Em continuação de outros poemas de Eugénio Lisboa - que muito nos têm honrado com a sua já vasta e muito preciosa colaboração neste blogue -, publicados, respectivamente, nos posts “Poemas de Eugénio Lisboa sobre Gigantes da Física” (25/11/2010) e “Alguns Poemas de Eugénio Lisboa” (06/12/2011), extraídos do seu livro “O Ilimitável Oceano” (Quasi Edições, 2001), transcrevem-se quatro novos poemas:
Empédocles
Julgava-se um deus?
Pensavam que o era?
Com argumentos seus
e o uso de uma esfera,
ao ar deu existência.
Mostrando o invisível,
na sua transparência,
ele disse o indizível:
crê só na experiência.
E teve morte ardente,
saltando à lava quente.
Teodoro, o Engenheiro
A Teodoro, modesto engenheiro,
nenhum monumento se dedicou.
Contudo, o esquadro de carpinteiro,
o nível, a chave, o torno – inventou,
e também o aquecimento central,
a régua, a fundição em bronze e tanta
outra humilde invenção, essencial
depois que se inventou. Mas glória, quanta?
Ptolomeu
Como todos, sou mortal:
minha vida é um dia.
Mas quando sigo, fatal,
no céu que nos alumia,
a multidão das estrelas,
em seu curso circular,
sinto, deslumbrado nelas,
meus pés, no chão, levantar.
Bartolomeu Dias
Dobrado o Assombro, foi que tu viste.
não ser o mar diferente. Então, voltaste.
Desflorado o mistério, não existe
motivo para novo esforço: cessaste.
Na imagem: fotografia de Eugénio Lisboa.
3 comentários:
"A poem a day keeps insanity away"
Não sei onde li esta frase, mas subscrevo.
HR
Adamastor, sumindo está das margens
a derrota antiga que outra é a hora.
Que, para explicar o error Luso,
mais que um error divino será de uso.
E, nessa atitude consciente e irónica de querer zombar diante do conhecido e sabido sentido da História, Frei Ioannes Barabatus não deixa de clamar:
Vejo quanto não vejo ou ver não quero
por temor de que o visto se suceda
obrigado a existir no tempo zero
de onde por futurá-la não se arreda.
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