quinta-feira, 20 de março de 2008
Agressão nas escolas portuguesas
Todos os dias há uma agressão a um professor nas escolas portuguesas, em média. Este é apenas um desses casos. Notícia do Público, aqui.
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18 comentários:
Segundo o discurso do eduquês devemos compreender estes jovens e as suas carências (sendo que por carências nunca se entende carências de conhecimento, de rigor e exigência). Não vão faltar estas análises inaceitáveis, como parece que já aconteceu na SIC com uma doutora da compreensão pos moderna do eduquês.
Rolando A
Caro Rolando:
Desde Pasteur se sabe que não há geração espontânea. Fujo a citar-me a mim próprio. Todavia, no meu post "Sementes de Violência" (11 deste mês) tento apresentar a etiologia do fenómeno, apresentando possíveis causas. A escola passou a ser uma violência para quem se está borrifando (passe o plebeísmo) para aprender o quer que seja. O Rolando apresenta outras causas. Muitas mais haverá, mas a principal me parece ser a ânsia de apresentar percentagens estatísticas de "êxito" que nos coloquemem em boa posição em confronto com os outros países europeus, da terra de D.Quixote aos Eurais. Seria interessante que o rol aqui aventado por si e por mim pudesse ser enriquecido com mais testemunhos de professores e pais. E porque não de alunos que sentem o látego da violência física na própria pele e no seu dia-a-dia?
e que tal falar português, para variar?
Não acredito no filme! Só pode ser montagem, é tudo a fingir! Não dá para ver? Basta estar com alguma atenção à linguagem usada na peça...
Nem comento! A única pessoa que tem idoneidade para comentar esta (felizmente não única) pérola é a Ministra da Avaliação (além, claro, dos seus braços direitos).
Estamos no bom caminho, mas ainda são poucos os professores agredidos para termos uma posição confortável em termos estatísticos! A estatística não é válida apenas para o número de "canudos" que se geram por ano...
Enquanto não houver sangue, em vez de apenas palavras e uns meros empurrões, nunca estaremos no pelotão da frente!
Viva Portugal!
Lembram-se quando, há algum tempo, a TV mostrou as imagens de uma câmara oculta?
E lembram-se da reacção oficial - a condenação por «violação de privacidade» (apesar de as caras dos artistas terem sido ocultadas)?!
E quando, mais recentemente, o PGR decidiu privilegear a luta contra a violência nas escolas e a senhora ministra, em vez de concordar (ou, no mínimo, estar calada), achou por bem vir a público "desvalorizar"?
Mas sosseguemos pois, algures, um imbecil qualquer já deve estar a tratar de criar um 'grupo de trabalho' - ou uma "task-force", para usar o 'português' de alguém bem nosso conhecido.
A situação está longe de ser nova e inédita. Já há largos anos que ouço relatos em primeira mão de alunos que se gabam de chamar nomes e fazer 30 por uma linha aos professores e sairem impunes.
A minha experiência como docente mostrou-me turmas muito atinadinhas e fantásticas, mas também, turmas com elementos altamente problemáticos que constantemente estavam a ir para a rua com falta disciplinar. Nessas turmas havia um problema:
Esses alunos não distinguiam o recreio da sala de aula. Era tudo uma arena, um campo de batalha.
E isso, sim, é que precisa de ser repensado.
Pobre dessa aluna se o professor fosse eu...
A notícia que atrás refiro (em que a Sra. Ministra, em Novembro passado, se permitia minimizar o problema, desdizendo o PGR) pode ser vista [aqui].
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A edição portuguesa do livro «Civilidade Pueril», que Erasmo escreveu há uns bons 5 séculos, custa apenas €5,49 e devia constar em qualquer biblioteca digna desse nome - mesmo "mini". Destina-se, além do mais, a educar os "encarregados de educação".
Nela, e como o próprio título indica, se referem as bases de uma educação infantil e juvenil considerada adequada para os padrões da época.
Ora o espantoso é que, passados tantos anos, a grande maioria daquilo a que chamamos "normas de convivência" ou de "boa educação" ainda estão actuais.
São coisas tão simples como «não cuspir para o chão», «não mastigar com a boca aberta», «não rapar o molho da travessa», «fazer as necessidades recatadamente»... etc, etc.
A única falha a apontar à obra é a falta de um capítulo sobre o uso de telemóveis nas salas de aula - mas ninguém é perfeito...
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Tipo Puta da Velha
... e a malta estava atrás do pavilhão de Educação Física a fumar uma broca e a beber vodka e o Dogas disse tipo e se a malta fosse a uma aula para variar a malta gosta da escola mas não gosta é das aulas mas é fixe de vez em quando ir à aula e era a setora Joaquina a malta já meteu a puta da velha no hospital bué da taimes com esgotamentos tipo nervosos e eu fui mais atrasada porque o Dogas nunca mais se vinha mas quando cheguei a puta da velha ainda tava tipo a tentar que a malta descesse das mesas para poder dar aula era o que faltava escreve o sumário no quadro e já goza eu e a Vanessa 'táva-mos a mandar sms para o Pata de Urso e o Picaretas tínhamos tipo combinado ir ter com eles atrás do pavilhão porque a setora Joaquina avisou a malta que não podia falar ao telemóvel tipo a malta começa todos com os telemóveis a tourear a velha para ver se a mandávamos para o hospital outra vez e a velha dá-lhe uma cena e tira-me o telemóvel e o Dogas começa a filmar e o Pestinha a dizer que era o Easter Fight e a velha tava a passar-se totil e a velha quase tipo caia no chão e pusémos na net tipo 9ºC em grande e agora até passou nos noticiários e a velha vai ser tipo castigada e é bem feita e a minha mãe já foi à escola partir os cornos à puta da directora porque o telemóvel é meu e é bem feita vai outra vez para o hospital para aprender a não gamar telemóveis e já apareci no jornal e na televisão a gritar "dáááááá-me o telemóóóóóóveeeelll!!!!" bué fixe agora o meu perfil no hi5 vai ser tipo mais visto tipo se calhar vou ser a porca do mês no hi5 porcas e vou sacar mais gajos e quando a velha vier do hospital leva mais nos cornos alta cena o meu pai já me deu outro telemóvel por eu ter-me portado tão fixe e o vídeo tá em http://www.youtube.com/watch?v=srDBa5fleZM.
O Fim da Minha Carreira!
Hoje fui para a escola ainda com mais custo que o habitual. É dia de 9ºC e toda a turma parece apostada em dar cabo do que resta da minha saúde. Se não tivesse filhos para criar já me tinha suicidado. Com um pouco de sorte pode ser que os piores não vão hoje. Estou a tremer. Tomei mais um Victan.
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As aulas com o 8ºA e o 9ºB não foram das piores, porque já estamos na Páscoa e metade deles faltaram. Só apanhei com uns paus de giz, um ou outro avião de papel e uma sapatilha All Stars preta. Era do Chanca, que é filho de um traficante de drogas que vem sempre armado falar com a Directora de Turma. Devolvi a sapatilha e disse "Tome, Senhor Chanca".
Nem me chamaram muitos nomes. Só o costume: "puta de merda", "velha dum cabrão", "vaca" e pouco mais.
Não consegui dar matéria, como é habitual. Uns falam ao telemóvel, outros jogam nas Playstation Portable, outros lêem revistas de wrestling e de tuning.
Dantes podíamos chamar alguém do Conselho Directivo, mas agora ralham connosco e acusam-nos de não sabermos dar aulas.
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O 7ºD foi pior. São mais novos e ainda não se entretêm muito com os jogos e as revistas. Os do nono ano, com um bocadinho de sorte, até vão fazer sexo para a arrecadação da sala e dão-nos um bocadinho de descanso... Estes estão naquela fase em que gostam de andar a passear por cima das mesas, a saltar pelas janelas e a entrar outra vez pela porta da sala, esse tipo de coisas...
Andar por cima das mesas ainda é como o outro... Como me rio agora quando me lembro da primeira vez que um aluno andou por cima das mesas. Foi na altura do Governo do Guterres. Mandei um recado para casa e apresentei queixa à Directora de Turma. Tive sorte! Os pais da aluna fizeram queixa, mas dessa vez só apanhei um processo disciplinar do Ministério, por não saber manter a ordem na sala. Não me bateram nem nada!!!
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O Presidente do Executivo ia a passar e viu alunos a saltar pela janela. Estou em sarilhos. Vou ter avaliação negativa por não saber manter a ordem. Deu-me também uma descompostura por eu ter mandado um aluno para a rua com falta disciplinar. Disse-me que o bom professor é persuasivo e não usa medidas de coacção bárbaras. Tomei mais um Victan.
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Neste intervalo apareceu o pai de uma aluna que queria falar comigo. Deu-me dois estalos por eu a ter repreendido, por ela estar a atirar cadeiras pela janela e por ter acendido uma fogueira na sala de aula. Ainda tentei dizer que ela trouxe garrafas de vodka na mochila e deu a beber aos colegas todos, mas ele disse-me que o vodka está pago e não é da minha conta. Só deitei um bocadinho de sangue pelo nariz. Tomei mais um Victan.
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A aula do 7ºB foi ainda pior. É de tarde e eles já estão a ressacar. Ai como era bom, dantes, quando se mandavam 28 recados para casa por aula, tantos quantos os alunos, e se preenchiam 28 participações... Não se dava aula, mas ainda não levávamos na tromba nem tínhamos avaliações negativas por não sabermos manter a ordem...
Os alunos estavam muito agitados, mesmo para os padrões deles. Tanto que eu queria ter explicado o que são rochas magmáticas... Há anos que não explico matéria nenhuma. Passo as aulas a tentar que não me batam muito e escrevo umas coisas no quadro.
Eles andavam ao estalo uns aos outros, a fazerem corridas e a ensaiarem coreografias dos Morangos com Açúcar. A maior parte ainda nem sabe ler bem, mas se eu der muitas negativas tenho mais um processo disciplinar e corro o risco de ir para a rua, e com esta idade já não me aceitam como empregada do McDonalds. Talvez como mulher de limpeza, mas tenho duas hérnias discais e alguns parafusos nos ossos das pernas, por causa das sovas que tenho apanhado. Tomei mais um Victan.
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Estou no limite das minhas forças. 50 horas por semana na escola, mais os serões e fins de semana agarrada a grelhas, avaliações, planos individuais, actas, processos disciplinares, participações, contactos com os Encarregados de Educação, registos de faltas, relatórios de apoio pedagógico acrescido, planos de acompanhamento, acções de formação, feitura de horários e turmas, currículos alternativos, estabelecimento de critérios e obejectivos colectivos e individuais, mais a organização da defesa dos processos disciplinares que me põem por não saber manter a disciplina, têm dado cabo de mim. Sem contar com as idas ao hospital e as estadas nas clínicas psiquiátricas e na ginástica de reabilitação.
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No intervalo estive coma Coordenadora a receber instruções para retirar os telemóveis aos alunos que insistissem usá-los nas aulas. Tomei mais um Victan...
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Entrei na aula do 9ºC e reparei que eles vinham ainda mais bêbados e pedrados que o habitual. A Sónia Pinto pôs-se a abanar o telemóvel em frente à minha cara e avisei-a repetidamente que não o podia usar. Pôs-se a telefonar e a mandar mensagens, enquanto ria e debitava obscenidades para um tal Pata de Urso. Avisei-a mais uma vez, enquanto o resto da turma ria e gerava o caos total. Ela pôs-se a refilar, como é seu hábito e a dizer que não era só ela, que a Vanessa Gomes também estava a fazer o mesmo. Eu não vi, pois a Vanessa costuma passar boa parte das aulas por baixo das mesas dos rapazes...
Com receio de levar mais um processo, retirei-lhe o telemóvel. Ela até nem gritou nem me bateu muito. Consegui sobreviver ao resto da aula, e até expliquei umas coisas no quadro acerca da fotossíntese! O Alexandre Andrade estava com os fones postos e o chapéu de basebol para os olhos, brincava com a ponta e mola, olhava para as moléculas do ATP e dizia que eram iguais aos bichinhos que ele tem no cérebro. E ria-se.
Tomei mais um Victan.
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Hoje à noite tenho que procurar forças para tomar um banho e lavar a cabeça. Estou esgotada. Vem aí a semana das reuniões de avaliação. Temos todos que fingir que os alunos se comportam bem e que aprendem alguma coisa, ou a perseguição do Ministério intensifica-se.
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Os alunos disseram-me que filmaram a cena do telemóvel com a Sónia. Estou perdida! É o fim da minha carreira! Os pais vão-me crucificar! O Conselho Executivo também! O Ministério também! Estou em pânico. Não sei se apresente participação ou não. Há anos que não as apresento, porque para redigir todas precisava de umas 8 horas por dia pelo menos, e ainda era acusada de não saber manter a ordem. Não sei o que faça. Os Victans já não fazem efeito.
Os meus filhos! Os meus filhos! O que será deles?
João Carlos
Este é o resultado da ciência falhada da educação que na verdade é uma mistura de ideologias que os políticos seguem como se de uma verdade demonstrada se tratasse...
E os telemóveis, mais as dependências (e problemas psiquiátricos!) que pelos vistos causam, não são problemáticos?
1ª regra do tecnologuês: «Nunca culpar a tecnologia.»
Adelaide Chichorro Ferreira
Eu gostaria mesmo de assistir a sra. d. ministra da educação perante um cenário ao qual muitos dos professores já se habituaram. Não desejo mal a ninguém, mas quem julga que possui a poção mágica para resolver todos os problemas deveria fazer mais trabalho de campo.
Não sei o que é uma turma de 20 galfarros do 9º ano com telemóvel ligado numa aula. Mas deve ser horrível, tal como é horrível que isso aconteça num concerto. Já agora, não se esqueçam das questões de energia, que não são despiciendas. O Spiegel desta semana fala no contributo nada negligenciável da net para os gastos actuais de energia. E não me admira que assim seja, só de olhar para as dependências geradas com tudo isto, na malta jovem e não só!
Mas aplique-se a tal 1ª regra do tecnologuês e ficamos todos outra vez contentinhos, não é verdade?
Ai aquele vidrado meticuloso da concentração. O cheiro frio do silêncio pela manhã. Nada de cor, nada de sound. Talvez apenas um escaravelho a passar no meio da palha.
Adelaide Chichorro Ferreira
O Estatuto do Aliuno deveria prever, para actos de indisciplina, a pena de multa, pena esta - obviamente - a ser paga pelo encarregado de educação. Porque, em boa verdade, a Escola e os seus professores não podem efectuar todo o trabalho de educação de menores - a formação pessoal deve ser feite por quem tem essa obrigação, nos termos do Código Civil: o representante legal do menor, no caso, o seu encarregado de educação.
Boa tarde Tenho uma questão para vos por. Recentemente tem havido varias queixas de professores contra alunos, e quando são os alunos a ter reclamações? como fazer? A directora de turma do meu filho disse a turma para quando levassem telemóveis para as aulas para em cada aula que entrassem desligarem o telemóvel e a seguir o entregar a respectiva professora, o meu filho não costuma levar o telemovel para a escola mas quando e preciso como foi da ultima vez levou-o, acontece que ele entrou na aula desligou o telemovel e entregou a professora que por sua vez o pôs em cima da secretária,como era uma aula de evt foi-me dito pela professora que andavam todos em pé, tocou para o intervalo e o meu filho saiu ,ia a meio do corredor e lembrou-se voltou para traz e a prof já não sabia do telemovel, foi chamada a directora de turma mas o telemovel não apareceu mais, dei queixa na policia . Agora ninguém se responsabiliza pelo desaparecimento do telemovel , será que foi o meu filho o responsavel por ter acatado a ordem da professora? Será que fui eu que nao o eduquei bem? Será que o meu filho fez mal em acatar as ordems dos professores? Pareceme que sim!! depois dizem que os miudos sao mal educados !! quando sao bem educados e fazem o que lhes mandam fazer nao se responsabilizam pelas coisas !!! sres prof: tenham atençao quando falam mal dos alunos porque existem prof que tambem nem mereciam estar a dar aulas....
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