O nosso leitor José Nascimento, arquitecto de profissão, enviou-nos um comentário do qual reproduzo algumas linhas pelo facto de denotarem pressupostos de ensino e de aprendizagem distintos dos que guiam essa empresa e que, a serem adoptados, teriam aplicações também distintas daquelas que prevemos quando entrarmos nas escolas intervencionadas.
No meu caso, às justificações que a Parque Escolar apresentou para a escolha de propostas de intervenção adiciono as que agora deram origem ao seu post.
Falo por experiência própria de aluno que fui e de arquitecto que sou nas poucas intervenções que tenho tido na área, e que se resumem no essencial aos seguintes pontos:
1- a educação resulta de um diálogo, entre o professor e o(s) aluno(s), como tal o essencial é o espaço em que esse diálogo acontece (sala de aula) e para isso acontecer não são necessários grandes investimentos materiais. Basta silêncio e paz;
2- fora da sala de aula, a escola é um espaço de prática social entre os alunos e entre a comunidade em que se insere. Também para isso não são essenciais grandes teorias de espaço ou pedagogia. Basta um limite físico claro para todos, que indique onde começa e acaba a escola.
Conclusão cínica: a actuação da Parque Escolar é tão má que dentro em breve será necessário corrigi-lhe os erros. E cá estaremos todos para os pagar. Sempre.
4 comentários:
Enquanto professor, saúdo as opiniões do arquitecto José Nascimento.
Há coisas que são tão simples, e belas e úteis e... económicas!
Na ensino, na arquitectura, como no resto.
E, actualmente, é demasiado necessário que o afirmemos.
Obrigado Senhor Arquitecto.
Concordo em absoluto com José Nascimento e José Ascenção.
Neste país é politicamente incorrecto querer coisas simples, eficazes e eficientes. Gostamos muito de relativizar e detestamos a objectividade. Desta forma tornamos a gestão das organizações quase impossível.
No (meu)comentário anterior, na 3º linha, leia-se "No ensino" em vez de "Na ensino".
Em relação ao problema da educação deixem-me só dizer umas coisitas. O espaço não é necessário à liberdade e ao equilíbrio. A liberdade não é necessária ao movimento. A disciplina não é um sistema pré estatutário. O trabalho não implica a repetição no tempo. A educação não tem nada a ver com o que dizia Heraclito. E sobretudo, a pergunta não pressupõe a resposta. A pedagogia não é desnecessária. A cultura da educação social não é um factor desmotivante nem proporciona no aluno uma mudança radical de paradigma em relação a aquilo que ele pensa ser a sua maneira de organizar a realidade. A educação social não é uma interferência abstrusa e bruta num movimento de dignidade harmonioso. A educação social não é uma tentativa de afirmação individual do professor em relação ao outro. Nada disso.. A educação social é apenas impossível para alguns e viável para outros. Útil para uns e conveniente para outros. Necessária para todos e supérflua para ninguém. Ou melhor, a minha experiência na escola ensinou-me ter de estar sentado numa cadeira a ouvir uma pessoa a falar não é muito enriquecedor, que, na medida em que tenho de lá estar porque se tornou obrigatório assistir às aulas, perco tempo no absoluto desconhecimento de tudo o resto que é bem mais real que todas as teorias que se podem aventar sobre coisas que já não são reais e que toda a interferência na realidade de modo organizado é muito mais divertida do que estar na missa a partilhar o saber do Senhor Deus. Enfim.. Em relação à Instituição Escola só tenho a dizer mal e tudo o que puder dizer continuo a dizer porque é nisso que acredito. O saber partilha-se? Então não vale nada! O conhecimento não se partilha ? Então para que é que quero conhecer? Estabelecem-se hierarquias? Esqueça lá isso senhor doutor, tamos aqui para ser uns para outros. Moldam-se consciências? Qual quê, sou pago para isso.
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