quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Triste fado
Texto recebido de Augusto Kuettner Magalhães:
A cientista Mónica Bettencourt Dias foi hoje - 4 de Novembro de 2009 - distinguida pela Organização Europeia de Biologia Molecular (EMBO) ao ser incluída na sua lista anual dos mais talentosos jovens cientistas da Europa. Mónica Bettencourt Dias é licenciada em Bioquímica pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e regressou em 2006 de Inglaterra, onde se doutorou em Biologia Celular no University College London. A investigadora dirige o Laboratório de Regulação do Ciclo Celular do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC). Notícias como esta deviam ter o relevo de uma primeira página dos jornais, de abertura dos telejornais...
Temos muitos talentos, temos portuguesas e portugueses com uma tremenda qualidade, dos melhores entre os melhores, na investigação, na gestão, no marketing, nas ideias, etc. Mas isso não é importante, o que interessa é a desgraça, o destino marcado em nós, como povo inconsequente, incapaz, desatinado. Temos gente tão competente que, se bem aproveitada, poderíamos ser dos melhores entre os melhores em várias áreas. Devemos andar distraídos, ou então devemos gostar da auto-flagelação e, assim, não vamos a lado nenhum. Vamos apenas vendo o afundamento diário do país. Triste fado!
Augusto Kuettner Magalhães
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2 comentários:
Estes denúncias da suposta auto-flagelação dos portugueses não fazem muito sentido. Ter lucidez em relação aos próprios defeitos e criticá-los é uma boa atitude e não é incompatível com o progresso e com a realização de obras de valor. Pelo contrário.
Muitos portugueses parecem ter pouca dessa lucidez e não demasiada.
O facto de haver muitos portugueses como Mónica Bettencourt Dias não significa que não haja também muitos como Fátima Felgueiras ou Valentim Loureiro. Criticá-los não é auto-flagelação.
Permito-me estar em total desacodo. Temos a Fátima, o Valentim, e tantos mais, e parece que nos satisfazemos, ficar sempre e só a falar deles.
E enquanto com isso nos entretemos deixamos passar, o Carlos Fiolhais, o Sobrinho Simões, o Luís Portela, o Rui Mota Cardoso, o Rui Moreira, o Artur Santos Silva, o Daniel Sampaio, o Jorge Sampaio, o José Gameiro, o Júlio Machado Vaz, o Antonimo Lobo Antunes, e tantos, tantos, tantos mais.
E não tratamentos legal e judicialmente das vidas dos primeiros, mas falamos neles, sempre, sempre.
Não aproveitamos o trabalho dos segundos, dado isso estar fora do nosso modo de estar.
Augusto Küttner de Magalhães
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