias de qualquer tirano
é a única nação... libertadora!
Seja onde for que exista prepotência,
abuso de poder ou barbarismo,
em nome dos princípios do humanismo
nunca se furta a dar sua assitência.
Falando de maneira nua e crua,
não quer isto dizer que não possua
defeitos como todas as nações.
Contudo, feitas as comparações,
constata-se dever-lhe a humanidade
a mais saudável... generosidade!
JOÃO DE CASTRO NUNES
"em nome dos princípios do humanismo"?
"nunca se furta a dar sua assistência"?
Ingenuidade e desconhecimento da história. Infelizmente não existe nenhum país assim. As motivações das intervenções foram quase exclusivamente sempre as questões económicas e a segurança própria. Os direitos humanos são ainda hoje uma questão secundária que servem para adornar um discurso politicamente correcto e inconsequente.
P. Santos
Vossemecê está mesmo convencido disso? Ingenuidade por ingenuidade, venha o diabo e escolha! Quanto a desconhecimento, ninguém seja juiz... em causa própria. Olhe que essa do petróleo e quejandas razões de índole económica... é disco muito riscado! JCN
AMÉRICA!
América é o sonho!... o eldorado
dos nossos tempos, o país das notas
de inconfundível tom esverdeado
que chegam às paragens mais remotas!
América é penhor de liberdade
sem raças, credos, discriminações
ou não devesse a sua identidade
às mais diversas miscigenações.
América é o pão de cada dia
honestamente ganho e garantido
como um direito de cidadania.
Brindemos pela América, anteparo
dos povos oprimidos no sentido
de não lhes recusar o seu amparo!
JOÃO DE CASTRO NUNES
A realidade são os numerosos regimes ditatoriais que subsistem e onde os EUA não interviram até hoje. Nem nenhum outro país. Nem a ONU. Alguém abdica dos negócios com a China em nome de direitos humanos, ambiente ou outros valores?
Só faltava mesmo o disparate de nos EUA não haver discriminação, quanto ontem o Presidente Obama revelou o seu certificado de nascimento por os republicanos racistas o perseguirem desde sempre.
O Sr. JCN parece que vive noutro mundo, um de fantasia poética e países perfeitos.
P.Santos
De que lado está a ingenuidade, Sr. J. Santos? JCN
Nem sempre, caro senhor,
poesia é fantasia,
mas um modo de repor
as normas da cortesia!
JCN
A tolice e a ingenuidade
gostam de andar de mão dada
numa espécie de irmandade
que de sangue não tem nada!
JCN
GUARDIÃES DA LIBERDADE
Proteja Deus a América do Norte,
dê-lhe a missão de cavaleiro andante
para a golpes de lança e de montante
fazer valer a vida sobre a morte!
Que possa ser um firme baluarte
contra todo o poder autoritário,
bem seja pessoal ou partidário,
venha donde vier, de qualquer parte!
Não deixe soçobrar a liberdade,
em nenhum continente nem nação
mesmo que não pertença à cristandade!
Seja, acima de tudo, o paladim,
o defensor da civilização
ameaçada de chegar ao fim!
JOÃO DE CASTRO NUNES
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