quinta-feira, 27 de março de 2008

Avião de papel espacial


A CNN informa sobre o último feito da tecnologia japonesa. Para quem quiser experimentar (na Terra) inclui-se um modelo de avião de papel retirado de um calendário de origamis.

Japan aims to launch paper plane in space
CNN - March 27, 2008 -- Updated 0514 GMT (1314 HKT)

KASHIWA, Japan (AP) -- Japanese scientists and origami masters hope to launch a paper airplane from space and learn from its journey back to Earth.

A prototype passed a durability test in a wind tunnel this month and Japan's space agency adopted it Wednesday for feasibility studies.

A successful flight from space by an origami plane could have far-reaching implications for the design of re-entry vehicles or space probes for upper atmospheric exploration, said project leader Shinji Suzuki, a professor at Tokyo University's Department of Aeronautics and Astronautics.

In a test outside Tokyo in early February, a prototype about 2.8 inches long and 2 inches wide survived Mach 7 speeds and boiling temperatures up to 446 degrees Fahrenheit in a hypersonic wind tunnel.

2 comentários:

Doktorcaligari disse...

É de facto um projecto bem empolgante.

Á partida, pode parecer difícil de imaginar que se possa lançar um simples avião de papel do espaço, e conseguir que este sobreviva à reentrada na atmosfera terrestre. Quem não se lembra ainda da recente catástrofe do vaivêm Columbia em 2003, que se desintegrou completamente ao entrar na atmosfera terrestre?

E no entanto, deverá ser possível, e podemos até perceber porquê utilizando alguma matemática elementar. Podemos então verificar que a reentrada de um avião de papel até é bem diferente de uma reentrada mais "clássica"...

De uma maneira succincta, a grande vantagem, a grande vantagem de um avião de papel é a sua extremamente reduzida carga alar (razão entre o peso do veículo e a área das usas asas). Este é aliás um conceito bastante conhecido dos aerodinâmicistas na àrea da aviação, e existem grandes vantagens em projectar um avião de carga alar reduzida.

Podemos abordar dois aspectos da reentrada de um avião de papel: a trajectória, e os fluxos de calor

1 Cálculo da trajectória de reentrada

tendo em conta o perfil de densidade da atmosfera terrestre:

\rho(z)=rho_0*exp(-b*z)

com rho_0, a densidade a nível do solo e b=1.4e-4, e z a altitude em metros.

A equação do movimento transversal do corpo de reentrada escreve-se:

m*V*d\gamma/dt=-1/2\rho*S*V^2*CD

com m massa do corpo, V a velocidade, \gamma o ângulo de reentrada, S a secção frontal do veículo e CD o coeficiente de atrito.

temos igualmente a relação:

d\gamma=CL/CD*dV/V

com CL o coeficiente de sustentação

onde se obtêm após integração:

\gamma=\gamma_i+CL/CDln(V/V_i)

durante a fase de reentrada, uma trajectória equilibrada implica

d\gamma/dt=0

O que permite deduzir o coeficiente de atrito que anula as variações de \gamma:

CD=2*m*g*cos(\gamma_i)/(\rho*S)*(1/V^2-1/(g*R_T))

com g força da gravidade e R_T o raio da terra

Finalmente obtemos a evolução da velocidade V em função da altitude z como:

V=V_i*exp(-\lambda\rho_0(exp(-b*z)-exp(-b*z_i)))

com

\lambda=S*CD/(2*m*b*sin(\gamma_i))

Uma reentrada desde orbita acontece para V_i=6 km/s e z_i=65km, \gamma_i=10º

Para um corpo de reentrada tipico temos os seguintes valores:

S=3m^2, m=1000kg, CD=1

Para o caso do nosso avião de papel temos de acordo com as notícias:

http://www.msnbc.msn.com/id/23827045/

S=300cm^2, m=30g, assumindo CD=1

Fazendo a matemática acima obtemos a figura reproduzida no link abaixo

http://aero.ist.utl.pt/~doktorcaligari/aviaopapel.png

A primeira vantagem de um avião de papel é assim o facto de a desaceleração ocorrer toda nas altas camadas da atmosfera terrestre, acima de 60 km. Dai para baixo, o avião apenas descerá tranquilamente, a velocidades próximas do zero.

2) Cálculo da transferência de calor para a estrutura do avião de papel

Globalmente, um veículo que é desacelerado de 6.5km/s a 0 (no solo) dissipa uma energia cinética de:

E=1/2*m*V^2

Uma parte dessa energia é transmitida para a superfície do veículo, pelo que se pode estimar, numa primeira aproximação, os fluxos de calor de reentrada analizando a razão entre a energia cinética dissipada e a àrea alar do veículo.

No caso de um Space-Shuttle temos:

m=95T, A=260 m^2, => E=2.6 tera joules, ratio=10 giga joules/m^2

No caso do nosso avião de papel temos

m=30g, A=300 cm^2, => E=843.750 joules, ratio=28 mega joules/m^2

E assim podemos verificar que os fluxos de calor durante a reentrada de um avião de papel será quase tres ordens de grandeza inferiores aos fluxos durante a reentrada de um space-shuttle.

Não precisamos portanto de complicadas, caras, e pesadas telhas de cerâmica. Uma "simples" folha de papel basta...

3) Aspectos práticos

No entanto, para sermos 100% sinceros, há que admitir que a nossa atmosfera é perfeitamente capaz de "chamar um figo" a um simples avião de papel que nela esteja reentrando. Uma folha de papel não é assim tão resistente afinal de contas...

É por isso que este avião de papel não é um avião qualquer. Este modelo em particular é fabricado de papel de cana de acucar, revelando-se assim bem mais resistente ao calor, vento, e àgua. Ademais, este papel irá sofrer um processamento adicional, sendo coberto de uma fina camada de sílica que o tornará mais resistente ao calor

Afinal de contas, o processo global, incluindo uma fase de projecto, uma fase de desenho (com um nariz aredondado para afastar a onda de choque e diminuir os fluxos de calor), e uma fase de validação em instalações terrestres, acaba por ser quase identico aos processos multidisciplinares que são actualmente empregues para o desenvolvimento de veículos espaciais de reentrada tripulados.

No fundo, e por muito incrível que pareça, este avião de papel acaba por ser um parente muito próximo dos nossos veículos de reentrada tripulados.

Anónimo disse...

soa os atrasados nao
bale nada seus atrazados e so cara gastar
folhas

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