domingo, 24 de abril de 2011

Até 11 horas por dia na escola

O jornal Público questionou recentemente diversas pessoas sobre estado da Educação. No dia 21 deste mês em notícia assinada por Clara Viana. José Morgado, psicólogo e professor universitário aproveitou a oportunidade para falar sobre o estranho conceito de Escola a Tempo Inteiro a que já nos referimos neste blogue (por exemplo, aqui), aflorando um aspecto fundamental: as consequências que a permanência na escola, para além do tempo que é razoável, terá na aprendizagem.

"Parece-me (...) importante neste breve comentário chamar a atenção para o facto de que no nosso sistema educativo, a ideia de Escola a Tempo Inteiro, num lamentável equívoco com a ideia de Educação a Tempo Inteiro, operacionalizada através das Actividades de Enriquecimento Curricular a que acresce uma possibilidade decorrente de uma designada Componente de Apoio à Família, permitir que muitas crianças permaneçam na escola até 11 horas por dia. Sendo certo que a supervisão das crianças nos tempos profissionais dos pais é um problema fundamental para o qual as comunidades precisam de encontrar resposta, importa também avaliar o impacto que em muitas crianças pode ter a permanência por tanto tempo na escola e, sobretudo, a qualidade e ajustamento do trabalho que é realizado durante esse tempo. Todos conhecemos certamente excelentes práticas, mas também todos sabemos de trabalho desenvolvido por profissionais não preparados, com recursos desajustados, a utilização excessiva de tarefas de tipo escolar, etc. que não podem deixar de ter consequências na relação que os miúdos estabelecem com a escola e com a aprendizagem ao longo do seu percurso."

3 comentários:

Rafael Ortega disse...

É bom que se comece a pensar um pouco nisso. as crianças têm que aprender, é bom que tenham actividades extra (inglês, informática, etc), mas que tenham algum tempo para brincar e.. ser crianças.
As escolas não podem ser um sítio para os pais depositarem as crianças.

Fartinho da Silva disse...

A escola a tempo inteiro, de borla, é uma invenção muito portuguesa e terá o seu fim a breve prazo pela simples razão de que não haver dinheiro para mais este caro capricho.

É muito triste este governo ter feito demagogia e populismo na escola pública, oferecendo aquilo que nenhum país rico oferece. A saber:
1º a tal escola a tempo inteiro;
2º "ensino" obrigatório até aos 18 anos.

Enfim. Temos o que merecemos e estamos a pagar aquilo que talvez ninguém merecesse. Mas a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima...

Armando Inocentes disse...

Antigamente lutávamos pela semana de 40 horas de trabalho... (claro que as 11 horas pressupõem o almoço e os intervalos, mas o espaço é o mesmo)

Agora lutamos para armazenar as nossas crianças...

Enquanto estiverem na escola até aos 18 anos não entram nas estatísticas do desemprego - até porque são menores - mas há pessoal que se profissionaliza no ténis aos 12 e aos 14 anos. Como há grandes patrocinadores por trás, deixa de ser exploração infantil...

Mas o mais curioso é vermos os nossos miúdos todos com o Magalhães debaixo do braço a dominarem o word e o excell, enquanto a bola fica atirada lá para um canto...

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