sexta-feira, 13 de novembro de 2009

ENERGIA NUCLEAR EM PORTUGAL?

Declarações sobre energia nuclear que fiz à jornalista Catarina Cristão, do "Diário de Notícias", para um artigo que saiu hoje:

P- A energia nuclear é uma energia segura?

R- Actualmente as centrais nucleares são bastante seguras. São muito mais seguras do que eram há alguns anos, pois a tecnologia em que se apoia evoluiu extraordinariamente. As exigências de segurança nesse tipo de instalações são das maiores do mundo considerando qualquer sector da actividade humana. Os incidentes e acidentes que houve contribuíram em muito para esse aperfeiçoamento continuado. Todos os procedimentos são hoje feitos de modo a que não possa haver a mínima falha. Dito isto, tenho de acrescentar que não há risco zero em nenhuma actividade humana. Não se deve menorizar a gravidade de Chernobyl. Mas a probabilidade de voltar a ocorrer um acidente grave como Chernobyl é baixíssima. Foi um erro humano, cometido em circunstâncias excepcionais, que dificilmente se poderá repetir.

P - É uma energia limpa?

R - Sim, do ponto de vista ambiental as vantagens são óbvias pois, não havendo emissão de combustíveios fósseis, a emisão de dióxido de carbono é zero. É principalmente por esta razão que, depois do Tratado de Quioto, as centrais nucleares voltaram a aparecer como boas opções para ajudar a um futuro sustentável do planeta. Há hoje ecologistas que defendem as centrais nucleares, por elas serem muito mais "amigas" do ambiente do que centrais a carvão ou a petróleo. Vamos ver o que se passará em Copenhaga no sentido da continuação de Quioto, mas, se a nossa preocupação com alterações climáticas aumentar, é bem provável que a actual tendência para a construção de centrais nucleares prossiga. Claro que não há bela sem senão: um dos problemas ainda não completamente resolvidos das centrais nucleares é o tratamento e deposição de resíduos radioactivos resultantes da sua actividade. Neste momento, esta área é objecto de muito trabalho que pretende melhorar a situação existente, que não é ainda inteiramente satisfatória.

P - Fica mais barata?

R - A energia nuclear não é propriamente barata. Exige um grande investimento inicial. Mas o caro e barato é relativo, tem de se comparar com outras formas de obtenção de energia. Ao contrário do que se diz, algumas das energias renováveis - que em si mesmo são uma coisa boa e deviam, por isso, continuar a crescer - são também caras. Cada caso é um caso e o factor económico é uma das variáveis - não a única - num processo de decisão.

P - Será uma solução para a dependência energética do país?

R - Na minha opinião a opção nuclear tem de ser ponderada, incluindo todas as suas variáveis. Esta é uma questão incontornável quando discutimos o nosso futuro energético. Eu não sei se a construção de uma ou mais centrais é ou não a solução ou uma ajuda para a solução do nosso grave problema energético, nomeadamente a nossa enorme dependência do exterior. E é por isso que gostaria de ver o problema discutido publicamente. O governo anterior fez um tabu sobre o assunto. Agora estamos numa nova legislatura e receio que o tabu continue. Receio que o governo continue a falar de energias renováveis, como a solar e a eólica, que são decerto uma boa aposta, mas escamoteie o facto de elas estarem longe de poder satisfazer as nossas actuais e futuras necessidades energéticas. São um bom contributo, mas não chegam. Temos de estar prevenidos contra os perigos da propaganda política.

P - As energias renováveis resolverão o problema, ou também têm limites?

R - Têm obviamente limites: o rendimento é, em geral, pequeno e a potência é baixa. É difícil senão mesmo impossível pôr uma grande instalação industrial ou uma grande cidade na exclusiva dependência energética de uma central solar ou eólica. E nos dias em que não há sol? E nos dias em que não há vento? Contudo, essas tecnologias estão a evoluir, principalmente a solar, e pode bem ser, se continuar o investimento científico-tecnológico, que haja surpresas. De qualquer modo, pensa-se que a longo prazo, quando o petróleo e outros combustíveis fósseis deixarem de estar acessíveis, a energia do futuro venha da fusão nuclear. Há um grande projecto internacional a iniciar-se no Sul de França - o ITER - com participação portuguesa. A fusão nuclear, ao contrário da cisão, não tem o problema dos resíduos. Mas falta muito tempo para ter tecnologia de fusão viável...

P - Haverá em Portugal um local aceitável para localizar uma central nuclear?

R - Com certeza. Se se decidir pela construção de uma ou mais centrais será relativamente fácil, depois dos convenientes estudos, encontrar bons locais, ou pelo menos aceitáveis. Devo dizer aliás que já hoje usamos energia nuclear, quando importamos energia eléctrica que é produzida em França e Espanha, onde há numerosas centrais que foram construídos em locais aceitáveis. Em França a energia eléctrica é, na sua grande maioria, produzida em centrais nucleares. E em Espanha é uma boa parte.

1 comentário:

Anónimo disse...

A energia mental electrónica será perigosa?

" A representação colectiva na cibercultura política permite aos clãs, às tribos, às famílias e aos Estados – nação inscreverem-se num modo comum, na cidadania virtual originária nos media, através da comutação de sinais ou signos. Os estrategas destes, produzem o sonho da política, virtual através de vibrações e da sua energia produtiva que atravessa os tubos catódicos. O audiovisual, produz uma espécie de fascínio da consciência política colectiva é individual, sendo a ordem visual, sonora e a ciberhermenêutica a ordem dos signos.
Resumindo, cibercultura política é paixão, acção e imaginação. Nesta, a electricidade funde-se com a sociedade em rede e cria a desmaterialização do poder económico ao atribuir a base dos factores de produção ao conhecimento, à alta tecnologia, à informação, à comunicação e às finanças. Mas, cibercultura política é também a construção de novas identidades sociais, nascidas no interior da rede das redes (net).

Abç,
Madalena Madeira

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...