Em Setembro do ano passado, o governo sudanês bombardeou algumas (poucas) aldeias ainda não destruídas no norte de Darfur. Estes ataques foram um braço de ferro de Cartum, que exigia a saída da força de paz da União Africana e rejeitava peremptoriamente o envio de uma força de paz da ONU. O presidente sudanês, Omar al-Bashir, pediu mesmo «uma mobilização popular e militar» e «que os campos de treinos sejam abertos a todos os que são capazes de levar armas para enfrentar qualquer ingerência» das organizações internacionais. Advertindo que o governo sudanês atacaria os corpos de paz da ONU se estes fossem enviados para Darfur.Um dos milhões de sudaneses negros nos campos de refugiados, na sua esmagadora maioria mulheres e crianças, neste caso no campo de Tawila, lançou então um apelo: «Nós imploramos à comunidade internacional, a alguém, venham e salvem-nos».
Os apelos não foram ouvidos. E agora via Kontratempos descubro que o governo do Sudão está a usar aviões disfarçados como sendo da ONU ou da União Africana para bombardear o que resta das populações negras de Darfur.
Desde Fevereiro de 2003 que Darfur - zona ocidental do Sudão, fronteira com a Líbia e o Chade - praticamente desapareceu dos noticiários internacionais, não obstante ser palco de um conflito que muitos consideram genocídio.
É necessário que o mundo reconheça a catástrofe humanitária, o genocídio de dimensões que só empalidecem face ao Holocausto, em curso em Darfur. Para sensibilizar e mobilizar a opinião pública internacional, graças a uma parceria entre o Museu Memorial do Holocausto dos EUA e o Google, é possível aceder no Google Earth ao mapa das atrocidades em Darfur. Façam-no e façam barulho por Darfur!
7 comentários:
Olá professora Palmira
Em primeiro lugar quero agradecer-lhe a resposta ao meu comentário no post "Consciência feminista II" e pedir-lhe que me desculpe mas da mesma forma que trato os médicos, advogados e outros licenciados por doutores e engenheiros, mesmo fora das salas de aula, trato sempre os professores por professores (é a minha forma de reconhecer a importância que o vosso trabalho tem para a evolução da humanidade, e que nem sempre é reconhecido).
Concordo absolutamente consigo e acho que é dever de todos indignarmo-nos e fazermos o máximo barulho possível para que esta e outras tragédias terminem de uma vez por todas. Se queremos ser coerentes e que nos levem a sério quando mostramos preocupação com causas e valores como os Direitos Humanos, a liberdade, o ambiente, etc., não podemos deixar de pressionar os que mandam no mundo e de lhes lembrar que quem lhes patrocina a agenda somos todos nós. Digo isto porque o tema Darfur saiu à muito da agenda dos políticos e, já agora, da dos jornalistas também. É uma pena que a voz de deus que o presidente Bush ouve de vez enquanto, não lhe chame a atenção para o apelo desesperado que aquelas mulheres e crianças fazem ao mundo, e que não lhe diga que pode fazer muito mais e melhores negócios mantendo as pessoas vivas, em paz e com saúde, e não mortas, como acontece quando a grande aposta é o negócio das armas.
Espero que haja mais comentários, pois eles também são uma forma de "barulho" muito eficaz, os políticos de vez enquanto também os lêem e se formos muitos...
Pergunto aos visitantes do blogue que acham que este espaço deve ser apenas para assuntos sérios, se este assunto não tem seriedade suficiente para o poderem comentar?
guida martins
Cara Palmira
Colin Powell ouviu. Bush, mesmo sendo o .....que é, ouviu também. Ambos caracterizaram o "conflicto" como genocidio (o que implicaria, no conselho de segurança, à obrigatoriedade da intervenção das forças das NU. O Sudão, que outrora foi a casa de um senor chamado Obama, recusou e ameaçou represálias, como escreves (e muito bem).
Uma iniciativa nobre, Palmira!
abraço
É paradoxal que como sociedade demos a alguns o previlégio de aniquilarem sem sequer o referirmos: Tibete, Ruanda, Sudão...
A Palmira está enganada. Os habitantes do Darfur são, na sua maioria, e sempre foram, muçulmanos. Não há, pois, neste caso, qualquer discriminação por parte do governo sudanês em relação a habitantes supostamente não muçulmanos do país.
É preciso ter em conta que há no Darfur uma rebelião armada contra as autoridades centrais. É normal que o governo central combata tal rebelião. Uma intervenção externa no problema não poderá deixar de ser encarada como um apoio à rebelião.
Não quero com isto dizer que não haja no Darfur um problema humanitário muito grave. Mas não é para mim líquido que se deva intervir, ou como. E é para mim claro como água que as origens desse problema não são religiosas.
Luís Lavoura
incrível como o luís lavoura sabe coisas que mais ninguém sabe. a onu devia contratá-lo como perito. o luis podia então explicar ao mundo todo, que está convencido erroneamente do contrário, que a população negra de darfur é muçulmana.
e por isso não se pode intervir em darfur...
Olá a todos e os mais sinceros parabéns por este fantástico blog.quem estiver interessado neste grave problema humanitário pode consultar a página http://www.savedarfur.org/
Que chatice os americanos não irem para lá tentar controlar a situação. Assim não teremos quem criticar no futuro. :(
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