segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A Virtude

«O que deve caracterizar a juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a diligência, a justiça, a educação. São estas as virtudes que devem formar o seu carácter», Sócrates


Cada visita aos Museus do Vaticano é não só um deleite para os sentidos, mas também uma viagem da alma. Ali encontramos materializada a arte e ali encontramos também o Homem e a lembrança de um deus, não podendo deixar de ficar perplexos com uma capacidade artística transcendente, revelada em cada parede, em cada friso, em cada tecto.

Na «Stanza della Segnature» deparamo-nos com a representação alegórica da Virtude. Num estilo imponente de traçado claro e harmónico, o tema das virtudes humanas é central: três figuras femininas lembram ao Homem o traçado do caminho justo e perfeito (a quarta virtude, a Justiça, teve honras de primazia e surge, por isso, numa representação isolada). A Força, vestida com uma armadura, senta-se à sombra de um carvalho, estando acompanhada por um leão. Do outro lado, a Temperança é representada com um freio, símbolo da necessária moderação. Ao centro, num plano de destaque e mais elevado, encontra-se a Prudência, sugestivamente com duas faces: a jovem que se reflecte no espelho e um velho, que é o símbolo da aprendizagem sábia e da reflexão. Quer dizer: o futuro como caminho que a análise do passado possibilita, aberto por uma escolha no presente. A completar o fresco, surgem dois graciosos meninos e três figuras aladas que representam as virtudes teologais – a Fé, a apontar para o céu, a Caridade, a recolher os frutos, e a Esperança, com a tocha erguida, sinal de Luz.

Na verdade, a disposição à prática do Bem supremo que os filósofos consagraram materializa-se pela mão de Raffaello Sanzio, realçando o traçado da virtude, os seus contornos, os seus convites e as suas directrizes. É este olhar a virtude que devemos fomentar na escola, na sociedade, nas escolhas da vida.

Imagem: Fresco na «Stanza della Segnatura», Palácios Pontifícios, Museus do Vaticano

2 comentários:

T. Santos disse...

Õ que eu não dava para poder visitar todos os museus das grandes cidades europeias... Rios de cultura... Podemos aprender tanto com o nosso passado. Gostei do post. Parabéns!

Clara disse...

Gostei muito do post! É bom "descodificar" assim as obras de arte, retirando delas todo o manancial de sabedoria que contêm.

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