domingo, 29 de abril de 2007

Bloody Miracles

Relíquia sagrada? Não, apenas uma solução coloidal de óxido de ferro(III) hidratado, FeO(OH)

Segundo Plutarco, «Não acreditarei em tal história, ainda que me seja contada por Catão», era um provérbio romano popularizado durante a vida de Marco Pórcio Catão, o antigo ou o censor, (243 a.C. - 149 a.C.) considerado exemplo de virtuosidade pelos seus pares - Catão que não deve ser confundido com o seu bisneto homónimo, de quem os contemporâneos diziam «A causa vencedora apraz aos Deuses; a vencida a Catão». Isto é, quiçá por influência epicurista, considerava-se há 2200 anos que a implausibilidade de algo invalidava qualquer argumento de autoridade.

Com a demonização do epicurismo, o referido provérbio parece igualmente ter sido demonizado e alastrou pelo antigo império romano o avidum genus auricularum apontado por Lucrécio - o facto de a população receber avida e acriticamente tudo o que lisonjeia a superstição e fomenta o espanto - idiossincrasia abordada por David Hume a propósito dos «milagres». E é de milagres que este post trata, mais concretamente de milagres envolvendo sangue.

De facto, este tipo de «milagres» são bastante comuns, perdurando até hoje na forma de estátuas e imagens que choram sangue. O fenómeno, referido por Joe Nickell, do Committee for Skeptical Inquiry (CSI), no livro «À procura de um milagre», inspirou o episódio da série satírica South Park que mais acusações de blasfémia motivou, o episódio Bloody Mary, disponível para download aqui. Existem ainda alguns «relatos» de manifestações análogas em hóstias, encontrando-se um exemplo de uma hóstia sangrenta em Portugal, na igreja de Santo Estêvão em Santarém, referida como a igreja do Santíssimo Milagre.

As relíquias sangrentas mais comuns têm origem na Idade Média, época em que imperava o lucrativo negócio de venda de relíquias, em que abundavam prepúcios, cordões umbilicais, bocados da cruz, pregos da dita e demais recuerdos cristológicos para além de um gigantesco mercado de souvenirs anatómicos de santos, mártires e afins.

Por exemplo, a igreja do castelo de Wittenberg, onde Lutero - o comércio de relíquias é denunciado no Traité Des Reliques - pregou as suas 95 teses tinha... 19013 relíquias (!). Do espólio de Wittenberg constavam vários frascos com leite da Virgem, palha da manjedoura onde a lenda coloca o nascimento de Cristo e mesmo um dos «inocentes» massacrados (sem registo histórico) por Herodes! Para mim, o paradigma do avidum genus auricularum manifesta-se na Santa Casa de Loreto venerada ainda hoje como sendo a casa da sagrada família em Nazaré que muitos acreditam piamente ... ter sido transportada por anjos para Itália, algures no século XV!

Entre as mais veneradas relíquias da Igreja Católica Apostólica Romana estão amostras de sangue de santos, existindo apenas em Itália 190 destas relíquias, das quais algumas liquefazem «sobrenaturalmente» por ocasião de cerimónias religiosas.

Luigi Garlaschelli é um químico orgânico da Universidade de Pavia que integra a CICAP, Associação Italiana para o Estudo do Paranormal, e se dedica a estudar do ponto de vista químico estes supostos milagres sangrentos (entre outros fenómenos vendidos como paranormais). Garlaschelli forneceu explicações alternativas perfeitamente naturais para os diversos fenómenos de liquefacção, nomeadamente para os mais famosos «milagres» do género, os de são Lourenço em Amaseno (uma mistura sem pinga de sangue contendo ceras com uma temperatura de fusão de aproximadamente 30 ºC) e de San Gennaro ou são Januário (um gel tixotrópico).

Um frasco selado contendo uma substância sólida acastanhada, supostamente o sangue seco de San Gennaro, o patrono de Nápoles, é o protagonista de uma cerimónia solene em que o «milagre» da liquefacção da dita massa sólida é encenado numa catedral apinhada de fiéis (cerimónia relatada magistralmente por Mark Twain no livro Innocents Abroad).

A liquefacção do sangue do santo é uma parte integrante da vida de Nápoles e uma garantia de «boa sorte» para a cidade. O frasco, guardado num cofre na Catedral de Nápoles, é levado em procissão pelas ruas da cidade várias vezes por ano sendo depois conduzido ao altar-mor onde é submetido a rituais específicos. Numa atmosfera rondando a histeria, especialmente por parte das «tias de San Gennaro», após os hocus pocus e demais rituais necessários à manutenção da lenda, o arcebispo ergue o frasco, agita-o e declara que o sangue se liquefez. A notícia é saudada com uma salva de 21 tiros em Castel Nuovo.

Como naquelas mensagens em cadeia que todos recebemos, a lenda urbana desenvolvida em torno do «milagre» garante que a cidade será atingida por uma qualquer calamidade, seja uma erupção do Vesúvio ou a derrota do Nápoles, a equipa local de futebol, caso a cerimónia não tenha sucesso (provavelmente causado por um dignitário com uma sacudidela menos vigorosa). De acordo com algumas testemunhas, a última vez que o sangue não se liquefez aconteceu em 1987, quando Nápoles elegeu um presidente da câmara comunista.

A cerimónia centenária, ou mais concretamente o dito milagre, é alvo de cepticismo também centenário e pelo menos desde o século XVIII que os cientistas tentam demonstrar que a dita liquefacção pode ser explicada sem invocação de milagres (nem de sangue). Em 2005, para grande consternação de muitos, a astrofísica Margherita Hack, porta voz da CICAP, afirmou uns dias antes do milagre programado que «Não há nada místico acerca disto. Vocês podem fazer este apelidado sangue na vossa cozinha».

Hack transmitiu os resultados da investigação de Garlaschelli aos habitantes da Neapolis que outra lenda diz ter sido fundada por Parténope, uma das sereias que não conseguiu encantar Ulisses. Isto é, a astrofísica afirmou que o sangue milagroso não passa de um gel à base de ferro que podia perfeitamente ter sido sintetizado com os materiais e conhecimento disponíveis no século XIV, data em que surgiu pela primeira vez o tal «sangue milagroso», em 1389, mais de um milénio após o martírio do santo.

Ou seja, o frasco, vendido como um dos milagres mais estabelecidos da Igreja, contém muito provavelmente uma mistura tixotrópica. A tixotropia é uma propriedade de algumas substâncias cuja viscosidade baixa (maior fluidez) quando sujeitas a vibração, agitação ou outra forma de perturbação mecânica, solidificando quando deixadas em repouso. Alguns exemplos comuns de géis que apresentam estas propriedades são alguns tipos de tintas ou mesmo o vulgar ketchup.

Neste caso a substância sólida deve ser um gel contendo FeO(OH) - que pode ser sintetizado a partir de sal de cozinha, calcário e um mineral de FeCl3 abundante na região - que se assemelha a sangue seco. Aliás, como a própria Enciclopédia Católica reconhece, é pelo menos suspeito que a quase totalidade das relíquias que exibem comportamento análogo sejam veneradas (muitas desde a mesma altura) perto de Nápoles ou tenham origem nesta região.

Estes «bloody miracles» são fáceis de confirmar como fraudes centenárias bastando para isso que a Igreja de Roma ceda as supostas relíquias para análise, algo que me parece muito pouco provável. De facto, a Igreja considera que «as devoções de longa data profundamente enraizadas no coração do povo não podem ser varridas sem escândalo nem distúrbios populares» e como tal afirma não existirem problemas morais «na continuação de um erro que foi transmitido em boa fé por muitos séculos».


Referências:
Garlaschelli, L., Della Sala, S., Ramaccini F.; «Working Bloody Miracles» Nature, 353, 507 (1991).
Epstein, M. and Garlaschelli, L.; «Better Blood Through Chemistry: A Laboratory Replication of a Miracle»; J. Scientific. Expl., 6, 3, 233-246 (1992).
Garlaschelli, L., Della Sala, S., Ramaccini F.; «A Miracle Diagnosis»; Chemistry in Britain, 30,
2, 123-125 (1994).
Garlaschelli, L., «Chemistry of 'Supernatural' Substances», J. Soc. Psyc. Res., 62, 852 , 417 (1998).

40 comentários:

Anónimo disse...

O tema dos milagres e das relíquias nunca foi muito pacífico na Igreja, sobretudo entre os teólogos. Muitos teólogos sempre olharam estes fenómenos com desconfiança, até porque, embora o «milagre» (que teologicamente não é simplesmente uma «violação» de uma «lei da natureza») possa induzir a um acto de fé, a fé cristã não se baseia nestes «milagres» ou em relíquias, muitos dos quais se sabe que foram forjados (*). E as desconfianças dos teólogos são bem justificadas, sobretudo as relacionadas com os «milagres eucarísticos», como o de Lanciano, possivelmente o mais famoso. Por exemplo, neste caso, uma objecção pode ser a seguinte: se aquilo que se encontra na custódia-relicário(**) é parte do Corpo de Cristo, então há algo do «Corpo Glorioso» de Cristo (ressuscitado) que não tem os chamados «dotes do Corpo Glorioso», ou seja, não tem as características próprias de um Corpo Ressuscitado (impassibilidade, claridade, agilidade, subtileza). Ou seja, levado ao extremo, teríamos o caso de um possível milagre herético!

Por outro lado, há que distinguir estes fenómenos de outros que aqui foram incluídos no mesmo «saco», como é o caso das imagens que choram sangue. Enquanto muitos dos milagres de sangue seco-liquefeito poderão não ser realmente sangue, é frequente que o sangue das imagens que choram sangue seja realmente sangue humano. O Centro Latino-Americano de Parapsicologia (CLAP), uma instituição de origem católica que se dedica a «desmistificar» ou «desmascarar» casos destes (e muitos outros como «casas assombradas», «escrita automática», «telecinese», etc.) já «resolveu» vários destes casos. As «soluções» nem sempre serão convincentes, mas, pelo menos vai ajudando a desvincular a fé da crendice. Em Portugal o CLAP já resolveu vários casos de «casas assombradas» e um «candidato» a «milagre eucarístico», em Barcelos, há uns anos(***).

Parece-me que a atitude ambígua da Igreja (mais prática que teológica)(****) em relação às relíquias e aos «milagres» pode ter uma leitura menos «caceteira»: um modo de canalizar a tendência natural para a magia e superstição para a própria da religião. São três coisas diferentes, sendo que a última se diferencia claramente das duas primeiras, na medida em que o referente último não é simplesmente um poder oculto numa coisa ou sequência de fenómenos, mas em Deus, autor dos milagres. Contudo, isto não foi suficiente para erradicar uma certa atitude mágica e claramente supersticiosa, como se vê no caso de Nápoles. Pelo contrário, parece-me que muitas se favoreceu a crendice e «baixa religião». Por outro lado, é importante notar que as relíquias e os milagres e/ou a tendência para «natural» para a crendice (que nas sociedades mais laicizadas encontra muitos substitutos em muitos «mitos urbanos», horóscopos e «companhia») reflectem uma componente mais «visceral» com a qual nem sempre as «elites religiosas» souberam lidar bem. Isto ficou bastante claro na Reforma Protestante, pelo que não é de admirar o aparecimento do Pentecostalismo, que acabou por entrar também na Igreja Católica…

Bom, chega por agora.

Alef
______

(*) Na Idade Média havia uma certa competição entre cidades em conseguir a relíquia mais importante, e algumas lutas entre católicos e ortodoxos incluíram o saque/roubo de relíquias, por exemplo, no Sul de Itália. Havia pelo menos duas cabeças «de» S. João Baptista na Europa e relíquias para todos os «gostos». É possível que haja alguma «lenda» à volta dos «disparates», mas registam-se casos realmente «raros»: leite de Nossa Senhora, uma pena do Espírito Santo, uma cabeça de S. João Baptista quando era grande e outra de quando era pequeno... ;o)

(**) Atenção, que normalmente relicário e custódia não são a mesma coisa!

(***) Anos 90, não me lembro bem do ano exacto. Durante a «Exposição do Santíssimo Sacramento» várias pessoas começaram a ver claramente na hóstia consagrada colocada na custódia uma figura que coincidia com os «retratos» mais clássicos de Jesus Cristo. Depois de algum alvoroço, o CLAP fez um teste simples: substituiu-se a hóstia consagrada e colocou-se um papel e o «milagre» repetia-se. Um «milagre herético». Averiguada a origem, tratava-se de uma questão de reflexo de luz. No Brasil a importância do CLAP é mais do que justificada, pela enorme força do espiritismo e curandeirismo.

(****) Achei curioso e quase surpreendente que a Palmira tenha citado a «Enciclopédia Católica» a propósito do «milagre de S. Januário». O texto não omite as controvérsias à volta do fenómeno. Ora, note-se que este texto é de 1910 (!), portanto, muito antes da grande reforma litúrgica começada no Concílio Vaticano II, que pôs na «prateleira» muitos santos populares cuja historicidade não há praticamente nenhuma prova. Assim se «desceu do altar» Santa Eufémia e, em boa medida, S. Jorge.

Palmira F. da Silva disse...

Caro ALef:

Em primeiro lugar queria só dizer-lhe que não obstante o imprimatur e o nihil obstat da Enciclopédia Católica serem de 1910 os textos são actuais, claro!

Uma forma expedita de o confirmar é ir ler a entrada sobre, por exemplo, (The meaning of) life», uma dissertação de 6 454 palavras, com argumentos morfogenéticos à mistura para se chegar à conclusão que a ICAR não faz a mínima ideia sobre o que seja a vida :-) Tirando ser uma santíssima trindade, uma triunidade entre as vidas vegetativa, sensciente e intelectual. Isto é, de acordo com esta definição a vida vegetativa, que não tem consciência de si nem do meio ambiente, não é suficiente para descrever a vida humana!

Palmira F. da Silva disse...

Isto é, os textos são muito posteriores a 1910, O concílio Vaticano II não tem nada a ver com a crendice em relíquias. QUe a Igreja continua a encorajar...

Aliás, basta recordar que em Setembro do ano passado Bento XVI se deslocou ao Santuário do Santo Rosto em Manoppello, uma localidade italiana da região dos Abruzos (Abruzzo), onde se encontra uma destas muitas fraudes: o véu de Verónica (aliás, aquele dos muitos véus que a igreja reconhece como verdadeiro).

A fraude, que apareceu igualmente na Idade Média, é conhecida como o véu de Verónica porque a crendice católica acredita ter limpo o rosto do mítico Cristo no caminho para o suposto calvário.

Uma fraude em tudo análoga à do Sudário de Turim, aliás como rezam as agências noticiosas católicas «a imagem no Sudário de Turim e a imagem que aparece no véu em Manoppello são de tamanhos idênticos e passíveis de serem sobrepostas».

Palmira F. da Silva disse...

Quando estive em Aachen Aix la Chapelle, a capital do Sacro Império Romano-Germânico de Carlos Magno) confirmei que as atracções continuam a ser as relíquias exibidas de sete em anos na catedral local.

Relíquias tão credíveis como o cobertor da mítica mangedoura onde nasceu o Cristo; o pano que pudicamente lhe cobria as partes pudendas na cruz; o manto da Virgem e o pano que recobriu a cabeça decapitada de João Baptista.

Aliás, basta pensar no «milagre» da hóstia sangrenta de Santarém ou em Fátima para confirmar que o encorajamento de crendices continua prática cá no burgo...

Anónimo disse...

Cara Palmira:

NÃO é assim. A versão online da Enciclopédia Católica é a do início do século XX, muito desactualizada em muitos temas. É útil para muita coisa, sobretudo de âmbito histórico, mas, repito, está muito desactualizada em muitas outras. Por exemplo, é bastante útil para vários assuntos de Patrística (nem todos!) ou em certas questões dogmáticas, mas muito desactualizada para quase tudo. Um teste simples: «General Councils. Não parece qualquer referência ao Concílio Vaticano II. Ou veja-se a data da bibliografia do artigo «Revelation», um «pouco» desactualizado (por exemplo, neste artigo quando se fala no «Vatican Council» refere-se ao Concílio Vaticano I, do século XIX)!

Infelizmente, muitas vezes usa-se na net a «Catholic Encyclopedia» online como se ela reflectisse a teologia católica actual e não é bem assim. Sendo de inícios do século XX, não dá conta dos enormes avanços dos estudos litúrgicos, patrísticos, eclesiológicos, exegéticos (sobretudo estes) ou mesmo cristológicos dados durante todo o século XX. Podia exemplificar até à exaustão, mas não será necessário. A teologia do século XX teve avanços impressionantes, que esta obra, obviamente, ignora. Citar esta obra como se ela reflectisse «the state of the art» em termos teológicos pode ser um erro enorme. Depende dos temas.

A versão actualizada da «Catholic Encyclopedia» chama-se «The New Catholic Encyclopedia», publicada já depois do Concílio Vaticano II e existe apenas em papel, que eu saiba.

Portanto, a minha nota era relevante: um artigo publicado em 1910 dava conta das controvérsias, o que me parece significativo.

Alef

Anónimo disse...

Errata: falhou-me o último «link» do penúltimo parágrafo do meu comentário anterior. Repito-o, com o «link» corrigido:

A versão actualizada da «Catholic Encyclopedia» chama-se «The New Catholic Encyclopedia», publicada já depois do Concílio Vaticano II, e existe apenas em papel, que eu saiba.

Alef

Palmira F. da Silva disse...

Caro Alf:

Não está a ser vítima do relativismo que B16 tanto execra? :-) A doutrina católica não é suposta ser a verdade absoluta, universal e imutável?

A Enciclopédia Católica que foi transcrita inicialmente suponho ter sido a de 1913 (que está no domínio público) mas há inúmeras entradas que consultei a propósito de encíclicas, cartas a bispos e afins, de JPII e B16 (enquanto Ratzinger, é um facto) pelo que pensei que tivessem chegado a um acordo sobre direitos de autor com a ICAR e estivesse actualizada.

Palmira F. da Silva disse...

E de qualquer forma o que é realmente importante não é o ano em que a controvérsia foi anotada é simplesmente que o arcebispo de Nápoles, em 2006 e certamente dentro de um mês continua a ludibriar os crentes que enchem e encherão a catedral para assistir ao milagre ao vivo e a cores.

Assim como encorajam a crendice em Fátima, Lourdes e demais atracções turísticas e curandeiras.

Isto para não falar nos exorcismos, revitalizados em 1999 com um novo manual de caça ao Demo.

A Igreja Católica ainda tenta vender possessões diabólicas e quejandos e treina os seus sacerdotes naquilo que é chamado «exorcismo real», um mambo jambo de 27 páginas que envolve o uso de litros de água-benta, incantações e orações sortidas q.b., incensos, imposição de relíquias e cruzes, para expulsar os «espíritos malignos» que supostamente possuem o desgraçado que lhes cai nas mãos.

Para além disso, B16 encorajou os a exorcistas a «prosseguir o seu importante trabalho ao serviço da Igreja». Trabalho que é reconhecido no (novo) Catecismo da Igreja...

Anónimo disse...

Cara Palmira:

A sério, eu estava mesmo à espera dessa «farpinha» da imutabilidade! ;-) Mas a sua «objecção» implicaria confundir a doutrina com a teologia, que é o discurso sobre a doutrina e os conteúdos da fé. Teologia não é o mesmo que doutrina! O relativismo a que Bento XVI se refere não tem a ver com a evolução da teologia. Ele acaba de tentar contribuir para o avanço dos estudos teológicos com um livro sobre Jesus de Nazaré. A teologia não está terminada.

As entradas «actualizadas» sobre João Paulo II e Bento XVI que a Palmira diz ter encontrado (custará muito substituir siglas pelos nomes completos?) não são da Enciclopédia, mas do site «New Advent», que, além da «Catholic Encyclopedia», alberga muitas outras coisas. Mas experimente ver «Benedict XVI» no índice da letra B. «Supresa»! Não aparece, nem Bento XVI nem Bento XVI. A razão é evidente.

Já agora, veja o artigo «Pope Pius X». Vivinho da Silva! :-|

Alef

Anónimo disse...

Oops, mais uma errata, no penúltimo parágrafo. Leia-se:

«Surpresa»! Não aparece, nem Bento XVI nem Bento XV. A razão é evidente.

Palmira F. da Silva disse...

Caro Alef:

Porque será que fico com a impressão que está a fugir ao assunto com minudências? Agradeço a informação sobre a Enciclopédia Católica online mas pela praxis actual diria que as relíquias e restantes crendices sortidas são mesmo questão de doutrina e não de teologia :-)

Anónimo disse...

Cara Palmira:

Na verdade, não sei por que razão fica com essa impressão.

O que sei é que já me pronunciei sobre o tema, de forma relativamente extensa e não me fiquei por minudências. Aí abordei questões que considero serem bastante importantes. Quanto às «minudências», certas coisas serão mais minudências ou menos, segundo a nossa sensibilidade, formação, etc. E isso pode significar disparidades na avaliação feita por uma ou outra pessoa. Depois de me ter referido ao que considero essencial, considerei legítimo referir-me a coisas possivelmente menos importantes.

Contudo, note: se é «minudência» a «correcção» relativa à Enciclopédia Católica, lembro que:

a) tal «fonte» é referida no «post» por duas vezes;
b) referi-me a ela em nota de fim de texto e não no corpo do texto;
c) a sua primeira reacção ao meu primeiro comentário dedicou-se inteiramente à tal «fonte» (uma nota de fim de texto). O mesmo aconteceu em parte do comentário que se lhe seguiu e noutros. De uma forma que considerei precisar de ser bem esclarecida.

Várias das outras coisas que, entretanto, a Palmira foi dizendo já estavam de alguma forma presentes no «post» inicial, que já comentei.

Alef

Anónimo disse...

Ora abób'ra! :D

Nada de milagres mortos, mas vivos, isto é, a tal questão das "curas milagrosas", referidas num dos comentários como atracções [...] curandeiras, tem muitíssimo mais interesse e actualidade do que essas supostas excentricidades que são, no fundo, irrelevantes, ao mesmo nível de criacionismos e afins. Religião popular e secular ainda p'ra variar! :)

É que isso até a própria Igreja refuta ou, no mínimo, não avaliza teologicamente, logo que importância tem que a ciência apenas se dedique a desmitificar crenças populares obviamente supersticiosas?!

Mas a questão das curas físicas que ultrapassam a possibilidade de explicação no estado de conhecimento actual da ciência médica, ora bem, esse já é outro tema que pia bastante mais fino, não?!

Aliás, tanto mais que a esse respeito é também relevante o ponto de vista das medicinas não quimioterapêuticas, que se baseiam numa concepção holística e espiritual do Ser Humano, um pressuposto que já poderia explicar ou a acção da mente/consciência do próprio doente ou a de outra força espiritual exterior para justificar a tal cura "anormal".

Só que, aí está, aqui cada caso só pode ser tratado individualmente e é muitíssimo mais difícil a refutação desses "milagres", e mais ainda porque a Igreja Católica é bem rígida e exigente quanto à sua validação.

Obviamente, num paradigma materialista há que buscar outras explicações, as quais inclusive se podem fundar no escasso conhecimento de todos os processos biológicos do corpo físico e, sobretudo, no desconhecimento das interacções entre a mente e o corpo que podem ser responsáveis até por alguns "milagres" que constam dos anais da medicina, por exemplo, the miracles of human love!

Nesse sentido, o próprio Hawking aqui falado é também a prova viva desse último milagre de Amor...

Rui leprechaun

(...que não há mesmo outro algum, ai não senhor! :))

Anónimo disse...

É por estas e por outras que prefiro mil vezes a ciência e a filosofia, com todas as suas dúvidas, às certezas da Igreja. Teóricamente a fé não necessita de nenhum argumento (a palavra de Deus chega), na prática precisa de um "empurrãozinho", que nestes casos, é de MUITO mau gosto. A acretitar na Igreja e na veracidade destas relíquias: que género de pessoas recolhe amostras de sangue, cabeças, pedaços do corpo de outras para posterior veneração?(!) Se é normal, porque é que não seguimos o exemplo e fazemos o mesmo aos nossos entes queridos? Que quer Deus transmitir-nos quando as hóstias e figuras de santos sangram? Temos que ter medo do quê? Deus não é todo poderoso? Será que Deus não tem poder ou imaginação para comunicar de forma menos repugnante? Não faz sentido!!!

Percebo perfeitamente que muitas pessoas não se identifiquem com tais coisas, contudo, as mesmas pessoas acham normal que um dos principais símbolos da Igreja seja o de Jesus morto e pendurado na cruz. Na minha opinião o mau gosto continua, ou seja , segundo o que nos diz a Igreja, Jesus teve uma vida extraordinária e como se não bastasse ressuscitou, tem portanto dois mil anos de vida dos quais passou, apenas, dois dias morto. Que sentido tem recordá-lo para sempre morto? Será que era assim que queria ser lembrado? Se é para nos chamar a atenção para a ressurreição, porque não a imagem dele ressuscitado? Por falar em ressurreição, que mal tem a ressurreição de Lázaro? Afinal foi o único que ressuscitou e que por cá ficou. A Igreja não teve curiosidade em saber como é que o milagre lhe mudou a vida, ou devo dizer, como é que lhe mudou a morte? Porque não venerar igualmente a imagem de Lázaro?

Um Deus Criador de todo o universo, com toda a complexidade e beleza que podemos observar, ter como milagres e símbolos, esta sangria sem fim que nos remete para o medo, para a morte, para o sacrifício, por muito que a Igreja se esforce, NÃO FAZ SENTIDO!!!

guida martins

Anónimo disse...

Cara Guida:

Com todas essas premissas, claro que não faz sentido.

Mas então, de duas, uma:

- Ou os católicos são todos uns pobres dementes;

- Ou na sua argumentação há algo que falha.

Poderíamos ainda pensar em mais duas hipóteses:

- Ambas as afirmações anteriores são verdadeiras;

- A primeira é falsa e a segunda, sem ser propriamente falsa, apenas vê meio lado das questões.

Infelizmente não me parece que esta caixa seja suficiente para discutirmos convenientemente tudo isto. Mas pode que voltemos a conversar.

Alef

Unknown disse...

Para mim o das duas uma do alef o primeiro aproxima-se da verdade, pelo menos para muitos crentes :)

O alef bem tenta mas não consegue descalçar a bota das patetadas sem pés nem cabeça que a ICAR vende como "milagres".

O tal CLAP destina-se a desmascarar a concorrência, feroz no Brasil, e as tretas tão evidentes que entram pelos olhos dentro. Não mexe nas tais tretas centenárias...

Nem analisa os "milagres" que resultaram da catadupa de santinhos que o JPII arranjou.

Lembro-me de há uns tempos a Palmira ter falado de uma nova categoria que os pdres de Lourdes queriam arranjar, os milagres light. Parece que Lourdes está a perder freguesia, o padre queixava-se que as pessoas iam ao médico em vez de ir a Lourdes e era difícil inventar milagres.

E acho a desculpa do Alef de partir a rir: a igreja inventa milagres e relíquias com boas intenções. É só "um modo de canalizar a tendência natural para a magia e superstição para a fé própria da religião".

Ou seja, a ICAR só se aproveita dessa "tendência natural" para angariar clientela.

Pelo menos o alef é suficientemente honesto para reconhecer as aldrabices da ICAR...

Anónimo disse...

Cara Rita:

Obrigado pela parte que me toca. A minha posição diante desta questão nada tem de «descalçar a bota das patetadas». Um ponto importantíssimo a ter em conta neste tema é que nem os ditos milagres nem as aparições são centrais no cristianismo ou no catolicismo. Nenhum católico é obrigado a acreditar nestes milagres ou nas aparições marianas. Aliás, em bom rigor, não há qualquer declaração de tipo «definitório» sobre as aparições. Nenhum católico tem que acreditar nas aparições de Fátima.

O CLAP não trata apenas da «concorrência», mas dos vários fenómenos «estranhos» que vão aparecendo, tanto fora como dentro do catolicismo. Note-se que o CLAP é «persona non grata» para muitos católicos muito conservadores pela simples razão que o CLAP descarta, à partida, as possessões diabólicas e Óscar Quevedo rejeita a ideia da existência do diabo. Evidentemente, como estes fenómenos aparecem em muito maior força no espiritismo e curandeirismo, é natural que estes grupos estejam mais na «berlinda».

Parece-me que o mais sensato é o espírito crítico, sem que isto nos cegue. «Saber» que nunca há nem houve milagres é «saber demasiado» e «demasiado saber». Embora eu não tenha grande devoção por estes «milagres», não deixo de me interrogar sobre alguns deles, não tanto pelo aspecto «físico», mas sobretudo pelo seu significado religioso. E não deixo de me interrogar, sem decidir nada definitivo, em relação a certos casos. Um «simples» exemplo: não sendo propriamente um grande entusiasta das aparições de Fátima, não deixo de me interrogar sobre o chamado «milagre do sol», anunciado com muita antecedência, presenciado por muitos milhares de pessoas, muitas das quais ateias. Milagre? Não sei. Quem disser que ali «não houve nada» sabe tanto ou mais que as pessoas que reconheceram «naquilo» um milagre. De resto, o significado do milagre é sobretudo teológico-religioso: trata-se de um «sinal» de «algo mais» e não de uma mera «violação das leis da natureza». Como «sinal» que é, o milagre terá sempre de ser «interpretado» e o «algo mais» nunca poderá impor-se. Isso fica bem claro nos Evangelhos a propósito dos milagres de Jesus. Nem todos aceitaram Jesus pelo facto de fazer milagres. Ao ponto de alguns dizerem que era pelo poder de Belzebu que Jesus expulsava os demónios. Há sempre a possibilidade de negar o milagre. Eu não sei tanto como os novos «illuminati», mas mantenho-me atento e procuro distinguir sempre o essencial do acessório, não confundindo o primeiro com o segundo.

Alef

Anónimo disse...

Ora bem, isto dos milagres continua a dar... e toca lá a palrar! :)

Parece-me que só faz sentido falar em "milagres" numa óptica não materialista, ou seja, se considerarmos que a matéria se subordina à consciência, contrariamente ao ponto de vista ainda aceite pela ciência contemporânea. Como tenho dito, creio que este paradigma materialista já está moribundo, o tempo no-lo confirmará...

É nesse sentido que se fala também do "sobrenatural", já que, no naturalismo físico que ainda rege a ciência, não é obviamente natural que a mente comande a matéria, óbvio!

Ou seja, esta questão dos "milagres" violarem as leis naturais conhecidas é uma simples e mera consequência de tais leis se basearem num paradigma erróneo ou, no mínimo, incompleto, assumindo a precedência da matéria sobre o espírito, ao arrepio de outras concepções que vão sendo cada vez mais fundamentadas pela própria ciência, o que é interessante...

E isto leva-nos ao mesmo impasse de sempre, que já aqui discuti várias vezes. É que se a própria teoria determina aquilo que se observa e mesmo a sua interpretação, qualquer pretenso fenómeno "sobrenatural" irá sempre ser enquadrado numa determinada categoria das leis da natureza, já descobertas ou por descobrir.

Um belo exemplo é o que se passa com as controversas curas milagrosas, por exemplo. Aqui, estamos no domínio das ciências não exactas, como é o caso da medicina, e mais ainda num reino onde a subjectividade anda de mãos dadas com as observações objectivas, ou seja, a psicologia ou o estudo da alma/mente humanas.

Deste modo, a questão continua a ser invariavelmente a mesma: será o universo fenomenal apenas redutível aos seus componentes físicos primordiais - partículas, ondas e quejandos! - sendo tudo o resto.. mente e consciência incluídas... simples epifenómenos da matéria, ou esta suposição axiomática - porque é disso que se trata, apenas um axioma dogmático e nada mais! - deve ser totalmente invertida em favor de uma concepção radicalmente oposta da Realidade última universal?!

Em suma, os chamados "milagres" são apenas meros exemplos da ordem natural das coisas, nesses raros casos conhecidos em que a consciência se manifesta visivelmente, transformando de forma dramática a secundária realidade material.

Já agora, acrescente-se ainda a tudo isto a chamada "Lei de Littlewood", que se pode aliás interpretar numa base teórica do conjunto de probabilidades quânticas. Esta lei, formulada por J. E. Littlewood, professor universitário em Cambridge, diz um indivíduo pode esperar que lhe aconteça um milagre aproximadamente a cada mês. Bem, não está mal, cá fico à espera do meu... e cada um que tenha o seu! :)

Note-se que, de facto, esta é uma lei anti-milagres sobrenaturais, claro, já que se trata de uma simples consequência matemática da "Lei dos números muito grandes", a qual postula a possibilidade da ocorrência de acontecimentos muito improváveis, mas possíveis.

Por fim, e para não me alongar ad infinitum... tanto e tanto e tanto há sempre para dizer e contestar!... reequilibro os argumentos com a posição, que obviamente me agrada, do filósofo contemporâneo Plantinga - que aliás acabo de conhecer aqui, óptimo! - o qual aponta o mesmo simplicíssimo argumento em que repetidamente tenho vindo a insistir, a saber:

...if you exclude the supernatural from science, then if the world or some phenomena within it are supernaturally caused – as most of the world's people believe – you won't be able to reach that truth scientifically.

Ou seja, um mera questão de paradigmas e NADA mais, algo que uma criança mais dotada até poderia compreender, mas os sábios parece quererem ostensivamente ignorar! Mas não o poderão fazer por muito mais tempo, note-se, que a evidência do erro materialista começa cada vez mais a acumular-se e a entrar pelos olhos dentro, mesmo de quem não quer ver o que está a acontecer!!!

Porque a tal Rerum Natura...

Rui leprechaun

(...é a Consciência pura!!! :))

Anónimo disse...

Regozijo-me, caro Alef, por ver que algo em si se começa a "iluminar".
Ou, estarei eu, como sempre, a ser inocente e o seu comentário estava eivado de ironia?
Nesse caso, será lícito pressupôr que os dementes serão os outros "poucos" não crentes...
"Confesso-lhe", também sempre me pareceu que as Histórias do Cristianismo e da Demência Humana têm convergências cujo filão ainda tem muito para explorar...
Artur Figueiredo

Anónimo disse...

Caro Artur:

Diz-me: «Regozijo-me, caro Alef, por ver que algo em si se começa a "iluminar"». Muito bem, eu regozijo-me também com o seu regozijo. E dizem que não há milagres…

Quanto à ironia, alguém dizia que ela é coisa de pessoas inteligentes. Ora, sendo eu católico…

Quanto ao filão descoberto, apenas direi: «Follow the rabbit!»

A (des)propósito, há vários livros com o título «História da Estupidez Humana». Como não li ainda nenhum deles, não sei se merecem ser lidos. Mas há um interessante, divertido, que conheço e recomendo: José Antonio Marina: La inteligencia fracasada. Teoria y práctica de la estupidez, Anagrama, Barcelona, 2004.

Alef

Anónimo disse...

Caro Alef,

Pela pesquisa que fiz nos dicionários de papel que aqui tenho não encontrei um único local em que estupidez ou falta de inteligência fossem dados como sinónimos de demência.
No que diz respeito ao coelho, limitei-me a dizer que no meu entendimento, existe o filão, não que eu esteja interessado nele.
Agradeço-lhe a sua recomendação pressupondo que não está a indicar-me um livro que não leu e comprometo-me a dar-lhe uma vista de olhos durante os banhos de sol do próximo verão.
Já agora, sendo uma área que eu domino melhor, recomendo-lhe tapa poros antes do verniz.
Artur Figueiredo

Anónimo disse...

Caro Alef:

O meu comentário não faz a mais pequena referência às dúvidas e certezas que tenho em relação aos crentes e acho muito estranho que as minhas dúvidas levem o Alef a pensar que considero os crentes como dementes, até agora nunca me tinha sentido demente perante as certezas da Igreja. De facto, aquilo a que chama premissas são apenas as minhas perguntas ainda sem resposta, que por sua vez resultam do facto de eu ter o estranho hábito de não assinar de cruz em lado nenhum.
Se estivéssemos na Idade Média, altura em que estas práticas eram muito populares, sei muito bem o que aconteceria às minhas perguntas ou premissas (como preferir): eram muito procuradas como combustível para atear fogueiras. Actualmente à quem diga que já saímos, completamente, desse período obscuro em que a ignorância era rainha e sendo assim, pergunto-lhe Alef, que faço eu às minhas premissas?

guida martins

Anónimo disse...

Caro Artur:

Tem toda a razão: estupidez ou falta de inteligência não são sinónimos de demência. Têm, contudo, pontos de contacto no contexto da metáfora lumínica que me dirigiu. E este ponto de contacto (a falta de luz) justifica os parênteses em «(des)propósito». O resto deve-se a eu ter estado a ler ainda hoje parte do livro que indiquei. Nada tinha de «pessoal».

De qualquer forma, ficam à vista os perigos da ironia, que podem corroer o verniz e a madeira. Mesmo assim, acredite que na minha nota, mesmo respondendo à sua farpa «ad hominem» (e não havia necessidade!), não pretendia nem pretendo querelas pessoais.

Nisto de poros somos todos vulneráveis.

Alef

Anónimo disse...

Cara Guida:

Obrigado pela resposta, que esclareceu alguns pontos.

A questão parece-me mais complexa e não é este o lugar adequado para grandes desenvolvimentos. Esclarece agora que se limitou a apresentar perguntas e eu acredito. Contudo, o texto que comentei, lido como está, sem essa explicação, não se limita a apresentar perguntas; tece vários juízos e tira conclusões (por exemplo, por duas vezes: «Não faz sentido!!!»). Pelo meio metem-se no mesmo «saco» coisas de valor completamente diferente, confundem-se várias coisas e toma-se parte pelo todo.

A minha interpelação era, de facto, esta: se as coisas são tal qual a Guida as pinta, então, realmente «não faz sentido» e então os cristãos-católicos serão uns «dementes» (usei a palavra em sentido popular), porque tais pessoas seguem coisas sem sentido. Ora, se há católicos que não são propriamente uns «dementes», talvez isso signifique que haja «algum sentido» e, nesse caso, é possível que as suas perguntas ou algumas delas tenham resposta, ou, pelo menos, sejam colocadas a outro nível.

E pergunta-me que fazer com as suas questões. Pois, bem, respondo: coloque-as nos espaços apropriados (não pode esperar que estas questões sejam cabalmente respondidas numa caixa de comentários de um «blog») e tente ver como os católicos com um nível cultural semelhante ao seu as tratam. Será muito útil ler livros onde isso se trata com uma linguagem que corresponda ao seu nível cultural, perguntas e aspirações. Muitas destas questões implicam alguma dedicação, não são sempre perguntas de resposta rápida. E para fazer isto não é preciso aderir a nenhuma Igreja. Certamente as explicações que nos serviam aos sete anos na Escola Primária não nos servem aos 30 ou 50 com formação média ou superior. E ninguém é convidado a ser católico ao modo da Idade Média, mas ao modo do século XXI, com as perguntas próprias deste tempo. Ora, é frequente ver que muitas das objecções que se colocam ao Cristianismo levam consigo «imagens» que não correspondem à «realidade» do Cristianismo. Por isso eu gosto de ouvir as pessoas que se dizem ateias justificar o seu ateísmo e peço-lhes sempre que o justifiquem até ao fim. Quase sempre aparecem «caricaturas» e «monstros» que é necessário esclarecer ou «desmontar». Desfeitos ou identificados os «pré-conceitos», veremos melhor que crente e não-crente partilham dos mesmos problemas, ficando então em aberto a possibilidade de dar ou não dar esse passo da fé.

Alef

Joana disse...

Quase que prefiro os católicos habituais que insultam todos os ateus a eito e dizem que não temos direito a ser ateus, que é uma "doença" que devia ser erradicada da sociedade.

Este alef basicamente diz o mesmo com palavras mais delicodoces, tirando as vezes em que o verniz estala. Que só somos ateus porque somos ignorantes (será que ele põe os autores do blog no saco dos ignorantes?).

E não há pré-conceitos, há a realidade nua e crua. Onde é que está o bispo, cardeal ou papa que não encoraje crendices das mais ignaras? O RATZinger não passa a vida a dizer que o Diabo existe?

o cardeal Jorge Medina Estevez, da Congregação para o Culto Sagrado e a Disciplina dos Sacramentos, não disse que é mandatório os católicos acreditarem no Diabo? E que os ateus estão possessos porque a aversão ao sagrado é o sinal mais evidente do Demo?

E JP2 não expulsou o diabo do corpo de três possessos? Não era um devoto de Fátima, da Casa de Loreto e outras patetadas?

Onde é que são reveradas as relíquias? Pois, em igrejas. Com o conluio dos padres.

Anónimo disse...

Caro Alef:

A Guida "não pinta", só tenta perceber as pinturas que lhe tentam impingir, de facto desde a escola primária (o Alef é bom a adivinhar). Deve ser do meu nível cultural, mas o Alef já reparou que está algo sozinho nesta caixa de comentários que o mais certo é estar assombrada?

guida martins

Joana disse...

E simplesmente não tenho pachorra para esta gente que tem a mania que têm o direito de chatear os outros à medula para os converter.

Isto para não falar em chatear à medula para obrigar todos a seguir as patetadas em que acreditam, Como nos fartámos de ver no referendo do aborto, em que os activistas pró-prisão eram católicos. Opus Dei, Comunhão e Libertação e restantes seitas sinistras.

fiquem lá com as vossas relíquias mórbidas, extasiem-se com corpos incorruptos, pedras que choram sangue e sangue que liquefaz.

Mas não qas impinjam a quem não acredita nestas patetadas

Joana disse...

Ah! O último comnetário e a irritação foi motivado pela presunção e água benta do " justificar o seu ateísmo e peço-lhes sempre que o justifiquem até ao fim"

Ainda hei-de encontrar um católico que não exija que eu justifique o meu ateísmo. Eles acreditam em milhentas coisas impossíveis antes do pequeno almoço e eu é que tenho de justificar porque não acredito! É preciso muita arrogância!

Anónimo disse...

Estes catolicistas XXI, "perdoem-me" a imagem, fazem-me lembrar aqueles amigos que eu tenho que só são benfiquistas no ano em que o Benfica é campeão! E olhem que também são muitos.
Apetece-me utilizar o comentário do Einstein relativamente aos erros da sua teoria da relatividade, porque o contrário também se aplica:
Não é pelo facto de os crentes serem muitos e bons que não podem estar todos dementes!
Ou existe alguma lei universal que relativamente a assuntos de fé estabeleça que quantidade é Verdade.
Artur Figueiredo

Anónimo disse...

Cara Joana:

Eu prefiro discutir ideias, não pessoas (dispenso argumentos «ad hominem»). Creio que é possível dizermos o que pensamos e discutir as questões com calma.

Quanto à ignorância, todos ignoramos alguma coisa. O mal não está na ignorância, mas em fazer afirmações taxativas sobre realidades que se desconhece ou passando ao lado de questões fundamentais.

Em relação à questão da justificação do ateísmo, note que substituiu o meu «peço-lhes que justifiquem» por «exigência» de justificar o seu ateísmo. Nunca «exijo» nada. Eu peço isto quando este tema se torna centro da conversa; tenho amigos ateus aos quais nunca pedi tal justificação. É importante ter em conta o contexto: se queremos discutir o tema das razões de fé ou descrença, é importante que discutamos até ao fim. No fundo, os seus comentários, incluindo o tom, dizem já algo das suas razões. Neste caso, se se proporcionasse, tratava-se apenas de levar o assunto até ao fim.

Finalmente, descanse, que a minha atitude não é proselitista, nem sou porta-voz daquilo a que chama «seitas sinistras». Este é um blogue onde se proporciona algum debate e creio que a Joana me reconhece o direito de dizer o que penso.

Alef

Anónimo disse...

Cara Guida:

A mim não me assusta nada estar «algo sozinho nesta caixa de comentários». Sozinho ou não, tenho todo o gosto em dialogar com todos quantos se prestarem a isso.

Alef

Joana disse...

"realidades que se desconhece"

mau está a falar da realidade ou de religião aka sobrenatural? :)

o sobrenatural não é preciso para explicar nada. por isso não sou eu que preciso de explicar porque não acredito em unicórnios invísiveis. ou milagres

o alef é que devia explicar porque acredita que o sol andou aos pinotes em Fátima e em mais lado nenhum. ou porque acredita em milagres, sangrentos e aqueles que JPII inventou para justificar as centenas de santinhos que arranjou :)

ou em possessões demoníacas!

Anónimo disse...

Da minha parte são bem vindos ao diálogo todos os corajosos que enfrentem o medo de estarem sózinhos em debates de qualquer natureza!
O que me preocupa é que defendam SÓZINHOS comunidades de milhões de fiéis que se auto definem como detentores da Verdade, iluminados, quem sabe, mais cultos e inteligentes do que os restantes.
Afinal, onde paira tanta sabedoria, convicção e certeza?
Da ausência dos fiéis, pouco me espanta, tendo em atenção a importância dada ao conhecimento durante a pregação.
Já dos pastores, onde é que eles andam? Ocupados a entaipar o curral para acolher o rebanho?
Artur Figueiredo

Unknown disse...

Diz aqui o alef que não é prosélito nem pertence a seitas sinistras que:

«Saber» que nunca há nem houve milagres é «saber demasiado» e «demasiado saber».

Tal como a Joana, nunca deixa de me espantar a arrogância dos crentes que largam afirmações destas sem qualquer prova.

Nunca ninguém fidedigno registou uma única quebra de uma única lei da natureza, no entanto esta gente arroga-se a postas de pescada sobre os que não acreditam em delírios esquizofrénicos.

Arrogam-se ainda a serem os detentores da verdade revelada e a perseguir/discriminar os que não aceitam ser regidos por essa verdade revelada!

E só não os mandam para a fogueira porque depois de muitos assassínios em nome de Deus e dessa verdade revelada ateus e humanistas conseguiram que o mundo reconhecesse o horror e a ignomínia dessa verdade "divina".

Não mandam para a fogueira mas condenam a mortes mais horrendas desgraçados e desgraçadas que têm a infelicidade de viver em países em que a Igreja tem poder político ou social.

Unknown disse...

Nunca persegui porque a ICAR se preocupa tanto em determinar a vida sexual alheia.

Nunca ouvi um padre, bispo ou quejandos insurgir-se e apelar à desobediência civil a não ser em questões relacionadas com sexo. Pelo que dá para entender é mais grave um acto sexual desaprovado pela ICAR que matar milhões de pessoas.

Pelo menos é só apelos contra o casamento homossexual, o aborto, o divórcio, os preservativos mas condenar regimes assassinos que comprem o silêncio da ICAR nunca ouvi uma palavrita. Hitler, Mussolini, Ante Pavelic, Salazar, Franco, Pinochet, mais um ror de outros ditadores nestes!

Excomungam os teólogos da libertação mas o cardeal Bertram, ordena uma missa de Requiem à memória de Adolfo Hitler, que nunca foi excomungado...

Anónimo disse...

Cara Rita:

Quando digo que «Saber» que nunca há nem houve milagres é «saber demasiado» e «demasiado saber», esta frase não manifesta qualquer arrogância, bem pelo contrário. Normalmente digo isto a propósito da questão da existência de Deus e com isto quero dizer o seguinte. Um ateu que proclame que «Deus não existe», «sabe» realmente muito, porque «sabe» que Deus «não existe». Ou seja, «sabe» «tanto» ou «mais» que um crente, porque um crente pode ter dúvidas e, apesar disso, acreditar (=dar crédito). De facto, a fé pode conviver com a dúvida e isto acontece muitíssimas vezes. Por isso é que se fala na Bíblia no «aumento da fé».

De facto, dizer que não há Deus significa que em toda a realidade Deus é um elemento tão ausente como o unicórnio invisível. Ora, para afirmar isto com segurança é preciso conhecer toda a realidade. No caso dos milagres, entra ainda todo o tempo. E como se pode saber isso? É-nos possível conhecer toda a realidade?

Curiosamente a Rita apela uma categoria de «fé» para dizer que não há nem houve milagres. Escreve: «Nunca ninguém fidedigno registou uma única quebra de uma única lei da natureza». «Fidedigno» significa «digno de fé». Claro, porque a Rita não conhece toda a realidade nem todo o tempo. Mas nem isso acontece com os testemunhos que considera «dignos de fé» («fidedignos»), porque eles não podem abarcar toda a realidade.

Ora, na fé também é também importante o «testemunho fidedigno». E o centro da questão não está tanto na «violação de uma lei da natureza» (deixamos por agora de parte o problema da existência de leis na natureza), mas no significado religioso «captado» em determinado fenómeno. Na Bíblia, por exemplo, no Evangelho de S. João, em vez da palavra «milagre» aparece normalmente a palavra «sinal». «Sinal» de «algo superior» ao próprio sinal. Por exemplo, a ressurreição de Lázaro remete para a realidade cristológica do poder de Jesus sobre a morte, prenúncio de outro acontecimento maior, a ressurreição de Jesus, etc. O milagre é, pois, uma leitura de fé a partir de determinado acontecimento especial, totalmente inesperado. Os milagres de Jesus não são meras «piruetas fantásticas», «espectáculo para a turba». Muito pelo contrário. O dado de fé fundamental do Cristianismo é o testemunho da Ressurreição de Jesus. Depois de uma morte humilhante e desonrosa, os discípulos experimentaram, não sem dificuldades, Jesus Ressuscitado e essa experiência foi de tal maneira marcante que transmitiram essa mesma experiência a outros. Os que julgaram que aquele era um «testemunho fidedigno» aderiram e fizeram essa mesma experiência da presença de Cristo ressuscitado e esse testemunho tem vindo a ser transmitido ao longo dos séculos. Muitos outros não deram crédito a esse testemunho, julgando tal testemunho não credível. É a mesma proposta de hoje. Uns aceitam; outros, não.

É muito significativo que tenha surgido este elemento de «fé» (o testemunho fidedigno) na sua rejeição do milagre. No seu caso, a Rita considera-o argumento determinante; no caso dos crentes o testemunho fidedigno é classificado como «delírios esquizofrénicos»! E depois acusa-me de arrogante...

Também me parece importante lembrar que, mesmo que seja verdadeiro, nunca nenhum milagre será provado como tal. [Pode, sim, mostrar-se um caso de «falsificação», que é o assunto do texto da Palmira.] O milagre é uma categoria teológica, não estritamente «física». No máximo, poder-se-á registar um fenómenos estranho não explicado. Se um dado fenómeno fosse provado como milagre, a ciência estaria a saltar fora do seu âmbito e a fé deixaria de ser uma opção voluntária e livre. Note-se que um milagre provado mostraria Deus como «agente» e então seria realidade objectiva, não passível de ser negada. Portanto, e em bom rigor, o milagre, mesmo existindo, será sempre um «sinal» credível para quem reconhece ali «algo mais». Não há alternativa. Não tem, pois, sentido pedir uma prova do milagre. Por mais atarantados que nos deixe um determinado fenómeno, sempre o veremos «do lado de cá», sem ver o seu «agente» (no caso de ser realmente um milagre). Fica sempre a possibilidade de haver uma qualquer explicação ulterior que ainda não conhecemos. Diante de um tal fenómeno alguém poderá reconhecer aí um «sinal» de «algo mais». O ateu convencido continuará a ter as suas razões para não dar crédito, muito embora nalguns casos se possa dar uma mudança de atitude. Nesse caso, teria sido realmente «sinal».

Já agora, mencionei antes e alguém colocou a questão do «milagre do sol» em Fátima. Eu não «sei» se efectivamente houve um milagre, mas há algo que me interroga: foi anunciado com um mês de antecipação e foi presenciado por umas 70.000 pessoas, incluindo bastantes pessoas manifestamente ateias. É muito curioso o relato publicado n’«O Século» de 15 de Outubro de 1917. Sugestão colectiva de tantos milhares de pessoas? Milagre? A Rita parece saber mais do que eu, porque, enquanto eu suspendo o juízo neste caso, a Rita «sabe» que não houve milagre nenhum! A Rita «sabe mais» do que eu. Não, não me diga que a minha atitude é arrogante quando digo que quem nega com rotundidade a existência dos milagres ou de Deus «sabe mais» que um crente, ou que «sabe demasiado».

No caso dos milagres necessários para a canonização dos santos (não em todos) passa-se algo parecido. Um milagre nunca pode ser provado «positivamente», mas pede-se um exame público, em que participam vários peritos, médicos, documentos, etc., procurando todas as possíveis explicações que lhe retirem o carácter extraordinário. De qualquer forma, o centro da fé católica não está nestes milagres. Algo parecido se passa com as aparições. A Igreja não se pronunciou dogmaticamente sobre as aparições de Fátima; aprovou o culto e a conformidade da chamada «Mensagem de Fátima» com o Evangelho. [Coisa que não aconteceu com muitíssimos outros casos, como o caso bem conhecido de Medjugorje.] De qualquer forma, como já o disse por cá, nenhum católico tem que acreditar em tais aparições. Em si mesmas, não são necessárias à fé: nada podem acrescentar ao Evangelho e se nada acrescentam, podemos ficar-nos pelo Evangelho, que ali está «tudo». Em todo o caso, muitos consideram que tais aparições ajudam a «actualizar» determinados aspectos do Evangelho.

Depois, a Rita insurge-se contra vários aspectos da história antiga e recente da Igreja. Justas ou não (acho «estranho» que se interesse pelos teólogos da libertação, porque eles também são Igreja e crentes nos mesmos «delírios esquizofrénicos»!), tais críticas dirigem-se aos modos de actualização da fé em Jesus Cristo da parte de homens e mulheres que sempre se confessaram pecadores; mas por si só, isso não invalida a possibilidade da realidade de Deus ou dos milagres. E digo isto apenas como «suspensão do juízo negativo», porque, como deixei claro desde o primeiro comentário, não sou propriamente «milagreiro» nem «devoto» de «relíquias extraordinárias». O essencial da fé não está aí. Se pode ajudar? Creio que sim, mas evitando misturar crendice com religião, superstição e magia com fé.

Alef

Anónimo disse...

Não haverá por acaso aqui nenhum iluminado que saiba explicar-me afinal em que fase da História da Humanidade é que conseguimos cortar o cordão umbilical que liga o pensamento mítico e religioso à demência? ou, para não ferir susceptibilidades a ligeiras manifestações de demência?

Uma análise mais atenta do funcionamento prático do dia-a-dia das igrejas...
Bem, o melhor é esperar sentado!
E os caríssimos colegas destes comentários não têm oportunidade, porque eu, visto de perfil nem sou bem, bem ateu!

Por mim, CONTINUO A PREFERIR A MINHA "SANTA IGNORÂNCIA" porque tenho a certeza que é mesmo minha, A TONELADAS E TONELADAS DE KNOW HOW CATÓLICO cuja própria prática desmonta. Continuo a preferir até o conhecimento popular, humilde mas sincero, a pensamentos esféricos exímios na forma mas sem nenhuma preocupação em chegar ao próprio núcleo.

Sinceramente, nós ouvimos coisas que não lembra ao diabo, DAREM-SE À TRABALHEIRA DE RESSUSCITAR O LÁZARO PARA NOS DIZEREM: -OLHEM QUE NÓS FAZEMOS DISTO MAS AINDA TEMOS MELHOR GUARDADO! Caso se portem mal, acrescento eu.

Pergunto-me, mas haverá ignorância maior, e digo ignorância propositadamente e não estupidez, do que utilizarmos os nossos conhecimentos para rebaixar os outros, colocarmos ao peito as lombadas dos livros que lemos ou, que pensámos ter "lido", para elevarmos o nosso nível intelectual "e artístico".
Mas quem foram os MESTRES desta gente?

Muito sinceramente, não me preocupa nem irrita absolutamente nada as pazadas de fé e esperança que armazenam no interior das igrejas (até posso conseguir ver algum benefício nisso), mas "pelo amor de Deus" "larguem a breguilha" da sociedade, deixem de manietar por cima as instituições e poderes ocultos que nos definem o dia a dia...

Obrigado aos autores do blog pela sátira e sentido crítico que nos têm proporcionado.
Artur Figueiredo

Contract disse...

É bom lembrar que é graças a Igreja católica que o desenvolvimento da ciência foi possivel tão rapidamente. Então se voce esta criticando tanto a Igreja veja que voce só está aqui vivo e gozando a vida e tecnologia por causa da Igreja. Então quando for pegar o seu carrinho e tomar o seu remedinho , lembre-se que 70% da possibilidade de isso ter sido inventado foi da Igreja que preservou varios livros e conhecimentos nos monasterios.Veja como é o ser humano, criticar e amaldiçoar as coisas é muito fácil , agora agradecer ou abençoar é muito dificil.... Por isso que nosso desenvolvimento espiritual e moral é tão atrasado, porque mesmo pessoas com um nivel intelectual alto não reconhecem que a Igreja embora tenha cometido seus erros teve um papel fundamental no desenvolvimento espiritual e moral do ser humano ,e como consequencia o desenvolvimento tecnologico que temos hoje. Sem uma religião ou avanço moral e espiritual é impossivel controlar e desenvolver o ser humano.

Jeferson Torres disse...

Ocorre que, ao longo da história da igreja, milhares de milagres foram sendo atestados ao longo dos tempos. O conceito exato de "milagre" foi bem definido por S.Tomás de Aquino - depois de uma certa imprecisão em Agostinho (*):

"O milagre se diz contra a natureza, sendo que na natureza se mantém uma disposição contrária ao efeito operado por Deus" (AQUINO apud QUEVEDO,2000,p.99).

Na nomenclatura parapsicológica, diz-se de um milagre, que é fenômeno supranormal (superior à natureza), de modo que só pode ser explicado por força que não seja natural, ou seja, força metafísica, divina.

O conceito sofre da miopia que querem impor os racionalistas e supersticiosos, seja na ICAR, seja nos centros espíritas, seja aqui, seja acolá: muito do que se diz "milagre" - dentro da própria igreja - não passa de fenômeno paranormal ou mesmo normal. Um exemplo claro é o da "virgem santa" que teria aparecido num vidro e atraído fieis com seus terços e orações.

O milagre eucarístico de Lanciano é apenas um caso de milagre eucarístico. Vários tem ocorrido e, curiosamente, o sangue que surge das hóstias é do mesmo tipo, AB. Curiosamente, é sangue típico de habitante da palestina e regiões ao redor. São todos milagres? Duvido muito. Milagres existem? Não duvido, mas um posicionamento cético é indispensável e muita investigação prévia. Sugiro que pesquisem sobre o caso de Pierre De Rudder http://oepnet.sites.uol.com.br/a_transcendencia.htm , bem como o caso de conversão do biólogo prêmio nobel fisiologia ou medicina de 1935, Alexis Carrel:? http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexis_Carrel que se converteu ao catolicismo depois de presenciar diversos milagres na cidade de Lourdes. Vale a pena conferir, estudar, se aprofundar, e, se comprovar que um milagre é falso, revelar a fraude. A ICAR é muito criteriosa no que faz, sejamos tão criteriosos quanto.

(*) Santo Agostinho confundiu-se por não dispor, na época dos conhecimentos sobre parapsicologia que hoje dispomos.

Ilídio Barros disse...

"Aliás, basta pensar...em Fátima para confirmar que o encorajamento de crendices continua prática cá no burgo..." Palmira F. da Silva, 29 de Abril de 2007 20:42

http://jugular.blogs.sapo.pt/2233900.html?thread=24247596

http://jugular.blogs.sapo.pt/2647963.html?page=1#comentarios

MORREU O NUNO

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