Sobre esta trapalhada em que o Ministério da Educação se meteu sobre a avaliação dos professores, queria deixar um curto comentário.
Não discuto a necessidade da avaliação porque ela praticamente não existe apesar de ser indispensável a todos os níveis para a melhoria da qualidade do ensino: os professores, as escolas, os governos têm de ser avaliados. E, ao contrário de outras vozes, acho que uma avaliação deficiente é preferível a avaliação nenhuma.
O problema é que o esquema que está previsto - e que por várias razões provoca a repulsa dos professores e de outros cidadãos - nem sequer é uma má avaliação. Não é avaliação nenhuma. Não passa de uma burocracia confusa e mal-pensada, feita à pressa e para ser feita à pressa. Não tem nada a ver com a escolha e recompensa dos melhores, que exige ponderação independente do mérito num clima tranquilo. De resto, o "eduquês" sempre fugiu da avaliação como o diabo da cruz...
quarta-feira, 12 de março de 2008
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4 comentários:
Bom senso. Apenas isso se torna necessário para pronunciar um juízo acerca de um dos muitos problemas que as (aparentes) soluções da ministra encerram. Um exemplo tirado das tabelas que têm origem no Ministério da Educação:
C.1 - Promoção de um clima favorável à aprendizagem, ao bem-estar e ao desenvolvimento afectivo, emocional e social dos alunos.
Esta referência é nada mais do que um dos critérios de referência para avaliar um docente(!!!!!). E o avaliador vai atribuir classificação de 1 a 5 ao docente avaliado. Contratado, já agora!
Brilhante (aparente) solução!
Saudações,
Luís Vilela.
Isto é no que dá quando se quer fazer qualquer coisa do pé para a mão - coisas mal-pensadas e sem nexo.
Mas tanto quanto enxergo, por cá, já é habitual tentar tapar buracos com pensos rápidos e estes acabam sempre por descolar em alguma ponta.
Pessoalmente gostava de entender a invocação permanente que o Prof. Carlos Fiolhais faz do "eduquês" como se neste, qualquer que ele seja, residissem todas as causas das maleitas de que sofre o nosso sistema educativo. As nossas taxas de insucesso são elevadas? A culpa é do “eduquês”! Os nossos alunos são ignorantes? A responsabilidade é do “eduquês! As nossa escolas são mal geridas? É no “eduquês” que devemos procurar as raízes do problema. A invocação do “eduquês” tornou-se numa espécie de mantra que é repetido ad nauseum sem conseguir explicar coisa alguma.
E já que falou no “eduquês” a respeito do modelo de avaliação de desempenho proposto para os professores por esta equipa ministerial, inicialmente investida de grandes esperanças por alguns “opinion makers” nela viam a determinação que outrora tinha faltado, perguntava-lhe de que modo o “eduquês” (qualquer que seja o significado que lhe atribui) teve influência na proposta apresentada pelo ME e que desencadeou um protesto monumental por parte dos professores.
Depois de vários anos fora do país, ao qual não pretendo regressar - e desafio já todos os jovens como eu a enviar currículos para o estrangeiro -, permitam-me que acrescente. Um dos grandes problemas de Portugal é ser um país de vigaristas e chicos-espertos. Não é nem o Eduquês nem nada do género. A palavra é Vigarice. Claro que corro o risco de incluir muitos que não o são. Corro o risco de me incluir a mim. Mas eu, por alguma razão fiz força para sair e saí... para um país escandinavo claro.
Meus amigos, Portugal é uma vigarice pegada a começar nos que mandam e decidem claro.
Há muito emprego por esse mundo fora a gritar por pessoal especializado... tentem a vossa sorte. Pior não é de certeza.
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