quarta-feira, 6 de abril de 2011

A POLÉMICA SOBRE A AVALIAÇÃO DOCENTE

“Contestar a ideia de um certo homem ou defendida por um certo homem não é insultar esse mesmo homem: sabe-se isto no mundo inteiro e só se desconhece neste país” (António Sérgio, 1883-1969).

A avaliação dos professores é um assunto que tem feito correr muita tinta e criado polémicas em que parece ninguém se entender ou se querer entender.

Em inglória tentativa de querer fazer crer que, ao contrário de outras profissões em que há, por exemplo, bons e maus médicos, bons e maus sapateiros, assiste-se, aqui, a uma espécie de sindicalismo utópico, ou mesmo selvagem, porque, como diria Ortega y Gasset, “odeia os melhores”, fazendo-se, com isso, defensor de uma carreira docente única que não encontra paralelo em nenhuma outra parte do mundo.

Uma insólita singularidade que tanto se lhe dá como se lhe deu que uns tenham estudado mais e outros menos ou que os docente menos habilitados se pudessem ter reformado na flor da idade, ao 52 anos, e se exigisse aos mais habilitados a pena de mais quatro anos de serviço. Valha-nos, ao menos, isto: embora não tantos como Jacob serviu Labão, pai de Raquel.

Para esta espécie de doutrina sindical, que não distingue os que fazem da docência uma espécie de sacerdócio e outros um simples modo de vida, todos os professores são havidos como excepcionais, apenas com a diferença de uns serem mais excepcionais do que outros. Por outro lado, nunca se ouviu a voz dos prejudicados directos de tanta fartura, que leva a opinião pública a dela desconfiar, a levantar-se contra esta espécie de simulacro de avaliação. Somente, quando ocorreu a divisão entre professores titulares e professores tout court, aí sim, levantou-se um coro quase uníssono, aliás justíssimo, a discordar publicamente que professores de menor habilitação avaliassem professores mais habilitados.

Claro que no sistema de avaliação proposto por Maria de Lurdes Rodrigues e continuado por Isabel Alçada, sob a batuta de José Sócrates, que sob a avaliação deve sofrer do síndrome de uma avaliação feita por fax, “foi pior a emenda do que o soneto” ao transformar os professores em simples mangas-de-alpaca , escravizados, como escreveu Karl Marx, em carta a Engels, por “teólogos do Estado que fazem do Estado a sua propriedade privada, com recurso ao espírito de segredo, mantida por uma hierarquia que se protege do exterior pela sua natureza de corporação fechada”. E acrescentou Karl Marx: “A actividade criticamente científica aparece a esta burocracia ignorante, mas poderosa, como uma traição aos seus interesses, já que a autoridade é o princípio do seu saber e a idolatria da autoridade é a sua mentalidade”.

Mas esta desastrosa situação não justifica, de forma alguma, comentários insultuosos, falhos de qualquer ética que deve presidir a uma profissão que, no dizer de Pierre Bordieu, deveria ser o primeiro dos ofícios, dominada por um ódio visceral contra todos aqueles que defendem uma avaliação docente que não seja um simulacro de avaliação (em que, numa inversão de papéis, o avaliador de hoje passa a ser o avaliado de amanhã) ou uma avaliação em que conte uma discutível auto-avaliação com o penoso preenchimento de resmas de papel, afastando, com isso, o docente do seu verdadeiro mister: ENSINAR.

Isto é, só através de um sistema de avaliação dos professores, capacitando-o para bem distinguir o respectivo desempenho docente, se poderá pôr cobro à situação de Portugal se ter tornado, servindo-me de uma expressão de João Lobo Antunes, “num país de carreiristas”. Razão encontro, também, em Eça: “Deixemos no bengaleiro a nossa perpétua inclinação nacional de escutar odes – e entremos só com a tendência humana de resolver problemas”.

Salvo melhor opinião, a solução de uma avaliação séria dos professores deverá passar, também, pela criação de um corpo inspectivo devidamente habilitado e isento para não sofrer a influência diária do meio escolar em que as personagens avaliadoras e avaliadas convivem no seu dia-a-dia com as inerentes simpatias ou antipatias pessoais em reflexo de inclinações partidárias ou de qualquer outra natureza.

Esta uma mera opinião pessoal (e como é sabido, as opiniões valem o que valem) ou mesmo atrevida, mas segundo julgo, merecedora de reflexão por parte de quem estuda estes problemas com conhecimentos profundos de causa e razões devidamente fundamentadas. Mas nunca com a intenção subserviente de servir os desígnios políticos da tutela que vier a ocupar a 5 de Outubro ou de uma nefasta ditadura sindical.

21 comentários:

João Oliveira disse...

Esta é uma opinião sensata. O problema é que um corpo de inspetores competentes custa dinheiro. Por isso se tentou este simulacro de avaliação com recurso à prata da casa. Se funcionasse era o ovo de Colombo: servia a propaganda do regime e não se gastava muito dinheiro numa coisa de qualidade.

Fartinho da Silva disse...

Alguém acredita que este governo estivesse minimamente preocupado em premiar os melhores professores? Havia apenas e só dois objectivos:
1º poupar dinheiro;
2º ganhar votos.

Esta "avaliação" docente significou, como quase sempre neste país, começar a casa pelo telhado. Os resultados estão à vista.

Fartinho da Silva disse...

Caro Rui Baptista,

Quando temos um país que paga de igual forma a educadores de infância, professores do 1º ciclo e professores dos 3º ciclo e secundário, acho que está tudo dito.

Isto não é um país, isto é cada vez mais um sítio muito mal frequentado.

Rui Baptista disse...

Acabo de ler reproduzido no blogue brasileiro, "Contra a raison d'étad", do Professor universitário Roberto Romano da Silva, este meu post com a seguinte nota introdutória: "Um assunto que também nos toca..e muito. As soluções? No Brasil, avaliações ao modo de Margaret Tatcher tem desgraçado o ensino, a pesquisa...

Ou seja, cá como lá, más fadas há.

Cumprimentos gratos pela transcrição.

Joana disse...

Concordo em absoluto.

Apenas dois acrescentos: uma reavaliação dos cursos de base (há licenciados com 5 anos de curso e licenciatura+mestrados com igual nº de anos), cursos das ESES (quem está por dentro afirma que correspondem a 12º mal tirado), especializações... se queremos ser sérios não podemos partir do falso pressuposto de que todos temos a mesma formação de base, como os sindicatos pretendem fazer creer.

2º - Prova de acesso à carreira, como se faz nos melhores colégios privados.

3º - Atualização permanente, dentro da área de ensino do professor.

Haja rigor e não seremos desrespeitados.

joão boaventura disse...

Caro João Oliveira

Quando diz que

"O problema é que um corpo de inspetores competentes custa dinheiro."

o problema está aí. Porquê ?

Porque o Estado aposta em esbanjar dinheiro em coisas supérfluas, ou megalómanas, mas, quando chega
à configuração escolar, que é a base e o ponto de partida para o conhecimento, aí, retrai-se e tem um grande prurido em atribuir fundos.

O problema da avaliação é um deles. Independentemente da subjectividade avaliativa, o que o Estado pretende é deixar de aumentar os vencimentos, de tantos em tantos anos, a todos os professores, na mesma medida em que pretende deixar de pagar a avaliação dos professores às provas nacionais.

O Estado encontrou no âmbito escolar o foco do mal, e das dívidas soberanas, para poder desbaratar fundos na criação e multiplicação de empresas públicas, para conceder verbas fabulosas a administradores que não são avaliados senão pela cor do partido, porque são eles que conseguem manter o poder do Grande Irmão.

A Escola não proporciona instrumentos que mantenham o Grande Chefe no seu trono. Durante toda a minha vida de estudante tive, como toda a gente, bons e maus professores, mas sentia-se que os bons professores contagiavam os maus professores, e o equilíbrio do ensino, mantinha-se a um nível aceitável.

A falácia da avaliação empolada até à putativa exaustão, deve ser desmistificada, como já por várias vezes se tem aqui exaurido o tema, porque, com ela o Estado pretende tornar invisível o seu poder destrutivo do sistema escolar, com uma agressividade nunca vista para o corpo docente.

O Estado, pela sua iniquidade, criou milhares de universidades e escolas politécnicas, facilitou entradas e saídas, e colocou na engrenagem escolar um sem número de professores impreparados, não por culpa deles mas pelo facilitismo, do que resultou o superavit de professores e concomitante excesso de desempregados, sem colocação possível.

Dizia Adorno, quanto ao Estado: "A miséria subsiste. Como outrora. Eliminá-la completamente, não podes. Mas vais torná-la invisível." (Mínima moralia,2003: 77).

Talvez possamos parafrasear Adorno, nestes termos:

O mal do sistema escolar subsiste. Como outrora. Eliminá-lo completamente, não podes. Mais vais torná-lo invisível.

A avaliação é o instrumento que pretende tornar invisível o mal do sistema escolar instalado, com o assento das culpas bem vincado nos professores que o Estado produziu em excesso, e de cuja abundância se vangloria impunemente.

Fez o mal e a caramunha – fê-los para dizer mal deles.

Rui Baptista disse...

Prezado Fartinho da Silva:

É sempre com o prazer de rever um companheiro de luta, por um Ensino digno e dignificado, que leio os seus comentários (desta feita, o de 6.Abril; 15:54).

Através deles, descortino “Razão - buscando inspiração em Eça, o imortal Eça dos meus livros de mezinha de cabeceira - , e madura, ou na fácil véspera de amadurecer. E nelas próprias só vejo precisão, limpidez e ritmo, que são qualidades de e das melhores”.

Ou seja a razão que levou um poeta da pátria de Racine a criticar o facto de “haver ratos em cima do telhado e pássaros na cave”, dando guarida a que qualquer mudança estrutural que queira pôr os ratos na cave e os pássaros no telhado promova um coro sindical em manifestações de rua de se estar a tentar ir de encontro a direitos adquiridos. Direitos adquiridos em nome de uma igualdade entre desiguais? Como nos diz a canção de Edite Piaff, “c’est la vie” Mas uma vida nada cor-de-rosa mas negra, porque negra é qualquer forma de injustiça.

Anónimo disse...

realmente a avaliação de professores é o que de mais urgente há...
como se pode perceber por esta notícia dos jornais de hoje:
Um professor foi agredido por um aluno, há uma semana, no interior da Escola Secundária de Bocage, tendo sofrido traumatismo craniano e sido transportado para o Hospital de S. Bernardo pelo INEM para receber tratamento. A PSP esteve no local e elaborou a participação da ocorrência. Segundo «O Setubalense» apurou o docente permanece em casa com atestado médico e o aluno continua a frequentar as aulas. De referir que até à passada sexta-feira o professor ainda não tinha apresentado na PSP queixa contra o estudante.

Rui Baptista disse...

Rectificaçã: Na 2.ª linha do penúltimo §,onde escrevi mezinha, rectifico para mesinha.

Rui Baptista disse...

Meucaro João: Bater no Estado dá um grande prazer, mas existe o perigo de auto-flagelação porque o conceito de Estado engloba o conjunto das instituições: governo, forças armadas, funcionários públicos, etc. Por esse facto eu substituiria a palavra Estado por governo, ou melhor governos que têm dirigido os destinos da Nação de há décadas para cá.

Socorrendo-me de um artigo de opinião num jornal de referência, “os jovens (…) precisam de saber como foram enganados e, mais precisamente, por quem. Foram enganados pelos governos de Portugal, desde um homem nefasto que se chamava Veiga Simão (e que, segundo ele, ‘democratizou’ o ensino no tempo de Marcelo Caetano) até Isabel Alçada e ao inefável Sócrates, passando por cada um dos discípulos do sobredito Veiga (Vítor Crespo, Roberto Carneiro e Marçal Grilo) e por dezenas de senhores que em trinta anos mandaram na economia e que pediram insistentemente mão-de-obra ‘qualificada’, como se na mão-de-obra ‘qualificada’ estivesse o fundamento de todo o progresso” (Vasco Pulido Valente, “Público”, 12/03/2011).

Recordo-lhe, meu caro João, que o estatuto da carreira docente (única) foi promulgado por Roberto Carneiro, então ministro da Educação, sob forte pressão de trinta associações docentes: sindicatos, associações profissionais, etc. Ou seja, tem o ensino andado a reboque dos sindicatos ou em luta constante com os sindicatos e, como se sabe, quando o mar bate na rocha… o mesmo vale dizer que quem se lixa, passe o plebeísmo, é o ensino e os seus agentes mais qualificados: aqueles que mais queimaram as pestanas na esperança de que o seu esforço seria devidamente recompensado.

Isto porque, como escreveu o professor universitário italiano Mario Perniola, “há sempre uma caterva de ingénuos prontos a escrever a história da última idiotice, a solenizar as tolices, a encontrar significados recônditos nas nulidades, a conceder entrada às imbecilidades no ensino de todas as ordens e graus, pensando que fazem obra democrática e progressista, que vão ao encontro dos jovens e do povo, que realizam a reunião da escola com a vida”. Este “status quo” mais se agrava quando a esses ingénuos se associam os que têm a tarimba de anos e anos de experiência da verdadeira arte em conceder entrada no ensino a todo e qualquer indivíduo em igualdade de direitos sem paridade de deveres!

Rui Baptista disse...

Caro anónimo (18:20): No caso que relata encontrar fundamento para a não urgência de uma avaliação docente “comme il faut” parece-me bastante forçado. Como sabe há profissões que exigem determinadas condições psíquicas para que possam ser convenientemente exercidas e aqui entraríamos no domínio de uma prova de acesso à docência que parece não ser do agrado daqueles que preconizam que o simples diploma obtido numa universidade de impoluta respeitabilidade ou numa universidade de pechisbeque é prova suficiente. Mas não é!

Daqui, a pergunta: por que será que um mesmo aluno tem comportamentos diferentes em função dos respectivos professores? Não me detenho numa análise subjectiva, por falta de elementos do que verdadeiramente se passou e, por maior motivo, falta de conhecimentos especializados para entrar no insondável mistério do comportamento humano.

Em consequência, o relato que aqui é feito da ocorrência leva-me, apenas, a estar solidário contra qualquer forma de agressão física, seja ela por parte do aluno na pessoa do professor ou por parte do professor na pessoa do aluno. Nunca para entender que a avaliação docente possa ser secundarizada e, muito menos, ser adiada para as calendas gregas. Não pode, nem deve!

José Batista da Ascenção disse...

Caríssimos:

Li o texto de entrada e os sucessivos comentários e nada mais tenho a acrescentar, excepto felicitar e agradecer.

Joana disse...

Caro Sr.Rui Baptista

Nada justifica a violência, concordo. No entanto, os estatutos não podem nem devem ser iguais, sob pena de se misturarem os papéis. Os alunos têm de respeitar regras e uma das mais importantes é respeitar o Professor para que possam aprender. Claro que entre o respeito e o medo vai uma linha que parece, por vezes, demasiado estreita, mas isso é outro paradigma... Todavia,o respeito é um valor em si mesmo que não pode ser negado, numa sociedade tão carente de referenciais humanistas.

Rui Baptista disse...

Prezada Joana: Quando há concordância de ideias as discussões tornam-se, aparentemente, mais despiciendas. Embora o não sejam!

1. Na verdade, acrescenta a Joana a esta temática o facto de às licenciaturas universitárias antes de Bolonha (a.B.) não ter sido dada equivalência imediata aos mestrados depois de Bolonha ( d..B.). Uma autêntica aberração ou mesmo um verdadeiro escândalo quando a antigos cursos médios foi dada uma equivalência, ainda que “stricto sensu”, a antigos bacharelatos mesmo que universitários. E para assumir foros de um escândalo, ainda “mais escandaloso”, logo foram criadas escolas, ditas superiores, para venderem, em meia dúzia de meses, uma licenciatura (?). “Para tudo isto, como escreveu Eugénio Lisboa, os sindicatos têm dado uma eficaz mãozinha, não raro, intervindo, com desenvoltura, em áreas que não são nem da sua vocação nem da sua competência”.

2. A prova de acesso à docência seria uma forma de separar o trigo do joio, absolutamente de acordo consigo. Mas logo encontra forte oposição de medíocres que se acobertam à sombra de uma ignorância que diplomas que não valem um caracol furado pretendem escamotear, embora qual gato com a cauda de fora.

3. Novamente de acordo consigo. A actualização dos professores deve ser feita dentro da área específica da disciplina leccionada e, se possível, pelos estabelecimentos de ensino que lhes outorgou o respectivo diploma. Proceder de outra forma, dá azo a que essa formação assuma o papel de querer ser aquilo que não é. Já lá vai o tempo em que as meninas prendadas, em puro diletantismo, falavam francês e tocavam piano. Essa meninas, quando adultas, se forem professoras de Francês devem actualizar os seus conhecimentos de Francês e não em Música. Se forem professoras de Educação Musical devem actualizar os seus conhecimentos em Música e não em Francês. Será isto tão difícil de entender? Para certos bestuntos que têm nas mãos as rédeas da Educação parece ser. Ou mesmo ser!

Anónimo disse...

Caro Rui Baptista:
por que será que um mesmo aluno tem comportamentos diferentes em função dos respectivos professores?
porque é que os "melhores" professores ficam com as turmas da classe média/alta e os professores "menos bons" ficam com as turmas da classe média/baixa?
porque é que as boas turmas têm 15 alunos e as turmas ditas problemáticas têm 28?
porque é que alguns professores têm aulas só de manhã, dia livre, e etc e outros têm todos os dias de manhã, de tarde e depois ainda têm as turmas de projectos de delinquentes ao fim da tarde de sexta, quando a escola está quase abandonada, ou seja, o professor fica à sua sorte?
porque é que os professores ditos bons, na realidade fecham os olhos e os ouvidos à falta de educação?
Prova de acesso: 100% de acordo se for para toda a classe docente e não só para alguns.
Diferenciação dos cursos e das instituições que os conferem: 100% de acordo.
avaliação, porquê anual (ou até menos, dependendo da duração do contrato) para os contratados e de 2 em 2 anos para quem está nos quadros?
e que sentido faz avaliar rigorosamente os professores quando os alunos passam com 8 negativas?
Avaliação de professores é tão urgente quanto dar credibilidade à escola e à certificação que confere.

Anónimo disse...

O problema é que na avaliação se dá muito pouca ou nenhuma importância aos conhecimentos e actualização científica do professor. Isso é secundário. Para mim avaliação tem sido preencher fichas e impressos (o que faço por frete e porque sou obrigado) e inventando frases bacocas para responder a perguntas idiotas (como: demonstre que há coerência entre as metodologias e os objectivos). Para responder a isto eu (e os meus colegas) inventamos frases sem pés nem cabeça e que dão vontade de rir. Depois com a papelada fazem dossiers que arrumam no...raio que os parta. Por acaso eu gosto de estudar...mas a avaliação não gosta que eu estude. Pouca sorte a minha quando escolhi esta porcaria de profissão.

Rui Baptista disse...

Prezado José Batista da Ascenção: Mentiria se dissesse não estar a estranhar o seu silêncio por desabitual.

Grato pelo seu comentário.

tempus fugit à pressa disse...

de um corpo inspectivo devidamente habilitado e isento para não sofrer a influência diária

ou seja mais burocratas

que irão fazer no campo educativo

o que a ASAE fez aos chineses

se forem tão eficientes vão sobrar poucos ....

a qualidade de um professor e do seu ensino não é estática....

que o diga Fernando Barriga vaiado pelos alunos durante uma peroração

mesmo os que em tempos foram bons professores perdem qualidades

então quando chegam a catedráticos....

joão boaventura disse...

Caro Rui

Como o Adorno é da Escola de Frankfurt, tal como Jurgen Habermas, e Norbert Elias, e como ele diz que

"o Estado não consegue eliminar a pobreza mas torná-la invisível",

e, considerando que Adorno morreu em 1969, não posso transmitir-lhe o erro de ter escrito "Estado", em vez de "Governo".

Não estava em discussão esta premissa mas não me repugna entrar nela e, para simplificar, apenas posso dizer que, o meu caro amigo Rui, perfilha a concepção de Estado preconizado por Hobbes, enquanto da minha parte optei pela de Habermas.

Um abraço.

Rui Baptista disse...

Meu Caro João:

Obriguei-me a rever o meu comentário a que alude neste seu comentário (7.Abril; 17:00), e sosseguei possíveis remorsos.

Escrevi: “Bater no Estado dá um grande prazer, mas existe o perigo de auto-flagelação porque o conceito de Estado engloba o conjunto das instituições: governo, forças armadas, funcionários públicos, etc. Por esse facto eu substituiria a palavra Estado por governo, ou melhor governos que têm dirigido os destinos da Nação de há décadas para cá".

Ou seja, na perspectiva que persegui sobre a responsabilização directa do estado caótico a que chegou o sistema educativo foi uma opção pessoal minha escrever governo em vez de Estado.

Mal sabia eu que me estava a fazer prosélito de Hobbes. Fiquei a sabê-lo agora, e fico-lhe por isso agradecido, sem sombra de ironia que a nossa velha Amizade não consente e o meu atrevimento, se fosse essa a minha intenção, se tornaria imperdoável.

Por esse facto, e só por esse facto, não poderia ter passado sequer pela cabeça que, o meu bom amigo João, tivesse cometido o “erro”, como escreveu, e deixou assumido por si, de ter escrito “Estado” em vez de “Governo”.

Ou seja, como funcionário público, aposentado do Corpo Especial de Professores, estaria eu, agora com toda a propriedade, a assumir para mim próprio uma culpabilização em nome das inúmeras tutelas da 5 de Outubro dependentes directas de inúmeros governos. Culpabilização que julgo não me assentar, de forma alguma!

Um abraço amigo.

Rui Baptista disse...

Prezado anónimo (7 Abril; 01:25):

Num aspecto estamos ambos de acordo, quando escreveu: "mesmo os que em tempos foram bons professores perdem qualidades".

Ora esta desmotivação é o reflexo de uma sociedade em que o mérito cedeu lugar ao demérito. Para mim, tão simples como isto...

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