quinta-feira, 20 de março de 2008

A alvorada do Homem


Arthur C. Clarke, o genial escritor de ficção científica de quem já falámos diversas vezes no De Rerum Natura, faleceu terça-feira em Colombo, no Sri Lanka.

Quando se fala de Arthur C. Clarke é incontornável falar da obra com que marcou o nosso imaginário. Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke conheceram-se em 22 de Abril de 1964, no restaurante Trader's Vic, do Plaza de New York. Como relata o próprio Clarke no livro «Mundos Perdidos de 2001», o director propôs uma parceria a Clarke para um projecto ousado e inédito na história do cinema. Kubrick queria a colaboração de Clarke para O filme de ficção científica que reescreveria a história do género. Um filme que tratasse da relação do Homem com o Universo e que, nas palavras de Kubrick, fosse:

«uma experiência visual, que se desviasse do campo das palavras e penetrasse directamente no subconsciente com um teor emocional e filosófico... uma experiência subjectiva intensa, que atinja o espectador num nível profundo de consciência, exactamente como a música faz... Um filme que deixe o espectador livre para especular como quiser sobre o sentido filosófico e alegórico do filme»

«2001: A Odisseia no Espaço» foi tudo o que os seus autores desejaram e talvez tenha ultrapassado as suas expectativas: sem sombra de dúvidas um dos melhores filmes de ficção científica de sempre, é igualmente um filme que despertou em muitos nós um fascínio inegável pela história evolucionária do Homem. A cena de abertura do filme, magistralmente acompanhada pelo poema sinfónico de Richard Strauss, «Also Sprach Zarathustra» (Assim falou Zaratustra) baseado no livro homónimo de Friedrich Nietzsche, atingiu certamente o nível profundo de consciência de muitos e estou certa que mesmo 40 anos depois da estreia a sua visualização continua uma experiência marcante.

1 comentário:

Luís Bonifácio disse...

Estranho alguém conhecida pelas suas posições jacobinas e anti-clericais se reveja num filme em que "deus" é o principal prtogonista, como criador (Europa) ou como tendo dado aos antepassados do homem o dom da inteligencia.

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