sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

António Gião, apontamento biográfico

Post recebido do historiador António Mota de Aguiar:

António Gião foi um importante cientista português do século XX. Fez o liceu em Évora e, antes de emigrar para França, frequentou durante dois anos a Universidade de Coimbra. Nascido a 1906 em Reguengos de Monsaraz, faleceu em Lisboa em 1969. Infelizmente, teve uma vida relativamente curta: tivesse ele vivido mais alguns anos e talvez tivesse tido a possibilidade de divulgar mais o seu trabalho, permitindo-nos conhecer hoje melhor a sua obra científica.

A sua obra científica foi assaz relevante, uma vez que foi “desde os anos 40 e até à sua morte nos finais de 60 a figura central da Relatividade e da Cosmologia em Portugal”. Isso é tanto mais notável quanto António Gião nasceu num país de parca tradição científica e numa região pobre de Portugal, como era o Alentejo no início do século XX.

Emigrou para França e, em 1927, com 21 anos, obteve em Estrasburgo o diploma de Engenheiro Geofísico. A partir daí, e até à sua morte, Gião teve um percurso profissional e científico de renome internacional: trabalhou nas Universidades de Bergen, Florença, Génova e Dublin, no Real Instituto Meteorológico da Bélgica, no Instituto Nacional Meteorológico de Paris e no Instituto Poincaré, também de Paris.

Em 1960 foi nomeado Professor Catedrático da Faculdade de Ciências de Lisboa, tendo na década de 60 sido director científico do hoje extinto Centro de Cálculo Científico do Instituto Gulbenkian de Ciência.

Ao longo da sua carreira de investigador, Gião deixou-nos numerosos trabalhos, em particular na área da Física-Matemática, apresentou numerosas comunicações à Academia das Ciências de Paris, deu lições e conferências em várias universidades europeias tendo escrito mais de cem trabalhos de investigação, na sua maioria publicados em jornais científicos europeus e norte-americanos.

António Gião foi também um amante da música e, como “um cientista apaixonado pela poesia”, deixou-nos muitos poemas, que serão aqui recordados em próxima ocasião. O cientista, poeta e humanista é um dos nossos grandes valores da nossa ciência do século XX. Não o devemos esquecer.

António Mota de Aguiar

2 comentários:

Anónimo disse...

"um país de parca tradição científica"?

Anónimo disse...

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