segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

CRISTO EM SÃO PAULO

Independentemente da crença, dúvida ou negação religiosa de cada poeta, o Natal sido inspiração para muitos. Paulo Rato, nosso leitor, profundo conhecedor de poesia, envia-nos Cristo em São Paulo, de Lêdo Ivo, escritor brasileiro, viajante pelo mundo.

CRISTO EM SÃO PAULO

Na noite de Natal
quando os sinos tocavam
vi Cristo caminhando
numa rua de São Paulo.
Na hora em que nascia
era já homem feito
trazendo do seu berço
a solidão e a morte.
─ Como a vida era breve
para os homens e deuses,
um suspiro de Cristo
exalado na treva!
E carregando a Cruz
Jesus ia sozinho
caminho do Calvário.
ninguém o acompanhava.
Luminoso rumor
de uma noite de festa.
Jesus estremecia.
Como a noite era fria!
E a boca do metrô
dentro do nevoeiro
engoliu os seus passos.

LÊDO IVO (Brasil)

7 comentários:

Anónimo disse...

Versos! Versos! Versos! Poesia: cadê? JCN

Anónimo disse...

Desse menino Jesus,
réu de morte na Judeia,
tem cada qual sua ideia
consoante a sua cruz!

JCN

Anónimo disse...

ILLE PUER

Fosse qual fosse a estirpe do menino
que há dois mil anos viu a luz do dia,
o certo é que ainda agora, pequenino,
é causa de bonança e de alegria!

Iluminam-se as ruas da cidade,
trocam-se prendas, faz-se em cada lar
o pueril presépio que nos há-de
servir para o evento... simular.

Que menino foi esse tão estranho
que pese ao seu minúsculo tamanho
ainda hoje é festejado em todo o mundo!

Sabe-se lá! Digamos que, no fundo,
com o sorriso azul dessa criança
se viu na treva um raio de esperança!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

Cristos como o de S. Paulo... há-os em todas as cidades do glogo, indiscriminadamente! JCN

Paulo Rato disse...

Pequeno esclarecimento:
A poesia (e um complexo núcleo de significados) está, sem dúvida, no que Lêdo Ivo, um dos grandes poetas brasileiros, escreveu em "Cristo em São Paulo".
Mas pode estar ausente de um conjunto de linhas escritas, que rimam por desconhecida obrigação, constrangidas em estrofes que, no conjunto, arremedam formas poéticas consagradas, sem qualquer conteúdo assinalável, e que acrescentam nada a coisa nenhuma.
Paulo Rato

Anónimo disse...

Cristos há em toda a parte
onde há gente a padecer:
só não se encontram em Marte
por homens lá não haver!

JCN

Anónimo disse...

Há muita maneira de fazer poesia; é como na música: uns fazem-na a tocar pandeireta, outros violino. JCN

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