A Danone acordou pagar 21 milhões de dolares no âmbito de acordo com os reguladores norte-americanos, por causa do "activia challenge", uma charlatanice pseudo-científica que consiste em convidar pessoas (jornalistas, de preferência) a comer iogurtes num hotel de luxo durante quinze dias e a olhar para as próprias fezes, para concluir que o activia "regula o trânsito intestinal" ou que cura uma treta qualquer que passa sozinha.
A Danone reconheceu ainda no âmbito do acordo que não há qualquer evidência que os iogurtes com pro-bióticos façam aquilo que eles dizem que fazem. Não sem acrescentar que "milhões de pessoas acreditam firmemente nos benefícios para a saúde dos iogurtes da danone" e que lhes vão continuar a vender iogurtes.
Não sei quantos iogurtes são 21 milhões de dolares, mas dá-me ideia que isto não afecta o trânsito intestinal dos marketeers da Danone.
10 comentários:
Isto dá para se pensar não só o efeito tão "vazio" da publicidade, como também, o efeito das notícias sensacionalistas diárias na cabeça de tantos de nós.
A influencia com base do muito pouco, ou quase "nada"!!!!
Estamos a viver um tempo, em que passivamente, recebemos e mais assimilamos, muita coisa!
Sendo que, por vezes, muita desta coisa, nada de conteúdo tem, mas mal ou menos bem influencia, logo há que estar difrente!!!
Não pagou na Europa porque retirou a revindicacão de que "faz bem em 14 dias" do marketing.
http://news.bbc.co.uk/2/hi/8622017.stm
JCSilva
Que iogurte não ajuda o crescimento? Serão só os danoninhos?? Que iogurte não faz bem aos intestinos? Serão apenas os activia? A Danone tem tido apenas e só a preocupação em reposicionar a marca noutro segmento de forma a evitar a concorrência e com isso evitar uma guerra de preços. A Danone tenta passar a imagem para o consumidor que deixou de vender iogurtes e passou a vender saúde. Não podemos condenar a empresa por fazer isto. Fez muito bem e os concorrentes têm pena de não se terem lembrado de o fazer antes.
Mas é curioso como uma empresa ao anunciar as propriedades de qualquer iogurte leva a que pessoas licenciadas comprem o produto Danone x ou o Danone y e evitem comprar um outro iogurte qualquer porque e passo a citar "faz crescer", "faz bem aos ossos", "faz bem aos pulmões", etc.. Isto é que acho curioso...
Infelizmente ou felizmente a publicidade é que faz vender, tanto faz ser um bom ou mau produto. O povo é muito influenciável.
"revindicação" ou "reivindicação"? JCN
No seguimento do comentário do Fartinho da Silva, eu acho ainda mais curioso que pessoas licenciadas (e mesmo doutoradas) prescrevam, sugiram ou aconselhem este ou outro tipo de produtos da categoria "alimentos funcionais" e/ou dos ditos suplementos alimentares quando para a larga maioria destes não existe uma dose-resposta em termos de eficácia e segurança. Vivemos numa sociedade "blue pill" - http://www.youtube.com/watch?v=te6qG4yn-Ps - em que, independentemente das consequências, com um "comprimido mágico" tudo se resolve. O nosso modelo de desenvolvimento tende para o ócio, a industria apenas vende o que lhe "pedimos".
Caro Anonimo
Seria por certo estar mais debruçado no conteúdo que na forma!!! não??
a.Küttner de Magalhaes
No seguimento dos comentários de Fartinho da Silva e Filipe Alexandre: em Portugal não nos apercebemos dos disparates em torno dos denominados suplementos alimentares porque não há quem faça a sua revisão crítica, pública e ruidosamente.
Em Inglaterra, Ben Goldacre e outros têm feito um trabalho notável de exposição das estratégias de vendas destes suplementos travestidas de ciência, bem como dos seus promotores travestidos de "nutricionistas". E é pena, dado que, entre nós, as ciências da nutrição têm uma história de desenvolvimento sério e rigoroso que não merece ser manchada.
Isso é mesmo assim ou não passa tudo de guerras comerciais para proteger os iogurtes americanos:
http://www.johnshopkinshealthalerts.com/alerts/digestive_health/JohnsHopkinsDigestiveDisordersHealthAlert_3100-1.html
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