sábado, 24 de dezembro de 2011

As maravilhas da natureza e a Humanidade

Tive a honra de receber o vigésimo primeiro postal de Boas Festas do Professor Jorge Paiva, botânico da Universidade de Coimbra.

O postal, em papel, tem, como sempre, fotografias e texto original em versão portuguesa e inglesa e intitula-se As maravilhas da natureza e a Humanidade. Com a devida vénia, aqui o reproduzo:


"A época natalícia, celebrada pelos cristãos como um acontecimento esplendoroso, recordo sempre muitas das maravilhas da Natureza que tive a felicidade de observar, como, por exemplo, o parto de uma elefanta africana (Loxodonta africana) em plena selva. Já estive em regiões naturais de avassaladora beleza, plenas de diversidade, como por exemplo, as florestas equatoriais (pluvisilva) de todos os continentes, o Pantanal da América do Sul, as savanas da África Oriental, os mangais da América, África, Ásia e Austrália tropicais.

Em algumas regiões, além da elevada biodiversidade, tem-se ainda a oportunidade de ver seres invulgares e outros de desmedidas dimensões, como enormes elefantes, árvores com 6.000 toneladas de biomassa, como um exemplar de Sequoiadendron giganteum, vagens de uma momosácea (Entada pursaetha) com cerca de 2 m de comprimento, sementes com cerca de 20 Kg (Lodoicea mldivica) e folhas de um “nenúfar” de limbo flutuante com cerca de 2 m de diâmetro (Victoria amazónica e Victoria cruziana).

Recentemente, tive a oportunidade de estar num dos maiores centros de biodiversidade da América Central (Costa Rica) e observar aí dois seres invulgares de rara beleza: uma borboleta da asas transparentes (Greya oto) e um feto trepador, cujo limbo foliar por ter uma única camada de células de espessura, as folhas são transparentes (Trochomanes elegans). Também existe me Portugal, embora extremamente localizado, um feto desses (Vadenboschia speciosa).

Muitas destas maravilhas estão protegidas, não apenas pela sua raridade ou esplendor, mas porque a sobrevivência da humanidade só é possível desde que na “Gaiola Global” (Globo Terrestre) onde vivemos, existam as outras espécies que a habitam. Não é pela beleza ou invulgaridade que temos de preservar as outras espécies do Globo, mas porque sem elas não sobrevivemos.

Façamos votos para que durante a época festiva do final de ano, em que, regra geral, se come exageradamente, nos recordemos que toda a comida (o nosso combustível) é de origem vegetal, animal e de outros sertes vivos (leveduras, por exemplo). Isto é, sem os outros seres vivos (biodiversidade) não comíamos, não nos vestíamos, não tínhamos medicamentos, lenha, petróleo (o crude é de origem biológica), bebidas (exemplo, cerveja, vinho, cidra), fibras, energia eléctrica."

J. Paiva, 2011.

7 comentários:

António Piedade disse...

Também tive a oportunidade de receber por mãos próprias este singular postal de Natal, com que o Jorge Paiva contribui para disseminar a sua sapiência. É pena que a colecção completa dos cartões não cheguem a mais gente, a toda a gente.
Eu, depois de pedir autorização, estou a divulgar que existem. São um tesouro da nossa cultura.

maria disse...

Presente de natal à maneira , De Rerum !! graciñas. que post tão lindo , simples e sábio. obrigado Mestre ( o Mestre não é de grau académico , é do que tem para ensinar ao mundo..) Jorge Paiva. e fiquei com saudades do Felix Rodrigues de la Fuente. não percebo pq teve de morrer com tanto que eu ainda queria dele . e nenhum sucessor à vista. mistérios do cosmos , só pode.
Boas festas para todos que por aqui andam e escrevem.

Regina disse...

Adorei tudo!!!!!!!!!.
Inteligente, direto, textos ótimos, assuntos atuais, enfim, parabéns.

Regina disse...

Adorei tudo!!!!!!!!!.
Inteligente, direto, textos ótimos, assuntos atuais, enfim, parabéns.

José Batista da Ascenção disse...

Tenho insistido com o Doutor Jorge Paiva para que se faça uma edição impressa e/ou em suporte digital de toda a coleção de postais de Natal que produziu.
Ele diz que sim, mas, até agora, a ideia não foi concretizada. Há, de resto, uma boa razão para o facto, pois que tal coleção está ainda em construção. Esperando eu e muitos que essa construção se prolongue por muitos anos, e sabendo nós que (só) a assinatura e expedição de tamanha quantidade de postais implica um trabalho árduo para quem não tem secretárias(os)...
Para qualquer outro tratar-se-ia até de um bom negócio. Mas esta palavra deixa o autor de cabelos em pé!
E ainda bem. Pois essa é mais uma lição a somar às muitas que nos vai dando. E pagando, ou seja: fazendo grande despesa para isso.
Donde a imensa a gratidão que tantos lhe tributamos.
Outra obra que ele devia fazer era escrever a "História da Silva Lusitana", em duas versões: uma com documentação mais formal para adultos e académicos, outra em linguagem simplificada para crianças até aos doze anos, servida por um bom ilustrador de gravuras infantis.
Isso sim, seria trabalhar pelas gerações jovens e pela riqueza vegetal do país.
Talvez até fosse possível vir a gastar menos em carros de bombeiros e aviões para combate de incêndios. E a evitar outros danos, como a morte de pessoas, especialmente idosos do interior.
Mas quem se importa com isso?
Ninharias, dirá qualquer político vulgar, desses que enxameiam as televisões...
É o que temos tido. E, pelos vistos, continuaremos a ter.
Mas hoje é Natal. Sejamos felizes.

João Pedro Cesariny Calafate disse...

Para meu enorme contentamento, fui este ano (pela primeira vez) agraciado com "este" postal de Natal (da vida, da natureza), pelo Professor Jorge Paiva.
Gostei imenso, como aliás costumo gostar de tudo o que leio deste senhor, e subscrevo a boa ideia de José Batista da Ascenção. Seria, certamente, um dos primeiros a adquirir tal preciosa coleção.
Cumprimentos e bom Natal para todos!

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Precisamente, bebidas fazem a diferença.

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