“Tudo deve ser discutido. Sobre isso não há discussão” (Pitigrilli,1893-1975).
Perante uma aparente apatia de escolas oficiais confrontadas com a acção
concertada do ensino privado com contrato de associação (para o qual a lei
estabelece condições que nem sempre são cumpridas), estão grande número
daquelas escolas do país transformadas em verdadeiros elefantes brancos com
instalações luxuosas carenciadas de alunos e com professores com horários zero
que fazem pairar nuvens negras sobre o seu presente e futuro.
Mas será que se tornou tabu discutir esta temática com todos aqueles que o deviam fazer e o não fazem? Ou seja, uns tantos políticos, ou até mesmo, professores das actuais escolas secundárias oficiais parecem esquecidos do papel heróico e digno de personalidades que deram um estatuto de grande qualidade e honorabilidade a antigos liceus de que se tornaram herdeiros directos. Como, por exemplo, no caso do Liceu Pedro Nunes de Lisboa, professores como Rómulo de Carvalho e alunos como o actual Ministro da Educação, Nuno Crato, e tantas outras e ilustres personalidades nele docentes ou cursadas, difíceis de nomear pelo seu elevado número, pontificam em numerosos aspectos científicos, culturais e artísticos da sociedade portuguesa.
Mas será que se tornou tabu discutir esta temática com todos aqueles que o deviam fazer e o não fazem? Ou seja, uns tantos políticos, ou até mesmo, professores das actuais escolas secundárias oficiais parecem esquecidos do papel heróico e digno de personalidades que deram um estatuto de grande qualidade e honorabilidade a antigos liceus de que se tornaram herdeiros directos. Como, por exemplo, no caso do Liceu Pedro Nunes de Lisboa, professores como Rómulo de Carvalho e alunos como o actual Ministro da Educação, Nuno Crato, e tantas outras e ilustres personalidades nele docentes ou cursadas, difíceis de nomear pelo seu elevado número, pontificam em numerosos aspectos científicos, culturais e artísticos da sociedade portuguesa.
Apesar deste statu quo, ainda há
escolas oficiais que tudo fazem para sobreviver à tona de água da verdadeira
mediocridade que infestou o ensino em Portugal. Casos de sucesso dos ensinos
oficial, privado e convencionado minimizam essa mediocridade. Como mero
exemplo, ditado pela posição de destaque ocupada no ranking nacional de
escolas oficiais em função da média das notas de exames nacionais do 12.º ano,
o caso da Escola Secundária Infanta D. Maria, de Coimbra. Sem esquecer, e muito
menos desconsiderar, outras escolas das margens do Mondego, ou de outras partes do território nacional, sob a tutela directa do Estado..
Tomando para mim uma citação de Edgar
Morin, faço o seguinte apelo: “Peço que me ataquem frontalmente, me julguem
pelas minhas ideias e não por aquilo que queriam que fossem as minhas ideias”. Isto
é, a minha defesa em prol das escolas oficiais não significa, de forma alguma,
um ataque às escolas privadas convencionadas. A cada uma delas o seu papel
específico para não se tornarem as escolas públicas numa espécie de vazadouro
de alunos que por elas optam como última escolha e não como eleição deliberada
de tempos gloriosos na memória colectiva dos portugueses.
Mas grande parte desta polémica, que
está longe de ter chegado ao fim, reduz-se a uma coisa tão simples como esta: dever ser o ensino privado com contrato de associação uma
alternativa ao ensino público inexistente numa determinada área e não mera
satisfação megalómana de carteiras familiares pouco abonadas que gostam de
blasonar terem os filhos a estudar em colégios.
Em plena época de grave crise económica, promover uma situação de favor para com o ensino privado subsidiado, poderá ser uma forma de
transformar o ensino privado sem apoios do Estado num
barco em perigo de se afundar por, em nome da sua independência, dispensar quaisquer formas de subsídios.Salvo melhor opinião, reduzir esta questão ao binário ensino oficial/ensino privado
convencionado poderá ter como consequência ferir de morte os colégios independentes dos
dinheiros públicos. Alíás, estabelecimentos de ensino com uma longa e valorosa tradição no panorama do ensino
nacional.
Contrariando um exagerado pessimismo da alma lusitana, de que receio me ter
feito intérprete, Almada Negreiros deixou-nos lampejos de esperança: “Os
dias terríveis são, afinal, as vésperas dos dias admiráveis”. Mas que
cheguem rapidamente esses dias admiráveis em benefício da sociedade portuguesa
fustigada por ventos constantes de mudança do sistema educativo que em nada ajudam o equilíbrio
emocional da sua juventude em prejuízo, por vezes, do seu rendimento escolar!
Na fotografia: Fachada do antigo Liceu Pedro Nunes de Lisboa, actual Escola Secundária com o mesmo nome.
2 comentários:
Ensino oficial, ensino convencionado, ensino privado, ensino particular, ensino familiar (ou em casa), o que é preciso é BOM ENSINO.
E liberdade para as famílias escolherem o que consideram ser BOM ENSINO.
Tendo como base os direitos humanos fundamentais e referências rigorosas e honestas, as quais, obviamente, não são impossíveis de estabelecer, aferir e inspecionar.
Queiramos nós.
O problema são certos (e fortes e ilegítimos e hábeis, e bem instalados...) interesses.
É muito conveniente que os filhos dos pobres, que são imensos, continuem a ser pobres e... imensos.
Como, entre nós, nunca deixou de ser. Nem vai, tão depressa...
De acordo! Mas (há sempre um mas...), como o prezado José Batista bem reconhece: "O problema são certos (e fortes e ilegítimos e hábeis, e bem instalados...) interesses. E assim se corre o perigo de descuidar um ensino oficial de qualidade como o do exemplo do Liceu Pedro Nunes por mim apresentado; e de escolas oficiais actuais, exemplificado pela Escola Secundária D. Maria de Coimbra, que bem servem o ensino de pobres e ricos.
Mas isto é uma discussão de prós e contras que não se esgota aqui, mas que deve ser discutida até à exaustão por todos aqueles que se preocupam com um ensino de qualidade a ser ministrado aos nossos jovens. Seja ele ministrado em escolas oficiais, convencionadas ou privadas. Esta, a verdadeira questão.
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