sábado, 22 de março de 2008

O regresso de Adão - II


Excerto da entrevista sob falsos pretextos a PZ Myers, escolhido pelos produtores de Expelled para mostrar quão malvados são os evolucionistas.

Chegou às páginas do New York Times a expulsão de PZ Myers do teatro onde iria decorrer a apresentação do filme Expelled - que ainda está numa versão «em bruto», provavelmente por uma questão de direitos de autor, não só da música como da animação «Inner Life of a Cell» («A vida íntima de uma célula»), por uma qualquer razão bizarra, um hit entre criacionistas.

De facto, nas páginas de ciência da edição de hoje do periódico norte-americano, Cornelia Dean diverte-se apresentando ao público o hilariante episódio e as ainda mais hilariantes desculpas de Mark Mathis, o produtor do filme que marcou presença no Hall of America para a exibição do seu pedaço de lixo populista e mentiroso.

Mark Mathis afirmou à jornalista que embora tivesse reconhecido Dawkins o deixara assistir ao filme porque ele se tinha portado honoravelmente (?) e era um convidado no seu país que tinha realizado uma longa viagem de propósito para ver o Expelled. Na realidade, como a jornalista indica, Dawkins deslocou-se ao Minnesota para participar na convenção ateísta, onde é orador convidado e não foi reconhecido porque... o seu primeiro nome, inscrito no passaporte, é Clinton e não Richard!

De facto, outra testemunha do que aconteceu indica que na altura das perguntas&respostas em que Dawkins se levantou para questionar o produtor este empalideceu quando finalmente se apercebeu quem tinha na audiência.

A expulsão de Myers, para além de fazer as delícias da blogosfera americana - que confirma o subtítulo da produção criacionista: nenhuma inteligência é permitida no filme -, chegou ainda a outras páginas de jornais, incluindo ao jornal local de Twin Cities.

Eugenie Scott, directora do National Center for Science Education que está a construir uma página para contrapôr os imbecis argumentos contra a evolução apresentados no Expelled, que assentam em patetas e patéticas mensagens subliminares igualando evolucionismo a nazismo e estalinismo, foi pré-expulsa da visualização do filme para que também foi enganada a «colaborar».

Eugenie, como todos os que estão fartos das desonestidades criancionistas, considera que «não é desapropriado darmos uma boa gargalhada às custas dos criacionistas». Já Dawkins, que disponibiliza no seu site uma discussão do acontecido com PZ Myers, considera que toda a cena foi uma prenda aos que se opõem ao ensino do criacionismo como ciência: «não poderíamos pedir algo melhor», afirmou ao New York Times.

Embora o eco que o criacionismo encontra em muitos deva ser analisado à luz da onda de anti-intelectualismo que varre o planeta, a desonestidade é o único apanágio dos seus promotores. Assim, consideramos que não é boa ideia debates que põem ao mesmo nível evolucionismo e criacionismo, ou seja, ciência e religião, como o que aconteceu na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa fez ontem exactamente um ano. E o que aconterá em Braga para o mês que vem no âmbito das XX Jornadas Teológicas e em que o Ludwig debaterá com Jónatas Machado «Razão da Criação ou Fé na Evolução» ou, como diz o Ludi, razão da bruxaria ou fé no antibiótico.

Se os teólogos de Braga estão interessados em como não tornar o seu discurso «cada vez mais irrelevante», propósito que aplaudo, e se têm dúvidas que a evolução seja uma das «teorias científicas suficientemente fundamentadas» (é na realidade uma das mais fundamentadas e testadas de todas as teorias científicas) poderiam ter convidado o padre Archer, o padre Carreira das Neves ou o padre Resina que sem dúvida os esclareceriam convenientemente sobre o tema.

Como refere o físico Phil Plait no blog Bad Astronomy em relação às mentiras criacionistas, «Nós temos de continuar a discutir isto, arejá-lo, expôr estas pessoas pelo que são. Como qualquer coisa ruidosa e nojenta que encontrem debaixo de uma pedra, exposição à luz é a melhor cura».

Ou seja, devemos expôr as inanidades e mentiras criacionistas mas, como tão bem explicou o Paulo, é um erro, que apenas serve para «dar publicidade a um movimento social e político que tenta a todo o custo adquirir um estatuto de respeitabilidade científica que não tem», entrar em debates autistas, estéreis e inúteis com pessoas que acreditam ser a Lua feita de queijo!

19 comentários:

Unknown disse...

E depois de uma pausa Kit Kat mais um post cinco estrelas nesta época tão auspiciosa... no DRN, claro :))

Os desenvolvimentos do caso PZ Myers Expelled são cada vez mais hilariantes! Estes criacionistas para além de aldrabões são mesmo IDiotas :)

A notícia de mais um pseudo-debate patetadas versus ciência é que é preocupante! Está bem que é numa faculdade de teologia e anacronismos como este condizem com uma faculdade destas mas não percebo como é que o Ludwig aceitou um convite destes!!!!

alfredo dinis disse...

Palmira,
Fui convidado para moderar o debate que terá lugar em Braga entre um criacionista e um evolucionista, e pessoalmente não coloco ao mesmo nível o criacionismo e o evolucionismo. Espero que este debate sirva para uma exposição objectiva dos argumentos de um e outro lado, e para que as pessoas possam ficar objectivamente informadas e concluir que o criacionismo não só está em frontal oposição ao que de melhor a ciência contemporânea tem produzido, como nada tem a ver com o cristianismo. Antes pelo contrário: contribui para o descrédito do cristianismo. Estes debates realizam-se actualmente em Portugal a vários níveis e a vários ritmos, o que me parece estar de acordo com a nossa situação cultural.

Saudações,

Alfredo Dinis

Palmira F. da Silva disse...

Caro Alfredo:

Eu suponho que seja de facto a nossa situação cultural que justifica estes debates. Uma vez que a situação é nova cá no burgo há muita gente bem intencionada que acha que os criacionistas fazem exposições objectivas de argumentos.

A experiência de outros países e as mentiras, disparates e afins que o Jónatas deixa nas caixas de comentários de todos os blogs que falam em evolução já deveriam ter alertado para que tal é impossível.

Como refiro no texto, a desonestidade intelectual e as mentiras puras e duras são o único apanágio dos promotores do ensino do criacionismo nas escolas. Também em muitos países, esses promotores são licenciados em Direito, habituados a convencer o público do maior disparate que defendam...

Assim como seria um disparate um debate entre médicos e vendedores de banha da cobra, é um disparate um debate entre cientistas e vendedores da sua religião como ciência.

De qualquer forma, vou ver se arranjo tempo para postar hoje sobre um padre católico (e físico) que ganhou há dias o prémio Templeton e os erros teológicos que aponta na IDiotia. Pode dar-lhe uma ajuda para moderar o debate...

Unknown disse...

Dawkins conta o que se passou e a nalisa o filme:

Lying for Jesus


PS: Não o sei o que se passa com o site do Dawkins se está com muito tráfego ou foi atacado, mas está difícil de aceder ao artigo. Vou passar algumas partes


(...)

Now, to the Good Friday Fiasco itself, Mathis' extraordinary and costly lapse of judgment. Just think about it. His entire film is devoted to the notion that American scientists are being hounded and expelled from their jobs because of opinions that they hold. The film works hard at pressing (no, belabouring with a sledgehammer) all the favourite hot buttons of free speech, freedom of thought, the right of dissent, the right to be heard, the right to discuss issues rather than suppress argument. These are the topics that the film sets out to raise, with particular reference to evolution and 'intelligent design' (wittily described by someone as creationism in a cheap tuxedo). In the course of this film, Mathis tricked a number of scientists, including PZ Myers and me, into taking prominent parts in the film, and both of us are handsomely thanked in the closing credits.

Seemingly oblivious to the irony, Mathis instructed some uniformed goon to evict Myers while he was standing in line with his family to enter the theatre, and threaten him with arrest if he didn't immediately leave the premises. Did it not occur to Mathis -- what would occur any normally polite and reasonable person -- that Myers, having played a leading role in the film, might have been welcomed as an honoured guest to watch it? Or, more cynically, did he not know that PZ is one of the country's most popular bloggers, with a notoriously caustic wit, perfectly placed to set the whole internet roaring with delighted and mocking laughter? I long ago realised that Mathis was deceitful. I didn't know he was a bungling incompetent.

Not just incompetent at public relations, incompetent in his chosen profession of film-making, for the film itself, as I discovered when I saw it on Friday (and this genuinely surprised me) is dull, artless, amateurish, too long, poorly constructed and utterly devoid of any style, wit or subtlety. It bears all the hallmarks of a film-maker who knows nothing about the craft of making films. I'll come to that in a moment.

Unknown disse...

E agora a crítica do Expelled:

Now, to the film itself. What a shoddy, second-rate piece of work. A favourite joke among the film-making community is the 'Lord Privy Seal'. Amateurs and novices in the making of documentaries can't resist illustrating every significant word in the commentary by cutting to a picture of it. The Lord Privy Seal is an antiquated title in Britain's heraldic tradition. The joke imagines a low-grade film director who illustrates it by cutting to a picture of a Lord, then a privy, and then a seal. Mathis' film is positively barking with Lord Privy Seals. We get an otherwise pointless cut to Nikita Krushchev hammering the table (to illustrate something like 'emotional outburst'). There are similarly clunking and artless cuts to a guillotine, fist fights, and above all to the Berlin wall and Nazi gas chambers and concentration camps.

The alleged association between Darwinism and Nazism is harped on for what seems like hours, and it is quite simply an outrage. We are supposed to believe that Hitler was influenced by Darwin. Hitler was ignorant and bonkers enough for his hideous mind to have imbibed some sort of garbled misunderstanding of Darwin (along with his very ungarbled understanding of the anti-semitism of Martin Luther, and of his own never-renounced Roman Catholic religion) but it is hardly Darwin's fault if he did. My own view, frequently expressed (for example in the The Selfish Gene and especially in the title chapter of A Devil's Chaplain) is that there are two reasons why we need to take Darwinian natural selection seriously. Firstly, it is the most important element in the explanation for our own existence and that of all life. Secondly, natural selection is a good object lesson in how NOT to organize a society. As I have often said before, as a scientist I am a passionate Darwinian. But as a citizen and a human being, I want to construct a society which is about as un-Darwinian as we can make it. I approve of looking after the poor (very un-Darwinian). I approve of universal medical care (very un-Darwinian). It is one of the classic philosophical fallacies to derive an 'ought' from an 'is'. Stein (or whoever wrote his script for him) is implying that Hitler committed that fallacy with respect to Darwinism. If we look at more recent history, the closest representatives you'll find to Darwinian politics are uncompassionate conservatives like Margaret Thatcher, George W Bush, or Ben Stein's own hero, Richard Nixon. Maybe all these people, along with the Social Darwinists from Herbert Spencer to John D Rockefeller, committed the is/ought fallacy and justified their unpleasant social views by invoking garbled Darwinism. Anyone who thinks that has any bearing whatsoever on the truth or falsity of Darwin's theory of evolution is either an unreasoning fool or a cynical manipulator of unreasoning fools. I will not speculate as to which category includes Ben Stein and Mark Mathis.

Stein has no talent for comedy, as he demonstrates in a weird joke about scratching his back, which falls completely flat. But his attempt to do tragedy is even worse. He visits Dachau and, when informed by the guide that lots of Jews had been killed there, he buries his face in his hands as though this is the first time he has heard of it. Obviously it was not his intention, but I thought his rotten acting was an insult to the memory of the victims.

More sinister than the artless Lord Privy Seals, and the self-indulgent and wholly illicit playing of the Nazi trump card, the film goes shamelessly for cheap laughs at the expense of scientists and scholars who are making honest attempts to explain difficult points. Cheap laughs that could only be raised in an audience of scientific ignoramuses (and here Mathis' propaganda instincts cannot be faulted: he certainly knows his target audience). One example is the treatment of the philosopher Michael Ruse: a decent man, bluff, bearded, articulate, and with a genuine and sincere desire to explain difficult ideas clearly. Stein asked Ruse how life originated. Ruse's immediate impulse (as mine would have been) was to launch into an honest effort to explain a difficult scientific idea. He began by saying that he doesn't know how life originated, and nor does anybody else. At this point in his interview, Ruse probably had no notion that his interlocuter had a completely different agenda to promote, with no hint of sincerity to balance his own. Ruse patiently explained that the origin of life (nothing to do with the Darwinian theory itself but the necessary precursor of Darwinian evolution) is an interesting and unsolved mystery, one that scientists are actively working on. By way of example, Ruse could have chosen any of a number of current theories. He chose just one (it would have taken too long to explain them all) purely as an illustration of the kind of properties such a theory must have. He happened to choose the theory proposed by the Scottish chemist Graham Cairns-Smith, that organic life was preceded by a strange and intriguing world of replicating patterns on the surfaces of crystals in inorganic clays. At no time did Ruse say he believed the Cairns-Smith theory, only that it was the KIND of theory that scientists are actively examining, as a CANDIDATE for the origin of evolution. Stein just loved it. Mud! MUD! The sarcasm in his grating, nasal voice was palpable. Maybe this was when Ruse realised that he had been had. Certainly it was at this point that he started to show signs of exasperation, although he may still have thought that Stein was merely stupid, rather than pursuing a malevolent and clandestine agenda. Stein kept returning, throughout the film, to the phrase "on the backs of crystals", and the sycophantic audience in the Minneapolis cinema dutifully tittered every time.

Another example. Toward the end of his interview with me, Stein asked whether I could think of any circumstances whatsoever under which intelligent design might have occurred. It's the kind of challenge I relish, and I set myself the task of imagining the most plausible scenario I could. I wanted to give ID its best shot, however poor that best shot might be. I must have been feeling magnanimous that day, because I was aware that the leading advocates of Intelligent Design are very fond of protesting that they are not talking about God as the designer, but about some unnamed and unspecified intelligence, which might even be an alien from another planet. Indeed, this is the only way they differentiate themselves from fundamentalist creationists, and they do it only when they need to, in order to weasel their way around church/state separation laws. So, bending over backwards to accommodate the IDiots ("oh NOOOOO, of course we aren't talking about God, this is SCIENCE") and bending over backwards to make the best case I could for intelligent design, I constructed a science fiction scenario. Like Michael Ruse (as I surmise) I still hadn't rumbled Stein, and I was charitable enough to think he was an honestly stupid man, sincerely seeking enlightenment from a scientist. I patiently explained to him that life could conceivably have been seeded on Earth by an alien intelligence from another planet (Francis Crick and Leslie Orgel suggested something similar -- semi tongue-in-cheek). The conclusion I was heading towards was that, even in the highly unlikely event that some such 'Directed Panspermia' was responsible for designing life on this planet, the alien beings would THEMSELVES have to have evolved, if not by Darwinian selection, by some equivalent 'crane' (to quote Dan Dennett). My point here was that design can never be an ULTIMATE explanation for organized complexity. Even if life on Earth was seeded by intelligent designers on another planet, and even if the alien life form was itself seeded four billion years earlier, the regress must ultimately be terminated (and we have only some 13 billion years to play with because of the finite age of the universe). Organized complexity cannot just spontaneously happen. That, for goodness sake, is the creationists' whole point, when they bang on about eyes and bacterial flagella! Evolution by natural selection is the only known process whereby organized complexity can ultimately come into being. Organized complexity -- and that includes everything capable of designing anything intelligently -- comes LATE into the universe. It cannot exist at the beginning, as I have explained again and again in my writings.

This 'Ultimate 747' argument, as I called it in The God Delusion, may or may not persuade you. That is not my concern here. My concern here is that my science fiction thought experiment -- however implausible -- was designed to illustrate intelligent design's closest approach to being plausible. I was most emphaticaly NOT saying that I believed the thought experiment. Quite the contrary. I do not believe it (and I don't think Francis Crick believed it either). I was bending over backwards to make the best case I could for a form of intelligent design. And my clear implication was that the best case I could make was a very implausible case indeed. In other words, I was using the thought experiment as a way of demonstrating strong opposition to all theories of intelligent design.

Well, you will have guessed how Mathis/Stein handled this. I won't get the exact words right (we were forbidden to bring in recording devices on pain of a $250,000 fine, chillingly announced by some unnamed Gauleiter before the film began), but Stein said something like this. "What? Richard Dawkins BELIEVES IN INTELLIGENT DESIGN." "Richard Dawkins BELIEVES IN ALIENS FROM OUTER SPACE." I can't remember whether this was the moment in the film where we were regaled with another Lord Privy Seal cut to an old science fiction movie with some kind of android figure – that may have been used in the service of trying to ridicule Francis Crick (again, dutiful titters from the partisan audience).

Anónimo disse...

Bem... se, por exemplo, PZ Myers pode fazer a critíca do livro "The Spiritual Brain: A neuroscientist's case for the existence of the soul" sem sequer o ter lido, é natural que debite a sua crítica sobre o filme EXPELLED sem o ter visto!!!

Incongroências fundamentalistas!

Unknown disse...

Anónimo criacionista:

Eu sei que nem toda a gente sabe inglês mas escrevi em português Dawkins conta o que se passou e analisa o filme

PZ Myers foi expulso do filme mas Dawkins não foi - ironia suprema :)

A crítica contundente ao filme foi feita por Richard Dawkins.

Anónimo disse...

Cara Rita,

quem frequenta o Renum Natura já percebeu que é uma CRENTE ateísta fundamentalista e ultra-preconceituosa (e, pelo menos nesta sua resposta, extremamente arrogante).

Achar que eu sou criacionista só porque contestei PZ Myers rivaliza com qualquer fundamentalista evangélico, testemunha de Jeová, Taliban, etc.! Para a Rita o mundo é preto e branco, de um lado os Criacionistas e do outro os Ateus Fundamentalistas Neodarwinistas. Acontece que nem o ateismo neodarwinista é a voz da Ciência nem o Criacionismo a voz da Religião.

Pode ficar descansada porque o meu (pobre) inglês é o suficiente para frequentar o blog do Sr. PZ Myers e ler as SUAS CRÍTICAS ao filme EXPELLED.

E o meu (pobre) inglês também é suficiente para ter lido sobre as tácticas do Dr. Dawkins, por exemplo, o que ele fez com o Dr. Rupert Sheldrake.

Além do mais, essa crítica contundente (na sua opinião) é algo muito relativo. Como se pode fazer uma crítica contundente sobre algo que não se conhece? (o filme EXPELLED estreia só em Abril). Só vejo uma explicação: preconceito, fanatismo e cegueira.

Unknown disse...

Caro anónimo-que-não-é-criacionista mas grita contra o ateismo-neodarwinista-que-não-é-a-voz-da-Ciência

Já leu o site do filme (reservado meses antes das entrevistas a PZ Myers e Dawkins para um inventado Crossroads?)

Sabe o que são ante-estreias promocionais e assim?

Anónimo disse...

Rita,

fica assim sempre que encontra alguém que não encaixa no seu mundo a preto e branco? Não tem porquê.

Já deu para ver que a Rita é uma das promotoras contra-promocionais em Portugal do documentário EXPELLED! Por mim, faz muito bem!

Pode ficar descansada. Já li tudo isso que diz à muito tempo.

Sei perfeitamente que todas as pessoas que participaram no filme, e em especial o Sr. Dawkins e o Sr. PZ Myers, receberam antecipadamente as perguntas que lhe iriam ser feitas (como é normal acontecer nesses casos!), e que foram PAGOS por participarem.

Sei também que a versão final do filme ainda não foi visionada.

Sei também que o Sr. Dawkins e o Sr. PZ Myers devem estar muito incomodados por verem publicamente apresentadas algumas das posições que insistem em esconder dos seus pares (por exemplo, Dawkins afirma, ironia das ironias, que a vida na Terra pode ter "introduzida" por aliens!!!!!!!!!!, etc, etc.). O que dirão os seus colegas na Convenção Anual Ateísta?

Sei também que o Sr. PZ Myers ameaçou publicamente (no seu blog) ir "GRITAR" durante as ante-estreias do documentário. Felizmente não o deixaram entrar. O que acho ainda mais estranho é PZ Myers ter começado com criticas ao filme à muitas semanas atrás, quando nem sequer tinha visto alguma coisa dele. Deve ter sido peso na consciência, não?

Mas não vale a pena andar aqui às voltas com esta questão, porque, pelo que parece, é isso que a Rita gostaria que acontecesse. Só quis deixar aqui um pequeno testemunho em como os posts da Rita e Cia. nem sempre relatam a "verdade" dos factos.

O que é importante referir é que muitos pessoas ao invés de verem a Ciência como um MÉTODO de investigar o desconhecido, vêem-na, ou servem-se dela como veículo das suas CRENÇAS FUNDAMENTALISMAS, nem que para isso tenham de negar as evidências e os factos!

Durante as últimas décadas cientistas e renomados e insuspeitos investigadores como Pierre P. Grassé, Rosiene Chandebois, Michel Behe, Bruce Lipton, et.al, têm colocado em causa muitas das "expeculações" darwinistas. E ISTO É QUE É O PONTO CENTRAL. Reconhecer que os dados e as evidências parecem indicar um necessário questionamento sério da Teoria Darwinista da Evolução, em particular da Macroevolução, ou seja do surgimento ainda inexplicado (porque não assente em dados) das espécies.

E isto é algo que os cientistas ATEISTAS FUNDAMENTALISTAS não querem fazer - e percebe-se porquê: pela mesma razão que os cristãos fundamentalistas não admitem contestação à sua fé cega Imagino o que dirà a Igreja Portuguesa, e não só, sobre o (provavelmente) excelente livro "The Myth Of Nazareth: The Invented Town Of Jesus", da autoria de Rene Salm (para sossego da Rita, um ateu que até vai participar na Convenção Anual Ateísta). É que eu não tenho ABSOLUTAMENTE NADA CONTRA os ateus... tenho sim contra os fundamentalismos cegos.

Unknown disse...

Ah! O anónimo-que-não-é-criacionista acha que

cientistas e renomados e insuspeitos investigadores como Pierre P. Grassé, Rosiene Chandebois, Michel Behe, Bruce Lipton, et.al, têm colocado em causa muitas das "expeculações" darwinistas. e que Reconhecer que os dados e as evidências parecem indicar um necessário questionamento sério da Teoria Darwinista da Evolução

não é preciso dizer mais nada :)))) excepto deixar-se de tretas e dizer que não é criacionista :))))

as pessoas que refere só são "cientistas" renomados pelo rídiculo :) não por terem feito ciência.

O evolucionismo é a teoria científica mais testada da história da ciência. Não há qualquer dúvida sobre aquilo a que chama "macroevolução", discutem-se e investigam-se mecanismos, etc.. como é caracterizado pela ciência. Se não sabemos algo, estudamos, investigamos não dizemos que não vale a pena estudar que foi Deus.

Os IDiotas são uma corja de aldrabões e mentirosos, agitadores políticos e o anónimo fica certamente irritado por as suas tácticas de desonestidade intelectual serem tão.... infantis e transparentes.

E bolas, deixe de se referir ao evolucionismo como "expeculações" darwinistas.

Nos últimos 150anos a ciência evoluiu um bocadinho :) eu sei que o criacionismo não evolui mas não reconheça isso à ciência. Sabemos um bocadinho mais que há 150 anos e como tudo em ciência o evolucionismo evoluiu também.

Unknown disse...

gralha no último parágrafo. deve ser:

Nos últimos 150anos a ciência evoluiu um bocadinho :) eu sei que o criacionismo não evolui mas ao menos reconheça isso à ciência. Sabemos um bocadinho mais que há 150 anos e como tudo em ciência o evolucionismo evoluiu também.

Anónimo disse...

Decretado por unanimidade: a Rita merece um Honoris Causa em toda e qualquer Universidade. Falou e disse... façamos vénias!

Não sabia que, por exemplo, um Pierre P.Grasseé era renomado pelo rídiculo. Enfim... o fanatismo dá para tudo!

É pena que pareça apenas um pequeno papagaio da Palmira, e ela que nem precisa nada disso...

Unknown disse...

Caro anónimo:

Estva a referir Michael Behe et al (o et al devem ser os apóstolos do Discovery Institute)

Pelo menos Bruce Lipton e Pierre Grassé são evolucionistas. Como um dos penchants dos criacionistas para além da desonestidade intelectual é quote mining lá desencataram e deturparam umas citações deles para os apresentar como criancionistas que não são.

Grassé discordava (há quase 30 anos) de alguns mecanismos propostos e achava que se devia dar mais mérito às teorias de Lamarck, por exemplo.

Algumas coisas que Darwin propôs estão erradas: é essa a beleza da ciência, reconhecemos o génio do homem mas não achamos que ele seja infalível. Mal estaríamos aliás se não se tivesse evoluído do proposto por Darwin há 150 anos :)

Anónimo disse...

Agora sim Rita, parece que algum bom-senso lhe iluminou o pensamento.

Como vê, sem muito esforço e sem que lhe "caíssem os parentes na lama" não foi díficil a Rita conceder (ou perceber?) que não é preciso ser Criacionista para não concordar com o darwinismo (e ainda mais com muitas das expeculações neodarwinistas), assim como também se pode ser evolucionista e igualmente não estar de acordo com a Teoria da Evolução darwiniana.

O et al são muitos outros como, Michael Denton, Michael Cremo, Michel Lefeuvre (espero que a Rita não ache que haja aqui uma conspiração dos Miguéis!!!!) Rupert Sheldrake, Dean Radin, etc (julgo que não vale a pena explicar o etc.). E já agora, a crítica de Grassé ao darwinismo não era assim tão ligeira como pode parecer. Veja-se, por exemplo, dois livros de uma das suas seguidoras (e não apóstola) Rosine Chandebois: "L'embryon cet inconnu" e "Pour en finir avec le darwinisme: Une nouvelle logique du vivant".

Mas vejo que alguns no Renum Natura se consideram verdadeiros "apóstolos" de Dawkins e Cia na sua cruzada ateista contra os tais "apóstolos" (segundo a Rita) do Discovery Institute. Óptimo! É que isso no meu entender não é ciência, é sim fanatismo, fundamentalismo e CRENÇA CEGA!

É cair no mesmo erro dos cristãos, muçulmanos, e demais religiosos fundamentalistas.

Por tudo isso, também aplaudo os textos da Palmira sobre o Renascimento do Anti-intelectualismo, os absurdos do criacionismo, etc, desde que se esteja igualmente atento para que alguém na área científica não esteja a cair, sem querer, numa das "patologias" enunciadas por Thomas Kuhn no seu "The Structure of Scientific Revolutions".

Para bom intelectual meia palavra basta!!!

perspectiva disse...

1) Os criacionistas bíblicos não têm grandes objecções científicas ao livro Selfish Gene do Richard Dawkins, apesar de não concordarem com as extrapolações imaginativas do autor.

Trata-se aí de uma forma diferente de olhar para o velho fenómeno da selecção natural e ninguém nega a selecção natural.

Apenas se diz que ela vai gradualmente diminuindo informação genética pré-existente, pelo que nada tem que ver com a suposta evolução de partículas para pessoas.

A selecção natural pode ser observada todos os dias. O surgimento de espécies mais complexas a partir de espécies menos complexas nunca foi observado.

2) A interpretação literal do Génesis, aparentemente ingénua e infantil, é a única que realmente funciona teológica e cientificamente.

Ela foi a interpretação dos profetas, de Jesus, dos apóstolos, e da Igreja até ao século XX. Além disso, a vida, para existir, necessita da presença de simultânea de enormes quantidades de informação complexa, especificada e integrada.

Isso corrobora inteiramente a ideia criação instantânea. Os criacionistas chamam a atenção para o facto de que não há qualquer evidência da criação de informação genética nova, codificadora de estruturas e funções mais complexas, a partir de mutações aleatórias.

A informação é uma grandeza imaterial que tem uma origem imaterial inteligente.

3) As homologias entre as diferentes espécies não podem ser utilizadas como evidência contra o criacionismo, na medida em que elas podem ser interpretadas como evidência da existência de um Criador comum e não apenas e necessariamente de um ancestral comum.

A unidade da Criação testemunha a favor da Unicidade de um Criador.

4) O argumento de Richard Dawkins acerca da "complexidade" de Deus (e consequente improbabilidade), desenvolvido no seu livro The God Delusion, é absurdo.

De acordo com este argumento, se o Universo e a vida são altamente improváveis, por serem complexos, Deus só pode ser ainda mais improvável, por ser ainda mais complexo.

Qual é o ponto fraco deste argumento? É simples.

Ele supõe que Deus, à semelhança do que sucede com o Universo e a vida, é o resultado de combinações improváveis de matéria e energia. Mas Deus é o criador da matéria e da energia.

Assim, diferentemente do que se passa com o Universo e a Vida, Deus não é constituído por um conjunto de "peças" externas e independentes, de combinação altamente improvável.

Ele não é composto por matéria e energia pré-existentes, como sucede com a vida. De resto, a própria vida não é só matéria e energia, mas também informação, uma grandeza imaterial que não tem uma origem material, mas sim mental.

O DNA tem uma componente imaterial (informação codificada, código) e material (compostos químicos).

Ele é inteiramente consistente com a ideia de que um Deus sobrenatural criou a vida num mundo material.

Mas a vida não é só matéria e energia. Ela também é informação. E a informação não surge por processos naturalísticos. Pelo menos, tal nunca foi observado.

Deus não tem as propriedades da natureza. Deus é sobrenatural.

Ele é Espírito. Pelo que não faz qualquer sentido tentar averiguar estatisticamente a complexidade de Deus, como se ele fosse o resultado de uma combinação acidental de peças componentes (hipótese sobre a qual Dawkins chega mesmo a fantasiar).

Tentar comparar a probabilidade da existência de Deus com a probabilidade do Universo e da Vida é comparar grandezas qualitativamente incomensuráveis entre si, sendo que Deus é espiritual, eterno, infinito, omnipotente e omnisciente.

Em toda a sua aparente racionalidade, o argumento de Richard Dawkins manifesta toda a sua estultícia.

Considerando que este pretendia ser o argumento irrespondível e decisivo do livro The God Delusion, imediatamente vemos que se trata de um exercício de profunda ingenuidade intelectual, destituído de qualquer plausibilidade.

5) Que a evidência conclusiva de evolução de um primata para o ser humano era simplesmente inexistente mostram-no as correntes evolucionistas mais recentes, sustentadas entre outros por Aaron Filler, formado em Harvard, que vêm defender que, afinal, e contra o que se ensinou nos últimos 150 anos, foram os chimpanzés e os orangotangos que "evoluíram" a partir de hominídios que andavam erectos.

Trata-se da chamada "revolução do bi-pedalismo" através da qual se pretende deitar por terra tudo o que até agora tem sido ensinado.

Ora, se a "evidência" é compatível com as ideias contrárias de que o homem evoluiu do "macaco" e de que o "macaco" evoluiu do homem, então muito provavelmente ela é compatível com a ideia de que nem aconteceu uma coisa nem outra.


(veja-se: http://www.eurekalert.org/pub_releases/2007-10/plos-nfs100907.php)

Anónimo disse...

Bom, quando o Perspectiva diz coisas como:

"A interpretação literal do Génesis, aparentemente ingénua e infantil, é a única que realmente funciona teológica e cientificamente.

Ela foi a interpretação dos profetas, de Jesus, dos apóstolos, e da Igreja até ao século XX."


Está tudo dito!

A interpretação literal do Génesis é ilógica, mais-do-que-infantil, é fundamentalista, no mesmo nível daquela em que faz muçulmanos suicídas acreditarem que têm 70 virgens no céu à sua espera.


É por estas e por outras que eu compreendo as reacções da Rita, Palmira, Dawkins e Cia. Isto é, DE FACTO, anti-intelectualismo, pior, isto é crença cega e fanática!

Para acabar com este tipo de religião (fundamentalista) então, Sr. Dawkins, tem aqui alguém que lhe dará a mão!

Pena é que o Sr. Dawkins parece estar também a virar teólogo!

JD

Anónimo disse...

Eis o que disse o Sr. PZ Myers antes do episódio desagradável durante a apresentação de pequenas partes do documentário EXPELLED:

"… I will go see this movie, and I will cheer loudly at my 30 seconds or whatever on the screen, and I will certainly disembowel its arguments here and in any print venue that wants me. That’s going to be fun."

Isto está no blog preferido da Palmira!


Enfim...


JD

Abobrinha disse...

Palmira

Aqui é que bate o ponto:

"Eugenie, como todos os que estão fartos das desonestidades criancionistas, considera que «não é desapropriado darmos uma boa gargalhada às custas dos criacionistas». "

Eu ri-me, há uns 15 anos ou mais, quando li que se queria ensinar criacionismo nas escolas... nunca mais me rio de coisas sérias! O que é sério não é a validade científica do criacionismo, mas o facto de os criacionistas se levarem a sério. E de tanto se levarem a sério, tentam forçar os outros a levar-se a sério.

A ideia do debate não será colocar ao mesmo nível criacionismo e evolucionismo (aka Ciência). A ideia do debate é pôr à mesma mesa duas visões que se têm que levar a sério. O Ludwig fez bem em aceitar o debate, porque o oposto poderia ser levado como arrogância intelectual ou mesmo (e isso seria perigoso) uma confissão de culpa ("o tipo nem aceita discutir connosco porque sabe que não tem argumentos").

Ao mesmo tempo, creio que a igreja Católica se demarca de uma visão que não é a sua. E fá-lo com humor: o título da mesa redonda é uma provocação deliciosa e não uma declaração de intenções para o debate. E eu aprecio sentido de humor!

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