Elsa Fornero, professora da Universidade de Turim, a nova ministra italiana do Trabalho e dos Assuntos Sociais, emocionou-se em público e chorou. Ia anunciar uma reforma do sistema de pensões, uma reforma que a sua competência, que se diz ser elevada, permitiu delinear, e chorou.
O que de mais bárbaro tenho visto em políticos quando anunciam a chegada da miséria à vida da maioria das pessoas – sublinho, pessoas –, fazendo tábua rasa de direitos humanos básicos – sublinho, direitos humanos básicos –, é a sua eficácia na aplicação das técnicas-de-bem-convencer, compradas e ensaiadas a peso de ouro.
Pretendem convencer – não sei mesmo se não estarão eles próprios convencidos – de que as medidas que vão impor se traduzem no contrário daquilo que elas realmente são. E isto como se as pessoas fossem menores, estúpidas e não percebesse a falácia, o embuste, a impostura…
É certo que chorar não resolve a desgraça económica e, sobretudo, axiológica, em que poucos fizeram cair muitos – e em que esses muitos, por razões variadas, se deixaram cair –, mas é um indício precioso de que nem toda a gente perdeu o sentido da humanidade, um indício de que há pessoas que se importam com outras pessoas, um indício de que não está tudo perdido.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O corpo e a mente
Por A. Galopim de Carvalho Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
10 comentários:
Há muito tempo que deixei de acreditar nos políticos, pelos atos e não pelas palavras. Cada vez mais me "dão razão" neste modo de pensar.
Quanto à senhora Elsa Fornero, francamente duvido da sua autenticidade. Mas ainda que esteja errado, mais uma vez será o POVO a sofrer as consequências. Porque os políticos, esses parecem ser sempre imunes à austeridade. Porque será?
As marcas da experiência na cara da senhora mostram que, em princípio, já terá vivido mais de metade da sua vida.
Será que as lágrimas não significam que aquilo em que sempre acreditou(amos) (estado social europeu tal como o tivemos até agora) não tem sustentabilidade?
Existe uma horda de centenas de milhões de pessoas dos países emergentes que querem e estão a começar a aceder ao mesmo nível de vida dos ocidentais. Como a riqueza mundial não cresce exponencialmente (5%?) isso só poderia ser conseguido com uma diminuição da riqueza desses mesmo ocidentais.
Vivemos tempos realmente históricos, de uma drástica mudança do centro mundial. Como poucas vezes assistimos na história da espécie humana. Esta mudança vai custar-nos muito mas poderá ser mais moderada se formos capazes de tomar o destino nas nossas mãos. Os políticos são pessoas como... nós!
Se essa senhora se importasse com o cidadão comum nunca colaboraria com um governo de banqueiros. Não passam de lágrimas de crocodilo.
Mal por mal, prefiro a atitude dos governantes portugueses que riem alarvemente quando vêm anunciar mais miséria. Pelo menos assumem o que fazem.
Senhor Emanuel: Acha mesmo que os culpados são os homens que elegemos? Não será ingenuidade sua? É que se fosse verdade não há volta a dar-lhe. Só acabando com as eleições e nomeando inteligentes como a europa está a começar a fazer.
O remédio é fácil: não elejam os que elegeram.
Os culpados não são apenas os homens e mulheres que elegemos. As pessoas também o são, por não serem capazes de ,ou por não quererem, distinguir o que querem do que podem. O resultado está aí.
Diz que a Europa está a começar a nomear inteligentes... será mesmo? Não será antes mais uma estratégia para que os mais fortes continuem a ter o domínio sobre os mais fracos? É um facto que o poder está acoplado ao dinheiro e não aos políticos. Sempre foi assim e dificilmente não o será.
Os problemas e as soluções já estão identificados há muito tempo. Será que existe ou existirá coragem para as implementar?
Vem aquietar os meus passos
lágrimas são rastros oh’Deus!
Só desespero ficará nos laços
e colherás flores da cor adeus
Caminho é fado passageiro
é louro amado que só elevei
saudade é sal, vos o candeeiro
que o florescer calou e calei
Veste o perfume da prece e vai
se a alma cala-se é o doce véu
dor que repente limitei ao céu
Sê amor caminhante é semente?
A voz naquele silencia eminente
- Caminhai, doravante plantai.
Duas atitudes curiosas deste governo italiano: a dessa srª ministra e a do 1º ministro, que prescindiu do seu vencimento. Atitudes que por si próprias não resolvem nada, mas que, certamente, serão um bom indício...
Sempre que alguém chora, comove! Embora os problemas da Itália, nem da Europa, nem do Mundo, nem da Humanidade, não se resolvam com lágrimas, elas comovem e fazem penar na sinceridade ou não da pessoa que chora. Creio que os probemas do Mundo e da Humanidade só se resolverão se todos os políticos e todos os governos, à escala global, "chorarem" e obrigarem o mundo financeiro a obedecer ao mundo político e não o contrário. Mas quem será capaz de fazer face ao poder que o financeiro tem no mundo? Quem se aventurará a propor ao mundo um novíssimo sistema de formação e de distribuição da riqueza a nível global para que o Mundo e a humanidade sejam sustentáves, numa vida digna e onde haja justiça? - Eu só vejo uma resposta: as Universidades de Economia de todo o mundo e todas trabalhando em conjunto. Haja quem queira liderar tal ambicioso projecto. Porque não uma Universidade portuguesa já que fomos/somos pioneiros em tanta coisa?
Uma cena absolutamente comovente! Tão diferente da frieza tecnocrata dos nossos pobres governantes...
Enviar um comentário