sábado, 26 de junho de 2010

A escola não pode permanecer tal como está

A propósito da publicação do livro O ensino do Português, referido em post anterior, a sua autora, Maria do Carmo Vieira, deu uma entrevista, onde afirma o seguinte:

"A escola não pode permanecer tal como está, porque já bateu fundo – e não só em relação ao ensino do português, mas em várias outras matérias. Estamos a ensinar na base daquilo que é fácil, do que não exige esforço, nem trabalho. Estamos a fomentar gerações e gerações de alunos que não pensam, nem sequer sabem falar ou escrever.

Ao tornar a facilidade da escola comum para todos, um aluno que venha de um contexto familiar rico, do ponto de vista cultural, não vai ficar prejudicado, porque os pais hão-de ter sempre dinheiro para ele ir para explicadores ou para frequentar boas escolas. Já aqueles que vêm de espaços mais fragilizados socialmente, esses sim é que vão ser torturados e explorados pela sociedade."


A entrevista completa poderá ser lida aqui e aqui.

5 comentários:

Rui Fonseca disse...

"Estamos a ensinar na base daquilo que é fácil, do que não exige esforço, nem trabalho..."

Quem é que está?

Não estará a resposta (ou grande parte dela) na afirmação da ex-ministra publicada hoje no Expresso que "professores querem ser todos iguais"?

A igualização, já se sabe, porque forçada, faz-se sempre por baixo.

Enquanto não for denunciada e combatida a principal causa não se alteram as consequências.

"Insanity is doing the same thing over and over again, expecting different results" - Albert Einstein

Há ainda uma outra causa importante para a situação a que chegámos: a falta de exigência dos empregadores, funcionando a universidade, neste caso como um deles: na medida em que os empregadores (e sobretudo o Estado) não coloca exigências de conhecimentos adequados aos candidatos a emprego (ou admissão às Universidades)o laxismo propaga-se de forma descendente.

Quem é que se sente motivado a estudar, seja o que for, se uma boa cunha supera qualquer bom diploma?

Apenas os que têm apetência congénita pelo estudo. Mas esses são uma minoria.

Fartinho da Silva disse...

A prazo a escola pública será frequentada apenas e só por aqueles que não possuem recursos financeiros e/ou culturais. Será uma espécie de escola mínima, onde se aprendem baboseiras e lugares comuns. Onde se entretêm os alunos para que estes não ousem fugir da mediocridade...!

Luisa Moreira disse...

Há exemplo de escolas e professores que procuram no seu trabalho e através dum grande profissionalismo, oferecer ao país um melhor ensino.
Preparando os alunos para que todos aprendam o essencial, o básico, o obrigatório e também, para poderem optar entre os estudos académicos ou os estudos profissionais.
Em simultâneo, vão procurando que os que têm melhor desempenho e maior acompanhamento familiar possam também usufruir de um ensino que desenvolva cada vez mais as suas potencialidades..
É sempre erróneo tomar a parte pelo todo. Ou seja, generalizar,
Sem dúvida que a escola precisa de mudar, mas muitos, felizmente, acreditam que nós tal como outros podemos alcançar melhores aprendizagens e alunos mais preparados para enfrentar os desafios do futuro.
Não a transformemos, nós os educadores, mais injusta ainda!
A escola inclusiva deve ser uma ambição, um compromisso do professor e não um compromisso de papel!

Anónimo disse...

Vai-te mas é catar, óh meu... a pensares assim, também não vais longe. Maus e bons professores hão-de existir sempre, as cunhas hão-de existir sempre, maior ou menor exigências hão-de existir sempre... e ainda bem! Mas más politicas não durarão para sempre... como diz o povo: o exemplo vem de cima. Acabem de uma vez com a ideia de que o culpado é o mexilhão, e que a culpa de uma vez por todas, que não morra solteira! Acabem com estes politicos, já!

Anónimo disse...

na sequência do comentário de Rui Fonseca - acrescento que essa minoria (se não for de "boas famílias") tem de ESCONDER muito bem essa "apetência congénita" pelo estudo para não ser despedaçada pela maioria. Ficção científica? Como alguém referiu algures por aqui, o que impera nos poderes institucionais da educação é inequivocamente maniqueísta: quem não é amigo é inimigo! Pior do que as próprias leis ainda conseguem ser as pessoas a quem essas mesmas leis se designam instrumentalizar.

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