"Ao longo destes últimos anos, os autores constataram que a influência do professor é superior a factores como o ambiente familiar do aluno, a sua origem étnica e nível socioeconómico, a sua motivação e potencial intelectual. O que os professores fazem na sala de aula é o principal factor que determina a aprendizagem e o sucesso dos alunos. Nem todas as práticas pedagógicas têm o mesmo efeito na aprendizagem, a diferença está antes relacionada com determinadas características e atitudes dos professores. Que práticas e características dos professores estão então mais directamenteTítulo e apresentação veiculam uma ideia: (1) que o professor deve ensinar (2) e que deve ensinar com recurso a métodos pedagógico-didácticas que se revelem eficazes em termos de resultados de aprendizagem.
relacionadas com uma aprendizagem eficaz dos alunos?"
Sim, perguntará, o leitor: onde está a novidade!?
De facto, aqui não há novidade nenhuma: tal ideia guia desde aos anos 20 do século XX uma parte substancial da investigação pedagógica que incide na docência (seja ela guiada pelas teorias behaviorista como cognitivistas).
Porém, não é essa a ideia que se encontra bem firmada nos documentos curriculares e programáticos vigentes no nosso sistema educativo (mas não só no nosso), onde a palavra "ensino" é cirurgicamente evitada: o professor, guia, orienta, proporciona... O mesmo acontece com a palavra "método" que tem sido substituída sobretudo pela expressão "experiência de aprendizagem"...
Como se diz na apresentação do livro em questão, a investigação pedagógica corrobora a afirmação que o ensino faz a diferença, o que tem sido substancialmente difundido pelo Pisa mas que não tem sido suficientemente levado em conta entre nós.
4 comentários:
"O professor faz a diferença" ou... "A diferença está no professor"? JCN
Confesso que esta tese para além de me deixar bastantes dúvidas me deixa igualmente preocupado. A minha visão do problema é meramente empírica: 23 anos de experiência docente. Ao longo destes anos, sendo eu uma unidade, tenho motivado e não motivado, tenho ensinado e não ensinado, tenho agradado e não agradado. Contrariamente ao que é insinuado, julgo existirem variáveis sociais, familiares e psicológicas que o professor não consegue controlar. Pode atenuar algumas deficiências mas não fazer milagres.
Esta tese deixa-me igualmente preocupado pois só irá reforçar ainda mais os sentimentos de culpa de que padecem os professores actualmente por se vender a ideia de que depende deles o sucesso ou insucesso no ensino, situação que tem tido efeitos nefastos na educação. O actual facilitismo que reina nas escolas é também um reflexo desse sentimento de culpa. Os professores, com o medo ou vergonha de falharem, acabam igualmente por fechar os olhos a muitas coisas e deixar de exigir, impor ou até mesmo de ensinar jovens que chegam à escola com a imposição de não quererem aprender.
JR
Caro JCN e Drª Helena Damião
No seguimento do seu post sobre este livro (que já conhecia), e do comentário, aconselho a leitura deste post.
http://voxnostra.blogspot.com/2010/12/colegialidade-e-profissionalismo.html
Claro que o professor faz a diferença.
Se a não fizesse, para que serviria o professor?
E se o professor não faz ou não tem feito a diferença isso pode implicar que:
- não reúne as características necessárias para ser professor, eventualmente por não ter sido bem preparado;
- não dispõe das condições que lhe permitam fazer a diferença ou que lhe impõem condições que o impedem de fazer essa diferença;
- que os alunos não reúnem os requisitos mínimos, seja pelas suas características (deficiência profunda, por exemplo) ou pelo seu estado de preparação (exemplo: não saber ler, no ensino secundário) ou pela sua formação (exemplo: má educação extrema ou carácter violento), que possibilitem ao professor fazer a diferença.
Mas, o professor faz a diferença e, muitas vezes, a diferença está no professor.
Donde, é lógico concluir que se destruirmos os professores não mais permitiremos que eles façam a diferença. E que beneficiemos dessa diferença...
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