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De Rerum Natura: Como foi vista a vossa obra num espaço de excelência como é a sede AIGA?
Ana Boavida: A sede do AIGA fica na 5.ª Avenida em Nova Iorque onde um frenesim constante passa para cima e para baixo. É estranho pensar que o nosso trabalho está exposto numa parede, virado para uma das avenidas mais movimentadas e conhecidas do mundo. E que ali, na inauguração da exposição, estava uma série de designers que reconhecemos como sendo dos melhores, vendo, comentando, convivendo...
De Rerum Natura: O contacto com obras seleccionadíssimas é, certamente, muito inspirador. O que trouxeram na vossa bagagem artística?
Ana Boavida: Na exposição 50 Books /50 Covers, onde estavam expostos os nossos livros, estavam mais 49 capas e 50 livros. Todos diferentes e todos bonitos, cada um no seu género. Desde grandes formatos em capa cartonada, passando por capas complexamente perfuradas a mini livros impecavelmente paginados em tamanho de caixa de fósforos, a variedade é grande mas a qualidade é sempre alta. E isso, por si só, é já bastante inspirador. Não há tipos de letra mal tratados, nem cores mal impressas. São todos bons objectos, desde a ideia ao resultado final, e isso faz deles uma bagagem muito inspiradora.
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Ana Boavida: Bom, isso é difícil afirmar com certezas mas, para nós, é uma evidência a evolução natural para os e-books. Parece-nos que já ninguém duvidará que é uma transição inevitável, tal como o foi na música há um par de anos. Por mais que gostemos de livros enquanto objetos físicos em papel, eles, desta forma massificada, irão seguramente diminuir. Não acredito que venham a desaparecer, irão até, muito provavelmente, valorizar-se, podendo passar a ser objetos de algum culto, como algo feito à mão, com tiragem reduzida, só para alguns... Por outro lado, o e-book será a solução sustentável para muito do que se lê que não precisa de ser livro: teses, artigos, manuais, trabalhos técnicos, literatura portátil, etc.. Foi revelador ver, precisamente no metro de Nova Iorque, a quantidade de pessoas que já lêem nesses dispositivos. Estão, claramente, a ser assimilados e fazem já parte da paisagem urbana. Mas, e para rematar, não acredito que os livros em papel estejam para desaparecer completamente, só vão tomar um lugar diferente. O aparecimento da fotografia, apesar dos receios de alguns, também não matou a pintura...
Fotografias cedidas por Ana Boavida.
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