"... não é inocente o que se tem feito. Quando amputamos durante anos, no Secundário, o conhecimento da História e dos nossos textos clássicos, estamos a retirar capacidade de compreensão da língua e até a empobrecer o contexto. Porque os pensamentos e os conceitos fazem-se com palavras. Quanto menor for o domínio vocabular, menos acesso temos à realidade e ao pensamento. E há quem esteja interessado nisso. Nos primeiros tempos de Salazar, os professores, na sua maioria republicanos, foram substituídos por regentes escolares, que ensinavam a ler, escrever e contar e, na verdade, pensava-se que, quando muito, era isso que os portugueses deviam saber. O que se passa agora? O consumidor precisa de ler Camões e «Os Lusíadas», a mitologia? Não. Basta que conheça o vocabulário elementar que lhe permita compreender um anúncio. A pobreza, a miséria vocabular, em que estão encurralados e enclausurados os portugueses é da mesma natureza do ler, escrever e contar que Salazar entendia que bastava para o povo."In Jornal de Letras n.º 1097, de 17 a 30 de outubro de 2012, página 10.
sábado, 3 de novembro de 2012
"O que se passa agora?"
Destacamos o extracto duma entrevista recente ao escritor Mário de Carvalho (na foto) que o leitor José Batista transcreveu em comentário:
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