sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

História da ciência na Universidade de Coimbra


Sandrina Fernandes apresenta na última Newsletter da Universidade de Coimbra um projecto interdisciplinar que coordeno sobre "História da Ciência na Universidade de Coimbra":

"Investigação na UC - UNIdade no conhecimento da História da Ciência da UC

Dar a conhecer a História da Ciência na Universidade de Coimbra e no país cosendo as várias áreas do saber, as várias disciplinas, numa visão global e integradora é o grande objetivo do projeto de investigação coordenado por Carlos Fiolhais.

O físico, docente e investigador da Universidade de Coimbra (UC) afirma que o projeto nasce na crescente consciencialização, por parte da UC, da “necessidade de conhecer melhor a sua história”, através de “estudos que a Universidade faz sobre si própria mas que estão dispersos em vários lados”, uma vez que os investigadores têm-se debruçado sobre a história individual de cada disciplina (da matemática à física) e “muitas vezes não se encontram”. Assim este “projeto verdadeiramente interdisciplinar”, que junta “gente de praticamente todos os lados do espectro universitário”, envolve cerca de 50 investigadores (das mais diversas áreas, das ciências exatas às ciências sociais e humanas da Universidade de Coimbra e de outras universidades) e aproxima “não só investigadores, mas também instituições de apoio à cultura – pilares da cultura da Universidade de Coimbra” (como o Museu da Ciência e a Biblioteca Geral).

Mas como estudar a História da Ciência numa Universidade com mais de sete séculos? Definindo períodos. Carlos Fiolhais explica que foram escolhidas duas datas – 1547 (data da criação do Colégio de Jesus) e 1933 (Estado Novo) e serão estudados os quatro séculos que estas compreendem. A data da edificação do colégio jesuíta foi escolhida como início do período a ser estudado, uma vez que, na opinião do investigador, é a partir deste momento que temos “ciência como a conhecemos hoje, com a introdução do método experimental” e o Estado Novo, como foi um período de “algum apagamento da ciência” pareceu ser a data certa para o fim; no entanto, este trabalho não fica concluído com este projeto, este é um trabalho que deve ser continuado, estando até identificado como “um problema da UC” a não existência de “um 2.º ou 3.º ciclo de estudos nesta área”.

Em relação aos 400 anos que este projeto abarca, o investigador define quatro grandes marcos históricos: dos séculos XVI a XVIII (até 1772), época em que D. João III fixou a Universidade em Coimbra, e “em que o grande sábio Pedro Nunes vem lecionar para Coimbra”, e da criação do Colégio de Jesus; do final do século XVIII (de 1772 a 1837), período que corresponde à Reforma Pombalina, em que o Marquês readaptou o Colégio de Jesus no contexto das Faculdades de Filosofia, Matemática e reformou a Faculdade de Medicina; do século XIX ao XX (de 1837 a 1911), época em que ocorreram (na segunda metade do século XIX) reformas nas Faculdades de Matemática, Filosofia e Medicina, com progressos no ensino das ciências experimentais; e o século XX (posterior a 1911 até 1933), quando foi reorganizado o ensino das ciências na UC, se assistiu ao nascimento das Universidades de Lisboa e do Porto e se deu a fusão das Faculdades de Filosofia e Matemática dando origem à Faculdade de Ciências – mais tarde Faculdade de Ciências e Tecnologia.

Neste projeto estão a decorrer, em simultâneo, as quatro fases previstas para o levar a «bom porto» - Síntese da história da ciência na UC, Digitalização do Fundo Antigo de Ciências e Medicina da UC, Estudo das coleções e alargamento do Museu de Ciência Digital e a Realização de uma conferência internacional.

Com a elaboração da Síntese pretende-se investigar, escrever e compilar “a História da Ciência na UC que já está feita e que está por fazer”, ou seja existem já “muitos documentos e muitos artigos parciais, sobre esta ou aquela figura, esta ou aquela época”, mas não há uma integração na própria Universidade e por isso esta “não consegue transmiti-la [à sua História] de forma coerente”. Esta Síntese estará posteriormente publicada numa página Web associada com o projeto.

A Digitalização do Fundo Antigo de Ciências e Medicina da UC e o Estudo das coleções e alargamento do Museu da Ciência Digital estão intimamente ligados, uma vez que este programa de digitalização de fontes históricas, livros, documentos antigos e objectos estão não só a contribuir para o alargamento das bases de dados digitalis das Bibliotecas e do Museu da Ciência, mas também, através do recurso às novas tecnologias, “a revelá-las a todo o mundo (como se a torre fosse uma antena gigantesca!)." "Ao colocarmos online estes materiais, mostramos a todos o que é a evolução da própria ciência e ao fazê-lo colocamos Coimbra numa posição de nova centralidade, aumentando extraordinariamente a face visível da UC no mundo”.

A Conferência Internacional - Congresso Luso-Brasileiro de História das Ciências, decorreu em Coimbra dos dias 26 a 29 de outubro, e Carlos Fiolhais justifica-o ao afirmar que estudar e “conhecer a História da Ciência na Universidade de Coimbra e de Portugal é também conhecer a História da Ciência do Brasil”, uma vez que estas têm muitos pontos em comum e se interligam. Deste congresso resultou “um documento com cerca de 2 mil páginas sobre a História da Ciência em Portugal e no Brasil, do qual poderá haver uma seleção para ser colocado em papel”.

Para o investigador e docente da Universidade de Coimbra este é um projeto que tem “uma motivação pessoal”, que justifica um pouco o facto de ser ele a coordenar este projeto. A sua “motivação pessoal prende-se com o facto de ter estado sete anos à frente da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC) e ter estado muito perto das fontes históricas”. Para o antigo diretor da BGUC “ter encontrado coisas que me tocaram e surpreenderam” é a razão para acreditar que “também deviam tocar e surpreender os outros.”

Por Sandrina Fernandes

Na imagem: documento de Domenico Vandelli existente na Biblioteca Geral da UC sobre a criação de uma indústria de base química em Coimbra.

1 comentário:

Cláudia S. Tomazi disse...

Fonte

Na inutilidade vaga o sol
vaga um calor de imensidão
se esta estrela for tua tristeza
será o deserto meu coração!

Na inutilidade vagará meu ser
vagará um ser na amplidão
se este perder-se for tua beleza
será completo meu coração!

Desta paixão na sutil aragem
querer-te-ia ao último, miragem
vagaria à querer-te, até em visão

se útil perdera-se na inutilidade
desta mestra que fora saudade
em saber-te oásis, amainada solidão.

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