domingo, 18 de dezembro de 2011

Voltaremos?

Um estudante de mestrado pergunta: voltaremos a uma situação em que quem queira estudar não o possa fazer por dificuldades económicas?

A palavra voltaremos não pode deixar de inquietar. Foram precisos muitos séculos para que o Ocidente reconhecesse o direito à escolaridade de todos, independentemente da sua condição ou característica distintiva, e que firmasse nas Constituições dos diversos países a obrigatoriedade e a gratuitidade do ensino obrigatório.

Parecem ter sido precisos escassos anos ou meses para pormos a hipótese desse direito declinar.

Essa pergunta foi feita antes de ter sido notíciada a fome que professores gregos detectam em muitos alunos. Quando a fome emerge e se instala a educação de todos já está em grande perigo.

PS: Um leitor indica-nos esta notícia sobre situação semelhante em Portugal.

12 comentários:

Maresia disse...

Não é preciso irmos para a Grécia!
http://aeiou.expresso.pt/querido-pai-natal=f695156

José Batista da Ascenção disse...

Resposta ao estudante de mestrado:

- Já voltámos.

Anónimo disse...

Conheço alguns casos de alunos em que a única refeição é a que tomam na escola. Se a tiram, ficam sem comer. Muito dessas situações são detectadas e remediadas pelas Câmaras e juntas de freguesia. Quem fala destas autarquias de cátedra, a maior parte das vezes fala sem saber de quê.
Xico

Anónimo disse...

É assustador. Não percebo grande coisa desta confusão, mas andamos todos a comprar no cinês sem percebermos que estamos a dar poder a impérios que não respeitam os direitos humanos. O ocidente fez grandes conquistas civilizacionais que estão a ser postas em causa num fechar de olhos. Enquanto vamos colmatando a fome das nossas crianças, o resto da população, a quem o comer ainda não faltou na mesa, faz orelhas moucas e, levada pelo desespero da impotência?, festeja tudo e mais alguma coisa, impondo como regra a cumprir religiosamente apresentar-se aos outros sempre de sorriso feito. Surgem por todo o lado espiritualidadezecas, num compadrio insuportável, a diagnosticar karmas e afins que resultam na transmissão dum sentido de resignação. Ignóbil despostismo não esclarecido, funcional e eficaz. Somos peixes ou somos pessoas? Como mudar o rumo desta lava de conformismo que permite esta auto-gestão governamental generalizada, antípoda das necessidades das pessoas e do planeta?

the revolution of not-yet disse...

A fome é assis a modos que propaganda

que desmaiar com fome quando a tensão baixa é raro...e convenhamos que nem em Moçambique nem na Somália desmaiavam de fome e quando chegavam ao marasmo nem sequer chegavam à escola

e em Portugal as filas andam grandes nas distribuições

e mesmo em cabeceiras de basto e em Tondela há supermercados para a malta ir pilhando e hortas cheias de comezaina

que há falta de dinheiro para comprar comida isso há...mas casos de fome em Portugal

só aqueles ucranianos que morreram de fome com vergonha de pedir

aqui os caixotes de lixo ainda não têm a clientela do tempo do Soarismo
ai sim havia fome da grossa....

e mesmo essa era menor do que a dos anos 50 ou mesmo dos anos 60...

the revolution of not-yet disse...

agora quanto às dificuldades económicas serem impeditivo...o Tomás Taveira só tirou o curso depois de anos a trabalhar

e tal como ele milhões de outros pelo mundo fora tiveram direito a trabalhar para poder pagar um curso (que implica alojamento e alimentação muitas vezes...porque os alunos não querem ficar nas universidAdes lá do Burgo
ir para o poiatécnico de castelo Branco eu?

eu quero ir para uma universidade de jêto

logo esse alarmismo é um pouco prematuro

quando voltarmos ao escudo isso certamente

(ou os 3 milhões da 3ª idade passam fome ou os 900 mil dos 6 aos 16 têm ensino gratuito e com almoço
vai depender dos votos
é queste país nunca produziu suficiente pão....
e cá a malta come muitos hidrates de carbonária

António Pedro Pereira disse...

Mas ao mesmo tempo em que esta tragédia se está a desenrolar, as elites da gestão do coisa pública e da economia usufruem benesses imorais.
Dizem os comentadores de serviço nos «media» (e são tantos a pedirem sacrifícios aos outros) que se trata de «peanuts» (cortar essas pensões duplas, triplas, chorudas, imorais), que não poupa quase nada.
É provável.
Talvez no mundo da sabedoria popular encontremos resposta para este descompasso nos seguintes ditados:
«Faz o que ele diz, não faças o que ele faz;
«À mulher de César não basta parecer, é preciso ser séria».
Há mais, mas por estes dois me fico.

Esta apologia da crise disse...

A crise vende jornais e blogues, quanto mais hiperboles às crises mejor...

Uma crise estrutural num país sem futuro

Plano de contingência para evacuar 50 mil ingleses do cavaquistão soaristado

É fundamental incrementar a crise

Há 300 mil gregos mortos de fome e 20 milhões com carências alimentares etc...

Esta apologia da crise disse...

Mas ao mesmo tempo em que esta tragédia se está a desenrolar....

a prosa desce ao nível de o Horror a Tragédia

parece o discurso do Albarran

há 7 mil milhões de pessoas e 5 mil milhões delas querem mais
os restantes 2 mil milhões cedo ou tarde se adaptam
ou temos de massacrar essses ingratos....

the revolution of not-yet disse...

Na tradição natalícia adeviamos fazer umas cruzadas e rebentar com a concorrência

em 1914-1918 e 1939-45 foram estratégias de sucesso

Buíça disse...

Também na casa de cada um é esse o resultado quando gastamos mais do que conseguimos pagar...
Que ao menos nos sirva de lição para não confiarmos tanto em charlatões. A fome é a conta. Espero para a próxima pensemos mais nela durante a fase da despesa insustentável.

Anónimo disse...

Voltaremos????
Nunca saímos completamente, meus caros. Mas, há quem viva não sei em que país. Pensam então que os 60% de abandono escolar que ocorria ainda antes da conclusão do 9.º ano (valores que não têm uma década) eram apenas consequência da "preguicite" aguda dos alunos?

Agora, que não faz mal trabalhar para estudar, não faz e que não faz mal deixarem de gastar rios de dinheiro em bebida, nas queimas e nos concertos, também não faz. Pelo contrário, pode ser que haja mais valorização da escola, da educação e do muito dinheiro que todos investimos através dos nossos impostos.

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