sexta-feira, 29 de maio de 2009
EINSTEIN ESTEVE ENTRE NÓS
Hoje passam exactamente 90 anos após o aniversário do eclipse do Sol que foi observado por Eddigton na ilha do Príncipe e que confirmou a teoria da relatividade geral de Einstein. Sobre um evento que assinala a data transcrevemos informação recebida do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (em cima fotografia obtida por Eddington na Ilha do Príncipe; cópia pertencente ao espólio do Observatório Astronómico de Lisboa, remetida pelo próprio Eddington, como agradecimento pela colaboração prestada na preparação da expedição):
A teoria da relatividade geral, que imortalizou o físico Albert Einstein, passou para a história em solo que, na altura, era português. Mas por que é que os astrónomos lusos deixaram passar ao lado uma das mais relevantes observações científicas de todos os tempos? E o que tem o almirante Gago Coutinho, pioneiro na travessia aérea do Atlântico Sul, a ver com Einstein? Os investigadores Paulo Crawford e Carlos Fiolhais vão estar no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (UC) para revelar algumas das histórias mais interessantes e desconhecidas da História da Ciência em Portugal. A sessão tem lugar no dia 29 de Maio às 15 horas. A entrada é livre.
Quem foi afinal o filósofo que trouxe Einstein para Portugal? Por que é que o almirante Gago Coutinho não gostou da relatividade? E que físico de Coimbra, discípulo de Marie Curie, foi um grande entusiasta das novas ideias? Se a teoria da relatividade foi comprovada pelo astrofísico inglês Arthur Eddington na Ilha do Príncipe (então território português) e se os astrónomos portugueses ajudaram nos preparativos, por que motivo não participaram eles nas observações que comprovariam a teoria de Einstein? Noventa anos depois das observações de Eddington, o astrofísico Paulo Crawford, do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL), e o físico Carlos Fiolhais, do Centro de Física Computacional (CFC) da Universidade de Coimbra, recuperam em Coimbra fragmentos da recepção portuguesa à obra de Einstein, numa sessão que poderá surpreender.
A viagem da polémica
Se as observações feitas por Eddington em território português contribuíram decisivamente para a aclamação de Einstein, elas também têm gerado polémica, lembra o astrofísico Paulo Crawford. "No Museu da Ciência vou procurar desmentir uma história que lançava uma suspeita científica acerca de um dos mais famosos exemplos de 'experiência crucial' na História da Física, e que estava amplamente difundida entre cientistas e o público leigo", avança o também sub-director do CAAUL.
Para Paulo Crawford, "as observações de 1919, apesar dos erros inerentes aos equipamentos da época, provam sem ambiguidade que a teoria da gravitação de Einstein, a relatividade geral, é melhor que a teoria de Newton".
"O grande triunfo da relatividade geral teve lugar após a observação do encurvamento dos raios luminosos, durante o eclipse de 29 de Maio de 1919, levada a cabo por Eddington na ilha do Príncipe e Andrew Crommelin no Sobral, Brasil. Quando em 6 de Novembro desse ano Sir Frank Dyson e Arthur Eddington anunciam em Londres que as observações de 29 de Maio confirmavam as previsões da teoria da relatividade geral, Einstein é aclamado como o génio que destronou Newton", explica.
A comprovação teve "consequências astronómicas", refere Paulo Crawford. "Especialmente a partir dos anos 70, foi difundida a ideia de que as observações de 1919 não constituíram uma experiência decisiva. Por um lado, entre os físicos, evidencia-se a falta de rigor das observações. E por outro lado, mais grave, num artigo de dois filósofos da ciência, John Earman e Clark Glymour, publicado em 1980, Eddington e seus colaboradores são acusados de eliminarem dados que favoreciam a previsão da teoria de Newton, insinuando que os dados de observação teriam sido interpretados abusivamente de modo a rejeitar a teoria newtoniana. Esta crítica apoia-se numa concepção subliminar de um Eddington antecipadamente favorável à teoria de Einstein, por motivações pouco científicas", frisa.
Que motivações obscuras poderia ter Eddington para forjar os resultados da observação? Como é que a teoria da relatividade geral tem sobrevivido às críticas? Qual é o verdadeiro alcance da teoria de Einstein? Estas são algumas das questões a que Paulo Crawford vai responder numa sessão subordinada ao tema “Eddington e a expedição à ilha do Príncipe para provar a Relatividade Geral, uma teoria física com consequências astronómicas”.
Einstein em Portugal
"A obra de Einstein chega a Portugal em 1912 [sete anos depois de publicada] pela pena do filósofo de Felgueiras Leonardo Coimbra", explica Carlos Fiolhais.
"O primeiro físico a falar de Einstein é, porém, o astrónomo de Coimbra Francisco Costa Lobo, que, em 1917, refere a recém-estabelecida teoria da relatividade geral na revista 'O Instituto', órgão da academia de Coimbra com o mesmo nome", refere. Mas esse mesmo investigador acabaria por constituir-se um dos mais notáveis opositores portugueses às ideias de Einstein.
"O movimento anti-relativista tornou-se nítido em 1923 quando Costa Lobo fez uma comunicação anti-einsteiniana num congresso em Salamanca, uma atitude que será seguida pelo Almirante Gago Coutinho em 1930. Mas os dois não passaram sem respostas", avança o também director da Biblioteca Geral da UC.
Outro dos muitos episódios que Carlos Fiolhais vai referir no Museu da Ciência da UC foi a viagem que Einstein fez a Lisboa. "1925 é o ano em que Einstein, a caminho do Brasil, passa por Lisboa anónimo. Ele escreveu no seu diário: 'Dá uma impressão maltrapilha mas simpática. A vida parece correr confortável, bonacheirona, sem pressa ou mesmo objectivo ou consciência'. Albert Einstein acabou até por se associar à Academia das Ciências de Lisboa. "Para além da nomeação, em 1932, de Einstein como sócio da Academia de Ciências de Lisboa (acto que ele simpaticamente agradeceu), os contactos mais íntimos do grande físico com Portugal deram-se através de cartas a judeus portugueses, por altura da Segunda Guerra Mundial, e, em 1946, através de cartas trocadas com o físico 'estrangeirado' António Gião, natural e então residente em Reguengos de Monsaraz", sublinha o físico Carlos Fiolhais.
Foram vários os nomes da Ciência e da Cultura portuguesas que acusaram a recepção da relatividade geral. Os matemáticos Mira Fernandes e Ruy Luís Gomes e o físico de Coimbra Mário Silva, discípulo de Marie Curie, são alguns dos nomes que o público poderá conhecer melhor no Museu da Ciência, precisamente no dia em que passam 90 anos sobre o dia do eclipse solar observado por Eddington.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
CARTA A UM JOVEM DECENTE
Face ao que diz ser a «normalização da indecência», a jornalista Mafalda Anjos publicou um livro com o título: Carta a um jovem decente . N...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
6 comentários:
A RELAÇÃO ENTRE A LUA E A TERRA: EVIDÊNCIA DA CRIAÇÃO
A origem da Lua permanece um mistério para a ciência.
Existem várias teorias naturalistas (v.g captura, acrescentos residuais, fissão, impacto) mas todas são igualmente implausíveis.
A Lua estabiliza o eixo da Terra, ao mesmo tempo que influencia as marés, impede a estagnação das águas, influencia as estações do ano e assegura alguma luminosidade de noite.
E se houvesse duas luas? E se não houvesse nenhuma?
Em qualquer destas hipóteses os efeitos sobre a possibilidade de vida na Terra seriam devastadores.
A interacção gravitacional entre o nosso planeta e a Lua é fundamental para a conservação da vida.
Do mesmo modo, a rotação e a translação da Terra asseguram um aquecimento moderado e equilibrado do planeta, fundamental para a vida e para as estações do ano.
Refira-se ainda que o Sol é 400 vezes maior do que a Lua e se encontra a uma distância também 400 vezes maior que a mesma, facto que dá lugar aos eclipses mais belos e cientificamente mais produtivos que se conhecem.
Tudo isto corrobora a doutrina bíblica da criação racional e sobrenatural do sistema solar.
Isso não corrobora coisa nenhuma. Lá por não conseguires arranjar uma explicação ( não estou a dizer que não a há, apenas que tu não a sabes), não injectes religião à força toda.
Recado para o Doutor Fiolhais:
Um puto de 7 anos enviou a solução para tirar o spirit que estava atascado em Marte:
http://www.microsiervos.com/archivo/ciencia/ninio-7-anios-sugiere-forma-sacar-a-spirit-de-atasco.html
A ideia é simplíssima, não percebo porque não pensaram nisto, a NASA anda a dormir e precisa urgentemente de contratar portugueses.
Será que o puto viu isto na net? Se viu na net, o que é que o Carlos vai pensar quando voltar a falar mal do magalhães?
Miguel Silva
«A ideia é simplíssima, não percebo porque não pensaram nisto, a NASA anda a dormir »
Se andam a dormir ou não não sei, mas tu castelhano não deves saber ler:
«Julian, un niño de siete años, ha tenido una idea que coincide con una que ellos ya se habían planteado»
O que queria dizer é que demoraram muito tempo para se lembrarem disto, parece que está atascado há semanas. Se se lembrassem logo da ideia já o tinham feito, julgo, parece-me que não demorará muito a dar ordens à câmara.
Miguel Silva
Não foi bem assim Cumprimentos
Enviar um comentário