sábado, 14 de abril de 2007

Uma tacada forte em mentiras convenientes


O gráfico acima é o famoso “Hockey Stick”, a que me referirei por “Taco de Hóquei”. Trata-se do gráfico das temperaturas globais da Terra nos últimos mil anos (mais ou menos uns). Foi publicado na Nature, em 1998, no artigo Global-scale temperature patterns and climate forcing over the past six centuries, da autoria de uma equipa da Universidade da Virgínia liderada por Michael Mann. E é dramático: mostra que a temperatura global da Terra teria sido estável durante 900 anos, subindo assustadoramente nos últimos 100 anos. O gráfico ficou conhecido como “Hockey Stick” porque parece um taco de hóquei deitado: um longo cabo horizontal e uma lâmina quase vertical.

O Taco de Hóquei ficou famoso, figurando em lugar de destaque no 3.º relatório do IPCC em 2001, e tornou-se no ícone do alarmismo sobre o aquecimento global. Não houve revista ou jornal que não o reproduzisse, com avisos apocalípticos de que o Fim está próximo. Al Gore utilizou-o (convenientemente despido das barras de erro) na sua campanha presidencial de 2000, e continua a utilizá-lo de acordo com a verdade que lhe é conveniente, e que talvez o conduza à Casa Branca em 2008. É difícil exagerar a importância mediática do Taco de Hóquei.

Mas o Taco de Hóquei tem um problema científico fundamental. Está errado.

Para começar, o Taco de Hóquei nega factos climatológicos há muito estabelecidos: o Período Quente Medieval (c.1000 – c. 1400) e a Pequena Idade do Gelo (c.1500 - c. 1850), que o próprio IPCC afirmava existirem no seu relatório anterior (1995). O Taco de Hóquei nega estas alterações climáticas globais: o cabo é horizontal. Aceitar o Taco de Hóquei implica realizar um revisionismo completo sobre a história climatológica do planeta Terra! Seria razão para pôr um pé atrás, ou mesmo os dois.

Muitas pessoas acharam o assunto estranho. Dois canadianos, o matemático Steven McIntyre e o professor de Economia Ross McKitrick (conhecidos em conjunto por M&M) fizeram mais: decidiram investigar. E pediram os dados a Mann para fazerem as contas. O grupo de Mann começou por não dar acesso aos dados (contrariando a praxis científica da confirmação independente!). Mas M&M não desistiram. Eis as suas conclusões, depois de muitos obstáculos e vários anos de trabalho:

“A Nature nunca verificou se os dados originais estavam correctamente listados: sucede que não estavam. A Nature nunca verificou se eram seguidas regras de arquivamento de dados: não eram. A Nature nunca verificou se os métodos estavam correctamente descritos; não estavam. A Nature nunca verificou que os métodos indicados davam os resultados indicados: não davam. A Nature levou a cabo apenas correcções mínimas ao seu registo de publicações após ser notificada destes factos, e permitiu que os autores reclamassem, falsamente, que as suas omissões não afectavam os resultados publicados. A utilização do Taco de Hóquei pelo IPCC não foi incidental: ele figura em destaque no relatório de 2001. No entanto, nunca o IPCC o submeteu a verificação independente.”

Provavelmente, para este último acontecimento pode ter ajudado o facto de Mann ser o principal responsável científico pelo relatório do IPCC de 2001. Mas as conclusões de M&M, apresentadas em vários artigos científicos (o mais conhecido é Hockey sticks, principal components and spurious significance, em Geophysical Research Letters), foram radicais. A técnica matemática utilizada (análise de componentes principais) conduzia ao seguinte resultado: a primeira componente principal (aquela que é visível nos gráficos sem barras de erro) tem sempre a forma de taco de hóquei quaisquer que sejam os dados de entrada. Ou seja, quaisquer que fossem as temperaturas na base de dados de Mann à entrada, ele veria sempre um Taco de Hóquei à saída. Em resumo, o Taco de Hóquei era um artefacto dos métodos errados de análise, e não uma realidade. Estava no domínio do dogma religioso, não da realidade científica.

Os trabalhos de M&M levaram a um relatório independente da Academia Nacional das Ciências (NAS) norte-americana de 2006, que de forma muito diplomática afirma que o Taco de Hóquei está errado: "The reconstruction produced by Dr. Mann and his colleagues was just one step in a longer process of research, and it is not (as sometimes presented) a clinching argument for anthropogenic global warming, but rather one of many independent lines of research on global climate change". Este relatório de uma Comissão ad-hoc é de confiança e também esclarecedor.

Numa última ironia do destino, não só a Nature (que sai muito mal na fotografia) não reconhece ainda o erro, como Mann publicou uma letter to Nature em 2006 afirmando que "more widespread high-resolution data are needed before more confident conclusions can be reached and that the uncertainties were the point of the article". Vindo do principal responsável científico do 3.º relatório do IPCC, que elevou o Taco de Hóquei ao estatuto de dogma, são afirmações no mínimo curiosas.

Dois comentários. O primeiro é que, ao contrário do que a agenda dos media e de alguns políticos pretende fazer crer, é falso que exista consenso científico sobre o aquecimento global, tal como ele é vendido no jornal sensacionalista mais próximo de si. É um facto que a Terra está, em média, a aquecer desde meados do século XIX. Afinal, foi quando saiu da Pequena Idade do Gelo, e portanto está (inevitavelmente!) em moderado aquecimento global desde então. Isto é tão surpreendente como afirmar que, se retirarmos gelo do congelador, ele aquece. Mas este aquecimento nem sequer é constante: entre 1940 e 1975 houve uma marcada diminuição de temperaturas globais – de tal modo que nos anos 70 uma das grandes preocupações climáticas era com uma possível “Idade do Gelo” – com o arrefecimento global, não com o aquecimento. Quem tem mais de 40 anos talvez se lembre.

O segundo é que não existe consenso científico sobre uma relação de causalidade entre libertação de gases com efeito de estufa e o aquecimento global. Há anualmente centenas de artigos publicados em ambos os sentidos. O que se sabe é que existe correlação: quando a Terra aquece, aumenta o CO2. Isso aconteceu, por exemplo, no Período Quente Medieval (como se sabe por análise dos anéis das árvores), e aí não foi por intervenção humana. Um mecanismo conhecido é a expansão térmica da água dos oceanos, que provoca a libertação de CO2 dissolvido. O aquecimento global provoca assim a libertação não-antropogénica de CO2. O que se pode afirmar é que existe correlação, mas não necessariamente causalidade, entre os dois acontecimentos. E está muito longe de existir consenso científico. Pelo contrário: as dúvidas hoje, em 2007, são muito maiores do que há 10 anos, quando se assinou Kyoto.

Eu acho muito suspeito quando o meu barbeiro (pessoa de resto muito estimável) acha que compreende melhor do que eu um problema científico. A certeza incrustada na mente popular que nos é distribuída com o jornal gratuito, servida no noticiário, ou vendida no filme-catástrofe mais recente, é que a “Ciência provou” que o CO2 provoca o aquecimento global.

Isto não é verdade. Não é sequer verdade que haja consenso entre os cientistas. Mas pelos vistos um Taco de Hóquei não chega. Existirão tacos de hóquei nos relatórios do IPCC de 2007? Veremos.

62 comentários:

no name disse...

ainda há pouco, num comentário a um artigo anterior sobre o mesmo tema, sugeria que se falasse precisamente destas questões! a isto se chama "serviço rápido"! obrigado :-)

Anónimo disse...

Ah, bom. Já podemos estar mais descansados. Não há consenso científico. Sim senhor...Então as projecções que apontam para um aquecimento exponencial da peninsula ibérica e outros sinais preocupantes, sei lá, o desaparecimento de largas massas de gelo polar, são apenas uma consequência natural do aquecimento natural? O "taco" até pode estar errado, mas daí a assumir-se uma postura descontraida vai um grande passo.

antfilfon disse...

Concordo com o martin, e o desaparecimento tão rápido de grandes massas polares cartográficamente documentado desde os anos 70? E porquê de tanto investimento em energias limpas, desde a sua produção à sua utilização? É um engano monstruoso?

acilina disse...

Li algures que até Marte está a aquecer. Alguém sabe se esta afirmação também está errada? E por motivos semelhantes, ou aí é diferente?

Carlos Fiolhais disse...

Cara ACilina
A Nature publicou ha pouco um estudo segundo o qual Marte estaria a aquecer devido a poeiras espalhadas por ventos e nao a gases de efeitos de estufa.
O mais curioso e que me pediram um titulo "sexy" para essa noticia do aquecimento global em Marte. Eu
dei este:
"O planeta transsexual: estara Marte a tornar-se Venus?"
Gostaram do titulo, mas nao sei se vai sair...

Carlos Fiolhais disse...

PS) Falando tecnicamente, é o albedo de Marte que estara a aumentar, mas nao se pode por a palavra albedo no titulo.

Carlos Fiolhais disse...

PS2) Emendo: o albedo de Marte estara a diminuir. Ver, e.g.,
http://www.space.com/scienceastronomy/070404_gw_mars.html
O estudo da nature saiu a 5/Abril.

Anónimo disse...

As reconstituições de Mann (não só a de 98 mas também outras publicadas entretanto) são bastante semelhantes a outras publicadas por outras equipas de investigadores...
Também não acho que o hockey stick implique que o Medieval Warm Period e a Little Ice Age não existiram mas apenas que provavelmente foram menos intensos do que fazem parecer alguns relatos históricos.
Depois também não ouvi falar em aumentos significativos das concentrações de CO2 aquando do Medieval Warm Period.
Da frase citada pelo relatório da NAS não me parece que esta reconstituição seja tenha sido rejeitada, mesmo diplomaticamente, aliás o novo relarório do IPCC vai incluir novas versões de reconstituições feita pela equipa de Mann como o próprio afirma no blog mantido pelo próprio e vários outros colaboradores : www.realclimate.org
Em relação ao abrandamento do aquecimento entre as décadas de 40 e 70 há literatura publicada que atribui grande parte desse efeito aos aerossois que nessa altura eram copiosamente atirados para a atmosfera e que cujas emissões diminuiram drásticamente a partir do momento em que apareceram leis que limitavam esse tipo de poluição.
Em relação ao consenso á volta dos gases de efeito de estufa causarem aquecimento global acho que é só olhar para as propriedades físicas dos mesmos e para a história da Terra, recheada de exemplos em que as temperaturas eram elevadas ao mesmo tempo que se acumulam quantidades enormes de CO2 derivadas de volumosa e prolongada actividade vulcânica.

Jorge Buescu disse...

Muito obrigado pelos comentários de todos. Há uma grande desinformação factual sobre questões ligadas ao aquecimento global. Em particular a lm gostava de chamar a atenção para o seguinte:

(1) leia o Overview do relatório do NAS (deixei o link no post). Espero que lhe dissipe as dúvidas sobre o que estão realmente a dizer.

(2) Nesse mesmo Overview está o gráfico que o IPCC publicou em 1990 e 1995 com as reconstrução das temperaturas dos ultimos 1000 anos, onde o próprio IPCC indica o Medieval Warm Period e a Little Ice Age. Compare com o Hockey Stick. Continua a vê-los? Eu não. Nem os climatologistas, nem o próprio Mann, que no artigo declarava que afinal estes períodos não tinham existido.

(3) Se citar o blog do Mann, é natural que ele diga que tem razão... nem ele nem a Nature ainda reconheceram publicamente o erro. Se calhar nunca o farão.

(4) Entre os anos 40 e 75 não houve, como refere, abrandamento do aquecimento: houve ARREFECIMENTO (como pode ver no gráfico de Mann, pois aí trata-se de dados experimentais, não de reconstrução). O interessante é que isto ocorre numa altura em que aumentavam exponencialmente as emissões de CO2 e metano devidas à explosão industrial do pós-guerra.
Onde esteve o efeito de estufa durante 35 anos?

(5) Os dados científicos mais recentes apontam para que o CO2 seja um efeito do aquecimento global, com um time lag de cerca de 800 anos, e não uma causa. Isto permite responder à pergunta anterior...

(6) A teoria do efeito de estufa prevê um aquecimento maior na troposfera, onde se concentram os gases de efeito de estufa, do que na superfície terrestre. Mas a temperatura na troposfera não tem aumentado, o que sugere que o moderado aquecimento superficial tenha outra causa que não o efeito de estufa.

Ao Martin Guerrero gostaria de chamar a atenção para o facto de as massas de gelo polares crescerem e diminuirem anualmente, no ciclo sazonal Verão-Inverno. Ver imagens da libertação de massas de gelo polares é impressionante, mas não tem em si mais significado do que ver folhas de árvore a cair no Outono. É a renovação primaveril do gelo. Provavelmente nesta altura do ano vamos começar a ver essas imagens outra vez! Da mesma forma, há neste momento glaciares a avançar e outros a recuar. Os que recuam não são prova de aquecimento global, tal como os que avançam não são prova de arrefecimento global. Mas só os que recuam chegam às páginas dos jornais.

Vamos a factos: (1) o Ártico está mais frio agora do que em 1930. (2) Com a excepção da Península Antártica, aquele dedo que se estende para a Argentina, a temnperatura da Antártica tem vindo a *descer* desde 1966.

Tudo isto são notícias gélidas para os defensores da vulgata do efeito de estufa: é que, por efeito de estufa, o aquecimento devia ser maior nos pólos. E não é.

O que será preciso para a Humanidade não perder o debate (que, apesar de os fundamentalistas o darem como terminado, continua!) sobre o aquecimento global?

Jorge Buescu disse...

Caro lm: esqueci-me de referir, em relação ao arrefecimento global de 1940-1975, que é aceite há cerca de dez anos, pelo próprio IPCC, que o efeito dos aerossois não o explica. As referencias aos aerossóis foram retiradas do relatório do IPCC de 2001 e o arrefecimento global varrido para baixo do tapete. Uma verdade inconveniente...

Camarelli disse...

Caro Jorge Buescu:

em relação ao ponto

«(5) Os dados científicos mais recentes apontam para que o CO2 seja um efeito do aquecimento global, com um time lag de cerca de 800 anos, e não uma causa. Isto permite responder à pergunta anterior.»

tinha ideia que o time lag era bem menor, poderia indicar um artigo recente?

É bem possível (e razoável) que a composição da atmosfera se altere como consequência das alterações climáticas, tenham elas as causas que tiverem.
Mas também me parece plausível que uma alteração da composição atmosférica induza alterações climáticas. (Lembro-me do impacto das primeiras formas de vida na atmosfera, embora reconheça que a escala temporal desse efeito é muito superior ao da industrialização humana)
De qualquer modo, intriga-me como podemos sustentar uma relação entre alterações climáticas e concentração de CO2 com um time gap de 800 anos, sabendo que as medições sistemáticas são tão recentes e os dados de há 1000 anos atrás tão incompletos.

O artigo de M&M aponta uma falha no modelo de Mann (que não vi rebatida) que é o facto de quaisquer que sejam as entradas, o modelo produz sempre um taco de hockey. O facto de Mann (e outros) insistirem no modelo em questão, sem rebater a falha (contestam outras acusações bem menores comparativamente), afecta grandemente a reputação do IPCC.

Apesar de tudo, devemos ter em conta que nem tudo são tacos de hockey e que há previsões sobre os efeitos do aumento global de temperatura que não têm como premissa o CO2 como responsável. É óbvio é que se andarmos todos enganados, nem os efeitos poderão ser tão danosos, nem é reduzindo as emissões que evitamos os restantes efeitos previstos.

E se de facto a temperatura continuar a subir por motivos alheios à acção humana? Não deveríamos estar atentos aos efeitos que daí advêm?

Carlos Daniel

Palmira F. da Silva disse...

Algumas questões que convém não esquecer.

O efeito estufa sempre foi um regulador da temperatura da terra. Sem o efeito de estufa a temperatura média na terra seria de -18ºC em vez dos actuais ~15ºC.

Da energia do Sol (essencialmente luz visível e alguma radiação ultravioleta) cerca de 26 % é reflectida de volta para o espaço por nuvens e partículas existentes na atmosfera. Cerca de 19% é absorvida pelas mesmas e ainda por gases constituintes, como o ozono, p.e.. Dos restantes 55% que atingem a Terra, 4% são reflectidos. Sobram cerca de 51% da energia solar inicial (percentagem fortemente dependente das poeiras existentes na atmosfera e daí o termo inverno nuclear).

A Terra por sua vez, emite radiação infravermelha.

Esta energia emitida pela Terra é em grande parte absorvida pelos chamados gases de estufa (essencialmente CO2, metano, CFC’s, HFC’s, óxidos de azoto e ozono). Que por sua vez a emitem maioritariamente de volta para a Terra. E... o ciclo recomeça.

O GWP (global warming potential) do HFC 134a (o mais comum) é 1300, o do CO2 é 1 e do metano 21.

Já agora, o metano é um gás de que raramente se fala como grande contributor para o efeito de estufa, (contribui actualmente cerca de 20%). O metano é produzido em doses massivas no processo digestivo das vacas e a sua concentração na atmosfera subiu cerca de 150% nos últimos 2 séculos (comparado com o aumento de 30% de CO2).

O CO2 sempre foi o maior regulador do efeito de estufa terrestre. CO2 que, como todos os gases, vê a sua solubilidade em água aumentar com a diminuição da temperatura. Isto é, sendo a Terra um planeta azul, os oceanos são o grande depósito e regulador da concentração de CO2. Um pequeno aumento na temperatura da água liberta quantidades enormes de CO2.

Mas maiores quantidades de CO2 na atmosfera não conduzem necessariamente a um aumento de temperatura. Nomeadamente na Europa e especialmente no Inverno. Isto é, a temperatura em boa parte da Europa é determinada pela corrente do Golfo, uma das mais fortes correntes marinhas conhecidas. Que justifica, por exemplo, que Lisboa esteja à mesma latitude de New York e tenha um clima mais ameno. O mesmo em relação a Bordéus, que está à mesma latitude que Montreal...

Corrente do Golfo que se deve à diferença de densidade - por sua vez devida à diferença de salinidade e de temperatura - das águas dos pólos e do equador.

Palmira F. da Silva disse...

Esqueci o principal: tudo isto para dizer, claro, que o Jorge tem razão, há imensos parâmetros em jogo, alguns provavelmente não identificados, e não há modelos fiáveis no que a este assunto diz respeito. Nem há, pelo que a literatura indica, consenso sobre o tema.

Deturpar a realidade, quer num sentido quer noutro, isto é, omitindo dados para negar alterações climáticas ou para vender um modelo como a «verdade absoluta», é desonestidade intelectual.

Em relação a atitudes descontraídas sobre o tema, pessoalmente estou mais preocupada com a catástrofe anunciada - e ignorada no tal jornal sensacionalista mais próximo de si - nos ecosistemas marinhos. Fruto da poluição e da pesca intensiva. Aí sem sombras de dúvidas por acção humana...

Palmira F. da Silva disse...

A grande fonte de CO2 man made é a combustão de derivados do petróleo em motores de combustão. Que produzem não apenas CO2 mas igualmente óxidos de azoto(NOx) sortidos, por muitos catalizadores que os carros tenham.

Isto porque a combustão é um processo fortemente exotérmico, isto é, o motor do carro aquece e à superfície quente dos motores o azoto e oxigénio do ar reagem formando os ditos óxidos de azoto. Reacção que à temperatura ambiente é despicienda mas cuja constante de equílibrio (e cinética) aumenta muito com a temperatura.

Óxidos de azoto que por sua vez dão origem, para além das chuvas ácidas, ao smog fotoquímico especialmente ozono troposférico e peroxi-acetil-nitratos (PAN) muito tóxicos.

Isto é, urge substituir os combustíveis fósseis por outras fontes de energia alternativa não obstante a falta de consenso em relação ao CO2.

no name disse...

o lm está a assumir algo de errado: que correlação entre concentração de CO2 e aumento de temperatura implica a causalidade: aumento de CO2 => aumento de temperatura. acontece que no passado sempre foi ao contrário: aumento de temperatura => aumento de CO2 (nas idades do gelo em doses significativas). logo, não necessita haver qualquer aumento de CO2 por detrás do óptimo climático medival ou da mini-idade de gelo.

outra coisa que devemos ter sempre presente é que o clima na terra mudou drásticamente ao longo dos tempos, sem que a acção humana possa de forma alguma ser apontada como uma causa. enquanto os modelos climáticos que defendem o aquecimento global antropogénico não forem corrigidos para incluir estas mudanças, de pouco ou nada servem para fazer futurologia.

na realidade, os principais factores para as mudanças climáticas do passado (e, quem sabe, do presente) sempre foram: o sol, e o percurso do sistema solar pela galáxia. sem dúvida que se o verão é em média mais quente que o inverno, isso não tem qualquer causa antropogénica, tal como as idades de gelo não tiveram. neste aspecto, gostaria de apontar dois links de interesse:

http://cloud.web.cern.ch/cloud/

http://press.web.cern.ch/press/PressReleases/Releases2006/PR14.06E.html

que dizem respeito à experiência CLOUD no CERN, que procura analisar o efeito dos raios cósmicos na formação de nuvens e consequentemente no clima terrestre. com o disclaimer de que eu nada tenho a ver com essa experiênica :-) cito do press release:

The roots of the CLOUD experiment can be traced as far back as two centuries, when the British Astronomer Royal, William Herschel, noticed a correlation between sunspots and the price of wheat in England. This marked the first observation that Earth's climate may be affected by variations of the Sun. However solar-climate variability has remained a great puzzle since that time, despite an intensive scientific effort. The well-known Little Ice Age around the 17th and 18th centuries - when sunspots all but disappeared for 70 years, the cosmic ray flux increased and the climate cooled - seems to be merely the latest of around a dozen similar events over the last ten thousand years. However there is no established mechanism for the brightness of the Sun to fluctuate on these time scales. The possibility of a direct influence on the climate of galactic cosmic rays (which are modulated by changes of the solar wind) is therefore attracting the interest of scientists. Satellite measurements suggest that the mechanism may involve an influence of cosmic rays on the amount of low cloud cover, which is the focus of the CLOUD experiment.

como explicou a palmira num comentário anterior, a formação de nuvens é particularmente relevante na condução do clima terrestre. (ainda em relação a esse comentário da palmira, vale a pena acrescentar que o metano sempre foi libertado antes do CO2, nas mudanças de temperatura associadas às idades de gelo).

isto tudo não quer dizer que se, por razões naturais, o clima terrestre sofrer mudanças bruscas, a humanidade não se deva preocupar com isso e tomar medidas para minimizar os seus efeitos nas populações. também não quer dizer que não possamos criticar a poluição do nosso meio ambiente e o uso contínuo de combustíveis não-renováveis como receitas certas para desastres ecológicos e energéticos. mas nunca o devemos fazer usando mentiras convenientes. isso seria um tiro no pé da ciência!!

Palmira F. da Silva disse...

Olá Ricardo:

Obrigado pelos esclarecimentos e pela informação sobre o projecto CLOUD. Reparei agora que me esqueci de dizer porque razão incluí no meu primeiro comentário o parágrafo:

«O GWP (global warming potential) do HFC 134a (o mais comum) é 1300, o do CO2 é 1 e do metano 21.»

Os propulsionantes dos aerosóis (e não só, são ainda muito usados em ar condicionado, etc.) são freons, CFC's (clorofluorcarbonetos, os primeiros a ser usados ) e HFC's (fluorcarbonetos que substituiram os CFC's por não reagirem -tanto -com o ozono). O GWP do HFC 134a é 1300 vezes maior que o do CO2. O GWP do CFC-11 e 12 é muito maior (~5000 e 8500, respectivamente).

A utilização de freons não pode de todo justificar o abrandamento do aquecimento entre as décadas de 40 e 70...

Anónimo disse...

Bom, já agora os meus comentários aos seus comentários ao meu comentário:

(1) leia o Overview do relatório do NAS (deixei o link no post). Espero que lhe dissipe as dúvidas sobre o que estão realmente a dizer.

Eu li o Overview e a mensagem que passa é que as reconstruções baseadas em multi proxies são o instrumento muito útil para perceber as variações de temperatura passadas embora sejam cada vez menos fidedignas a reproduzir essas variações conforme mais para trás andarmos no tempo e que têm incertezas significativas associadas. O Overview realça também que afirmações sobre a década e anos mais quentes feitas por Mann são duvidosas mais devido aos proxies dificilmente reflectirem variações a escala anual e decadal do que a temperaturas substancialmente mais elevadas na Medieval Warm Period.
(2) Nesse mesmo Overview está o gráfico que o IPCC publicou em 1990 e 1995 com as reconstrução das temperaturas dos ultimos 1000 anos, onde o próprio IPCC indica o Medieval Warm Period e a Little Ice Age. Compare com o Hockey Stick. Continua a vê-los? Eu não. Nem os climatologistas, nem o próprio Mann, que no artigo declarava que afinal estes períodos não tinham existido.

Esse gráfico é uma reconstrução esquemática da temperatura sem barras de erro, não baseada em vários proxies e não incluía os dados de 1975 em diante. Acho as reconstituições baseadas em proxies, com todos as incertezas associadas, uma melhor aproximação à realidade que esse gráfico inicial. Se o gráfico publicado em 1990 não tivesse mudado até à actualidade é que eu ficaria realmente preocupado porque os avanços nos domínios da paleoclimatologia as últimas décadas foram muitos.

(3) Se citar o blog do Mann, é natural que ele diga que tem razão... nem ele nem a Nature ainda reconheceram publicamente o erro. Se calhar nunca o farão.

Era só para conhecer o lado dele, se estiver interessado. O McIntyre também tem um blog. Escusado será dizer que andam sempre a atirar-se à jugular um do outro, de maneira mais ou menos educada.

(4) Entre os anos 40 e 75 não houve, como refere, abrandamento do aquecimento: houve ARREFECIMENTO (como pode ver no gráfico de Mann, pois aí trata-se de dados experimentais, não de reconstrução). O interessante é que isto ocorre numa altura em que aumentavam exponencialmente as emissões de CO2 e metano devidas à explosão industrial do pós-guerra.
Onde esteve o efeito de estufa durante 35 anos?
Nessa altura também cresceram exponencialmente as emissões de aerossóis de sulfato, entretanto diminuídas por clean air acts, medo de chuvas ácidas generalizadas e afins. Não me parece que os aerossóis tenham desaparecido dos relatórios do IPCC, pelo menos ainda têm um capitulo inteiro dedicado aos mesmos (http://www.grida.no/climate/ipcc_tar/wg1/160.htm) e usam-nos nos seus modelos climáticos. Modelos esses que reproduzem esse arrefecimento nessas 3 décadas (http://www.grida.no/climate/ipcc_tar/wg1/figspm-4.htm) quando incluídos os aerossóis e que também fazem um bom trabalho em reproduzir os efeitos da libertação dos mesmos por grandes erupções vulcânicas (como a do Pinatubo em 1991 que provocou um ligeiramento arrefecimento durante cerca de dois anos).

(5) Os dados científicos mais recentes apontam para que o CO2 seja um efeito do aquecimento global, com um time lag de cerca de 800 anos, e não uma causa. Isto permite responder à pergunta anterior...
Está a falar no caso das deglaciações que têm um mecanismo forçador diferente do que muita gente pensa estar a actuar hoje em dia. Esse mecanismo são alterações na quantidade de radiação solar recebida devido à alteração cíclica de parâmetros orbitais como a excentricidade da orbita, precessão e inclinação do eixo da Terra conhecidos por ciclos de Milankovitch. O aumento do CO2 seria um feedback e permitiria a manutenção das temperaturas elevadas, não o forçador da deglaciação.

(6) A teoria do efeito de estufa prevê um aquecimento maior na troposfera, onde se concentram os gases de efeito de estufa, do que na superfície terrestre. Mas a temperatura na troposfera não tem aumentado, o que sugere que o moderado aquecimento superficial tenha outra causa que não o efeito de estufa.
Não tem aumentado? Pelo que sei têm e de acordo com a teoria. Os relatos iniciais de que tal não se verificava parecem ter sido causados por erros ao juntar registos de diferentes satélites e balões que efectuaram medições em alturas diferentes e usando técnicas diferentes. Essa discrepância tinha sido notada no anterior relatório do IPCC foi alvo recente de uma avaliação do governo americano (http://www.climatescience.gov/Library/sap/sap1-1/finalreport/default.htm) onde escreveram isto :
Previously reported discrepancies between the amount of warming near the surface and higher in the atmosphere have been used to challenge the reliability of climate models and the reality of human induced global warming. Specifically, surface data showed substantial global-average warming, while early versions of satellite and radiosonde data showed little or no warming above the surface. This significant discrepancy no longer exists because errors in the satellite and radiosonde data have been identified and corrected. New data sets have also been developed that do not show such discrepancies

Em relação ás alterações nas massas de gelo, a extensão de gelo no Àrtico tem diminuído grandemente nos últimos anos. Os climatólogos e os seus modelos prevêem um arrefecimento na Antártida e aumento da espessura de gelo aí depositada durante esta fase do aquecimento. A maioria dos glaciares está mesmo a recuar sendo os que avançam em número bem mais reduzidos e normalmente localizados em zonas onde a precipitação aumentou ou glaciares cuja dinâmica implica recuos e avanços cíclicos sem relação com as variações da temperatura ambiente. Estes glaciares não são normalmente escolhidos pelos glaciologos para estudar qualquer relação com arrefecimentos ou aquecimentos à escala planetária.

Palmira F. da Silva disse...

Caro lm:

«também cresceram exponencialmente as emissões de aerossóis de sulfato»

uh??? quando falou em emissões de aerossóis pensei logo em fréons e no buraco de ozono que limitou o seu uso.

os aerossóis de sulfato são realmente importantes porque reflectem a radiação solar, para além de nuclearem nuvens (que têm o efeito que o Ricardo Schiappa apontou).

Mas nós não emitimos «aerossois de sulfato»... estes formam-se por reacção do sulfureto de dimetilo (DMS) com produção de dióxido de enxofre, SO2, e ácido metasulfónico (MSA ou CH3SO3H).

Claro que o SO2 é tb libertado para a atmosfera pela combustão de combustíveis fósseis, se não for retirado com os catalizadores apropriados, - e não só, as pirites nacionais t~em grandes quantidades de enxofre e a sua queima produz(ia) grandes qdades de SO2 no Barreiro. SO2 que além do efeito aerossol é igualmente responsável pelas chuvas ácidas - na forma de ácido sulfúrico (H2SO4).

OS Núcleos de Condensação das Nuvens (CCN – Cloud Condensation Nuclei)são essencilamente sulfato de amónio - ou aerossóis de sulfato de amónio- obtido por reacção deH2SO4 com amónia libertada pelo fitoplâncton.

Mas tanto quanto sei as maiores emissões de enxofre para a atmosfera têm origem «natural», nos oceanos para ser mais específica. isto é, o DMS é produzido pelo fitoplâncton e tb por bactérias (DMS que já agora é responsável pelo saudável cheiro a maresia...).

O fitoplâncton não é a única mas é a fonte mais importante de aerossóis de sulfato e de sulfato de amónio (isto é, núcleos de condensação de nuvens).

Anónimo disse...

Palmira, era do SO2 e H2SO4 e companhia de que queria falar e não de CFCs e afins, peço desculpa pela confusão.

Ricardo, eu conheço muito bem as variações drásticas do clima na ao longo da história da Terra e o CO2 está praticamente sempre ligado a episódios de aquecimento, seja a sua fonte vulcanismo muito intenso e prolongado, impactos meteoríticos em zonas carbonatadas ou alterações na circulação e productividade marinha.
E o verão no hemisfério norte ocorre quando a Terra está mais longe do Sol enquanto que no hemisfério Sul a coisa já é ao contrário ;)
Quanto ás hipoteses do clima ser controlado pelos fluxos de raios cósmicos a mim parece-me pouco provável porque esses fluxos são modulados pela actividade solar e teriam de relfectir as mudanças da mesma e como esta nos ultimos anos não tem variado assim tanto acho difícil que esse fluxo explique o aquecimento actual (pelo menos na sua totalidade).

Palmira F. da Silva disse...

caro lm:

mas o fitoplâncton é um regulador importantissimo ( e neglicenciado)do clima :-)

Não só por causa dos aerossois de sulfato mas tb porque o fitoplâncton é tb responsável pelo armazenamento de carbono nos oceanos...

e era isso a que me referia qdo disse estar «mais preocupada com a catástrofe anunciada - e ignorada no tal jornal sensacionalista mais próximo de si - nos ecosistemas marinhos»...

Anónimo disse...

Eu sei, Palmira e partilho da sua preocupação. Os artigos deste mês da National Geographic sobre o declínio das populações marinhas, por exemplo, são assustadores.

Anónimo disse...

O nosso planeta visto em corte dá que pensar. É sempre a aquecer até ao centro. A minha dúvida é a seguinte: o calor que chega à superfície vindo do núcleo é sempre constante? Provavelmente a pergunta (fruto da minha ignorância) é disparatada, mas nunca se ouve falar desse factor.
Para aí à uns quinze anos li o livro do John Gribbin intitulado "O clima no futuro", nessa altura a preocupação era a do arrefecimento global (as nossas preocupações mudam mais depressa que o próprio clima!). Através da leitura do livro percebi a quantidade e complexidade de factores que influenciam o clima, de tal forma que parece, no mínimo, um bocadinho arrogante, da parte da nossa espécie, pensar que reduzindo as emissões de dióxido de carbono controlamos o interruptor do clima (no fundo ainda não nos foi para baixo a história do Galileu ter tirado a Terra do centro do universo, e queremos colocar lá a humanidade). Devemos fazê-lo sim, mas para reduzir os níveis de poluição com os quais não sabemos se estamos preparados para lidar. Podemos, infelizmente, verificar que outras espécies não estavam.

guida martins

Camarelli disse...

ricardo:

tudo bem que o aumento de temperatura tenha precedido sempre o aumento de concentração de CO2.
mas há que ter em conta que a acção humana eventualmente capaz de alterar o clima é suficientemente recente para não haver precedente histórico.
isto é, quem nos garante a nós que a alteração das concentrações de determinados gases na atmosfera (que processos naturais não terão reproduzido no passado), não tem consequências nas alterações climáticas?
eu concordo com o que dizes mas convém que não se passe a mensagem errónea de que por causa de um taco de hoquei não há relação entre a emissão de CO2 e o aquecimento global.
se um dia descobrirmos que essa relação existe de facto não nos admiremos se o barbeiro do jorge buescu replique com uma bela tacada de hoquei. :)

carlos daniel

RM disse...

Passando a (desnecessária) publicidade inicial, uma perspectiva diferente, mas que também tem a ver com isto: http://www.youtube.com/watch?v=Dtbn9zBfJSs

João Vaz disse...

A negação do fenómeno do Aquecimento Global põe em questão o trabalho de milhares de cientistas do IPPC. O consenso dos relatórios, há mão humana nas alterações climáticas, é refutado por pessoas com Jorge Buescu. Este cientista revela mais confiança na estatística (Lomborg et al) que nos milhentos artigos publicados (E em todas as revistas de ciência e ciência popular) sobre a perda de massa dos glaciares, a Primavera que chega mais cedo ou o facto dos últimos anos terem sido anormalmente quentes. O que eu gostaria era de ficar mais descansado e que o cientista Jorge Buescu me explicasse que teoria da conspiração leva milhares de cientistas a impingir uma teoria catastrofista ao mundo inteiro ? Será a necessidade de protagonismo ? Será o lobby das renováveis ? Será o Greenpeace a Quercus e os respectivos tentáculos ?

Gostaria também que me dissessem que ao queimarmos milhões de toneladas de combustíveis fósseis e o facto de injectarmos quantidades enormes de CO2 e metano na atmosfera , não tem qualquer efeito secundário ?

Obrigado pela atenção.
João Vaz

Jorge Buescu disse...

Muito obrigado a todos por enriquecerem este debate. Obviamente não posso (nem quero!) responder a tudo, pelo que envio apenas umas achegas.

(1) Começando pelo fim, o João Vaz sugere que eu nego o aquecimento global. Terá lido bem o que eu escrevi? Pelo contrário: eu afirmo-o várias vezes. É dos poucos pontos em que existe consenso científico: a Terra tem aquecido a uma taxa média de 0,7 graus por século desde a Pequena Idade do Gelo (1850). A falta de consenso, que ao contrário da "sabedoria convencional" é crescente, diz respeito às *causas* deste aquecimento global. E quando refere que há "milhentos" artigos num sentido, eu posso afirmar que há "milhentos" no outro. É *falso* que a discussão científica esteja encerrada. Mas é essa a mensagem passada por Gore, pelos activistas, e até por grande parte dos media.

(2) matarbustos: uma referencia básica para o CO2 ser um lagging indicator é o artigo H. Fischer et al., "Ice core record of atmospheric CO2 around the last three glacial terminations", Science 283 (1999), 1712--14. O lag é entre 400 e 1000 anos, sendo o valor mais provável 800. O estudo é relativo a cilindros de gelo da região de Vostok.

(3) novamente peço que não sejam distorcidas as minhas palavras. Eu não afirmo, como diz o matarbustos, que "não existe relação entre CO2 e temperatura". Pelo contrário: Eu afirmo claramente que existe correlação. A referencia que dou no ponto anterior é prova disso. Aquilo em que há cada vez mais duvidas, mais agora do que há dez anos, aquando de Kyoto, é que exista relação de causa-efeito. E a teoria do aquecimento global por efeito de estufa baseia-se nessa relação. Se ela não existir, ou se for mais complexa do que o meu barbeiro imagina (como é provável que seja), significa que Kyoto é provavelmente um completo desperdício de triliões de euros. Dos nossos impostos.

(5) No último Summary for Policymakers do IPCC o Taco de Hóquei desapareceu.

(6) Cordialmente convido todos os meus leitores a verem um documentário muito sério produzido pela BBC este ano: "The great global warming swindle". Existe no youtube. Tem enorme qualidade, e espero que alguma das nossas TVs o transmita.

Anónimo disse...

"Cordialmente convido todos os meus leitores a verem um documentário muito sério produzido pela BBC este ano: "The great global warming swindle". Existe no youtube. Tem enorme qualidade, e espero que alguma das nossas TVs o transmita."

Eu vi este documentário, que para um leigo como eu faz tanto sentido como o de Al-Gore, mas de sentido oposto.
Gostaria que aqui alguém me esclarecesse sobre um dos principais argumentos do filme: o de que o aquecimento do planeta se está a dar ao nível da superfície e não à altitude a que o CO2 deveria actuar (perdoem-me as possíveis incorrecções científicas mas acho que se percebe a ideia).
Afinal este argumento é verdadeiro ou foi o resultado de erros de medição que já foram corrigidos, como já vi por aí afirmado. Alguém me poderá indicar alguma fonte que me esclareça sobre isto? Obrigado.

Rui M disse...

O "documentário" recomendado é ainda pior que o do Gore.
Se o "Uma Verdade Inconveniente" tira a barra de erros a gráficos e por vezes "esquece-se" de apresentar escalas e tem um tom alarmista, os autores desse documentário do Channel 4 chegaram ao ponto de alterar gráficos, retirar as declarações de alguns dos entrevistados de contexto de forma a distorcer o que eles queriam dizer (ver a resposta de Carl Wunsh aqui).
Os argumentos apresentados por essa peça de propaganda são enganadores porque omitem informação relacionada com os mesmos importante para a sua interpretação ou foram simplesmente rebatidos há muito tempo e os autores "esqueceram-se" dessa parte, como é o caso da suposta não existência de aumentos da temperatura com altitude...
Por fim deixo aqui o link para uma pagina do Met Office do UK onde alguns desses argumentos são brevemente rebatidos, tal como o são em numerosos blogs de ciência, com justificações mais ou menos detalhadas : Climate Change Myths.

Anónimo disse...

O MetOffice e o Hadley Center estão enterrados até ao pescoço em mentiras convenientes. São uma das principais fontes do alarmismo climático com pretenso fundamento científico. O rabo escondido de fora no link "Climate Change Myths" está no fim: "Met Office work on climate change". Alimentam o IPCC com mentiras convenientes desde tempos imemoriais (nomeadamente, apoiaram o Taco de Hoquei). Quanto ao Carl ele não desmente as suas afirmações filmadas. Alguém lhe soprou ao ouvido que não as devia ter feito... Tarde piaste!

João Vaz disse...

Jorge Buescu afirma que "não existe consenso científico sobre uma relação de causalidade entre libertação de gases com efeito de estufa e o aquecimento global.", e eu gostaria de ter acesso às teorias credibilizadas pelo peer review sobre as causas do aquecimento global. Jorge Buescu também não responde à pergunta, o que está a acontecer ao ciclo do carbono com a injecção antropogénica de milhões de toneladas de CO2 ? O efeito estufa não é potenciado pelas emissões de metano e CO2 ?

É fácil apresentar as fraquezas e inconsistências das teses do IPCC (tal como os detractores do 11 de Setembro que acham que é tudo uma conspiração), mas é pouco. Seria bem mais útil colocar uma teoria alternativa, e livrar-nos da culpa de estarmos a transformar o clima do planeta. Ficariamos mais felizes, poderíamos continuar com o nosso lifestyle...a nossa liberdade de queimar à vontade e consumir mais recursos que o Planeta pode renovar. Mas essa é outra discussão.
Obrigado.
João Vaz

Jorge Buescu disse...

Caro João: existe uma extensa literatura científica publicada nas melhores revistas do Mundo. Ter acesso a ela só depende de si, não de mim! Já dei uma referencia, num comentário acima, sobre a questão de o CO2 ser um lagging indicator. Mas espero que não esteja a pedir-me uma literature review de um campo com milhares de artigos por ano. Se está realmente interessado, faça uma pesquisa bibliográfica isenta, como eu fiz.

Em relação ao seu segundo parágrafo, *existem* teorias alternativas ao efeito de estufa para explicar o aquecimento global. Aliás, elas não são apenas alternativas: na ultima década têm-se estabelecido de forma sólida, explicando os factos observados (alguns dos quais já referi) a que a teoria de efeito de estufa se mostra incapaz de dar resposta. A hipótese mais plausível em 2007 é a da actividade solar. Mas a intoxicação da opinião pública não permite por vezes que as pessoas sequer oiçam os argumentos científicos, que existem.

A teoria do efeito de estufa, hoje em dia, comporta-se como dizia jocosamente Dirac : "se uma teoria não se ajusta aos factos, tanto pior para os factos". Mas nesta questão o ruído ensurdecedor da histeria dos media, dos políticos e dos activistas, como sublinha o post do Carlos Fiolhais, não nos tem permitido ouvir a Ciência. Espero que a Humanidade não perca, por surdez, o debate do aquecimento global!

Rui M disse...

Prof. John Mitchell OBE FRS, Chief Scientist at the Met Office explores some of the common myths about climate change.

The Met Office recognises that climate change is a complex subject. There are genuine areas of uncertainty and scientific controversy. There are also a number of misunderstandings and myths which are recycled, often by non-climate scientists, and portrayed as scientific fact.

Recent coverage has questioned the influence of humans on the climate. While the arguments used might have been regarded as genuine areas of sceptical enquiry 20 years ago, further observed warming and advances in climate science render these out of touch.


Myth 1 - Ice core records show that changes in temperature drive changes in carbon dioxide, and it is not carbon dioxide that is driving the current warming

Levels of atmospheric CO2 are higher than at any time in the last 430,000 years
Image: Levels of atmospheric CO2 are higher than at any time in the last 430,000 years
Click on the image for a larger view
Only the first part of this statement is true. Over the several hundred thousand years covered by the ice core record, the temperature changes were primarily driven by changes in the Earth’s orbit around the sun. Over this period, changes in temperature did drive changes in carbon dioxide (CO2). Concentrations of CO2 are now much higher and increasing much faster than at any time in at least the last 600,000 years. This should be a warning that what is happening now is very different to what happened in the past.

In fact, over the last 100 years CO2 concentrations have increased by 30% due mainly to human-induced emissions from fossil fuels. Because CO2 is a greenhouse gas, the increased concentrations have contributed to the recent warming and probably most of the warming over the last 50 years.

The bottom line is that temperature and CO2 concentrations are linked. In recent ice ages, natural changes in the climate (due to orbit changes for example) led to cooling of the climate system. This caused a fall in CO2 concentrations which weakened the greenhouse effect and amplified the cooling. Now the link between temperature and CO2 is working in the opposite direction. Human-induced increases in CO2 is enhancing the greenhouse effect and amplifying the recent warming.


Myth 2 - Solar activity is the main driver of climate change

Temperature change, 1850-2000
Image: Temperature change, 1850-2000
Click on the image for a larger view

There are many factors which may contribute to climate change. For example, over the last million years most of the long-term changes in climate were probably due to small but well understood changes in the Earth’s orbit around the Sun. Over much of the last 1,000 years most of the variability can probably be explained by cooling due to major volcanic eruptions and changes in solar heating.

However, the situation in the 20th century is more complicated. There is some evidence that increases in solar heating may have led to some warming early in the 20th century, but direct satellite measurements show no appreciable change in solar heating over the last three decades. Three major volcanic eruptions in 1963, 1982 and 1991 have led to short periods of cooling. Throughout the century CO2 increased steadily and has been shown to be responsible for most of the warming in the second half of the century.

The final piece of the jigsaw is that as well as producing CO2, burning fossil fuels also produces small particles called aerosols which cool the climate by reflecting sunlight back into space. These have increased steadily in concentration over the 20th century, which has probably offset some of the warming we have seen. Only when all of these factors are included do we get a satisfactory explanation of the magnitude and patterns of climate change over the last century.

The bottom line is that changes in solar activity do affect global temperatures. However, what research also shows is that increased greenhouse gas concentrations have a much greater effect than changes in the Sun’s energy over the last 50 years.


Myth 3 - There is less warming in the upper atmosphere than at the surface which disproves human-induced warming

We expect greater warming in the upper atmosphere than at the surface in the tropics, but the reverse is true at high latitudes. This expectation holds whether the cause of warming is due to greenhouse gases or changes in the Sun’s output. Until recently, measurements of the temperature changes in the tropics in recent decades did not appear to show greater warming aloft than at the surface. It has now been shown that allowing for uncertainties in the observations, the theoretical and modelling results can be reconciled with the observations.

The bottom line is that observations are now consistent with increased warming through the troposphere.


Myth 4 - The intensity of cosmic rays changes climate

Solar activity, 1850-2000
Image: Solar activity, 1850-2000
Click on the image for a larger view
A recent experiment has apparently shown that gamma radiation can form ions (electrically charged particles) in the atmosphere. Under certain circumstances, these can subsequently form ultra-fine particles (or aerosols), which could conceivably act as cloud condensation nuclei (CCN) and therefore form clouds. However, the mechanism by which cosmic rays might affect climate is as yet purely speculative and unquantified. While it has long been known that radiation could form ions and, in theory, ultimately lead to cloud formation, the importance of this process compared to all the other major sources of particles and CCN has not been proven. Indeed, there is no evidence that the flux of cosmic rays has increased over the last 30 years.

The bottom line is, even if cosmic rays have a detectable effect on climate (and this remains unproven), measured solar activity over the last few decades has not significantly changed and cannot explain the continued warming trend. In contrast, increases in CO2 are well measured and its warming effect is well quantified. It offers the most plausible explanation of most of the recent warming and future increases.


Myth 5 - Climate models are too complex and uncertain to provide useful projections of climate change

There have been major advances in the development and use of models over the last 20 years. The models are based mainly on the laws of physics. There are also empirical techniques which use, for example, studies of detailed processes involved in cloud formation. The most advanced computer models also include detailed coupling of the circulations of atmosphere and oceans, along with detailed descriptions of the feedbacks between all components of the climate system including the cryosphere and biosphere. Climate models have been used to reproduce the main features of the current climate, the temperature changes over the last hundred years and the main features of the Holocene (6,000 years ago) and Last Glacial Maximum (21,000) years ago.

The bottom line is that current models enable us to attribute the causes of past climate change and predict the main features of the future climate with a high degree of confidence. We now need to provide more regional detail and more complete analysis of extreme events.

Jorge Buescu disse...

Caro rui m: uma vez que no seu post anterior já tinha deixado o link para a página do Met Office, parece-me totalmente desnecessário que faça cut and paste do seu conteúdo para aqui. Quem quis, como eu, foi lê-la. Não acrescentou agora informação nenhuma. Infelizmente, é um exemplo da intoxicação que eu referira no meu post anterior, e não me parece uma atitude construtiva. Em princípio, todos os frequentadores deste blog sabem seguir links, se estiverem interessados.

Ao João Vaz, para ajudar no início da sua pesquisa bibliográfica, pode começar por ver a página
http://www.oism.org/pproject/s33p357.htm
Trata-se de uma abaixo-assinado de 17.200 cientistas, 2600 dos quais especialistas em Física, Climatologia e Ciências da Terra, que explicam porque é que a teoria de efeito de estufa está a perder credibilidade científica. O primeiro signatário é Frederick Seitz, ex-presidente da National Academy of Science, que foi dos primeiros a expor as manioulações do IPCC.

Sugiro pois, para iniciar a sua pesquisa bibliográfica, que procure artigops recentes da autoria de alguns destes 2600 cientistas.

Jorge Buescu disse...

A propósito do meu último post, vale a pena ler, na Petição do Oregon,
http://www.oism.org/pproject/s33p41.htm a apresentação de Frederick Seitz e o artigo científico de
ARTHUR B. ROBINSON, SALLIE L. BALIUNAS, WILLIE SOON, AND ZACHARY W. ROBINSON
que acompanha a petição. É contrário (e fundamentadamente) às afirmações transcritas na página Web do Met Office.

Num debate que se pretende científico, não me parece boa ideia aceitar acriticamente as ideias de um só lado. Abordar um problema com uma decisão tomada quanto à resposta e olhar apenas para os factos que confirmam a nossa ideia preconcebida está mais próximo do dogma religioso do que da atitude científica.

Espero não ter de pedir desculpa, mas sou um cientista!

Rui M disse...

Caro Jorge Buescu,

Peço desculpa pelo copy paste mas achei que muitas das vezes as pessoas não se dão ao trabalho de clickar nos links. Mas realmente foi desnecessário até porque o leitor lm já se tinha referido a alguns daqueles aspectos. Mas realmente os assuntos abordados naquele site do Met Office são mitos. O CO2 não deveria preceder o aquecimento no caso das deglaciações porque ele não é o seu mecanismo forçador! Os cientistas do clima e paleoclimatólogos estão fartos de saber isto e se não passa cá para fora essa ideia a culpa é dos próprios e do ruído alarmista da comunicação social.
Não sei também da existência de nenhuma publicação peer reviewed que entretanto não tenha sido altamente criticada que explique o aquecimento verificado só com base em alterações na radiação solar. A actividade solar não se tem alterado assim tanto nos últimos anos, com excepção do normal ciclo de 11 anos, ciclo esse que agora se encontra com valores mínimos.
Também não percebo o que é que o leva a classificar uma página de um organismo científico como intoxicação e a promover uma petição cujo primeiro assinante é um cientista conhecido como principal lobbyista da industria do tabaco que tentava a todo o custo esconder a relação entre o cancro e o tabagismo. Intoxicação por intoxicação prefiro uma menos fumarenta! Até porque a industria petrolífera se virou recentemente para estes grupos de lobbying para espalhar desinformação sobre o assunto, obscurecendo o debate com argumentos que já foram rejeitados há muito tempo (a inexistência de aquecimento em partes mais altas da atmosfera é só um deles, embora eu goste muito da insistência de que o Medieval Warm Period era tão quente que até os ingleses produziam vinho, omitindo sempre o pormenor de que agora isso também acontece – e diz que ganham prémios e tudo) .
Já agora, o artigo de ARTHUR B. ROBINSON, SALLIE L. BALIUNAS, WILLIE SOON, AND ZACHARY W. ROBINSON não é peer reviewd e é de 1998…
Para terminar, faço minhas as suas palavras “Num debate que se pretende científico, não me parece boa ideia aceitar acriticamente as ideias de um só lado” seja ele qual for e recomendava também a leitura de algumas respostas a artigos que propõe que a radiação solar é a única responsável pelo aumento da temperatura verificado porque esses artigos não se livram de ter tantos ou mais erros que o famigerado hockey stick.

Anónimo disse...

Já cá faltava o tabaco e o petróleo do Rui M!

Jorge Buescu disse...

Caro rui m:

(1) ainda bem que gosta de argumentos sobre o Medieval Warm Period. É que segundo o Climate Change 2001, do IPCC, nem ele nem a Little Ice Age existiram (ver ponto 2.3.3, Was there a "Medieval Warm Period and a "Little Ice Age"?, aspas do IPCC, que responde que não), e portanto nós nem deveríamos estar a ter este debate... já reparou que se aceitássemos acriticamente o que diz o IPCC teríamos de negar, ortodoxamente, a existência destes períodos? Se calhar o próximo passo seria queimar os nossos livros de História e Climatologia. Ou dizer que as colónias vikings na Gronelândioa afinal não se extinguiram na Idade do Gelo; ainda lá estão.

(2) Curiosamente, nos relatórios do IPCC de 2007 o que desapareceu foi o Hockey stick e gráficos semelhantes (temperatura ao longo do tempo). Ao que parece já passou outra vez a existir o Medieval Warm Period. Que confiança podemos ter num órgão que exibe esta leviandade revisionista, e a quer impôr ao resto do Mundo como dogma?

(3) Eu não defendo nem ataco Frederick Seitz. O facto é que este ex-presidente da NAS mostrou que, em 1996, o IPCC reescreveu a parte científica dos relatórios de 1996 *após* o processo de peer-review. Não sei se está a ver: os politicos reescreveram a parte científica para estar de acordo com os resumos para policymakers. Seitz expôs esta fraude em 96. Isto são factos. O tabaco ou o petróleo são folclore irrelevante. Aliás os ataques ad hominem só começam a ser argumentos quando os argumentos racionais escasseiam...

(4) A intoxicação a que me referia não era do Met, mas sim ter feito um cut and paste gigantesco, sem nova informação, quando já tinha deixado o link.

(5) Já agora, o artigo de ARTHUR B. ROBINSON ‡ , SALLIE L. BALIUNAS † , WILLIE SOON † , AND ZACHARY W. ROBINSON ‡ é peer-reviewed. A afirmação está na 1ª página da Petição do Oregon.

(6) Podia dar-lhe várias referencias de artigos recentes que estabelecem a relação do nosso clima com a actividade solar. O artigo fundacional que tanto quanto sei é cientificamente impecável e ninguém contesta é Gerard Bond et al., "Persistent solar influence on
North Atlantic climate during the Holocene", Science 294 (2001), 2130--136. Para mim este artigo é absolutamente revelador. Uma vez que o meu caro rui m afirma tão veementemente não conhecer "qualquer publicação peer reviewed que entretanto não tenha sido altamente criticada que explique o aquecimento verificado só com base em alterações na radiação solar" das duas uma: ou desconhece este artigo ou sabe explicar-me exactamente onde é que ele está errado. Em que ficamos? Estou genuinamente curioso! A propósito: não, não estamos a falar do ciclo de 11 anos. Mas não lhe estou a dar novidade nenhuma, porque certamente conhece bem o paper.

Unknown disse...

Mais recente:

2006 PNASSolar modulation of Little Ice Age climate in the tropical Andes

2006 Science The Heartbeat of the Oligocene Climate System

Rui M disse...

Muito rapidamente:

(1) O IPCC não “mata” o MWP e a LIA, apenas discute que estes não foram síncronos nem tiveram a mesma intensidade em todo o mundo e que provavelmente não terão o significado climático que alguns autores lhes atribuem. Citando esse capitulo: “Evidence from mountain glaciers does suggest increased glaciation in a number of widely spread regions outside Europe prior to the 20th century, including Alaska, New Zealand and Patagonia (Grove and Switsur, 1994). However, the timing of maximum glacial advances in these regions differs considerably, suggesting that they may represent largely independent regional climate changes, not a globally-synchronous increased glaciation (see Bradley, 1999). Thus current evidence does not support globally synchronous periods of anomalous cold or warmth over this timeframe, and the conventional terms of “Little Ice Age” and “Medieval Warm Period” appear to have limited utility in describing trends in hemispheric or global mean temperature changes in past centuries.”
O IPCC não obriga ninguém a negar a LIA e o MWP e a história da relação entre as colónias dos vikings e a o MWP também nunca é contada na sua totalidade. Normalmente as pessoas esquecem-se dos factores políticos que fizeram os fundadores dessas colónias partir primeiro da Noruega para a Islândia e depois da Islândia para a Gronelândia.

(2)O que foi divulgado até agora foram os “Summaries for Policy markers”, não os relatórios. Eu ficaria muito surpreso se o Hockey Stick e as outras reconstituições multi proxy estiverem ausentes do relatório final (acho que sai este mês).

(3) Desconheço o que Seitz expôs em 1996, mas toda a gente sabe o que ele encobriu durante muitos anos.

(4) Right-o.

(5) Não, não é peer reviewd mas foi formatado de forma a dar-lhe essa aparência. Está listado como “unpublished” pelo Oregon Institute of Science and Medicine (OISM). E o autor principal é o bioquímico enquanto que os outros são dois astrofísicos e o próprio filho do autor cuja formação desconheço.

(6) Desconhecia o artigo, não me julgo omnisciente nem neste nem em qualquer outro campo do conhecimento. E também não nego a influência das alterações da radiação solar no clima terrestre, apenas penso que a actividade solar não variou nos últimos tempos de maneira a justificar o aquecimento verificado. Para além disso, esse artigo que indica não faz qualquer menção ao aquecimento actual portanto não vejo qual será a sua grande relevância para a discussão, a não ser que a actividade solar tivesse aumentado substancialmente nos últimos anos, de acordo com os ciclos de aproximadamente 1500 anos identificados por Bond.

Jorge Buescu disse...

Caro Rui m,

sem querer prolongar indefinidamente este ponto, deixe-me citar o IPCC, Climate Change 2001,
http://www.grida.no/climate/ipcc_tar/wg1/070.htm:

"The terms “Little Ice Age” and “Medieval Warm Period” have been used to describe two past climate epochs in Europe and neighbouring regions during roughly the 17th to 19th and 11th to 14th centuries, respectively.
(...) the conventional terms of “Little Ice Age” and “Medieval Warm Period” appear to have limited utility in describing trends in hemispheric or global mean temperature changes in past centuries.
(...) viewed hemispherically, the “Little Ice Age” can only be considered as a modest cooling of the Northern Hemisphere during this period of less than 1°C relative to late 20th century levels
(...)
The “Little Ice Age” appears to have been most clearly expressed in the North Atlantic region as altered patterns of atmospheric circulation (...)
The evidence for temperature changes in past centuries in the Southern Hemisphere is quite sparse. What evidence is available at the hemispheric scale (...) suggests markedly different behaviour from the Northern Hemisphere. " Fim de citação.

Traduzido do politicamente correcto, estas afirmações dizem o seguinte. Até agora, julgava-se que tinham existido o "Período Quente Medieval" e a "Pequena Idade do Gelo" (sempre com aspas, no relatório do IPCC, o que obviamente tem uma intenção). Erro: a "Pequena Idade do Gelo" era menos de um grau mais fria do que hoje, e mesmo assim só foi observada na Europa. No hemisfério Sul não se observou nada. Não foi portanto uma Idade do Gelo, mas um fenómeno regional, provavelmente uma Northern Atlantic Oscillation.

Na minha opinião, isto é afirmar que a Pequena Idade do Gelo nunca existiu. Na sua não. Como dizia Humpty Dumpty, "concordamos em discordar"...

Quanto aos vikings, alguns factos históricos que nada têm a ver com política nórdica (observação que de resto me parece irrelevante). É interessante observar que Grönland = Terra Verde foi o nome que a Gronelândia recebeu pelos colonizadores nórdicos liderados por Eric o Vermelho, porque era cerca do ano 1000 uma Terra Verde, sem gelo, e permitiu o estabelecimento de colónias acrícolas - culturas, gado, etc. Foram estabelecidas duas colónias,
uma mais a norte e outra a sul. Por volta de 1350, o avanço dos glaciares tinha *destruído* a colónia a norte. O último navio de abastecimento conseguiu chegar à colónia sul em 1410. A partir daí os vikings ficaram isolados. Os dados seguintes que temos sobre a colónia viking na Gronelândia são os esqueletos soterrados no gelo dos últimos colonos, com sinais de subnutrição. Morreram à fome.

Isto é factual e histórico. Aquilo que o IPCC afirma é que não houve nenhuma Idade do Gelo, mas apenas "altered patterns of atmospheric circulation" com "modest cooling (...) of less than 1°C relative to late 20th century levels".

Menos de um grau! Parece uma fábula. Digam isso aos cadáveres vikings, que viram ano após ano os glaciares avançarem sobre a sua Terra Verde até serem esmagados por eles.

Última observação: no relatório de 2001, o Hockey stick aparecia no Summary for policymakers, e agora não. Eu aposto que vai ser retirado de todo o lado. O que acha?

Anónimo disse...

1ºC de arrefecimento em média não me parece um valor baixo, principalmente se observarmos o recuo dos glaciares provocado por um aumento de 0.7ºC ao longo do seculo XX.
acerca dos vikings, Eric o vermelho foi eexilado da Islândia e teve obrigatóriamente de procurar outras paragens e como também não era muito bem visto na Noruega teve de ir ainda mais para Norte. Quando chegou à Gronelândia deu-lhe aquele nome para ser mais apelativo e para que as pessoas quisessem ir para lá. Um pouco como um AllGarve medieval. Tudo isto está escrito nas sagas nórdicas.
E se o frio foi definitivamente um factor na decadência e desaparecimento das colónias vikings~, há uma série de outros factores a considerar: doença dos colonos ou das culturas e gado que os sustentavam, corte de abastecimentos do continente europeu, conflitos entre colónias ou com outras comunidades, mau uso e degradação dos solos, etc. Afinal os esquimós adaptaram-se à mudança e os vikings não. Algo deve ter feito a diferença.
A história destas colónias vai expor também algo já referido, a dispersão temporal e espacial da pequena idade do gelo. Se na Gronelândia parece atingir um pico a volta de 1400-1500, na Europa continental esse acontece bem mais tarde.

João Vaz disse...

Jorge Buescu, Li o seu livro "O Mistério do BI" há já alguns anos atrás, e confesso que fiquei fascinado pela forma como consegue transmitir matemática, estatística e ciência em geral. Gostaria de ter tido um Professor assim.
Portanto, não há da minha parte qualquer animosidade contra a sua pessoa.
Fico perplexo quando me indica um Frederick Seitz enquanto alguém com credibilidade para apresentar argumentos sobre climatologia ou outra ciência que tenha alguma relação com o aquecimento global. Basta atentar na sua biografia e posições sobre os CFCs e camada de ozono.
Da sua parte vejo uma animosidade muito grande contra a "intoxicação" da comunicação social que propaga mentiras sobre o aquecimento global e as suas causas. Insisto num ponto, o que acontece ao ciclo do carbono com a queima dos combustíveis fósseis na dimensão e tempo a que está ocorrer ?
Penso que o Jorge Buescu deveria reflectir sobre o princípio da precaução e os efeitos brutais (sentem-se bem mais no Hemisfério Sul) que a acção humana tem tido sobre o ambiente.
João Vaz

http://en.wikipedia.org/wiki/Frederick_Seitz

Frederick Seitz
From Wikipedia, the free encyclopedia
Jump to: navigation, search

Frederick Seitz (born July 4, 1911) is an American scientist. Seitz studied under Eugene Wigner at Princeton University, graduating in 1934. They invented the Wigner-Seitz unit cell, which is an important concept in solid state physics. In 1940, he published a prominent physics textbook, The Modern Theory of Solids.

Seitz has commented on the role of curiosity in the process of scientific discovery:

"Over a long time, things that people learn purely out of curiosity can have a revolutionary effect on human affairs." [1]

From 1949-1968 he served as a professor of physics at the University of Illinois. The Frederick Seitz Materials Research Laboratory at the university is named for him.

He served as the president of the National Academy of Sciences from 1962 until 1969. From 1968 through 1978, he was president of Rockefeller University.

Shortly before his retirement from Rockefeller University in 1979, Seitz began working as a paid permanent consultant for the R.J. Reynolds Tobacco Company, advising their research program.

By 1989, the CEO of R.J. Reynolds, William Hobbs, concluded that "Dr. Seitz is quite elderly and not sufficiently rational to offer advice." [2] However, in 1994, Seitz authored a report published by the George C. Marshall Institute, of which he was a founder and chairman of the board, entitled "Global warming and ozone hole controversies. A challenge to scientific judgment." In a broader discussion of environmental toxins, he concluded "there is no good scientific evidence that passive inhalation is truly dangerous under normal circumstances." [3]

Seitz continues to question whether global warming is anthropogenic [4]. He supports the position of the Oregon Institute of Science and Medicine (OISM) on global warming and in an open letter invited scientists to sign the OISM's global warming petition. Seitz also signed the 1995 Leipzig Declaration.

Seitz is also critical of the view that CFCs are damaging to the ozone layer [5].

Jorge Buescu disse...

Caro lm: a mim "menos de um grau" parece-me um valor demasiado pequeno para ser compatível com a Idade do Gelo como descrita nos livros de História. Mas não sou climatologista.

Deixe-me contudo apontar um erro lógico nas suas afirmações. Da história dos vikings não se segue necessariamente, ao contrário do que afirma, a dispersão geográfica da Pequena Idade do Gelo, porque ela "teria tido um pico na Gronelândia perto de 1500". Não: o que pode afirmar é que em 1500 as temperaturas estavam a baixar, podendo naturalmente ter continuado a baixar depois da morte dos vikings, e tendo o seu pico negativo síncrono com o resto da Europa (ou não). Do ponto de vista lógico não tem informação para tirar a conclusão que tira (nem o seu oposto).

Caro lm, como referi anteriormente não sou defensor de Seitz. Cito Seitz apenas porque é proponente da Petição do Oregon, a maior petição científica mundial que contesta a teoria do efeito de estufa. E é a verdade, não os defeitos do carácter do homem, que me importa.
Mas se não gosta mesmo dele (há 17.200 signatários, 2.600 dos quais doutorados em Física, Climatologia ou Ciências da Terra n a Petição do Orgeon!) posso citar-lhe o Apelo de Heidelberg,a Declaração de Leipzig sobre Alterações Climáticas, ou outras.

O ponto crucial não é a persona de Seitz: é que esta discussão tenha abalado o mantra tibetano com que somos hipnotizados diariamente, e que Gore repete à exaustão: há consenso científico, a discussão científica terminou, é tempo para a acção. Isto é mentira. Há muitas dúvidas e vozes dissonantes dentro da comunidade científica - e são cada vez mais. E atenção: se o aquecimento global não é devido ao CO2, Kyoto e os seus triliões estão a ser atirados pela janela, que podiam ser utilizados por exemplo em melhorar as condições de vida dos países subdesenvolvidos. Se assim for, e há agora menos certezas do que há 10 anos, Kyoto é como martelar um prego com uma chave de parafusos - estamos a resolver o problema errado. Não é uma questão ideológica, mas científica.

Anónimo disse...

Talvez valha apena ler este artigo:
http://oldfraser.lexi.net/publications/books/g_warming/solar.html
Encontra-se esta frase interessante:«It is often pointed out that a change of, say, 0.4 percent in the total solar irradiance over a time frame of 100 years (Soon et al. 1996: 891) is about 1 Watt/m2 at the surface of the earth. Since the known increase in greenhouse gas radiative forcing is over 2 Watts/m2 in the last 100 years, it is supposed that the sun has been and will continue to be of lesser importance compared to the forcing from the increase in greenhouse gases. However, such a comparison misses a key point: it is not the arithmetic magnitude of the forcings per se but the responses of the climatic system to these forcings that must be considered. The conjecture that the two radiative inputs give similar responses in the climatic system is an unverified assumption.» O artigo remete os Miths do Met Office para a categoria de verdadeiros mitos.

João Vaz disse...

Com ou sem Kyoto a redução das emissões de CO2 serão sempre benéficas em termos globais. As maiores fontes de poluição, especialmente atmosférica (partículas pm10, partículas ultrafinas, óxidos nitrosos), estão ligadas à combustão de petróleo, carvão e gás.
Mesmo que se prove que o CO2 e o metano nada têm a ver com o aquecimento global, a autonomia energética é sempre bem-vinda.
Os defensores do "business as usual" da imobilidade e no fundo com tendência para uma certa desresponsabilização ambiental estão do lado da negação do aquecimento global.
A visão de Jorge Buescu sobre Kyoto é igual à de Lomborg, Bush e Co, e diametralmente oposto à visão do resto de mundo, de Stern a Blair. E ninguém acredita que o dinheiro investido na redução de CO2 fosse canalizado para a reflorestação da Amazónia e do Congo...caso não houvesse Kyoto. Pura ilusão !
João Vaz
PS Jorge Buescu lança os nomes para a ribalta e petições que não têm qualquer credibilidade...senão vejamos
The petition also included the name of Dr. Art Robinson, of Cave Junction, Oregon.The founder of the "Oregon Institute of Science and Medicine," and a former colleage of Nobel Laureate Linus Pauling, Robinson is now a self-styled expert in civil defence and the purveyor of conservative Christian home-schooling packages for kids. Robinson last made the news in 1998, when he organized a widely discredited anti-climate science petition of 2,100 "scientists" in the United States. That petition contained such names as John Grisham, Michael J. Fox, Drs. Frank Burns, B. J. Honeycutt, and Benjamin Pierce (from the TV show M*A*S*H), an individual by the name of "Dr. Red Wine," and Geraldine Halliwell, formerly known as pop singer Ginger Spice of the Spice Girls.

http://www.desmogblog.com/signatory-bails-on-anti-climate-science-petition

João Vaz disse...

A declaração de Leipzig

From: Christian Jensen
Date: Wed, 11 Feb 1998 17:13:44 +0000
Reply To: cj@dmi.min.dk
To: publisher@naturalscience.com
Subject: Fred Singer's comment on Trenberth's article

How many climate researchers support the "Leipzig Declaration"?

....
Such an examination has been undertaken by Danish Broadcasting Company (DR1) journalist, Øjvind Hesselager (2). In late 1997 he attempted to contact every signatory (82 at the time) to the "Leipzig Declaration." Of 33 European signatories:

* there were four he was unable to locate
* twelve denied having signed, and of these, some had not even heard of the "Leipzig Declaration"
* many signatories were not qualified in fields even remotely related to climate research. They included medical doctors, e.g., H. Metzner; nuclear scientists, e.g., M.J. Higatsberger; and one expert on flying insects, i.e., V. Svidersky
* some signatories had financial ties to the German coal industry or the Government of Kuwait (R. Balling and P. Michaels).

These are hardly reliable authorities on climate research.

Confronted with these facts, Singer removed many from the list, although not the five mentioned by name above (Dr. Metzner apparently played a central role in compiling the list of signatories). Other names were then added to make a total, today, of more than 100.

Of the present signatories:

* twenty-five are TV-meteorologists (here in Denmark, being a TV-meteorologist does not imply any in-depth knowledge of climate research)
* nine do not appear, from the information provided in the published list (2), to be involved in relevant research
* fourteen claim the title "Professor," but the list gives no indication of their academic speciality or institutional affiliation
* forty-two are listed either as an oceanographer, meteorologist, climatologist, or geophysicist or as the employee of an institution involved with climate research. However, in only a minority of cases is it indicated by the list as currently published (1) whether these individuals are actually doing climate research.

Rui M disse...

Ora bem, em relação aos últimos desenvolvimentos só tenho a dizer que não acho um grau em média de todo baixo, sobretudo porque podem haver diminuições locais mais importantes. Ainda em relação à LIA tenho também de chamar a atenção para a ocorrência de pelo menos duas grandes erupções que durante este período que poderão ter contribuído para a diminuição ainda mais acentuadas das temperaturas já de si baixas, são elas Kuwae no arquipélago de Vanuatu (1452) e Laki na Islândia (1783-1784). Já acerca da falta de sincronismo nos eventos mais frios não sei se os dados apoiam a afirmação de lm mas o certo é que há vários registos de episódios frios que não são simultâneos na maioria do globo.

Rui M disse...

Ah, e sim, acho que o hoickey stick e outras reconstituições de paleotemperaturas vão estar presentes no próximo relatório do IPCC.

Jorge Buescu disse...

Caro j vaz,

Em Ciência, é sempre bom consultar as fontes e não citar acriticamente opiniões em 3ª mão.
Em vez de citar um mail de 1998 (nove anos!!) com opiniões de um jornalista dinamarquês sobre Leipzig, acho preferivel que leia directamente a Declaração de Leipzig em http://www.sepp.org/policy%20declarations/LDsigs.html
Encontra lá cerca de uma centena de signatários com mais credenciais científicas em climatologia do que nós.

Mas se não gosta de Leipzig tem também o Heidelberg Appeal, assinado por mais de 4000 cientistas, em
http://www.sepp.org/policy%20declarations/heidelberg_appeal.html
Só Prémios Nobel, entre os signatários, são 73. Mais uma conspiração? Ou será que há mesmo duas faces em cada moeda?

A propósito, deixe-me contar-lhe uma verdade inconveniente (mais uma). A Petição do Oregon tem 17200 assinantes. Ao fazer-se uma verificação constatou-se que havia várias centenas de assinaturas falsificadas. Mostrou-se que houve na altura movimentações de organizações ambientalistas que, à falta de argumentos científicos, simplesmente subscreveram a Petição com assinaturas falsas para poderem
depois reclamar a falta de validade da Petição.

Este é um filme sem heróis. O único critério por que nos podemos guiar é o nosso sentido crítico. E não, não há consenso científico.

Anónimo disse...

Discutir Ciência com fundamentalistas do Ambiente é o mesmo que tentar convencer Bin Laden a converter-se ao pacifismo.

Anónimo disse...

Caro Jorge Buescu!
Descobri hoje este blog e estive a ler com atenção o post Uma tacada forte em mentiras convenientes, bem como os argumentos pró e contra de todos os intervenientes.

Gostaria de trazer ao debate um facto que me parecem importante e que não é mencionado em nenhuma das intervenções.

Radiação electromagnética produzida pelo Homem e especialmente a aplicada no âmbito do Projecto HAARP, ver em

http://www.haarp.alaska.edu/

O que acham que a radiação electromagnética em geral e o projecto HAARP em particular, podem fazer ao clima da Terra?

Será que não desempenha um papel mais importante do que todos aqueles factores mencionados?

Obrigado pelas opiniões que entenderem aqui colocar.

Boa continuação para todos!

Anónimo disse...

Uma questão que não consigo resolver:
"Se a um aquecimento anterior se seguiu sempre um aumento de concentração de CO2, porque é que este aumento não despoletou um aquecimento?"
Será que me estou a esquecer de algum factor que possa ter tido relevância para que a implicação "mais CO2 = elevação de T" não se tenha verificado no passado?

Jorge Buescu disse...

As questões de netrider e mjp estão relacionadas. O efeito de estufa é provocado por um mecanismo físico bem mais subtil do que a simples re-reflexão pelas nuvens da radiação reflectida pela Terra, como é simplistamente assumido pelo homem da rua. Na verdade trata-se de um fenómeno quântico, de física atómica, em que as moléculas do GHG (Greenhouse Gas) são excitadas pela absorção de energia reflectida pela Terra. Quando os electrões correspondentes regressam ao estado fundamental a radiação é emitida (para todos os lados, para cima e para baixo) de acordo com o comprimento de onda da desexcitação quântica dada pela lei de Planck E=h.f (f é a frequência). A radiação reemitida para a Terra provoca o aquecimento superficial. Mas a reemissão vai em todas as direcções. É por isso que a troposfera, de acordo com o efeito de estufa, deveria estar a aquecer - e não eatá: está a arrefecer. O que sugere fortemente que o mecanismo de aquecimento não é o efeito estufa.

Dito isto, para responder a netrider, as radiações VHF são ondas de rádio. De acordo com a lei de Planck, elas não têm a frequência que proporcione a energia suficiente para excitar as moléculas de GHG. Por outras palavras, estas são transaparentes a esta radiação, que apenas é reflectida mais acima, na ionosfera, e não desencadeia efeito de estufa. Pode falar ao telemóvel descansado.

A pergunta de mjp tem uma explicação análoga. Não quero estar a sobressimplificar, mas a correlação entre temperatura e CO2 é muito complexa - certamente muito mais complexa do que "mais CO2 implica temperaturas mais elevadas", que é a vulgata que passou para a sabedoria convencional. É que há aqui vários efeitos simultâneos (o clima é muito complexo!). Por um lado é um facto que o aumento de temperatura provoca libertação de CO2 dissolvido nos oceanos; os 800 anos de lag são devidos ao facto de a capacidade calorífica destes ser enorme, ou seja, ser muito mais difícil elevar a temperatura da água do que de ar, (como vê na cozinha: não aquece ar no fogão, mas água sim). O que acontece é que, por outro lado, o CO2 libertado contribui também para o efeito estufa. É um feedback positivo.

Colocar a questão como "o que é que causa o quê" é demasiado simplista.
A questão é identificar a importância relativa destes dois fenómenos. Ora na discussão do efeito estufa é sistematicamente ignorado o GHG mais importante de todos: o vapor de água, que actualmente corresponde a quase 70% dos GHG. Pior, as moléculas de vapor de água emitem energia na zona de frequência do CO2. Portanto a libertação de vapor de água por aquecimento global será provavelmente muito mais drástica do que a de CO2. E como os gases de efeito de estufa vão inevitavelmente aumentar com o aumento de temperatura reduzir o CO2 não vai servir de nada, a não ser que consigamos inventar um processo para impedir a evaporação da água dos oceanos - o que seria a pior asneira climática que poderíamos fazer! Além disso, a o aumento progressivo de vapor GHG na atmosfera faz com que, fisicamente, aumentos posteriores não tenham o mesmo efeito do que anteriores, mas menores. Isto é conhecido em economia por law of the diminishing returns. Se duplicar a concentração de CO2 o efeito de estufa não vai ser duplo, vai ser menor, porque o ambiente vai estar saturado de vapor de água. É por isso que mesmo os modelos mais radicais não prevêem aumentos de temperatura mais do que lineares (feedback positivo simples implicaria evoluções exponenciais;
é uma equação diferencial que um aluno do 1º ano sabe resolver).

Grande parte dos indicadores climatológicos dos últimos 10 anos sugere que o aumento de CO2 é um efeito, e não uma causa, do aquecimento global. Ele também causa efeito de estufa e assim reforça o processo, mas aparentemente por um factor muito abaixo do forçamento climático devido ao Sol. Ele é observado no Periodo Quente da Era Romana e no Período Quente Medieval. E é sempre um indicador a posteriori do aquecimento, indicando que NÃO é uma causa.

É claro que isto vai contra a sabedoria convencional, contra o que os media nos andaram a dizer durante 20 anos, contra o que pos políticos nos dizem. Mas os políticos têm de ser eleitos, os media têm de vender, etc. Já viu alguma noticia de jornal dizendo que as temperaturas globais *diminuiram* entre 1998 e 2006? Não, pois não? Mas desceram. So que isto não vende jornais nem bilhetes de cinema... nem dá votos... nem subsidios... Good news is no news.

Camarelli disse...

caro jorge buescu

gostei muito do último comentário, bem mais útil que o post que deu origem a esta discussão. creio que há aqui matéria interessante para mais uns posts no «de rerum natura», este tema merece sem dúvida essa atenção.

carlos daniel

Rui M disse...

Caro Jorge Buescu
Mais uma vez afirma que a troposfera está a arrefecer sem apresentar provas de tal facto. Na realidade o que está a arrefecer é a camada acima, a estratosfera. Arrefecimento esse compatível com um aquecimento provocado pelo aumento das concentrações de gases de estufa e uma diminuição das concentrações de ozono. E quanto mais fria a estratosfera menos ozono se forma o que não são nada boas noticias. Este arrefecimento é precisamente devido à retenção da radiação infra vermelha nas camadas mais baixas da atmosfera, como a troposfera, que estão a aquecer como demonstra, por exemplo, este, e este artigos. Por outro lado o CO2 presente na estratosfera emite radiação que é perdida para o espaço e como a energia recebida das camadas mais baixas diminui há uma perda de energia generalizada que resulta em arrefecimento.
Na sua argumentação sobre a saturação do sistema em relação à água esquece-se que uma atmosfera mais quente consegue suportar maiores quantidades de água e se não conseguimos parar a evaporação (e por favor senhores engenheiros, não se lembrem de mais geo-engenharias idiotas para tentar resolver este tipo de coisas) pelo menos conseguimos controlar a quantidade de CO2 na atmosfera e limitar o feedback positivo provocado pelo aumento da evaporação.

”Grande parte dos indicadores climatológicos dos últimos 10 anos sugere que o aumento de CO2 é um efeito, e não uma causa, do aquecimento global.”
Pelo menos destes últimos séculos não o é com certeza.É que até a composição isotópica do CO2 atesta que o seu aumento se deve principalmente a emissões resultantes de combustíveis fósseis.

Mais uma vez, repito também desconhecer grandes variações nas concentrações de CO2 durante o MWP, mas pode ser ignorância pura e dura.

E por ultimo, as temperaturas diminuíram desde 1998? È engraçado ler isso, assim à papo seco, sem explicar que 1998 foi um ano de El Niño muito forte (o mais forte do sec. XX) que normalmente resulta em recordes generalizados de temperaturas e sem mencionar que depois da descida expectável nos anos seguintes a tendência (e nisto do clima contam as tendências e não eventos isolados) para o aumento voltou a verificar-se com 2005 a aproximar-se muito do recorde de 98. Se a teoria do aquecimento global dependesse só de 9 anos de medições ninguém lhe teria dado nenhuma credibilidade.

Jorge Buescu disse...

Caro rui m:

dou-lhe no fim uma dezena de referencias peer-reviewed sobre a evolução anómala da tem+eratura na troposfera, como medida pelos satélites e balões. E, ja agora, aconselho-o a documentar-se melhor antes de fazer afiramções bombásticas como "não há nenhum artigo peer-reviewed incontestado" o mecanismo forçador ser o solar sem desconhecer bibliografia básica. Suspeito que esteja a acontecer algo análogo.

Eu deixei propositadamente de fora a referemncia ao El Ninõ de 1998 para ver as reacções. Já reparou que quando se tomava o Hockey stick como dogma (e ele é de 98!), como no Climate Change 2001, do IPCC ninguém falava no El Niño, mas dizia-se que o aumento exponencial de temperatura ia fatalmente ao mesmo ritmo? 9 anos depois, os alarmistas que faziam estas afirmações erradas, ao ver que 1998 afinal foi um pico, dizem, "ah pois, foi o El Niño". Se as temperaturas tivessem continuado a subir, era o aquecimento global. Como não continuaram, é o aquecimento global na mesma. Aconteça o que acontecer, é o aquecimento global!

Uma explicação que explica tão bem um fenómeno como o seu contrário mão é ciência. Esta mais próxima da fé... sobretudo quando insiste em ignorar os dados novos que contradizem os dogmas. Eppur si muove, caro rui m!

Aqui vai alguma leitura para o fim-de-semana. Divirta-se a verificar o diferencial entre o comportamento da troposfera predito pelo efeito estufa e o que a Natureza DE FACTO faz. São cientistas de primeiro plano, muitos deles colaboradores do IPCC.
E não, a troposfera NÃO se comporta como a teoria do efeito de etsufa prevê.


UAH : http://vortex.nsstc.uah.edu/data/msu/t2/uahncdc.mt
RSS : http://www.ssmi.com/msu/msu_data_description.html
Christy J. et al. (2000), MSU tropospheric temperatures: Dataset construction and radiosonde, comparison, J. Atmosp. & Oceanic Technol., 17, 1153-1170.
Fu Q. et al. (2004), Contribution of stratospheric cooling to satellite-inferred tropospheric temperature trends, Nature, 429, 55-58
Mears C.A. et al. (2003), A reanalysis of the MSU Channel 2 tropospheric temperature record, Journal of Climate, 16, 3650-3664
Mears, CA et FJ Wentz (2005), The effect of diurnal correction on satellite-derived lower troposphere temperature, Science, 309, 1548-1551.
Parker D.E. et al. (1997), A new global gridded radiosonde temperature data base and recent temperature trends, Geophysical Research Letters, 24, 1499-1502.
Prabhakara Jr. C. et al. (2000), Global warming: Evidence from satellite observations, Geophysical Research Letters, 27, 21, 3517-3520.
Santer B.D. et al. (2000), Interpreting diffrential trends at the surface and in the lower troposphere, Science, 287, 1227-1232
Sherwood S.J. et al., Radiosonde daytume biases and late 20th century warming, Science, 309, 1556-1559
Tett S., P. Thorne (2004), Tropospheric temperature series from satellite, Nature, doi:10.1038/nature03208.

Rui M disse...

Primeiro, muito obrigado por achar que eu não desconheço a bibliografia básica. Segundo, eu não disse que a radiação solar não era um mecanismo forçador do clima, disse que não o era no que diz respeito ao aquecimento recente. Se o Hockey stick é de 98 não é natural usar o ano de publicação como o limite do gráfico? Ou então se calhar este de 2004 com as outras recontruções multiproxy talvez lhe agrade mais (embora sem as barras de erro).

Obviamente não tive tempo de ler tudo, mas deixo já aqui algumas citações de alguns dos artigos fornecidos:


Christy J. et al. (2000), MSU tropospheric temperatures: Dataset construction and radiosonde, comparison, J. Atmosp. & Oceanic Technol., 17, 1153-1170.
The change in global trends from C to D for 1979–98 for T2LT is an increase from +0.03 to +0.06 K decade−1, and a decrease for T2 from +0.08 to +0.04 K decade−1.
Uma série de estudos posteriores identificam erros e parâmetros de correcção que este estudo não tinha ainda identificado e vieram demonstrar depois a existência de um aquecimento mais elevado.

Prabhakara Jr. C. et al. (2000), Global warming: Evidence from satellite observations, Geophysical Research Letters, 27, 21, 3517-3520.

In this study, we have minimized systematic errors in the time series introduced by satellite orbital drift in an objective manner. This is done with the help of the onboard warm-blackbody temperature, which is used in the calibration of the MSU radiometer. The corrected MSU Channel 2 observations of the NOAA satellite series reveal that the vertically-weighted global-mean temperature of the atmosphere, with a peak weight near the mid troposphere, warmed at the rate of 0.13±0.05 Kdecade−1 during 1980 to 1999. The global warming deduced from conventional meteorological data that have been corrected for urbanization effects agrees reasonably with this satellite-deduced result

Prabhakara Jr. C. et al. (2000), Global warming: Evidence from satellite observations, Geophysical Research Letters, 27, 21, 3517-3520.

In this study, we have minimized systematic errors in the time series introduced by satellite orbital drift in an objective manner. This is done with the help of the onboard warm-blackbody temperature, which is used in the calibration of the MSU radiometer. The corrected MSU Channel 2 observations of the NOAA satellite series reveal that the vertically-weighted global-mean temperature of the atmosphere, with a peak weight near the mid troposphere, warmed at the rate of 0.13±0.05 Kdecade−1 during 1980 to 1999. The global warming deduced from conventional meteorological data that have been corrected for urbanization effects agrees reasonably with this satellite-deduced result


Fu Q. et al. (2004), Contribution of stratospheric cooling to satellite-inferred tropospheric temperature trends, Nature, 429, 55-58

Here we show that trends in MSU channel 2 temperatures are weak because the instrument partly records stratospheric temperatures whose large cooling trend offsets the contributions of tropospheric warming. We quantify the stratospheric contribution to MSU channel 2 temperatures using MSU channel 4, which records only stratospheric temperatures. The resulting trend of reconstructed tropospheric temperatures from satellite data is physically consistent with the observed surface temperature trend. For the tropics, the tropospheric warming is ~1.6 times the surface warming, as expected for a moist adiabatic lapse rate.

Mears, CA et FJ Wentz (2005), The effect of diurnal correction on satellite-derived lower troposphere temperature, Science, 309, 1548-1551.

The Christy et al. results indicate that the lower troposphere is cooling dramatically relative to the surface over almost all parts of the tropics, in sharp disagreement with both climate model output and theoretical arguments(20, 29). Our results suggest that the tropical troposphere is warming slightly more than the surface in most regions, in accordance with expectations, though scenarios where the tropical troposphere is cooling relative to the surface are also possible within the range of uncertainty.
However, the radiosonde record is fraught with difficulties related to changes in instrument type, observing practices, data correction and station location. In the tropics, where they are the largest, these problems have been shown to be more likely to lead to spurious cooling trends than spurious warming trends in the unadjusted data, suggesting the possibility that any problems that were not detected during homogenization may result in a cooling bias in the homogenized radiosonde record-.
Global Warming Trend of Mean Tropospheric Temperature Observed by Satellites
Konstantin Y. Vinnikov1* and Norman C. Grody2
Our analysis shows a trend of +0.22° to 0.26°C per 10 years, consistent with the global warming trend derived from surface meteorological stations.
Radiosonde Daytime Biases and Late-20th Century Warming
Steven Sherwood 1*, John Lanzante 2, Cathryn Meyer 1
Although other problems may exist, this effect alone is of sufficient magnitude to reconcile radiosonde tropospheric temperature trends and surface trends during the late 20th century.
A Reanalysis of the MSU Channel 2 Tropospheric Temperature Record
CARL A. MEARS, MATTHIAS C. SCHABEL, AND FRANK J. WENTZ
ABSTRACT
Results presented herein show a global trend of 0.097 ± 0.020 K decade-1, generally agreeing with the work of Prabhakara et al. but in disagreement with the MSU analysis of Christy and Spencer, which shows significantly less (;0.09 K decade-1) warming. Differences in the various methodologies are discussed and it is demonstrated that the principal source of these discrepancies is in the treatment of errors due to variations in the temperature of the MSU hot calibration target.


Basicamente, a maioria da literatura mais recente aponta para um aquecimento na troposfera

Rui M disse...

O gráfico era este. Esqueci-me de incluir o link no comentário anterior.

Jorge Buescu disse...

Caro rui m: apercebi-me de um erro (meu) num post anterior, que talvez tenha dado origem a este mal-entendido. Disse que a troposfera está em arrefecimento, o que é falso. O que queria dizer, isso sim, é que está em arrefecimento *diferencial* em relação à superfície terrestre,
como provavelmente terá compreendido. Isto é: a temperatura à superficie aumenta a uma taxa superior à da troposfera. Este foi o meu erro de escrita, pelo qual me penitencio.

No entanto, ignorando esta irritante gralha, as conclusões são rigorosamente as mesmas. O que se observa na Natureza é precisamente o *oposto* do previsto pela teoria do efeito de estufa, que prevê que a troposfera aqueça *mais* do que a superfície.

A razão está no meu post anterior: é na troposfera que se dá a emissão de radiação de estufa. A emissão é isotrópica, isto é, igual em todas as direcções: para cima, para baixo, para os lados. Apenas uma pequena parte é reenviada para a Terra. Assim, a superficie terrestre recebe apenas uma pequena fracção da radiação emitida por efeito de estufa. Conclusão: a potência dissipada na troposfera é maior do que a que atinge a superfície. Conclusão: a troposfera deve aquecer mais do que a superfície terrestre.

Mas toda a literatura que lhe dei, e cujos abstracts se deu ao trabalho de copiar para aqui (ainda bem que concordamos neste ponto: os leitores agradecem) afirma precisamente o contrário: a troposfera aquece mais devagar do que a superfície, nas medições realizadas por satélites e sondas.

O efeito de estufa prevê um aquecimento diferencial *positivo*. A Natureza mostra-nos um aquecimento diferencial *negativo*.
Qual é a conclusão científica a extrair?

Mais leitura recomendada: Temperature Trends in the Lower Atmosphere:
Steps for Understanding and Reconciling Differences,
http://www.climatescience.gov/Library/sap/sap1-1/finalreport/default.htm

Rui M disse...

Não estar a aquecer é bem diferente de "não está a aquecer tanto como devia".

E já agora, do relatório que referiu:

"Previously reported discrepancies between the amount of warming near the surface and higher in the atmosphere have been used to challenge the reliability of climate models and the reality of human induced global warming. (...)This significant discrepancy no longer exists because errors in the satellite and radiosonde data have been identified and corrected

José M. Sousa disse...

O documentário "The great global warming swindle" não é da BBC como afirmou Jorge Buescu, mas sim do Channel Four. Este canal já teve de pedir desculpas públicas por outro documentário sobre questões ambientais do mesmo realizador.

Parece-me rídiculo insinuar que há uma espécie de conspiração por parte dos que pretendem demonstrar a origem antropogénica do aquecimento global, quando as principais forças políticas e económicas das principais potências (nomeadamente os EUA) sempre mobilizaram muito mais recursos para tentar demonstrar o contrário. Ou seja, a existirem cientistas credíveis a provar o contrário, certamente não haveria falta de apoio político e financeiro para lhes dar a devida publicidade e participação num órgão intergovernamental como o IPCC onde as decisões são tomadas por consenso!

Ricardo disse...

Não, pois há um intervalo de 800 a mil anos. Primeiro Sobem as temperaturas e depois, a concentração de CO2. o Próprio IPCC confessa isto no seu AR4, na pág 444 e 446, portanto, bastaria ler o relatório para saber que isto é falácia

NOVA ATLÂNTIDA

 A “Atlantís” disponibilizou o seu número mais recente (em acesso aberto). Convidamos a navegar pelo sumário da revista para aceder à info...