domingo, 16 de março de 2008
As ilusões do ateísmo militante
Vale a pena ler o artigo de John Gray publicado no Guardian. Apesar de ter conter algumas falsidades (Espinosa não era um místico, por exemplo), concordo em grande parte com as suas críticas ao missionarismo ateu -- e ignorante -- de Dawkins e outros.
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12 comentários:
"Espinosa não era um místico, por exemplo"
O que o autor escreve é:
« and Benedict Spinoza, a Jewish rationalist who was also a mystic.»
Espinoza não era apenas um místico.
«Religion has not gone away. Repressing it is like repressing sex, a self-defeating enterprise. »
LOL
Eu gosto de ler o Dawkins. Okay, é um bocadinho exagerado nalgumas coisas mas também que fazer num país com chanfrados religiosos como estes? E isto é uma amostra de três dias, imaginem o que é levar com fanáticos destes décadas a fio....
Bishop accuses gays of 'conspiracy' against the Catholic Church
A Catholic bishop has accused the gay community of leading a “conspiracy” against Christianity by allying itself with Holocaust survivors.
Outro compara livros de ateus, como o Dawkins, a livros de negação do Holocausto
Ban anti-Catholic books in schools, says bishop
A Roman Catholic bishop has likened books which criticise the teachings of the Church to works that deny the Holocaust took place.
The Rt Rev Patrick O'Donoghue, Bishop of Lancaster, told MPs that books critical of the Catholic faith should be banned from school libraries.
e mais esta, também no Guardian:
Beauty ad banned after Christian outcry
A TV ad campaign featuring lingerie-clad women praying for beautiful hair has been banned
The Advertising Standards Authority received a total of 23 complaints, including one from the Archdeacon of Liverpool, objecting that the ads were offensive to the Christian faith.
O tão ofensivo anúncio pode ser visto aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=dyZDD0yccQI
Com fanáticos como estes a cada canto não admira que o Dawkins ache que a religião é a raiz de todo o mal :)))
Uma coisa concordo com o John Gray; o Onfray é de longe o meu favorito :)))) o seu o Tratado de Ateologia, em português (Edições Asa com tradução de Francisco Oliveira) é simplesmente fabuloso.
A síntese da obra de Onfray, escrita pelo próprio diz tudo: «Os três monoteísmos, animados pela mesma pulsão de morte geneológica, partilham uma série de desprezos idênticos: ódio à razão e à inteligência; ódio à liberdade; ódio a todos os livros em nome de um só; ódio à vida; ódio à sexualidade, às mulheres, ao prazer; ódio ao feminino; ódio aos corpos, aos desejos, às pulsões. Em vez de tudo isso, o judaísmo, o cristianismo e o islão defendem: a fé e a crença, a obediência e a submissão, o gosto pela morte e a paixão do além, o anjo assexuado e a castidade, a virgindade e a fidelidade monogâmica, a esposa e a mãe, a alma e o espírito»
Concordo com esta parte do texto de Gray:
Refreshingly, Onfray recognises that evangelical atheism is an unwitting imitation of traditional religion: "Many militants of the secular cause look astonishingly like clergy. Worse: like caricatures of clergy."
Não tenho pachorra para prosélitos, sejam eles prosélitos da fé ou da não fé. Para mim cada um é livre de acreditar no que quiser desde que não chateie e queira obrigar toda a gente a seguir as patetadas em que acredita.
Para mim o ateismo nunca é militante, mas opiiões à parte,se de facto ele existe é porque a padralhada foi e sempre será uma data de aldrabões, corruptos, e parasitas da sociedade, possuem uma sede de poder que admiraria até ao proprio satanás caso ele existisse de facto e não tivesse sido uma invenção medieval dessa mesma padralhada.
O ateísmo grosseiro de Dawkins é muitas vezes tão dogmático quanto os religiosos que ele critica. É engraçado perceber que ele defende um cientismo burro pautado por algumas palavras que são repetidas como "mantras" em sua cruzada anti-religiosa: evidência, nós da razão, método científico, etc. Mas discordo da idéia de que o ateísmo pode ter provocado tantos males quanto a religião e que a religião em si mesma não é algo prejudicial: o ateísmo é apenas a ausência da crença na existência de deus, não é normativo. É claro que pode ser defendido como uma fé dogmática, como quase tudo. A religião,por outro lado, toma como pressuposta a fé e tem códigos morais bem definidos e respostas pra tudo.
Dizer que há cientistas brilhantes que foram religiosos não é um contra-exemplo à idéia de que a religião é um obscurantismo, porque eles são excessões. O cotidiano é marcado pela imposição da religião e isso é péssimo pra sociedade: quem gosta de discutir temas de ética prática deve saber como é complicado discutir com um padre, ou mesmo um religioso comum. Eles simplesmente sabem a verdade e vc tem que aceitar as conclusões como se fosse uma verdade óbvia.
O desintérico anda com inveja...
Senhor desintérico, faz favor! :-)
Com preguiça de ler o artigo inteiro, li só o começo...
A few years ago, it was difficult to persuade commercial publishers even to think of bringing out books on religion. Today, tracts against religion can be enormous money-spinners...
... e o final:
John Gray's Black Mass: Apocalyptic Religion and the Death of Utopia will be out in paperback in April (Penguin)
Num sentido completamente contrário ao seu comentário, pareceu-me interessante a seguinte apreciação de Peter Smith ao artigo do Gray.
Aqui fica um vídeo que ilustra bem o fanatismo de Richard Dawkins:
http://www.youtube.com/watch?v=IHRkMcVrt2w&eurl
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