sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Julien Assange


Artigo de opinião de J. L. Pio de Abreu no "Destak" de hoje:

A personagem do momento é a do fundador da WikiLeaks, Julien Assange, preso no Reino Unido. E porquê? Porque, ao que parece, o homem foi acusado de violar uma senhora enquanto ela dormia (na cama dele, supomos) e de não usar preservativos. Tudo pelas mãos da sagrada Justiça do Reino Unido, depois de um alarme internacional emitido pelo circunspecto Governo sueco.

Não é novidade a acusação de mau comportamento sexual quando se intenta destruir alguém. Em geral, são acusações que não se podem provar mas que, nos países ocidentais, implicam penas pesadas, prisão preventiva e exposição no pelourinho mediático. A prisão e exposição chegam para destruir, mas Julien vai sair incólume porque já ninguém acredita nas patranhas desta justiça.

Julian Assange é, a vários títulos, um símbolo. Usando inteligência e conhecimento tecnológico, põe em causa as elites do poder que reagem de um modo infantil e tosco. Enquanto desvenda segredos institucionais com provas, é atacado com a suposta violação dos segredos privados que ninguém poderá provar. Mostra como as leis e a justiça estão inadequadas às realidades actuais e como a Internet tornará as instituições transparentes.

O congelamento de uma pequena conta num banco suíço foi a última infantilidade. As elites estão nervosas, e não é pelo mal que aconteça aos governos. O conhecimento da actividade de um banco português já deu o mote. Segue dentro de momentos a divulgação dos grandes negócios secretos.

J.L. Pio Abreu

8 comentários:

António Daniel disse...

A transparência nunca será possível, a começar por nós mesmos.

Rui Augusto disse...

Sim, concordo plenamente com o comentário anterior. Julien Assange é mais um fantoche numa imensa série de mentiras e CoIntelPro (contra-espionagem), para já, ele não é o verdadeiro fundador da "WikiLeaks", esse crédito cabe a John Young da actual Cryptome.

http://www.youtube.com/watch?v=70pmhZHy6eQ

A verdadeira história das coisas deve começar a entrar nas mentalidades e o vídeo seguinte é absolutamente fantástico. Pense 2x se realmente o quer ver, depois não há como voltar atrás.

In Lies We Trust: The CIA, Hollywood & Bioterrorism - (Full Length)
http://www.youtube.com/watch?v=tI8oJv_cRpQ

Divulguem!!!

joão boaventura disse...

Jean Baudrillard já tinha avisado., no seu "Oublier Foucault", que:

"A realidade não interessa nada a ninguém"

Anónimo disse...

Tirando o verdadeiro amor, quem nos garante a verdade... seja no que for? JCN

Rui Augusto disse...

A garantia da verdade reside em cada um de nós, no acto de buscar essa verdade, os princípios que nos governam existem, a menos que decidamos dar razão a Jean Baudrillard:

"A realidade não interessa nada a ninguém"

Ora bem, em vez de "matar os mensageiros", devíamos ouvi-los atentamente.

joão boaventura disse...

Retomando Baudrillard, com o "Oublier Foucault", porque anda tudo à volta da cratologia, ou a teoria do poder, ínsito no "Vigiar e Punir" (Foucault), acrescenta que “quand on parle tant du pouvoir, c’est qu’il n’est plus nulle part”, porque «le pouvoir n'existe plus que comme un simulacre”.

De resto, o que WikiLeaks revelou foi o que já se sabia, mas estava escondido, que é simultaneamente a arma dos políticos.

È como a corrupção e a sua antítese a ética, e quando esta é muito propalada, os políticos apenas pretendem esconder a primeira.

É também como o PISA. Quando os políticos cantam loas e louvaminhas aos fictícios resultados obtidos, é para esconder o descalabro e as trapalhadas desenvolvidas desengonçadamente no sistema de Ensino. Porque os efeitos não correspondem às causas.

José Batista da Ascenção disse...

Muito bem observado, como é seu costume, caríssimo Doutor João Boaventura.
Agora pisam-nos com o PISA. E alguns aproveitam para cantar loas à desgraçada política da ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues. Apesar de ser notório que "a bota não diz com a perdigota".
Mas somos assim...

Dylan disse...

Não sei muito bem onde é a fronteira da liberdade da informação mas de certeza que não será no terreno onde a Wikileaks tem actuado. A sua política de terra queimada substitui o jornalismo pelo voyeurismo da opinião pública, ao melhor estilo de se saber qual é a cor do papel higiénico que os diplomatas usam. Como se não houvesse segredo de estado nem a diplomacia não fosse um manual de boas maneiras. Reconheço o papel relevante de Julian Assange na denúncia das violações de direitos humanos mas a sua organização acaba por fazer o mesmo que tanto a sua missão divina e protagonismo reclamam: espiar.

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