sábado, 22 de março de 2008

Uma estátua para Giordano Bruno


A propósito da estátua de Galileu no Vaticano, alguém falou de uma estátua para Giordano Bruno (1548-1600), o filósofo que morreu na fogueira da Inquisição no Campo dei Fiori em Roma. Acontece que uma estátua dedicada a ele foi há poucos dias inaugurada em Berlim, na Potsdamer Platz. É seu autor o artista berlinense, nascido em 1973, Alexander Polzin. Feita em bronze, com seis metros de altura, a estátua representa Bruno de pernas para o ar, com os dedos das mãos e dos pés a imitar chamas. Antes de Berlim, essa peça esteve em frente à Universidade da Europa Central, CEU, em Budapeste (na foto).

4 comentários:

Anónimo disse...

Mas já há uma estátua de Giordano Bruno no Campo dei Fiori...

Unknown disse...

Desde 1889 que há uma estátua de Giordano Bruno no Campo dei Fiori que muito irrita os papas: está mesmo debaixo dos narizes dele.

Qundo foi inaufurada, o papa Leão XIII, sofredor, passou o dia todo de jejum aos pés da estátua de S. Pedro. A imprensa católica falou de “orgia satânica”, descrevendo a manifestação da inauguração como o “triunfo da sinagoga, dos arquibandidos da Maçonaria, dos chefes do liberalismo demagógico”, “o máximo da ignorância e da malignidade anti-clerical”.


A estátua irritou tanto a igreja que o seu carrasco, o cardeal Bellarmino, foi canonizado em 29 de Junho de 1930.

Em 1929, Mussolini, depois de ter assinado a concordata “Patti Lateranensi”, foi qualificado pelo papa como “o homem da providência”. Em 1932, o ditador recebe das mãos do papa a Ordem da Espora de Ouro, a mais alta distinção concedida pelo Estado do Vaticano.

Essa bela harmonia vai resistir mesmo ao momento de tensão causado pela estátua de Giordano Bruno. O papa aproveita a concordata para pedir ao seu amigo ditador que destrua a estátua de Bruno erigida em 1889. O ditador declara à Câmara de Deputados que “A estátua de Giordano Bruno, melancólica como o destino desse monge, ficará onde ela está”. Para mostrar o seu repúdio e que não se arrepende de nada a Igreja canoniza então Roberto Bellarmino, o acusador de G. Bruno, nomeando-o “Doutor da Igreja”.

Anónimo disse...

Ainda será preciso mais para se dar conta da desfaçatez, da hipocrisia, da imposturice e falsidade da ICAR?

Aqualung disse...

Eu não sabia que o acusador de Giordano Bruno tinha sido canonizado pela igreja e que seja considerado "doutor da igreja".

Mas faz sentido.

O importante é nunca esquecermos Giordano Bruno e a sua coragem.

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