quarta-feira, 11 de abril de 2007

Criado de propósito para quê?

Até à revolução científica dos séculos XVII e XVIII, muitas pessoas pensavam na Europa que Deus tinha criado o universo para os seres humanos, tendo colocado a Terra no centro, em torno da qual todo o Universo girava. Mas com o desenvolvimento da ciência redescobriu-se que a Terra não está no centro do universo. A Terra orbita o Sol, que por sua vez é apenas mais uma estrela modesta numa galáxia que tem biliões de outras estrelas; e a nossa galáxia é apenas uma de entre cerca de cem biliões de galáxias. Além disso, descobriu-se que os seres humanos evoluíram a partir de outros animais: não foram directamente criados por Deus. Algumas pessoas religiosas defendem que se aceitarmos esta perspectiva científica, a nossa existência não terá sentido — porque, nesse caso, não foi planeada por Deus, com um determinado propósito.

Esses religiosos podem argumentar que se Deus não nos criou com um propósito, então a nossa vida não tem sentido. Apenas existimos. Não há algo importante, de importância cósmica e universal, na nossa vida. Vivemos e morremos, e é tudo. Claro que podemos ser razoavelmente felizes, se tivermos sorte; podemos ter um bom emprego, amigos e família que nos apoiem; podemos sentir-nos realizados como músicos, físicos ou empresários. Mas se não há um deus que nos tenha criado com um propósito, a nossa vida não tem sentido — somos apenas fruto do acaso. Esta é a posição de Tolstoi, cujo ensaio sobre o tema do sentido da vida é muito influente.

Contudo, os críticos desta perspectiva religiosa, como o filósofo Kurt Baier, defendem que é precisamente porque não fomos criados por um Deus com um determinado propósito que a nossa vida pode ter sentido. Se tivéssemos sido criados por Deus com um propósito qualquer, seríamos como crianças que foram geradas pelos seus pais exclusivamente para combater num exército, por exemplo, ou para trabalhar na fábrica da família. Por mais importante que essas coisas sejam, tais crianças estariam a ser tratadas como meros meios e não como fins. Claro que isso dá um propósito à sua vida; mas é o tipo errado de propósito. É o tipo de propósito que não dá qualquer valor intrínseco à sua vida. Se fomos criados por Deus com um propósito qualquer em vista, somos como essas crianças: esse propósito não dá qualquer sentido à nossa vida. Se a nossa vida não tiver um propósito em si e só tiver um propósito exterior que Deus nos deu, a nossa vida terá um valor meramente instrumental; estaremos a ser usados como instrumentos, como meios para os propósitos de Deus, e não como fins em si.

41 comentários:

timshel disse...

excelente post

vale a pena pensar nele aprofundada e reflectidamente, nomeadamente no seu último parágrafo

Jónatas Machado disse...

Saudações cordiais ao Desidério.

Os evolucionistas criticam os criacionistas por partirem de premissas religiosas para falarem de ciência e filosofia, mas não hesitam em partir de premissas filosóficas de índole naturalista para tirarem as suas conclusões sobre religião. (É claro que para quem adopte à partida uma perspectiva naturalista, Deus só pode ser uma ilusão, na medida em que só essa conclusão é consistente com as premissas naturalistas adoptadas à partida!).

Ao fazê-lo, só validam os criacionistas quando estes afirmam que é impossível separar as coisas. No mundo real as coisas estão todas relacionadas umas com as outras. A visão do mundo que adoptamos à partida determina as conclusões a que chegamos na política, na religião, no direito, na ciência, na cultura, nas artes, no desporto, etc. O Desidério Murcho parte de premissas naturalistas, depositando uma confiança extrema nos filósofos. Eu, por meu lado, aceito, pela fé, a Bíblia como palavra de Deus. O Desidério fala da sua fé naturalista. Eu falo da minha fé bíblica. Uns confiam na criatura, outros preferem pôr a sua confiança no Criador. O direito constitucional contemporâneo, com a sua ênfase na liberdade de consciência, de religião e de expressáo, pretende proteger a igual dignidade e liberdade de uns e outros.

Eu acho intelectualmente estimulante a leitura de filósofos e cientistas. Aquilo que me separa do Desidério é o facto de eu não confiar neles para me darem indicações definitivas sobre a origem, o sentido e o destino da minha existência. É que suas ideias são demasiado diversas e mutáveis, além de não fornecerem respostas definitivas para questões tão básicas como a origem da matéria e da energia, da vida, da consciência e da linguagem. Além disso, nenhum cientista estava lá para observar o surgimento do Universo, da Vida, do Homem, limitando-se a fazer observações no presente e a extrapolar para o passado distante com base nas suas premissas mundividenciais.

Em todo o caso, parece-me correcta, à luz da minha própria mundividência, a posição do filósofo holandês Herman Dooyweerde, quando sublinha a dependência de todo o conhecimento científico de pressuposições mundividenciais ou fundamentações básicas (ground-motives). Isso mesmo pode ler-se na sua obra A New Critique of Theoretical Thought, The Necessary Presupositions of Philosophy, A, I, (trad. David H. Freeman; William S. Young), Edwin Mellen Press,, Ontario, 1997, 5 ss. e 57 ss. De acordo com este autor, a vida orgânica é indissociável do sentimento psíquico e este relaciona-se com os aspectos lógico-analíticos, que por sua vez estão intimamente ligados aos aspectos históricos, linguísticos, sociais, económicos, estéticos, jurídicos, morais e religiosos. O ser humano é o ponto de concentração de todos esses aspectos modais do ser. Cada um deles remete, dentro de si e para além de si, para todos os outros. Daí que a reflexão teorética que se empreenda relativamente a cada um deles pressuponha uma posição sobre a totalidade do real, estruturalmente religiosa. O pensamento teorético pretende esclarecer o modo como todas essas esferas modais se relacionam entre si num todo coerente.

A ser verdade este entendimento,as visões que temos do homem influenciem todas as áreas da vida e mesmo o direito internacional (e todos os demais ramos do direito, como o civil, o penal, o constitucional, tributário, etc.

P.S. Já agora, gostaria de pedir ao Desidério Murcho para tornar mais acessível o meu texto sobre criacionismo bíblico, que está publicado no seu valioso site criticanarede.com. Isto, porque os únicos textos que nesse site estão acessíveis ao grande público sobre criacionismo são os que criticam o criacionismo. Penso que, numa altura em que se generaliza a discussão sobre o tema, seria bom facilitar o acesso ao mesmo texto, para que mais pessoas possam lê-lo e compreender melhor as premissas, os raciocínios e as conclusões criacionistas. Isso poderia elevar a qualidade da discussão, e retirar margem de manobra àqueles que recorrem sistematicamente ao insulto e ao ataque pessoal, mostrando com isso a sua própria insegurança.

O Desidério Murcho, livre pensador que é, concordará certamente comigo quando se trata de travar o chamado impulso da intolerância, sempre presente mesmo nos círculos académicos mais elevados.

O impulso da intolerância, com as suas dimensões censórias e persecutórias, pode andar associado à convicção da verdade e da superioridade das próprias ideias, em face das quais a tolerância para com outras surge como um sinal de fraqueza, ou à incerteza acerca das próprias convicções, aliada à percepção dos indivíduos que delas divergem como sendo inimigos.

Bruce Lóse disse...

Dério,

A prospecção do sentido para a vida é um problema de narcisismo clínico, servido de igual forma pela função (des)orientadora de Deus - ver Jónatas - e pela função (des)esclarecedora da razão - ver Palmira.
Por mim, vou garimpando as minhas verdadinhas, sim senhor, mas pelo sim pelo não vou deitando mão às fanecas tal como faria no heliocentrismo.

antfilfon disse...

O cepticismo de jónatas parte do pressuposto de o que não é explicável por deus não pode ser pelo homem, mas que é o homem que explica deus. Onde ficamos?

Além disso: "É que suas ideias são demasiado diversas e mutáveis, além de não fornecerem respostas definitivas para questões tão básicas como a origem da matéria e da energia, da vida, da consciência e da linguagem. Além disso, nenhum cientista estava lá para observar o surgimento do Universo, da Vida, do Homem, limitando-se a fazer observações no presente e a extrapolar para o passado distante com base nas suas premissas mundividenciais."

Nenhum cientistas 'está lá' para observar as transformações na matéria que lhe permitem pensar mas jónatas julgo que você consegue. Não é verdade que não haja boas explicações a origem da matéria e da energia, da vida, da consciência e da linguagem, há bastantes e variadas, e nenhuma inclui a influência de um deus moral, muito menos de um deus revelado. O único sentido que a existência de deus pode ter de minímamente sustentável à luz do conhecimento moderno é o da causa primeira, o do seu sentido moral é um derivado da consciência de finitude que obviamente ninguém é capaz de refutar.

Jónatas Machado disse...

A razão pela qual há tantas explicações acerca da origem do universo, da vida e do homem é porque, em bom rigor, nenhuma delas funciona!

Se o próprio Stephen Hawking, em sucessivas obras suas, coloca as galáxias e as estrelas na lista das coisas que o Big Bang não consegue explicar...

Alguns modelos teóricos só conseguem explicar a origem do Universo postulando dois, três ou mesmo um número infinito de universos anteriores ou paralelos. E como explicar esses universos?

É por essa mesma razão que existem mais de 50 teorias sobre a extinção dos dinossauros! Mas o mais grave, como se isso não bastasse, é que a própria origem dos dinossauros permanece um mistério!

Com efeito,

“Where did dinosaurs come from? That apparently simple question has been the subject of intense debate amongst scientists for over 150 years,…”

The Natural History Museum Book of Dinosaurs, 1998, p. 12.

Anónimo disse...

Uma vez que frequento este blog para aprender e não para ensinar o que quer seja, peço por favor que me expliquem o significado da frase bíblica "Deus fez-nos à sua imagem".

Até aqui, tenho pensado que somos feitos à imagem do ADN que nos define como espécie e como indivíduos. Não sei quem inventou o ADN, mas de facto, é a coisa mais omnipotente e omnipresente que conheço e que perdura mesmo para além da nossa morte, que o digam os paleontólogos que o encontram mesmo em achados com milhões de anos.

Guida Martins

Anónimo disse...

Não há dúvida de que os extremos (atéistas e religiosos) se tocam, e que ambos se tornam "cegos" à verdade do outro. Já olhei para estas posições antagónicas de forma critica, mas agora vejo como, sem elas, seríamos incapaz de definir um espaço de debate e ficaríamos todos mais pobres...

Anónimo disse...

Com o que aqui li, tenho de acrescentar mais uma explicação para o criacionismo: O criacionismo é uma forma de auto-elogio. "Eu sou tão bom porque deus me reservou este papel maravilhoso de {«colocar aqui a respectiva presunção»}." (Obrigado ao CF e ao greepeace pela inspiração).
Essa ideia de ter um objectivo traçado por deus, e ser mais uma marioneta na mão de deus é de gente insegura. A natureza já nos deu um propósito, que a religião tentou usurpar: sobreviver e espalhar os nossos génes.

Se a ciencia não consegue explicar a origem da matéria, nem a razão pela qual o universo é como é, é porque humildemente um cientista reconhece que não sabe tudo, mas, mesmo assim procura aprofundar o conhecimento. Esta postura é mais louvável, do que simplesmente dizer que foi deus. Porque qualquer pessoa com vontade de pensar um bocadinho punha a seguinte questão: E quem é que criou deus?
Se alguém surgir com a miraculosa ideia que deus não foi criado, porque sempre existiu, eu não me ralo de aplicar a mesma resposta à origem da matéria.
Porque é que tem de haver um ponto de arranque? Algo que seja infinito não tem que ter um inicio, tal como não tem um fim, e nessa condição não necessita de nenhum deus para o tornar realidade.

Respostas definitivas, respostas fáceis, e respostas sem fundamento a não ser o diz que disse, que é a base de toda a fé religiosa, não obrigado.
Defenderem agora o criacionismo é apenas mais uma forma de protecção das idiotices que sempre defenderam. A terra no centro do universo e a terra plana já ficaram para trás, agora há que acabar com mais esse mito da criação.

Bruce Lóse disse...

Jónatas,

o que conheço das suas formulações é o que este blogue solicitamente me faz chegar, logo, vai-me desculpar as precipitações ou injustiça da minha opinião. É esta:

Vejo-o fundamentar a possibilidade (uma possibilidade, a sua) na incerteza do seu contrário. Isto não é nem de longe uma demonstração. Por muito que o método científico se desvie do seu mérito bem definido e circunscrito, continua a ser a ferramenta mais segura de produção de conhecimento ao alcance de quem o procura - quem não sabe isto não sabe nada - percorrido necessariamente pela demonstração. A "lógica" não pode ser substituída pela "agilidade". Nada o impede, seguramente, de se enriquecer em matérias diversas da sua especialização académica, só conheço um salsicheiro que diz o contrário e, apesar de não ser com a simples invocação de autores que invocam autores que invocam autores, o criacionismo é tão susceptível de ser demonstrado como o evolucionismo. Acontece que há uma clara vantagem neste momento para o evolucionismo e, se me permite uma sugestão a alguns de vós criacionistas, descolem da incerteza do contrário, conforme disse ao início.
NOTA: não será num blogue, em forma de arremesso demonstrativo. Mas aguardo com interesse.

Jónatas Machado disse...

O DNA é o código da vida. Ele contém biliões de instruções complexas e especificadas para a produção da generalidade dos seres vivos, com os seus mecanismos extremamente integrados.

O DNA é o mesmo para evolucionistas e criacionistas. Os primeiros interpretam-no como evidência de um ancestral comum e constroem os seus relógios moleculares a partir dessa premissas. Os segundos interpretam-no como evidência de um criador comum, alertando para o carácter tautológico e falível dos relógios moleculares.

A mesma evidência, premissas diferentes, conclusões diferentes!

Muitos pensavam inicialmente que a maior parte do DNA era "junk", embora as investigações das últimas décadas tenham vindo a refutar esse entendimento, tendo apontado para a sua funcionalidade. Sobre a real complexidade do DNA ainda há muito por descobrir.

Para já, sabe-se que o DNA é o sistema de armazenamento de informação mais eficiente que se conhece, como reconheceu Bill Gates em entrevista recente.

A informação contida no DNA pode ser teoricamente lida, compreendida e traduzida pelo homem. A mesma poderia ser posteriormente armazenada noutros suportes de informação. Em todo caso, isso não seria muito fácil.

Com efeito, o físico alemão Werner Gitt calculou que um pequeno pedaço de DNA do tamanho da cabeça de um alfinete consegue conter tanta informação como quinhentas pilhas de livros erguidas da Terra até à Lua.

Actualmente cresce o número de cientistas que desenvolve a ciência da bioinformática, procurando utilizar o DNA para guardar outra informação. Isso mostra que uma coisa é o DNA, enquanto suporte de informação, e outra coisa é a informação contida no DNA.

O DNA é uma realidade material, ao passo que a informação nele contida é uma realidade imaterial que os criacionistas consideram ter tido origem numa inteligência.

O ateu evolucionista Richard Dawkins reconheceu que uma célula contém mais informação do que a Enciclopédia Britânica multiplicada por muitas vezes. Os criacionistas concordam inteiramente com Dawkins quanto a este ponto.

Todavia, também aqui uma coisa é o suporte material da enciclopédia (v.g. capa, papel, tinta), e outra, completamente diferente, é a informação nela contida.

O papel e a tinta são objectos materiais da enciclopedia, ao passo que a informação nela contida é uma realidade imaterial, produto da inteligência dos autores da enciclopédia. Numa enciclopédia, assim como no DNA, o mais importante é a informação imaterial e não o suporte material.

A mesma informação pode ser armazenada em diferentes suportes, não se confundindo com as respectivas propriedades físicas.

É interessante que a vida depende de um complexo código, como o DNA, susceptível de cópia, transcrição, tradução e dotado até de um sistema de correcção automática.

É igualmente interessante pensar que a Bíblia afirma que o Universo e a Vida foram feitos pela Palavra de Deus (Verbo, Logos).

Pessoalmente, vejo uma grande congruência estrutural entre o DNA e o LOGOS, muito maior do que a ideia de que um processo aleatório conseguiu produzir não apenas toda a informação necessária à vida, mas também um eficiente sistema de suporte, armazenamento, transcrição, tradução e preservação de informação.

Para mim não representa nenhum sacrifício do intelecto acreditar que Deus criou o DNA e que a corrupção da criação, resultante do pecado, é responsável pela sua deterioração através de mutações cumulativas e degenerativas. As respostas encontram-se no Génesis e estão acessíveis a todos que as quiserem ler, entender e aceitar.

Já os evolucionistas têm que se debater com as probabilidades infinitesimais os obstáculos naturais envolvidos na produção do DNA e com o facto de que o DNA depende, para sobreviver, de DNA de correcção. Do mesmo modo, para ser transcrito e traduzido, o DNA necessita de enzimas que só existem porque estavam previamente codificadas no DNA.

A complexidade extrema do DNA é perfeitamente consistente com a existência de Deus. A mesma não refuta, antes corrobora a doutrina bíblica da Criação. Todavia, ela é um desafio às premissas acidentalistas do naturalismo, desafio esse que vai aumentando à medida que os cientistas se apercebemos da real complexidade do DNA.

O computador da IBM Blue Gene, o mais sofisticado supercomputador do mundo, precisa de mais de um ano de computação para reproduzir e modelar as operações de dobragem de uma simples proteína! Estes números podem ser obtidos a partir do site do Blue Gene.

Ou seja, a complexidade da vida é inimaginável, tal como seria de esperar a partir da doutrina da Criação. Com o máximo respeito por todos quantos discordam, penso que a ideia de que a ciência é contrária à Criação é um mito do nosso tempo.

João Vasco disse...

«Para mim não representa nenhum sacrifício do intelecto acreditar que Deus criou o DNA e que a corrupção da criação, resultante do pecado, é responsável pela sua deterioração através de mutações cumulativas e degenerativas.»

Então Jonatas é EVOLUCIONISTA.

Bem sei que o Jónatas ainda não descobriu que podem existir várias teorias evolucionistas, que a teoria da selecção natural (actualmente aceite pela comunidade científica por ser aquela que as evidências suportam) é apenas uma delas - e não diz nada sobre a criação inicial da vida, apenas sobre a sua evolução.

Quando o Jónatas descobrir que existem várias teorias evolucionistas, perceberá que a única coisa que têm em comum é admitir que a vida se foi alterando ao longo dos tempos.
O Lamarckismo é um exemplo de uma teoria evolucionista (naturalista) rejeitada pela comunidade científica por ser contrária às evidências.
A teoria do Jonatas Machado é outro exemplo de uma teoria evolucionista (mágica) rejeitada pela comunidade científica por ser contrária às evidências.

Anónimo disse...

Assumo que, com este comentário, posso estar a ser mal educado para com Jónatas Machado, mas acho que se está a correr o risco de, ao considerar as suas opiniões dando respostas, se está a dar importância à IDiotia e, quem sabe, a promover um debate que seria a todos os títulos ridículo.

Cristina Gomes da Silva disse...

Desconhecia este blog até hoje de manhã. Mas que bela surpresa tem sido descobri-lo.

Jónatas Machado disse...

Devo dizer aos estimados participantes neste interessante blogg que os criacionistas em geral sabem que existem várias teorias da evolução. Isso deve-se, como eu já disse, ao facto de nenhuma delas funcionar!

Na verdade, devo esclarecer que os criacionistas concordam mais com os evolucionistas do que os próprios evolucionistas! É verdade!

Os criacionistas concordam com os saltacionistas quando estes afirmam que a evolução por mutações graduais não tem apoio no registo fóssil e daria lugar ao surgimento de seres estranhíssimos (esta última expressão é dos próprios saltacionistas).

Além disso, os criacionistas concordam com os gradualistas quando estes afirmam que a evolução por saltos não tem um mecanismo molecular convincente.

Como vê, é muito amplo o acordo entre criacionistas e evolucionistas! O mesmo está bem documentado na literatura criacionista de países como os Estados Unidos, o Reino Unido, a Alemanha, a Austrália ou o Brasil.

Os criacionistas não negam as mutações aleatórias e nem a selecção natural. Apenas sublinham que as primeiras são cumulativas e degenerativas, tendendo a destruir a informação do genoma, ao passo que segunda, como o próprio nome indica, elimina informação genética pré-existente.

Assim, para os criacionistas, as mutações existem e a selecção natural também existe. Ambas podem ser observadas todos os dias. No entanto, nem umas nem outras conseguem gerar as quantidades de informação genética complexa, especificada e integrada necessárias para transformar moléculas em pessoas ao longo de milhões de anos.

Acresce, como já se disse, que a informação genética é uma realidade imaterial que não se confunde com o respectivo suporte físico.

De acordo com o modelo criacionista, as mutações explicam-se bem com a corrupção que afectou toda a criação a partir do pecado. Por seu lado, a selecção natural é um elemento essencial para compreender a dispersão e especiação pós-diluviana.

A mesma evidência, premissas diferentes, conclusões diferentes.
A nossa visão do mundo condiciona o modo como abordamos, interpretamos e organizamos a evidência, bem como ao modo como procuramos explicar as anomalias. Isso aplica-se tanto a criacionistas como a evolucionistas.

Estes aspectos são mais elaborados, tecnicamente, em obras como, entre muitas outras, "Not by Chance", do Biofísico Lee Spetner, ou "Genetic Entropy", do professor de Cornell John C. Sanford. Uma descrição técnica pode igualmente ser encontrada na enciclopedia www.creationwiki.org.

A sua discussão é algo que está muito para além das possibilidades deste blog e das minhas competências. Mas a verdade é que a mesma prossegue, pouco a pouco, como é característica do trabalho científico, levada a cabo tanto por criacionistas como por evolucionistas. Não sendo eu especialista nesta matéria limito-me a dar conta das principais linhas de força dos argumentos criacionistas e a remeter, quem quiser, para fontes de informação mais elaboradas.

Anónimo disse...

A Jónatas:
Se evitar utilizar a sua profunda crença de que o deus a que se tem referido e o DNA estão de algum modo ligados, verá que não é conhecida nenhuma forma de estarem relacionados, por mais autores que consulte e cite. Riposte e destrua os os ramos da ciência que dizem que DNA, evolução e vida no planeta Terra (pelo menos) são indissociáveis, mas, com estes dois exercícios, teremos apenas atingido um mundo sem ciência e sem um deus e esse resultado dá-lhe um deus dependente da existência da ciência. A ciência, pelo contrário, não precisa de um deus para existir.

Anónimo disse...

Talvez criacionismo e evolucionismo já se tivessem encontrado se o evolucionismo não tivesse por defensores ateus tão acríticos e radicais...

e-ko disse...

Já passei algumas vezes por este blog e vou voltando. Não tenho formação científica, filosófica ou literária mas, como humano feito de matéria cósmica e cidadã dum país que me impôs uma educação cristã e uma interpretação consequente para o que andamos aqui a fazer, estas questões têm alguma importância, embora possa viver muito bem sem elas, como todos os seres vivos ou o universo.

Não preciso de ter fé para viver e, como já disse, e como muitos de nós, neste país, foi-me imposta uma educação cristã católica. A questão da existência de deus arrumei-a na prateleira com os catecismos, porque com 8 ou 9 anos, sentia que o que me estavam a impôr como explicação para a nossa existência era duma insuportável sobrançaria em relação aos outros seres e ao cósmos. Aos 12 anos, mais ninguém foi capaz de obrigar-me a praticar uma religião sobre a qual tinha muitas dúvidas, mais ainda do que sobre tudo isto gira e de como giramos com isto. Com 12 anos, isto era assim, porque era assim, como era para as formigas dos carreirinhos ou para os cães vadios que cruzava nas ruas, e ninguém me deu outra explicação mais aceitável, até hoje. Lá fui vivendo como tudo o que vive, sem FÉ e sem DEUS apenas movida pelo sentido estético, algo de aparentemente supérfulo para muitos, e pela curiosidade, esvaziada de crenças e da ideia de ter sido criada à imagem duma divindade qualquer, e, de todas as "arrogâncias ontológias".

Há mais de 30 anos, levada pela curiosidade, ela e sempre ela, e porque essa mesma curiosidade, e também, o gosto pela liberdade, estando a viver na cidade luz, comprei e li uma tradução dos hinos especulativos dos Veda (1700-1200 ac), feita a partir do sânscrito, publicados na nrf, Gallimard, e, foi a "revelação", textos escritos tendo como base uma imemorial tradição oral, que atravessa as gerações e as civilizações, que me deixaram rendida a uma "intrepretação" da existência cósmica muito próxima duma "leitura" científica muito actual. Na altura li também um livro de Émile Benveniste, linguista, sobre a influência do sânscrito na designação das instituições indo-europeias. Parece-me que, os religiosos e os criacionistas, têm pelo menos, 4 milénios de atraso.

:: rui :: disse...

É tudo uma questão de premissas e pressuposições como diz Jónatas Machado. E todo este diálogo já é muito velho, não é só agora que surge e por isso todas as opiniões caem num saco que só a Palavra de Deus pode sanear. De que vale dizer a minha opinião, se a minha opinião é realmente a minha e que contrapõe a outra (a de outra pessoa) e portanto, é como eu falar português e outra pessoa falar francês e ambas dizermos que falamos linguas diferentes. Concretamente, falamos, mas se entendermos melhor a questão, vemos que tudo não passa de uma só premissa vista de maneiras pessoais diferentes. Haverá forma de resolver isto? Sim, acreditar na Palavra de Deus literal pois se nao o fizermos, vamos estar sempre a debater a mesma questão.
Jesus dizia que o caminho para o Céu é muito estreito e o caminho para o Inferno é bastante largo. Acreditar ou nao se existe Céu ou Inferno é estar no caminho largo pois tudo o que se desvie do caminho de Jesus Cristo segue essa premissa. Haverá forma de resolver isto? Há, não sei é se fácil deixar cair algumas premissas que se afastam do entendimento de Jesus Cristo. Felizes aqueles que acreditam e não precisam de ver. Os que não vêm, imaginam o que quer que seja e o campo da imaginação é muito fértil, como se sabe. Que a Terra tem milhões de anos, que Deus não criou o mundo e o homem, e tantas mais teorias que só servem para tapar quem não quer ver. A senhora Palmira, no programa Camara Clara do passado domingo disse que "as pessoas não aceitam quer o confronto quer a discussão de ideias, e esse é o problema subjacente à resolução de Deus", e ela aceita que não há discussão de ideias? Só há um caminho, e quem não aceita diz este tipo de coisas. Ela própria diz "Na religião, as ideias são aceites por fé e não são sujeitas a críticas, a fé é aceitar algo sem justificação, sem razões, aceitar apenas pela fé." Se forem sujeitas a criticas, são meramente opiniões pessoais, refutáveis, susceptíveis e de onde não se sabe bem onde é que se basearam. Como ela diz, "Eu nao sou historiadora, só li alguns livros", pois é, e quantos mais vão ser precisos ler para se perceber que o caminho é estreito e tudo o mais se desvia de Jesus Cristo. E quanto mais ler, mais fundamentada estará para refutar baseada em opiniões de tantas pessoas que não quiseram aceitar. Também Adão não quis, por isso Deus puniu-o com a morte. Somos descendentes deste senhor e deste acto da criação e como tal, quando não aceitamos, sabemos o que nos espera.
Para quê falarmos línguas diferentes, dentro das próprias línguas?

Ricardo Alves disse...

«(...) para os criacionistas, as mutações existem e a selecção natural também existe. Ambas podem ser observadas todos os dias. No entanto, nem umas nem outras conseguem gerar as quantidades de informação genética complexa, especificada e integrada necessárias para transformar moléculas em pessoas ao longo de milhões de anos.»

Porquê?

Jónatas Machado disse...

A Bíblia não pretende ser um livro de ciência, mas pretende ser a palavra de Deus, o que é diferente. A ciência é provisória. A palavra de Deus autodefine-se como definitiva.

A Bíblia, ao afirmar que Deus é racional, que criou racionalmente um universo distinto d'Ele, e nos criou com capacidade racional para estudar o universo, tem os axiomas necessários ao conhecimento científico.

Cada um de nós tem que tomar a decisão existencial de decidir em que vai confiar.

Se a Bíblia fosse um livro de ciência precisaria certamente de actualizações regulares, o que não é o caso.

A Bíblia pretende ser a revelação de Deus sobre a origem, o sentido e o destino do homem e do universo. Assim foi considerada por Jesus Cristo e pelos seus discípulos.

Porquê a Bíblia e não outro livro? Sobre esta questão muito poderia ser dito, para além das possibilidades discursivas deste blogg.

No entanto, bastará por agora dizer que se trata do livro mais vendido, lido e traduzido na história da humanidade. Isso, ao menos, deverá querer dizer que se trata de um livro muito especial.

A Bíblia não nega que o cosmos é composto pelas forças da gravidade, do electromagnetismo, ou pelas forças nucleares forte e fraca.

Apenas diz que acima dessas forças está o seu Criador e que o universo depende, para a sua origem e destino, não dessas forças, mas da vontade do Criador.
Ela não nega que o DNA existe. Apenas afirma que ele foi criado pelo LOGOS.

A visão de que a ciência e a religião são coisas separadas é uma ideologia como qualquer outra, que não corresponde ao que a Biblia ensina desde o Génesis ao Apocalipse.

Essa ideologia parte do princípio de que Deus não existe ou, se existe, é irrelevante no mundo real.

É claro que quem recusar que Deus existe, só tem a alternativa do naturalismo. Quem aceitar o naturalismo, só pode aceitar que Deus não existe ou se existe é irrelevante.

Todavia, se, como a Bíblia ensina, Deus existe e é relevante e o Universo, a vida e o homem foram criados por Ele, então o universo, a vida e o homem não podem ser entendidos sem Deus.

Se isso for verdade, todos os esforços de entender o Universo, a vida e o homem sem Deus, estão condenados ao fracasso.

Hoje nós conhecemos mais acerca do Universo, mas isso pode significar apenas que conhecemos mais acerca da Criação de Deus.

Eu compreendo e respeito todos aqueles que têm uma visão naturalista do mundo, que os leva a considerar a religião como uma dimensão existencial e pessoal, separada da realidade objectiva.

Mas chamo a atenção para o facto de que isso não passa de uma construção intelectual, de natureza filosófica, sem qualquer base empírica.

No mundo real, as coisas não estão separadas por secções, como num jornal ou numa revista. Antes tudo está ligado a tudo. A nossa visão do mundo repercute-se no modo como observamos e interpretamos toda a realidade.

Em última análise, tudo começa pela aceitação, pela fé, de uma determinada visão do mundo.

Eu limito-me a expor a minha visão. E faço-o, de forma respeitosa, porque têm surgido muitos bloggs a querer discutir estas questões existenciais.

Reparem que não fui eu que criei este blogg e que primeiro o utilizei para discutir o criacionismo. Outros o fizeram.

Interpreto isso como significando que, bem no fundo, todos andam à procura de Deus, mesmo quando o atacam e provocam (quem sabe se com a secreta esperança de que Ele, se existe, se lhes manifeste).

A Bíblia ensina que todos os que procurarem Deus de coração, acabam por encontrá-lo.

Anónimo disse...

DEUS SERVE PARA QUÊ?

Temos que ser coerentes, (devo dizer que para mim criacionismos, biblias e religião são parvoices, eu pauto-me pelo cientifico, pela discussão que faz progredir o conhecimento e não pelo dogma que impede o livre pensamento), se o universo surgiu pelo big bang, se a vida na terra pelas condições estabelecidas a partir do sistema unicelular que evoluiu, se o ser humano evoluiu de hominideo até ao sapiens sapiens, se todo o conhecimento que possuimos e desenvolvimento quer a nivel democrático, tecnologico e cientifico fomos nos humanos que o criamos, descobrimos e melhoramos, então se DEUS existe o que pinta ele no meio disto tudo, que fez deus por nós humanos?
Para que serve deus, ele nunca se manifestou, nunca opinou sobre nada, nunca apareceu, trabalhou, ajudou sequer em nada, eu não acredito em deus, mas se ele existe então não passa de mais um malandro à espera do rendimento minimo garantido, como muitos portugueses que por ai ha, infelizmente..

João Moedas Duarte disse...

Mas a Biblia foi escrita pelo homem, certo? Foi ditada, ou os senhores que a escreveram estavam possuidos por Deus? Segundo os Criacionistas a Biblia é a palavra de Deus. Gostava de saber como e porquê? Existe alguma evidência de que seja realmente a palavra de Deus? Pode ter sido falseada? Porquê acreditar em algo que foi escrito há tanto tempo atrás por pessoas que nem sequer sabemos se existiram? Era mais fácil do ponto de vista Criacionista que Deus tivesse escrito a Biblia e depois a tivesse atirado à Terra. É díficil perceber como simples humanos tiveram acesso à palavra de Deus. E que agora se possa comprar em qualquer livraria. Não deveria ser gratuita, é que estamos a falar de Deus, e não de um autor qualquer.. Também é estranho que a palavra de Deus seja tão parecida com a linguagem dos humanos. Se Deus é realmente tão inteligente não deveria ter utilizado uma linguagem mais complexa? Porque é que Deus não escreveu ou ditou mais nada desde então? Podia ter incorporado numa re-edição as novas descobertas do homem.. Uma Bíblia com mecânica quantica e campos de Higgs, com electricidade e computadores. Se a Bíblia é a palavra de Deus, está no mínimo desatualizada. Os Criacionistas não podem negar que o mundo muda. O ontem é diferente do hoje. Há 50 anos não havia computadores, hoje há. Muita coisa mudou em 2000 anos.
Mesmo não incorporando a evolução de Darwin, a humanidade muda. A consequência é que um livro escrito por homens num passado histórico rápidamente fica desactualizado.
Já agora, a minha gata quando morreu também foi para o céu, ou são só os homens que vão?

Gostava de ser esclarecido.

Anónimo disse...

Existem apenas três regras na vida. Mas ninguém sabe quais são.
JV

Jónatas Machado disse...

Estimado António Parente.

Eu não digo que a Bíblia faz referência a essas forças. Apenas disse que não as nega. Elas podem e devem ser investigadas pelo homem, como o fez o criacionista bíblico Isaac Newton.

Não insisto no criacionismo como forma de ter visibilidade mediática. Mais do que visibilidade mediática, só tenho ganho injúrias e difamações.
Mas isso aconteceu com muitos outros cristãos antes de mim. Era certamente mais cómodo ficar calado. Mas não seria correcto.

Noto, porém, que existe muito interesse, incluindo dos media, sobre este tema, em Portugal e no estrangeiro. Daí que surjam vários convites para eu falar. Não sou eu que me desdobro em iniciativas mediáticas, como alguém disse.

Se me convidam para falar acerca da minha fé, falo. Se me insultam por causa da minha fé, procuro aproveitar para esclarecer. Falo como crente. Não falo como professor de direito. Eu já acreditava na Bíblia muito antes de estudar direito.

A minha profissão não tem nada a ver com isto. Se escrevi um artigo sobre criacionismo bíblico, fi-lo apenas porque um colega meu me solicitou. Ele cria que eu tornasse públicas as razões da minha fé. Como poderia recusar?

Se insisto no criacionismo é apenas por isto: a doutrina da Criação é a primeira e mais fundamental doutrina da Bíblia, sem a qual todas as demais perdem realmente o seu sentido. A doutrina da criação é reafirmada centenas de vezes, desde o Génesis ao Apocalipse.

Sem as doutrinas da criação e a queda, as doutrinas da salvação e da recriação final de todas as coisas não têm sentido.

Mesmo ateus como Bertrand Russell têm mostrado que percebem isso claramente, muitas vezes com mais clareza do que muitos cristãos.

Estou convencido que o Cristianismo seria muito mais relevante hoje se afirmasse as doutrinas bíblicas com gentileza e sem recear o ridículo

Curiosamente, é o próprio Richard Dawkins, um ateu militante confesso, que afirma que tem mais respeito pela radicalidade dos criacionistas bíblicos, do que pelas posições compromissórias dos cristãos que procuram reinterpretar as doutrinas bíblicas com base na ciência falível dos homens, muitas vezes apoiada em premissas naturalistas e uniformitaristas contrárias ao ensino bíblico.

Mas não se trata de ganhar o respeito de ninguém. Trata-se de afirmar a primazia do Criador.

Se a ciência é autoridade última, então como explicar a ressurreição de Cristo? A generalidade dos cientistas naturalistas dirá que ela é cientificamente impossível.

É por muitos começarem por duvidar da Criação que acabam por duvidar da ressurreição de Cristo, a base da fé dos Cristãos, como ainda há pouco muito bem afirmou o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo. Ambas manifestam o poder de Deus sobre a natureza.

Foi por causa do pecado que Cristo morreu em nosso lugar para nos salvar. É que Génesis já dizia que a morte física e espiritual é a consequência do pecado.

João Moedas Duarte disse...

Einstein disse uma vez "O mundo é um belo livro, mas pouco útil para quem não sabe ler".

Deixo um conselho aos criacionistas: estudem. Não se pode atacar a ciencia tendo lido apenas alguns livros de divulgação cientifica (mesmo que sejam muitos), que tanto gostam de citar, dando a ideia de que percebem alguma coisa de ciencia.

A obra de deus está escrita nas rochas, está escrita nas estrelas, está por todo o lado, basta saber ler. E é preciso esforço.

Também gostava de deixar aqui claro que os ataques desta natureza contra a ciencia é uma falta de respeito para com os cientistas actuais e os que já cá não vivem.

Os irmãos Bernoulli gastaram 6 anos das sua vidas a estudar o Calculo de Leibniz e muitos mais a estudar outras disciplinas do conhecimento nas quais se baseia o mundo moderno.

Este homens fizeram obra e deixaram um enorme legado. Se hoje temos computadores, se podemos escrever neste espaço, se podemos ligar a luz em casa, é devido homens destes.

Este espaço não existiria se todos os homens em todo o mundo fossem criacionistas.

Não foi a ciencia que derrotou o criacionismo, foi o homem... à muito muito tempo!

Como diria Nietzsche: God is dead

Não sou contra os crentes. Também já fui. Procurei, procurei e não encontrei Deus. Passei a ir para o campo ver a geologia, e descobri um mundo maravilhoso e Deus não estava lá, pelo menos não o vi. Não precisei de aceitar a existencia de Deus para me aperceber do quanto este mundo é maravilhoso.

Aceito que existe uma dimensão humana que não exclui a existência de Deus. Aceito que a ciencia só possa explicar o que aconteceu após o Big Bang (ou o que quer que tenha acontecido)e que o que despoletou este processo possa ter sido Deus ou qualquer coisa inteligente. Mas como não existe nenhuma evidência prefiro deixar esta prespectiva na minha imaginação.

Agora atacar a ciencia do modo como os criacionistas fazem é uma falta de respeito. Mas ao mesmo tempo tem piada ver seres inteligentes a argumentar de forma tão idiota.

Ricardo Alves disse...

«A Bíblia, ao afirmar que Deus é racional»

Onde? Algum versículo em concreto?

«A Bíblia (...) não nega que o DNA existe. Apenas afirma que ele foi criado pelo LOGOS.»

O DNA foi criado pelo «LOGOS»? Logo no génesis? Em que parte?

Anónimo disse...

Sou agnóstica, mas isso não me impede de reconhecer que a definição "essencial" de Deus (exista Ele, ou não) é incongruente com antropomorfizações - ainda que muito subtis - do Seu estatuto. Por outras palavras: parece-me abusivo impor a Deus o papel (a meu ver, demasiado humano...) de garante do sentido da vida, já para não dizer que me parece uma "solução" cobarde e preguiçosa - preguiçosa por nos dispensar do esforço (por vezes super-humano, admito) necessário para "desenhar" esse sentido sem ajuda externa. Penso que este papel escandalosamente subordinado (repito: não tenho fé, mas respeito o "conceito" de Deus...), mas que decerto providencia conforto moral a muitos humanos, é um papel que menoriza o potencial divino. Por que razão haveria Deus (se não domesticado, claro) de preocupar-se com o nosso destino, conferindo aos animais humanos um lugar privilegiado no Universo? E mesmo perseverando na imodéstia de assumirmos que fomos feitos à Sua imagem e semelhança, os mais "semelhantes" não serão, precisa e paradoxalmente, aqueles que O mandam às urtigas, "desenhando" autonomamente o sentido da vida com as tentativas e erros que definem, do ponto de vista evolutivo, o melhor cenário?

Marco Oliveira disse...

"...é precisamente porque não fomos criados por um Deus com um determinado propósito que a nossa vida pode ter sentido. Se tivéssemos sido criados por Deus com um propósito qualquer, seríamos como crianças que foram geradas pelos seus pais exclusivamente para combater num exército."

Desidério Murcho,
Conceitos assim tão infantis de Deus, religião e criação também eu rejeito. Não acredito que você não seja capaz de encontrar argumentos melhores do que aqueles que expôs aqui.

Será que você só consegue associar Deus a um conceito de paternidade assim tão primitivo? Não sabe que há quem tenha filhos pelo prazer de os criar e de os ver crescer (mesmo quando eles fazem asneiras e seguem o seu próprio caminho)? Porque não tenta fazer uma analogia com esse tipo de paternidade mais consciente? Nunca ouviu dizer que Deus concedeu livre arbítrio ao ser humano?

E sobre isso de Deus ter um propósito para nós: eu gostaria que os meus filhos um dia tivessem um curso superior. Acho que é uma porta que para alguma independência e segurança. É um propósito que tenho para eles (que eles até podem vir a rejeitar) e que apenas beneficiará eles próprios. Esse propósito não é o objectivo final da vida deles; é algo que espero possa facilitar a sua realização como seres humanos.

Marco Oliveira disse...

António Parente,
E será que a ressurreição física ocorreu realmente?
Nunca pensou que se pode tratar de uma descrição simbólica, carregada de significados muito interessantes?
É que se a Bíblia - quando lida literalmente - vai contra a ciência, então só há uma possibilidade: o texto tem um significado simbólico.

A minha opinião sobre a Rressurreição de Cristo está aqui:
* A Ressurreição de Cristo
* A Primeira Páscoa

E quanto ao simbolismo nas Escrituras:
* Simbolismo nas Escrituras
* Simbolismo e Historicidade das Escrituras

Afirmar que a ressurreição física de Jesus não ocorreu, pode ser a morte de um certo Cristianismo literalista e tradicional; mas é também o renascimento de um Cristianismo mais espiritual e consistente com a razão.

Anónimo disse...

Este debate entre a criação e a evolução não faz, para mim, e com o devido respeito para quem o alimenta (como eu, apesar de tudo, acabo também por o fazer), muito sentido.

Primeiro, convém-me afirmar que não acredito nem deixo de acreditar na existência de um ou mais deuses. Uma espécie de agnosticismo que tem como base o facto de a sua existência (ou ausência dela) ser-me totalmente indiferente para a maneira como eu vivo a vida ou a espirtualidade(porque religião e espiritualidade não são a mesma coisa). E porque me parece que a minha fé, ou ausência dela, ser-lhe-á completamente indiferente pela simples premissa (minha) de que o que é realmente importante são as minhas acções e a maneira como levo a minha vida (desculpem a repetição).

Esclarecido este ponto, posso voltar ao princípio deste texto e, porque não, ao princípio do nosso Universo.

Numa primeira análise, é minha forte opinião de que a teoria criacionista nao invalida, de maneira alguma, a evolucionista ou vice versa.

A Física, nomeadamente a Mecânica Quântica, estuda o comportamento e a dinâmica das partículas mais básicas conhecidas. As que formam tudo o que conhecemos. Os blocos fundamentais sobre os quais assenta toda a realidade por nós percepcionada. A grande questão que se coloca à Mecânica Quântica é a maneira como ela se relaciona com a Física Clássica. Os fenómenos observados na Quântica não fazem sentido na Clássica. Por exemplo, no universo quânttco a matéria pode ter muito mais estados que os tradicionais sólido, líquido e gasoso. Stephen Hawking diz no aclamado "A Brief Story of Time" que a junção entre a Quântica e a Clássica dar-se-á no momento em que surgir a chamada Teoria Unificadora. Essa teoria fundirá estas duas tão distintas realidades e explicará tudo, e devo aqui sublinhar o peso da palavra tudo, o que foi, o que é e o que será. Nessa teoria que englobará todas as leis do universo. Neste Cálice Sagrado (desculpem, mas não resisti à ironia) estará discrito o quem é, o como é, e o porquê que é do Ser, do Não ser e de tudo o que há para além destes dois. Em derradeira análise, essa equação dir-nos-á quando é que ela própria se revelará à mente humana. Serei apenas eu ou existe neste raciocíonio algo de mistico, de inantigível, de sagrado, de divino diria mesmo.

Eu gosto de paradoxos.
Acho-lhes graça. E acho-os estimulantes.

E em que medida é que a Teoria Unificadora da Física excluirá a existência de deus?
A meu ver, em nenhuma.

Uma pequena analogia:

O homem criou a máquina. O homem deu (dará?) inteligência (artificial, dirão alguns) à máquina. Quando a máquina se tornar consciente, quando a máquina compreender o quem é, o como é, e o porquê que é, quando a máquina desenvolver a teoria que explica toda a realidade em que existe (sem nunca compreender realmente o que são as sensações), será que ela deixará de acreditar que foi o homem que a criou?
E mesmo que deixe de acreditar, será essa falta de fé na existência do homem que nos retirará a existência?

Também me quer parece que não, mas isto sou eu.

Tudo o que ciência possa e consiga explicar nunca porá em causa a existência (ou não existência) de deus. Tal como a existência de deus nunca porá em causa a verdade da ciência. Porque se deus existe, e se deus criou o Uuiverso e depois o mundo e depois o homem, ou seja, se primeiro criou a realidade e depois a consciência, ao fazê-lo, criou também as regras que regem estes dois planos (já para não falar dos limites da compreensão, mas isto é outra história). E estas regras são observáveis pela nossa consciência, pela nossa racionalidade, pelo nosso pensamento.
Por outro lado, mesmo que deus não exista, existirão sempre regras e leis que dominam a entropia universal. Se o big bang existiu mesmo, se o univesro foi criado nessa inegualável explosão, a verdade é que essa explosão tem leis e regras verificáveis e repetíveis. Da mesma maneira que é possível atirar um dado duas vezes e nessas duas vezes sair um seis.

A religião e a ciência são, afinal, duas maneiras distintas de ver uma realidade comum, mas não semelhante. Um pouco como ver um quadro abstracto. Duas pessoas, cada qual com as suas idiossincracias, verão coisas semelhantes (mas diferentes), mas o quadro será, em absoluto, sempre o mesmo, criado pelo artista x no lugar y no tempo z. Devo ressalvar que, nesta frase, oartista poderá ser deus, acaso ou outra coisa qualquer.

Este debate, que é interessante, não o nego, mas é um pouco como duas pessoas falarem de morangos. Só que uma fala da côr e a outra do sabor.

Peço que me desculpem pela excessiva extensão deste texto, pelo abuso das analogias e pela pouca profundidade na abordagem de tão complexos temas. Subretudo numa primeira visita em que deveria mais acauteadamente calar e aprender.
Mas não me apeteceu.

Anónimo disse...

"A grande questão que se coloca à Mecânica Quântica é a maneira como ela se relaciona com a Física Clássica. Os fenómenos observados na Quântica não fazem sentido na Clássica. Por exemplo, no universo quânttco a matéria pode ter muito mais estados que os tradicionais sólido, líquido e gasoso."

Isso é um absurdo.
A mecânica clássica está errada e a quântica está correcta. Na medida em que a quântica prevê tudo o que na clássica era experimentalmente corroborado. E mais, a mecânica quântica é corroborada pela experimentação quando a clássica falha.

Portanto, esse dilema de dizer que a quântica tem de se relacionar com a clássica é um absurdo, não tem, a quântica é melhor teoria total.

O problema da quântica é outro, e são vários:
1) Como interpretar a função de onda? O que significa uma distribuição de probabilidade para uma dada quantidade, e o facto de essa distribuição não ser meramente estatística, nem poder ser repescada da indeterminação do fenómeno clássico quanto a todas as quantidades físicas que determinam o sistema: variáveis escondidas (ver: desigualdades de Bell).
2) Localidade? Conflito com a relatividade.
3) Interpretação filosófica do que é um sistema não ser absolutamente determinado quanto à quantidade X, mas apenas ser determinado quando se mede a quantidade X.
4) Baralhar isto tudo, voltar a dar à luz de uma função de onda total para universo. Violações de localidade por tudo quanto é lado? Vários universos mediante observações, etc etc.

O problema da mecânica quântica é interpretá-la. Mas os resultados que ela prevê, até agora, estão todos correctos!

Anónimo disse...

O que o António Parente pensa sobre a ressurreição física pode ser interessante. Mas pode perguntar-se se é compatível com o testemunho dos apóstolos.

O que é que eles viram?

1) Um sepulcro quase vazio;

2) No sepulcro estava um lenço e uma mortalha;

3) A pedra do sepulcro estava removida;

4)O corpo tinha desaparecido;

5) Mais tarde Jesus aparece várias vezes aos discípulos, com a marca das feridas nas mãos e nos pés mas com um corpo renovado;

6) Jesus come com os seus discípulos após a ressurreição;

7) As testemunhas oculares dizem que Jesus apareceu a centenas de pessoas;

8)Tomé, que duvidava, acaba por acreditar ao tocar Jesus;

9) As autoridades judaicas procuram subornar os soldados para dizerem que o corpo de Jesus havia sido roubado;

10) Mateus, Marcos, Lucas, João, Pedro e Paulo falam e escrevem da ressurreição corpórea de Cristo, afirmando diante da incredulidade de todos que eles mesmos presenciaram o evento;

11) As primeiras confissões de fé cristãs mais próximas do evento falam da ressurreição física

12) Depois de terem traído e abandonado Jesus antes e após a sua morte, os discípulos entregam-se à proclamação da sua ressurreição, estando dispostos a todo o sofrimento por causa disso.

13) Qual seria a motivação dos discípulos? Eles, que tanto falaram e escreveram a favor da pureza moral, teriam algum motivo para mentir?

14) A morte violenta que todos eles sofreram mostra que não só não tinham nenhuma motivação para mentir, como estavam convencidos que, se Jesus tinha ressuscitado, havia esperança para além da morte.

Ora, nenhum destes elementos, narrados pelas testemunhas oculares do evento, parece compatível com uma ressurreição meramente simbólica.

A crença no simbolismo da ressurreição nada tem que ver com os relatos dos apóstolos, as testemunhas oculares do evento, mas sim com uma (re)leitura naturalista da Bíblia, que passa ao lado da verdade fundamental que ela quer transmitir.


Trata-se de uma leitura da Bíblia orientada para a negação do que ela realmente diz.

O entendimento do António Parente não corresponde, sequer, à doutrina que a Igreja Católica ensinou durante séculos.

O António Parente parece querer modernizar a doutrina. Mas será que essa modernização não compromete a verdade dos factos e das doutrinas que neles se apoiam?

Anónimo disse...

Fazer uma coisa e não fazê-la são dois lados da mesma questão. Uma não-acção é uma acção. Dizer uma coisa e não dizê-la são dois lados da mesma questão. Pois, como disse, uma não-acção é uma acção. Portanto, acreditar em algo e não acreditar são dois lados da mesma questão. Ser humilde e não ser são dois lados da mesma questão. Fazer sentido ou não são dois lados da mesma questão. Ter fé ou não ter são dois lados da mesma questão. A solução é ver a questão como um todo e não parte dela. Deus é um todo e não permite que seja questionado. Isto não quer dizer que não o possamos fazer, mas ao fazê-lo, saberemos que estaremos a parciar a questão, a colocar a nossa opinião, a rebelarmo-nos contra Ele. A liberdade teremo-la sempre, só que num dos casos, é garantida por Deus pois acreditamos n´Ele, no outro caso, teremos uma liberdade condicionada pelo nosso entendimento parcial da questão. E quanto mais insistirmos nele, mais condicionada vai ficando. Mais paradoxos vão existindo e mais problemas para resolver. E a questão não são os problemas a resolver, mas as premissas e crenças que temos, como dizia um formador que tive. Porque se estas forem erradas, só teremos mais miséria, sofrimento e morte. Queremos traçar o caminho por nós mesmos e não o podemos fazer. Pois só Deus sabe qual é o caminho que temos de traçar. E como disse, ser humilde ou não ser, são dois lados da mesma questão. Se queremos continuar a tomar a posição parcial (vinda de nós), vamos continuar a ter o que sempre tivémos. Se quiseremos ver a questão como um todo, temos de deixar que temos a verdade ou sabemos como são ou foram as coisas. Reconhecemos que somos pecadores, e que teremos a vida eterna quando nos arrependemos dos actos que cometemos. As pessoas não mudam, o que muda são as percepções. E com elas, um aumentar da parcialidade sobre as questões. E há quem tenha uma percepção tipo camaleão, em que consegue ter uma percepção diferente de acordo com as situações que se deparam. É tudo parcial, tudo lados da mesma questão. E só Deus (Jesus Cristo) é que consegue ter a resposta total. Temos de nos render a ela, se nos queremos salvar.

Anónimo disse...

"A mecânica clássica está errada e a quântica está correcta. Na medida em que a quântica prevê tudo o que na clássica era experimentalmente corroborado. E mais, a mecânica quântica é corroborada pela experimentação quando a clássica falha."

Com o devido respeito, até porque não sou nenhum entendido no assunto, a afirmação da clássica estar errada parece-me uma teoria simplista de mais (o que não quer dizer que esteja errada). Existem vário problemas na observação dos fenómenos quânticos, muitos deles relacionados com a falta de tecnologia para criar instrumentos que permitam fazer essa mesma observaçaão. O princípio da incerteza tem, para muitos, prazo de validade, dado que essa incerteza advém da falta de instrumentos para observar todas as caracaterísticas das partículas(posição, velocidade, direcção, etc) num dado momento. Já houve quem tenha conseguido "congelar" um raio de luz, coisa que a clássica não suporta. No entanto, é minha opinião, com o meu limitado conhecimento da questão, de que a quântica completa a clássica, tornando-a mais abrangente e, por isso, mais simétrica. Um pouco como Einstein completou Newton. Ou, pelo menos, completará, assim que se conseguir sincronizar as duas.

Mas afastamo-nos do assunto. Usei esse a Teoria Unficadora como instrumento para dizer que ela, em si mesma, encerra um certo fatalismo, um destino pré-programdo se assim o quisermos. Todas as acções e eventos do universo estarão contidos nessa teoria. E isto parece-me um pouco com a teoria/certeza da criação divina, com um objectivo pré delineado ao qual, pelo menos por enquanto, não temos acesso. A descobrir-se essa teoria nunca se poria em causa a existência de deus. Quando muito poder-se-ia duvidar da factualidade da Biblia. Mas se quisermos olhar para a Biblia como um livro de metáforas, não vejo como a ciência possa negar deus. Ou vice versa.

Para o entendimento humano, um completará o outro porque o entendimento/intelecto humano é demasiado limitado (pelos sentidos e não só) para que um dia possamos compreender toda a complexidade do universo, do que há para além dele (se é que há alguma coisa) e do que houve antes dele (se é que houve). Havendo este limite, nunca (embora nunca seja muito tempo) saberemos, por via da ciência, se deus existe ou não. deus é uma questão de fé, não uma questão de ciência. e a ciência é uma questão de prova, observação, previsão e experimentação e não uma questão de fé.

timshel disse...

"é precisamente porque não fomos criados por um Deus com um determinado propósito que a nossa vida pode ter sentido"

em que medida se pode dizer, sem cair na metafísica, que a vida pode ter um "sentido"?

Anónimo disse...

"Existem vário problemas na observação dos fenómenos quânticos, muitos deles relacionados com a falta de tecnologia para criar instrumentos que permitam fazer essa mesma observaçaão. O princípio da incerteza tem, para muitos, prazo de validade, dado que essa incerteza advém da falta de instrumentos para observar todas as caracaterísticas das partículas(posição, velocidade, direcção, etc) num dado momento."

1) Não leu o que escrevi? A incerteza quanto ao aparato experimental (variáveis escondidas) não é suficiente para prever os resultados previstos pela quântica. (Ver: desigualdades de Bell). Foram experimentalmente verificadas.

2) A partir da mecânica quântica explica-se a quantização dos espectros de emissão e a estabilidade dos átomos (que não seriam estáveis pelo electromagnetismo clássico)

3) A teoria quântica corrige a mecânica estatística "clássica", no sentido de não ser necessário introduzir factores de correcção ad-hoc (isto é, factores que eram heuristicamente justificados) para conseguir fazer termodinâmica correcta!

4) O microscópio de efeito de Túnel é uma aplicação da mecânica quântica, e uma consequência directa da mesma.

5) A teoria quântica está em todo o lado, e já foi amplamente testada e passou nos testes todos. É mais do que uma teoria, é uma aplicação tecnológica em diferentes domínios.

Se alguém descobrir uma teoria equivalente à mecânica quântica que reformule algumas questões interpretativas, melhor!
Se se provar que a teoria quântica falha em algum aspecto, é preciso encontrar uma teoria que seja equivalente à quântica (prevendo o que esta prevê acertadamente) e a corrija onde esta falha.

Tal como a teoria quântica é equivalente à clássica onde a clássica está certa. Por isso é que os cálculos clássicos continuam certos para sistemas macroscópicos. Neste caso, chegar-se-ia ao mesmo resultado com cálculos quânticos, mas por simplicidade utiliza-se o clássico.

O Bob e a Alice a violarem a localidade, e gostam.

Anónimo disse...

"E se for ao CERN testemunhar que os neutrinos existem, apresentam-me uma maquineta que apita quando apanha um neutrino pelo meio do laboratório depois de várias horas pacientes de espera."

É uma boa questão, que pode ser, na mesma medida, aplicada ao electrão.
Aqui precisamos definir o que se entende por "existir", o que é existir?

Algo existe com uma identidade quando há uma teoria reprodutível que identifique essa identidade como única e diferente das outras. É nessa medida que o neutrino e, por exemplo, o electrão são partículas diferentes, interagem de forma diferente, têm comportamentos diferentes.

O neutrino existe na medida que gera um resultado experimental típico. Chamou-se ao gerador deste resultado: "neutrino".

Podia chamar ao neutrino "espírito", e o resultado seria o mesmo. Se a identidade existe, o espírito surge sempre que se quer onde se quer mediante condições bem determinadas.

Dizer que o isto aqui existe, "este texto", ou a parede que está ao pé de si, é igual.
Você diz que a parede existe porque ela produz vários resultados experimentais típicos. Primeiro, você não atravessa a parede (repulsão eléctrica), depois a parede tem cor (efeito fotoeléctrico ao nível das células dos olhos).
É exactamente igual.

Camarelli disse...

um texto claro e sucinto. sempre que se expõe a fragilidade do argumento teísta, ainda para mais com tal simplicidade, prega-se um susto aos que têm o pensamento toldado pela irrazoabilidade, como se pode ler nesta já longa caixa de comentários.

carlos daniel

Anónimo disse...

Caro anónimo: Para ser rápido, veja os trabalhos de David Bohm, Schröndinger (estocástica) e De Broglie (dupla solução). Isto só para dar os mais conhecidos. Porque há mais e contemporâneos. Quanto à validade da FQ, diga-se que já há microscópios que trabalham fora do domínio das relações de incerteza. Hoje, aliás, é quase pacífico, entre o restrito grupo de especialistas em fundamentos da FQ, que a quântica ortodoxa já deu.
Mas o problema nunca foi experimental.

Anónimo disse...

O António Parente disse:

"Por isso defenderei o Jónatas Machado, o Carlos Fiolhais, a Palmira Silva, o Desidério, a Rita, a Igreja Católica, o Papa, as testemunhas de jeová, o pcp, o bloco de esquerda e os anarquistas."

É tão giro quando não temos argumentos e provas para defender a nossa posição, e a única coisa que nos resta é tentar parecer moderados, para que o adversário seja visto como um radical. E a opinião pública privilegia sempre os moderadozinhos!

Não seja moderado, seja honesto. Estude as coisas. Leia, informe-se, trabalhe. Que o AS é ignorante, e precisa, é visível.
E é isso que conta, não é as "relações públicas" (uma táctica infelizmente muito utilizada pelos criacionistas, e outros obscurantistas, americanos).

Anónimo disse...

(...) comprei e li uma tradução dos hinos especulativos dos Veda (1700-1200 ac) (...) e, foi a "revelação", textos escritos tendo como base uma imemorial tradição oral, que atravessa as gerações e as civilizações, que me deixaram rendida a uma "intrepretação" da existência cósmica muito próxima duma "leitura" científica muito actual.


É isso mesmo, ó sábia Iconoclasta! E assim a música no blog é tão mantricamente nice... ;)

Anyway... muito belos ambos os textos traduzidos, ó Desidério! E já que a discussão anda teísta à brava, se o Homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, participa naturalmente da sua divindade, o que significa que também é um Ser criador!!!

Assim sendo, o propósito da nossa existência é tão simplesmente aquele que, individual ou colectivamente, lhe quisermos dar, onde está a dúvida ou o problema?!

Bem, sob este ponto de vista a criação até se pode considerar uma mera experiência divina, embora eu suponha que é um pouco mais do que isso, p'ra que digamos... ;)

A seguir, deixo o absolutamente excepcional "Hino da Criação"... cosmologia pura, que o mistério há milénios que perdura!!! :)

Transcendentalmente belo, belo, belo... BELO!!!!!!!!!!!!

1. Then was not non-existent nor existent: there was no realm of air, no sky beyond it.
What covered in, and where? and what gave shelter? Was water there, unfathomed depth of water?
2 Death was not then, nor was there aught immortal: no sign was there, the day's and night's divider.
That One Thing, breathless, breathed by its own nature: apart from it was nothing whatsoever.
3 Darkness there was: at first concealed in darkness this All was indiscriminated chaos.
All that existed then was void and form less: by the great power of Warmth was born that Unit.
4 Thereafter rose Desire in the beginning, Desire, the primal seed and germ of Spirit.
Sages who searched with their heart's thought discovered the existent's kinship in the non-existent.
5 Transversely was their severing line extended: what was above it then, and what below it?
There were begetters, there were mighty forces, free action here and energy up yonder.
6 Who verily knows and who can here declare it, whence it was born and whence comes this creation?
The Gods are later than this world's production. Who knows then whence it first came into being?
7 He, the first origin of this creation, whether he formed it all or did not form it,
Whose eye controls this world in highest heaven, he verily knows it, or perhaps he knows not.


Rig-Veda (Livro X, Hino 129)

DIREITO DAS CRIANÇAS À SEGURANÇA EM AMBIENTES DIGITAIS NA NOVA DECLARAÇÃO DE GENEBRA

Por Cátia Delgado Foi na passada quarta-feira, 20 de novembro, no dia em que se assinalaram 35 anos da aprovação da Convenção dos Di...