quarta-feira, 14 de novembro de 2012

MAGMATISMO NA DIFERENCIAÇÃO DO PLANETA E NA PETROGÉNESE - 2

Continuação do texto iniciado aqui.

Etna

O magmatismo foi e é uma constante na dinâmica global, quer sob a expressão, bem visível, do vulcanismo, quer sob a forma, nunca observável mas deduzível, do plutonismo.

Pelo que conhecemos da história da Terra, temos de admitir que o magmatismo sempre antecedeu e antecede os outros dois processos petrogenéticos, ou seja, a sedimentogénese (incluindo a diagénese) e o metamorfismo. Com efeito, só depois das primeiras rochas (magmáticas) estarem expostas aos agentes externos é que pôde haver a sua erosão seguida de sedimentação e/ou a sua transformação no domínio do metamorfismo.

Todos temos uma ideia mais ou menos correcta de magmatismo nas efusões de lava que, frequentemente, podemos visualizar em algumas erupções vulcânicas, através das imagens que nos entram em casa via televisão.

Entendendo por magmatismo o processo através do qual um material naturalmente fundido, a que se convencionou chamar magma, conduz à formação das rochas, temos de concluir que este processo natural está na origem dos muitíssimos tipos de rochas de que temos conhecimento directo, no caso das magmática ou ígneas, e indirecto, no das que delas derivam, como são as rochas sedimentares e as metamórficas.

Tomando como exemplos apenas os granitos e os basaltos (entre um sem número de rochas afins que nos rodeiam), ambas nasceram e nascem da fusão de rochas preexistentes, quer na crosta, no caso dos granitos, quer no manto superior, no caso dos basaltos, a temperaturas que variam entre cerca de 650°C (no seio de um arenito, de um xisto argiloso ou de um grauvaque, na crosta continental e em presença de água) e cerca de 1300°C (no interior de um peridotito, no manto e na ausência de água).

No que se refere às pressões, o magmatismo pode verificar-se entre cerca de 3 a 4 atmosferas, a escassos quilómetros de profundidade, e várias dezenas de atmosferas, 100 quilómetros mais abaixo. Ao nível da crosta continental, a fusão das rochas, isto é, a geração de um magma acontece, sobretudo, associada ao metamorfismo de grau mais elevado, no decurso da formação de uma cadeia montanhosa envolvendo compressões tangenciais ou, por outras palavras, durante o processo orogénico.

Em certos casos essa fusão pode resultar de um aquecimento produzido por uma fonte de calor oriunda do manto, numa região não sujeita às ditas compressões. Neste caso o granito diz-se anorogénico. No manto, o magmatismo está relacionado com movimentos verticais de convecção térmica, com a diminuição de pressão e com a penetração de água. A comparação frequente do magma com a lava incandescente saída dos vulcões, embora sugestiva, não é correcta.

Deve acentuar-se que a lava já não é, exactamente, um magma, dado que, na própria câmara magmática, ao arrefecer, permite a cristalização (solidificação) prematura de alguns minerais que, por acção gravítica, se separam do fundido e se depositam no fundo da dita câmara, empobrecendo-o.

Por outro lado, na saída para o exterior, perde parte dos seus componentes gasosos (vapor de água, dióxido de carbono, entre outros). Um material assim, como o que se vê transbordar do vulcão e fluir à superfície, já não deve ser considerado um verdadeiro magma embora tenha mobilidade. Em termos muito simples, podemos dizer que o magma é rocha total ou parcialmente fundida e, como tal, susceptível de fluir.

É curioso assinalar que, não obstante a palavra magma, na origem grega, significar «massa empedernida», «unguento seco», a petrologia adoptou esse mesmo termo para designar o material ainda em fusão (na totalidade ou em parte) que, por arrefecimento, consolida, e, só então, se torna pedra.

Do ponto de vista composicional, o magma pode ser definido como um fundido de substâncias químicas, na grande maioria geradoras de silicatos, existente em zonas mais ou menos profundas do planeta que, em virtude da temperatura e da pressão a que está sujeito, se mantém, pelo menos em parte, no estado líquido.

Neste banho e com uma representação muitíssimo inferior, podem existir componentes químicos geradores de óxidos (em particular os de ferro, de titânio e de crómio), de sulfuretos, de fosfatos e de carbonatos. Como numa sopa quente, além do caldo, que nesta imagem exemplifica a parte fundida, podem coexistir no magma gases (ou vapores) e cristais. no que respeita os gases, podemos ter uma ideia através das manifestações secundárias do vulcanismo (fumarolas, entre mofetas e sulfataras).

Os cristais, quando presentes, são as fases sólidas expressas pelos minerais que, por serem mais refractários (isto é, com um ponto de fusão mais elevado), cristalizaram prematuramente no seio do líquido magmático (o que não impede a mobilidade do conjunto) que poderá fluir enquanto houver uma fase fluída, ainda que residual, a assegurar-lhe essa característica implícita na própria definição de magma. É o que acontece, por exemplo, com os cristais de olivina e ou de augite em certas lavas de natureza basáltica.

Galopim de Carvalho

2 comentários:

José Batista disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cláudia da Silva Tomazi disse...

Ao professor Galopim de Carvalho da apreciação ao estudo.





Da prudência



Pastoreias luz à d'alva estrela!
Vos céu de sol, ouro em casto
da prece que Deus nos vela,
palpita em cândido, pasto.

E vos, tam gram sabedoria,
côrrego por vasto em lastro
que ode melodia, nem perderia
qual mais-valia, o sois rastro.

Veio é mina de terra sem breu,
per doce, esta casa é sossêgo,
mestre de bem, sem de lôbrego,

oh'bilha sois diamantes rosa,
vossa paz, sem rasa, nem réu
que igual, pulsa lusa prosa.

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