Luísa Costa Gomes apresentou neste mês o seu novo romance, intitulado Ilusão (ou o que quiserem) que se centra na "relação entre a realidade, a ilusão e o realismo". Os principais personagens são uma professora e um actor. Sobre o ensino, pode ler-se na entrevista a Maria Leonor Nunes (Jornal de Letras de 18 de Novembro, páginas 14-16) o seguinte:
JL: No seu romance, faz um fresco acutilante e irresistível do ensino, das estratégias educativas, do chamado eduquês, assim como dos bastidores e trabalhos do teatro e da Cultura. E nada, nem ninguém parece ter escapatória. Teve consciência que é uma verdadeira provocação?
LCG: Sim, diverti-me imenso a escrevê-lo. Um amigo até me disse que tinha ido hostilizar os meus leitores, que são maioritariamente actores e professores de português. Evidentemente que não se trata de hostilizar. O ensino é em si uma caricatura. Quer em termos de competitividade, quer ao nível das relações com os alunos, do manancial de despachos e regras, das estratégias e os objectivos. Admiro os professores, a capacidade de todos os dias malharem na Língua Portuguesa, na Matemática, sem desfalecerem, voltando sempre à luta.
JL: As professoras do seu romance teriam por certo uma boa classificação em qualquer avaliação pela sua extraordinária persistência...
LCG: Não sei, não sei. Porque são muitos parâmetros de avaliação. Se calhar não chega ir morar para o pé dos alunos e levantar-se aos domingos para lhes dar um Bolicao.
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3 comentários:
Ora cá está um romance que vou incluir nas prendas de Natal, oferecendo-o também a mim próprio. Agora digo aos meus amigos professores que já não os posso ouvir, nem a mim mesmo, sobre o que se passa nas escolas. Foi muita dor, muito sofrimento, muita revolta, ter depositado confiança (e o voto) num partido que julguei poder fazer alguma coisa pela educação, e que foi o que se viu... E eu conhecia muitos professores que queriam que o estado de coisas se modificasse. E, em vez disso, que tivémos: uns incompetentes a acabarem com o pouco de bom que ainda restava e a instalarem o caos. De uma forma louca e obstinada não resolveram nenhum problema e criaram muitos mais. Quem sofreu foi a escola pública, que está em frangalhos. E basicamente porque se perdeu o respeito pelos percursos académicos e profissionais feitos com dignidade, humildade e sofrimento. E tão pouco respeito talvez derive, pelo menos em parte, do modo como os mandantes obtiveram os diplomas que os guindaram ao que supõem ser o seu (deles) estatuto. Sim, que isto de importância, carece da consideração e do respeito de terceiros. Mas é bom que haja pessoas de fora do sistema de ensino a relatar e a expôr pelos meios possíveis a miséria a que se chegou. E a apontar responsáveis. Até porque os intoxicadores e os partidários sinuosos da situação começam agora a ter um pouco mais de cuidado e menos arrogância nas sentenças que debitam...
José Batista, bom texto.
Lindo!
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