segunda-feira, 18 de abril de 2011

100ª perdição.


Hoje, 2ª feira, a minha crónica nº 100 no jornal i. Algo diferente.

Nesta 100.ª crónica, gostaria de invocar o poeta T. S. Eliot e o seu belíssimo "Quatro Quartetos":

Não deixaremos de explorar
E o fim da nossa exploração
Será chegar ao ponto de onde partimos
E conhecer esse lugar, pela primeira vez,
Através do desconhecido portão relembrado
Quando o último pedaço de terra a descobrir
É aquele que foi o começo.

Quando Eliot escreve este poema, em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, sente-se o grito íntimo do poeta num apelo à pura humanidade do homem, entendendo a guerra como a antítese mais extensa da natureza humana. A poesia de Eliot poderia ser o manto emotivo que levou o homem à Lua; susteve as lágrimas pelos que morreram pela birra de conhecer mais um pedaço de terra; dos que insistem em se deixar embalar por este cântico encantador que vem lá do fundo, de um cosmos que afinal é tão atomicamente nosso. O raio de luz chama-se "exploração"; o farol da paixão é, como diria Pessoa, "ser todo em cada coisa", deixando o "todo" ao cuidado da curiosidade e o "cada coisa" residir ora no desconcertante mundo do átomo, ora nas nuvens de Titã, no pulsar mais romântico da mais distante estrela ou na crucial e anónima inspiração que um qualquer génio bebeu. Porque foi por esses domínios (pelo luxo da sua beleza) totalmente abertos que navegámos ao longo destas cem semanas. Como escreveu Asimov: "A nossa mensagem ao universo sempre foi esta e assim permanecerá: estamos a caminho". Consigo!

4 comentários:

Cláudia S. Tomazi disse...

E ao que justifica, algo diferente.

Eis, a complexidade da lucidez!

Restaurar a pureza através de T. S. Eliot, e de tantos, deste distanciamento humano, convertido há outras dimensões.
Quando esta, é apenas o ponto de partida.

Anónimo disse...

Ao meu jeito, "curto e denso":

Consiste a grande aventura,
ao fim da meta alcançada,
voltar de forma segura
ao começo... da largada!

JCN

Cláudia disse...

Se me permite Sr. JCN, apenas um complento,

"Curto e Denso"

Consiste a grande aventura,
ao fim ser meta alcançada,
voltar de forma segura
ao começo... da largada!

Florescida, invernada
por solares branduras
Em Horizontes alturas
Campinas, res esperata

da Natureza que vela
De sorte que o norte
Trava-se como ideal

Sem Arrefecida cinzela
Distante da morte
como ponto cardeal.

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Corrigindo o desleixo, "apenas um complemento"
e, em resumida pertinência retratar-me com o Sr. JCN, ao agregar palavras, as suas. Reconhecendo como indevido e infeliz momento, um duplo deslize.
Ao ainda pedir perdão ao Sr. Miguel Gonçalves, por não ter comentado com originalidade, ao que caiba para tão bela imagem em sua verdade.

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