quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
SOBRE A HISTÓRIA DA ENGENHARIA
Texto do Prof. Vítor Andrade sobre o Dia do Engenheiro no Brasil:
"O dia 11 de dezembro foi escolhido para ser o dia do Engenheiro e do Arquiteto porque nesse dia, no ano de 1933, foi promulgado o Decreto Federal 23.569 que regulou o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e agrimensor.
Se observarmos o meio que nos cerca, veremos a interferência desses profissionais por toda parte: desde a nossa habitação com o seu conforto, sua higiene, a energia consumida, até os sistemas de comunicação mais sofisticados.
A Engenharia nasceu com a necessidade de proteger as cidades e suas populações de ataques por outras tribos. Depois, surgiu a necessidade de deslocar tropas para o combate e construir estradas, pontes, etc. Paralelamente a isso, também já se desenvolvia construção de embarcações e de armas e artefatos de guerra, tudo requerendo mais tecnologia que os seus similares para atender aos trabalhos do dia a dia, como moradia, agricultura, porque envolvia disputa e, já naquela época, vencia quem tinha mais tecnologia.
Como se pode concluir, a Engenharia nasceu para suprir necessidades de combate, seja defesa ou ataque, como uma atividade militar. A primeira tropa de Engenharia mais organizada foi a do Exército romano, denominadas "fabri" (do latim fabricare). Tinham treinamento especializado em locais específicos que hoje seriam consideradas escolas, e deixaram obras como estradas, pontes, fortificações por toda a Europa, muitas ainda existentes. Leonardo da Vinci e Galileu fizeram muitos projetos com finalidades militares. Uma curiosidade, o compasso, inventado por Galileu nasceu como um instrumento militar.
O advento da pólvora e a invenção do canhão, deu novo impulso à Engenharia, que teve de adaptar sua fortificações para fazer face ao poder das novas armas. As primeiras obras de Engenharia que se tem notícia na História da Humanidade datam de 8000 AC, portanto há mais de 10 000 anos, e foi a fortificação da cidade de Jericó, mas encontramos também na mesopotâmia antiga obras de engenharia, de irrigação, desvio de rios, próximas ao rio Nilo por exemplo, assim com o barragens, na tentativa de produzir alimentos para épocas de estiagem, isso se levando em consideração a idade antiga.
A partir do século VI, as associações monásticas de construtores controlavam o segredo e a arte de construir. Nesse momento da História, ocorriam às invasões dos povos bárbaros na Europa, ocasionando, freqüentemente, mortes, saques, e guerras, e assim arquitetos e artistas encontravam-se seguros nos conventos ou próximos a eles. Mas já no século X, houve uma necessidade de expansão por parte da Igreja, esses frades construtores passaram a treinar e preparar leigos para os serviços, formando as Confrarias Leigas e, por terem aprendido a arte de construir com frades, davam um cunho religioso ao trabalho. No Século XII, surgem associações que formavam corpos profissionais, denominadas: Guildas. As Guildas têm origem no nome Gild, de origem teutônica, utilizado na região da Escandinávia.
Mas foi na França que a Engenharia moderna começou a surgir com a primeira escola de Engenharia do mundo (École Nationale des Ponts et Chaussés - 1747), também militar, e depois a École Polytechnique (1795). Algumas outras menores como a École Royal du Génie, de Mezieres (1749), École Natonale Supérieure de Mines, precussora da Engenharia de Minas, também surgiram. Uma curiosidade, é a relação entre os termos "mina" para explorar minerais (carvão, ouro, etc) com "mina" artefato de guerra. Um deriva do outro porque École de Mines preparava tropas de Engenharia para escavar túneis por baixo das muralhas de fortificações e colocar explosivos para demoli-las e facilitar o ataque das tropas. Grandes matemáticos foram Engenheiros Militares de Napoleão, tais como Gaspard Monge (criou a geometria descritiva a partir de um problema de fortificações que foi segredo militar durante 15 anos na França), Lagrange, Laplace, Fourier, Poncelet, Cauchy, Carnot, dentre outros.
Quase todo o mundo seguiu a tendência francesa, inclusive Portugal que criou a sua primeira Escola de Engenharia, a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, primeiro em Portugal, e depois no Brasil colônia em 1792, primeira escola de Engenharia das Américas, que deu origem ao Instituto Militar de Engenharia, a Escola Politécnica da UFRJ e a Academia Militar das Agulhas Negras. A segunda foi a Academia Militar de West Point, nos Estados Unidos, em 1802. O Real Corpo de Engenheiros de Portugal deu origem ao Corpo de Engenheiros do Exército Brasileiro que existiu até 1908. Vários engenheiros famosos passaram por ele mas destaco o nome de André Rebouças, herói da Guerra do Paraguai (Tenente do Corpo de Engenheiros), depois um grande professor da Escola Politécnica, considerado o primeiro Engenheiro não branco do mundo, formado pelo Exército Brasileiro, juntamente com mais dois irmãos, em 1860, ainda na época da escravatura.
O termo Engenheiro, naquela época, era definido pelos dicionários, como "oficial que sabe arquitetura militar e dirige os trabalhos para o ataque e defesa de praças". O termo Engenheiro Civil surgiu apenas no século XVIII, criado pelo inglês John Smeaton, um dos criadores do cimento Portland, para diferenciar uma nova categoria de Engenheiros que não era militar. Os profissionais que faziam construções em geral, não militares, sem nenhuma base teórico-científica, apenas por experiência, eram chamados "mestres de risco" ou "mestres pedreiros", antecessores dos atuais arquitetos.
Muitas obras realizadas pela Engenharia Militar daquela época ainda podem ser apreciadas atualmente como fortes, igrejas, mosteiros, aquedutos, etc. A maior e mais famosa, construída pelo Brigadeiro José Fernandes Alpoim, foi o aqueduto que abastecia o Rio de janeiro, hoje conhecido como Arcos da Lapa.
O Próprio D. João na época ainda príncipe regente, após a transferência da família real ao Brasil, deu uma enorme contribuição a engenharia A transferência do Corte Portuguesa para o Brasil deu-se no dia 26 de novembro de 1807, com ele viria também todo o Estado Português, toda a administração pública, e aproximadamente 15.000 portugueses, maioria nobres, e serviçais do Reino de Portugal.
Dom João, no dia 28 de Janeiro, declara a abertura dos Portos as nações amigas, pois até então a economia da colônia era baseada através do monopólio comercial assim era uma maneira da Côrte assegurar sua sobrevivência, esse medida era chamada pacto colonial. O fato de D. João ter aberto os Portos foi a primeira sinalização de Independência da Colônia, pois antes da abertura, a econômia era básicamente de subsistência, ou para a sustentação para a o Reino de Portugal, assim D. João e a Corte partem para o Rio de Janeiro com o intuito de estruturar o poder politico português em terras brasileiras. Em abril de 1808, D. João revogou os decretos que proibiam a instalação de manufaturas na Colônia, isentou de tributos a importação de matérias-primas destinadas à indústria, ofereceu subsídios para as indústrias de lã, de seda e do ferro, incentivando a introdução de novas máquinas. Criou, também, no mesmo ano, a Biblioteca Real, o primeiro Banco do Brasil, a Escola de Marinha e a Imprensa Régia.
Houve a abertura de produções gráficas no Brasil, assim surgiriam às primeiras revistas e jornais, inovando a consciência e mentalidade dos que aqui residiam, mas isso não significava uma liberdade de expressão e imprensa, era apenas o inicio para abastecer a elite letrada da Corte.
A corte portuguesa trouxe consigo a preocupação de criar academias e fabricas, foi criado a partir desse momento um observatório astronômico, fundando a fábrica de pólvora e arsenais, onde anos depois trabalharia lá Joaquim Gonçalves Ledo, e que se tornaria em 1811, a Academia Militar. Este órgão tinha entre as suas funções, a de promover um curso das chamadas ciências exatas (Matemática) e de observação (Física, Química, Mineralogia e História Natural). Essa academia formava oficiais do exército, engenheiros, geógrafos e topógrafos para que administrassem as obras empreitadas pelo governo, como a abertura de estradas, minas, portos, etc. D. Rodrigo, Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, criou medidas de política e defesa da Colônia estruturada, por que também se preocupava em estabelecer canais de comunicação com todas as regiões.
Os objetivos reais dessas medidas eram principalmente em proteger a colônia de guerras e facilitar a vida econômica da colônia que incluía o trafego através de rios e dos Portos, chegavam ao o Rio de Janeiro mercadorias e gêneros alimentícios tanto do exterior quanto de outras regiões do Brasil.
Vítor Andrade
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1 comentário:
Construindo aquedutos e pontes elevara-se a higiene,
em útil, e tam presente mantas. Oh, invenção solene!
Pudera contar da água, potável em fontes de distantes,
derramara a natureza, capricho?! Em propriedade a lei,
que os romanos estabeleceram, eis lições as milhas.
Por construcções milenares, em exemplares ao povo.
A saúde contemplavam, e do estudo por conscientes
do futuro projecto, responsáveis aos descendentes.
O duto de líquidos?! Refrescara a bem os homens,
moviam rodas e de suportes, eficientes passagens!
Venciam a grandeza de estações, mãos do Império
cujo potencial estendia-se depositado a critério.
O labor, a colheita?! Conhecimento fora sabedoria,
pedras eram vias, letrados homens e Engenharia!
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