Amanhã pelas 14h, dou uma palestra no Departamento de Física da Universidade de Coimbra, com o título de cima, no quadro do ciclo "Café com Ciência". Eis a sinopse:
Um total de 25 cientistas e diplomatas portugueses foram, nos séculos XVII, XVIII e XIX, membros da Royal Society, a mais antiga sociedade científica do mundo em contínua actividade. Em 2010 comemorou-se em Coimbra com uma exposição na Biblioteca Joanina os 350 anos dessa sociedade e, em resultado, acaba de sair um livro bilingue publicado pela Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra intitulado "Membros Portugueses da Royal Society". É uma edição bilingue, em português e inglês, que mostra várias obras da Biblioteca Geral e do Arquivo para além de instrumentos das colecções do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra. O período de maior brilho da presença portuguesa na Royal Society ocorreu no século XVIII. Há três cientistas desse século que deram contribuições para a astronomia: o padre jesuíta italiano João Baptista Carbone, que foi chamado a Portugal pelo rei D. João V, e os padres oratorianos João Chevalier, que, devido às perseguições do Marquês de Pombal, haveria de se estabelecer em Bruxelas, onde chegou a Presidente da Real Academia das Ciências Belga, e Teodoro de Almeida, que, também perseguido, se refugiou em Espanha e França, onde alcançou grande notoriedade. Teodoro de Almeida, observou no Porto em 1763 um trânsito de Vénus, uma observação importante para a determinação da distância da Terra ao Sol. Outro notável membro português da Royal Society que ajudou à astronomia com a construção de instrumentos foi João Jacinto Magalhães, um "estrangeirado" em Londres, que conviveu com alguns dos maiores cientistas do seu tempo. Muitas observações desses astrónomos foram publicadas, em latim ou inglês, na revista da Royal Society, as "Philosophical Transactions", uma publicação quase tão antiga como a sociedade.
A astronomia do século XVIII era uma astronomia de posição, que procurava medidas cada vez mais precisas, o que só era possível por ter ficado estabelecida no século XVII, no quadro da Royal Society, a mecânica de Newton e por se terem desenvolvido melhores instrumentos. Os cientistas portugueses passaram a integrar-se em colaborações internacionais, correspondendo-se com os seus colegas estrangeiros, numa premonição do que é hoje a moderna colaboração internacional na área da astronomia.
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