sexta-feira, 20 de novembro de 2009
4 anos, 9 meses e 5 dias à volta do mundo
Informação recebida do Observatório do Mar dos Açores:
Era uma vez um navio da marinha real britânica com cerca de 27 metros de comprimento que entre 1826 e 1843 fez três grandes viagens para cartografar os mares do hemisfério sul - chamava-se Beagle. Na segunda dessas viagens embarcaram 74 tripulantes, entre os quais um jovem e entusiasta naturalista de 22 anos. Durante quatro anos, nove meses e cinco dias, entre 1831 e 1836, Charles Darwin viajou à volta do mundo no navio comandado pelo Capitão FitzRoy. Mas apenas um terço desse período, cerca de 18 meses, foram realmente passados no mar. Durante a maior parte do tempo Darwin caminhou em terra firme, em longas caminhadas e expedições a cavalo, trilho acima, trilho abaixo numa recolha incansável de fósseis, plantas e animais, muitos nunca antes descritos pela ciência. A lavra foi grande e quando voltou a pisar Inglaterra no dia 2 de Outubro de 1836, tinha recolhido 5436 espécimes.
Darwin era um homem muito curioso e tinha um interesse científico pela vida que se estendia por vários aspectos do mundo natural e se prolongou até ao momento da sua morte. Escreveu mais de 20 livros sobre temas tão diversos como a polinização das orquídeas e o papel das minhocas na formação de bolores vegetais do solo, o último livro que publicou seis meses antes de morrer. Nesse livro, para além de observar que os buracos e túneis feitos pelas minhocas permitem ao solo absorver mais água e facilitam o crescimento das raízes, Darwin explicou a razão pela qual as ruínas e vestígios do passado se encontram enterrados, por vezes a vários metros de profundidade. Dizia ele dever-se à acção continuada das minhocas que ao longo dos anos vão trazendo o solo para a superfície e, assim, soterrando o que antes se encontrava à superfície.
Este ano, a 24 de Novembro, celebra-se o tri-cinquentenário da publicação do seu livro mais famoso, A origem das Espécies. Foi em 1859, mais de 20 anos depois da viagem do Beagle, que saíram à rua os 1250 exemplares de um livro que, para além de se esgotar no próprio dia, mudou para sempre a nossa visão de nós próprios. Ao desenvolverem a teoria da evolução das espécies e identificarem a selecção natural como o principal agente modelador da vida no planeta, Darwin e Wallace alargaram incomensuravelmente a noção de família. A visão fixista de espécies imutáveis e sem parentesco entre si eclipsou-se e deu lugar a uma visão mais dinâmica e de certa forma fraternal da vida. O que nos une é infinitamente maior do que o que nos separa.
Darwin morre em 1882 com 72 anos. Sofreu com uma saúde frágil, e teve sucessivas crises que incluíam vertigens, tremores, vómitos, desmaios e taquicardias, entre outras maleitas, mas os médicos nunca conseguiram diagnosticar a doença que sempre o afligiu. Viveu uma vida familiar pacata e recolhida com a sua mulher Emma com quem teve 10 filhos.
No próximo dia 24 de Novembro o Observatório do Mar dos Açores (OMA) associa-se às celebrações darwinianas com o lançamento de um pequeno opúsculo que celebra a passagem de Darwin pelos Açores.
A obra será lançada no próximo dia 24 de Novembro pelas 18h na Biblioteca Municipal de São Roque do Pico e na Fábrica da Baleia do Faial.
Verónica Neves
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