quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Ufa, que alívio...
O Euro 2004 deu um prejuízo imenso a todos nós: basta olhar para os monumentais estádios vazios em Coimbra, Aveiro, Leiria e Faro. Não contentes com esse rombo nas finanças públicas, havia gente que queria agora um rombo semelhante ou maior, com a organização do Mundial de 2018. Mesmo que fossem só três estádios em Portugal as exigências logísticas obrigariam a investimentos avultados que muito dificilmente poderiam ser assegurados a tempo e horas (o TGV, por exemplo). Ainda bem que o Mundial de 2018 foi para a Rússia. Além do mais, se Portugal tivesse sido escolhido com a Espanha, teríamos mais um pretexto para esquecer a enorme crise que atravessamos...
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8 comentários:
Para desgraça nossa e benefício de Sócrates, de quando em vez, existem estes balões de oxigénio para lhe darem o sétimo fôlego dos gatos.Felizmente, não foi este o caso...
Para Novas Oportunidades já bastam as que existem no sistema educativo nacional!
Acabou-se o prenúncio de mais uma megalomania lusitana, como se já não lhe bastasse a subida em flecha da pobreza nacional.
Cada vez mais actual
NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
que é Portugal a entristecer -
brilho sem luz e sem arder,
como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Fernando Pessoa
(Mensagem)
Ainda bem que há gente mais sensata na FIFA do que aquela que dirige os destinos das várias instituições do nosso país.
Menos um "fait-diver".
Hora... de queê? JCN
Ainda bem. Mas que mania de estar sempre em bicos de pés!... Tesos duma figa que querem dar nas vistas... Pode? Quem não tem dinheiro não tem vícios.
PORTUGAL ENFERMO
PELOS VICIOS, E ABUSOS DE AMBOS OS SEXOS
Portugal, Portugal ! Eu te lastimo !
E bem que velho sou ainda me animo
A mostrar-te os defeitos, e os excessos
Dos costumes, que tens já tão avessos
Dos costumes, que tinhas algum dia,
Quando mais reflexão na gente havia.
Tu de estranhas Nações foste invejado;
Hoje faz compaixão teu pobre estado:
Cada vez te vão mais enfraquecendo,
Todo o brilho, que tinhas, vais perdendo:
Paraíso do mundo te chamavam;
As mais Nações contigo se animavam;
Elas porém ficaram sãs, e fortes;
E tu todo o instante exposto aos cortes
Da usura, da ambição, da falsidade,
Do egoísmo, da fuga, da impiedade:
Males, que aos que bem pensam causam tédio,
A que apenas descubro um só remédio,
Que outro melhor não há, a que se apele,
E muita gente chora a falta d’ele…
... ... ... ... ... ... ... ...
Nota: Pela sua extensão, limito-me a transcrever o princípio. Para quem quiser compulsar todo o libreto pode fazê-lo na Biblioteca Nacional, na cota L 65160 P, correspondente à edição de 1822 que consultei, mas as outras edições também estão disponíveis: edições (1819, 1820, e 1829).
Portanto caro JCN, como diz o anónimo desta poesia em resposta antecipada de 190 séculos, é a hora de comprar um relógio para saber a que horas andamos, porque, se concordar comigo, será agora o tempo de saber o que andamos a fazer do tempo.
Que alívio, realmente.
Não fora assim e havíamos de ter, em 2018, uma enorme festa de futebol, num país de fome e miséria. Para além da miséria moral de quantos nos conduziram até aqui...
Mas, de tal responsabilidade não estão isentos os que se deixaram conduzir...
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