sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz 2012 com ou sem bosão de Higgs


Post recebido da Prof.ª Regina Gouveia:

Os físicos acreditam que o tímido bosão de Higgs se revelará em 2012

O "ultra-tímido" bosão de Higgs pode, finalmente, ter-se mostrado no LHC. Ambos os detectores principais, ATLAS e CMS, descobriram indícios de um Higgs leve. A ser verdade, o Modelo Padrão de Partículas estaria completo.

Ainda mais emocionante, um Higgs com uma massa perto de 125 gigaelectrõesvolt/c^2 seria também o início de um caminho num terreno inexplorado. Ser tão leve implicaria pelo menos um novo tipo de partícula para estabilizá-lo. "É muito emocionante", afirmou o porta-voz do CMS, Guido Tonelli. "Este poderá ser o primeiro anel de uma cadeia de descobertas."

Sendo a principal teoria do modo como partículas interagem por meio de forças, o Modelo Padrão tem sido um sucesso espectacular desde que foi proposto na década de 1960. Mas ele só funciona no pressuposto de que o bosão de Higgs existe realmente. A partícula é o cartão de visitas de uma entidade invisível chamado campo de Higgs, que conferirá a massa às partículas. O problema é a impossibilidade do Modelo Padrão prever a massa do Higgs. Os físicos começaram, há vários anos, a sua caça em aceleradores de partículas na sua versão menos massiva. Experiências têm vindo a descartá-la num intervalo de massas, com excepção de uma janela estreita entre os 115 e 141 GeV/c^2.

Agora (…) os físicos do Large Hadron Collider, do CERN, perto de Genève, Suíça, Tonelli e Fabiola Gianotti, responsável do detector ATLAS, apresentaram, separadamente, os resultados de mais de 300 mil milhões de colisões de partículas de alta velocidade efectuadas no ano passado. "Esta é a primeira vez que nós estamos realmente a explorar a sua massa em toda a região com a sensibilidade certa, o que permitirá que se há algo lá então começaremos a ver alguma coisa", diz Tonelli

Ainda a propósito do bosão de Higgs Carlos Fiolhais disse respondendo ao filósofo Fernando Belo, que lhe tinha perguntado:"Uma tribo de milhares de físicos, suspensa dum acontecimento anunciado numa máquina de 27 km de percurso. Se se provar que o famoso bosão de Higgs existe (embora sem 'aparecer'), a pergunta ingénua que faz o leigo é: e depois, a Física fica completa, acaba?"
"Não, não está de maneira nenhuma à vista o fim da Física, quer apareça, quer não apareça a partícula de Higgs. Não sendo especialista na área, tenho defendido o fantástico empreendimento que a numerosa "tribo" de físicos tem realizado no CERN, entre a Suíça e a França. Trata-se de um exercício colectivo de física fundamental, da união internacional de esforços para verificar se uma dada peça prevista pelos físicos teóricos para compreender a existência de massa de partículas existe ou não no nosso Universo. Ninguém melhor que o Nobel da Física Steven Weinberg expressou melhor a nossa necessidade da Física fundamental: "O esforço para compreender o Universo é uma das poucas coisas que eleva a vida humana acima da comédia e lhe confere um pouco da dignidade da tragédia.” Não penso que tenha sido bom para a ciência a não-notícia que foi, há dias, o anúncio em Genebra da não-descoberta (até agora) do Higgs. Esta partícula só merecerá uma conferência de imprensa quando, de facto, for notícia. Pode ser que o venha a ser. Ou pode ser - surpresa, surpresa! - que não. A Física avançará tanto num caso como noutro."
A existência do bosão de Higgs foi postulada na década de 1960 pelo físico britânico Peter Higgs. Muito antes dele, Isaac Newton descobrira que a gravidade é a força de atracção que existe entre todas as partículas com massa e Albert Einstein demonstrara a equivalência entre massa e energia, mas nada disso serviu para responder a duas questões: o que é, afinal, a massa, e de onde é que ela provém?

Enquanto esta partícula subatómica não for detectada, os cientistas não conseguirão explicar a existência da própria matéria massiva, à luz do actual modelo das partículas e das forças que a unem - o Modelo Padrão. Por outras palavras, sem o bosão de Higgs fica mais difícil explicar porque é que existem coisas no Universo.

Termino com um poema meu dedicado ao bosão de Higgs e o desejo de que 2012, revelando-o ou não, seja para todos o melhor possível:

Existirá desde o primeiro momento
ainda sem espaço, ainda sem tempo,
sem quando, nem onde,
em que o tudo era simplesmente o nada?

Afinal, a massa de onde é que provém?
É este, em essência, o segredo que, cioso, esconde,
mau grado o empenho de toda a ciência.

Cioso, acanhado, quiçá temeroso de um qualquer depois,
ainda mais terrível do que eme cê dois
na bomba de Hiroshima

O bosão de Higgs existirá ou não?
Eis a questão.

Regina Gouveia, Ano Novo de 2011

1 comentário:

master chief disse...

HA coisas que se toca
ha coisas que não se toca nunca
ha coisas que se post a acreditar
ha coisas que num fabula nunca
ha coisas e simplemente coisas
que em tudo vem e donde provem não convem
chamar! HA coisas que são
, coisas do ser ou não
HA ooisas de uma infinita imensidÂo

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