sábado, 3 de janeiro de 2009

O ANO DE GALILEU E DARWIN



Minha crónica no último número do semanário "Sol" (na imagem antevisão da sonda Kepler):

Neste ano de 2009 festejamos Galileu e Darwin. Por um lado, comemoramos os 400 anos das primeiras observações astronómicas feitas com o telescópio pelo italiano Galileu Galilei (que seriam descritas em “O Mensageiro das Estrelas”, um livrinho publicado em 1610). Por outro lado, comemoramos os 200 anos do nascimento do inglês Charles Darwin (e também os 150 anos da publicação da sua obra maior, “A Origem das Espécies”).

Galileu e Darwin têm em comum o protagonismo de momentos de rotura não só nas ciências mas também, mais em geral, na sociedade. Por exemplo, a Igreja Católica e a Igreja Anglicana reagiram de forma algo violenta às novidades que esses cientistas trouxeram, tendo só há pouco tempo emendado a mão (a Igreja Anglicana ainda não completamente).

No ano de Darwin, apesar do triunfo da teoria da evolução, ainda haverá uma grande discussão em torno dela. Uma das dificuldades que lhe apontam é o facto de hoje ainda não sabermos ao certo como se originou a vida, apesar de fazermos uma boa ideia do modo como ela se multiplicou e desenvolveu. Terá tido origem apenas na Terra, onde a conhecemos abundante e diversa? Ou teve antes origem fora da Terra, tendo vindo aqui parar por mero acaso? Ou, ainda, o que para muitos cientistas é bem provável, a vida, nas formas que conhecemos aqui ou noutras formas, teve também origem em tempos díspares noutros planetas do nosso vasto Universo?

Pois em Março deste ano a NASA vai lançar o satélite “Kepler” (do nome do astrónomo alemão Johannes Kepler, o contemporâneo de Galileu que escreveu, em 1609, também há 400 anos, “Astronomia Nova”), que irá procurar com a ajuda de um telescópio adequado planetas extrasolares semelhantes à Terra. Acontece que os planetas extrasolares que conhecemos hoje são mais parecidos com Júpiter, para onde Galileu dirigiu a sua primitiva luneta, do que com a Terra. Haverá decerto outros planetas semelhantes ao nosso. Seria o acontecimento não apenas do ano mas do milénio se, neste ano ou nos seguintes, se descobrisse vida num planeta desses. Galileu e Darwin ficariam contentes...

4 comentários:

Rui Baptista disse...

Segundo Peter Medawar (Prémio Nobel da Medicina, 1960), "a Ciência não pode responder às questões últimas sobre o sentido da vida", a Religião que se perde na imensidade dos tempos, a Filosofia que atravessou a bruma dos milénios, a Biologia hodierna, apenas com pouco mais de dois séculos de vida, porfiam, desesperadamente, por si só ou em conjunto de esforços, em dar resposta ao grande enigma do "animal racional" de Lineu (1701-1778)- que geneticistas nos dizem ser diferente de um simples rato em número de genes - , rejeitado pelo fervor religioso do literato Chateaubriand (1802), quando escreve:"Se nos é permitido dizer, é, parece-nos, uma grande pena encontrar o Homem mamífero classificado, depois do sistema de Lineu, com os macacos, os morcegos e os pássaros".

Para Edgar Morin, uma das melhores cabeças contemporâneas, a idade da Terra ascende a 5 biliões de anos, a Vida a 2,5 biliôes, o "homo sapiens" de 100 a 150 mil anos, a Filosofia a 2.500 e a Ciência do Homem está apenas no seu ano zero".

Factos estes que tornam desejável que as Ciências Humanas, para mais ainda e ainda segundo ele, "um pequeno ghetto", não virem as costas à Biologia na sua tarefa de Sísifo em desvendar os segredos da "humilhação zoológica" do animal racional apeado do criacionismo.

Mas não definitivamete. Mesmo no dealbar deste 3.º milénio continua-se a apelar ao ensino da teoria criacionista em escolas dos Estados Unidos para justificar o aparecimento do homem à superfície da Terra!

Freire de Andrade disse...

A classificação da eventual descoberta de vida num planeta extra-solar (desculpe-me a correcção, Prof. Carlos Fiolhais, mas, segundo o Prontuário Ortográfico que eu uso, "extra-solar" deve ter hífen) como "acontecimento do milénio" parece-me arriscada. Suponho que é completamente impossível prever que acontecimentos importantes se verificarão até ao ano 3000, em que termina o actual terceiro milénio.

perspectiva disse...

“Neste ano de 2009 festejamos Galileu e Darwin. Por um lado, comemoram-se os 400 anos das primeiras observações astronómicas feitas com o telescópio pelo italiano Galileu Galilei (que seriam descritas em “O Mensageiro das Estrelas”, um livrinho publicado em 1610). “

Hoje sabe-se que já na antiga Suméria e Babilónia se faziam observações astronómicas com telescópios. Disso tem sido encontrada evidência arqueológica.

Na verdade, mesmo a astrologia, o zodíaco e os antigos calendários astronómicos da antiguidade pressupõem observações astronómicas precisas.

Isto, não obstante a Bíblia sempre afirmar que devemos confiar no Criador das estrelas e não nas estrelas em geral ou no Sol em especial.

Os egípcios tinham também um conhecimento avançado de astronomia. Eles iam ao ponto de alinhar as suas pirâmides pelas constelações.


“Por outro lado, comemoram-se os 200 anos do nascimento do inglês Charles Darwin (e também os 150 anos da publicação da sua obra maior, “A Origem das Espécies”).”

Curiosamente, o título induz em erro, já que o livro não explica a origem das espécies.

A selecção natural só começa a funcionar quando as espécies auto-replicáveis já existem, como reconheceu o próprio biólogo evolucionista Dobzhanski, tantas vezes citado pelos evolucionistas.

“Galileu e Darwin têm em comum o facto de terem protagonizado momentos de rotura não só nas ciências mas também, em geral, na sociedade. “

Galileu rompeu com a cosmologia aristotélico-ptolemaica do seu tempo, que era uma cosmologia secularizada adoptada pela Igreja, na sua tentativa de estar a par dos “avanços” científicos do tempo.

A generalidade da comunidade científica da época estava com a Igreja contra Galileu.

Galileu, note-se, era criacionista, como eram Kepler e Newton, entre muitos outros.

Por sua vez, Darwin era um produto da época victoriana.

Procurava achar as respostas para as questões da existência desconsiderando e desvalorizando a Palavra de Deus, como de resto já faziam muitos dos clérigos da Igreja Anglicana.

No entanto, a selecção natural, que nada tem que ver com a origem e a evolução das espécies (porque elimina informação genética) já tinha sido proposta pelo biólogo criacionista Edward Blyth, muito antes de Darwin.

Nenhum criacionista nega a selecção natural e artificial. Eles apenas negam que elas possam transformar partículas em pessoas ao longo de hipotéticos milhões de anos.

“Por exemplo, a Igreja Católica e a Igreja Anglicana reagiram de forma violenta às novidades que esses cientistas trouxeram, tendo só há pouco tempo emendado a mão (a Igreja Anglicana ainda não completamente).”

É um erro crasso colocar as teorias de cientistas falíveis e com observações limitadas acima da Palavra de um Deus infalível, com toda a informação disponível.

É por cometer erros desses que a Palmira Silva acaba por equiparar cristais de gelo ou sal a DNA.

“No ano de Darwin, apesar do triunfo da teoria da evolução, ainda haverá uma grande discussão em torno dela.”

Como poderia ser de outro modo?

Todas as teorias científicas estão sempre sujeitas a discussão.

O facto de nunca ninguém ter observado a origem da vida, o hipotético antepassado comum ou uma espécie menos complexa a transformar-se noutra mais complexas, é razão mais do que suficiente para discutir.

Tanto mais que, desde Darwin, que não existe no registo fóssil evidência de evolução gradual.

Por outro lado, a descoberta de níveis sobre níveis de informação codificada no genoma acaba por tornar cientificamente impossível a evolução gradualista, já que não existe nenhum mecanismo naturalista para produzir informação codificada.


“Uma das dificuldades que lhe apontam é o facto de hoje ainda não sabermos ao certo como se originou a vida, apesar de fazermos uma boa ideia do modo como se multiplicou e desenvolveu.”

Nem sabemos como a vida surgiu nem vemos como é que a quantidade e a qualidade da informação do genoma poderia ter aumentado para transformar partículas em pessoas e demais seres vivos.

É que as mutações, a selecção e a especiação, diminuem invariavelmente e cumulativamente a quantidade e a qualidade da informação genética disponível.

Ainda há pouco a BBC apresentou um programa sobre a criação artificial de subespécies de caninos, onde se mostrava que os mesmos iam perdendo genes e iam ficando cada vez mais enfraquecidos e debilitados.

A selecção natural e artificial é um facto, a especiação também e as mutações também. A evolução não.

“Terá tido origem apenas na Terra, onde a conhecemos abundante e diversa? Ou teve origem fora da Terra e veio aqui parar por mero acaso?”

A resposta é simples e óbvia.

A vida só pode ter tido origem inteligente por duas razões objectivamente comprováveis:

1) toda a informação codificada tem origem inteligente, não se conhecendo quaisquer excepções a esta “lei natural” sobre a informação.

2) O DNA tem informação codificada numa quantidade, qualidade, complexidade, integração e densidade que transcende toda a capacidade humana, e cuja tradução e execução precisa permite a construção dos seres mais complexos que existem no Universo;

3) Logo, o DNA só pode ter tido uma origem (super)inteligente.

4) Enquanto não virem isto, os cientistas podem procurar a origem acidental da vida na “sopa prébiótica”, nas rochas, na lama, no barro, no “mundo RNA”, nos oceanos, nas fontes hidrotermais, no gelo, em Marte, ou no espaço, que não vão encontrar.


“Ou, ainda, o que para muitos cientistas é bem provável, a vida, nas formas que conhecemos aqui ou noutras, teve também origem em tempos diversos noutros planetas do nosso vasto Universo?”

Isso é ciência ou ficção científica?

É que não existe nenhuma observação ou experiência que permita corroborar qualquer dessas ideias.

Diferentemente, a Criação foi testemunhada e relatada pelo próprio Deus, e a ressurreição física de Jesus foi testemunhada e relatada por muitos que não hesitaram em enfrentar a fúria dos romanos, dos judeus e dos demais gentios para proclamarem os factos que tinham observado.

“Pois em Março deste ano vai ser lançado pela NASA o satélite “Kepler” (do nome do astrónomo alemão Johannes Kepler, o contemporâneo de Galileu que, em 1609, também há 400 anos, publicou “Astronomia Nova”), que irá procurar com um telescópio adequado planetas extrasolares semelhantes à Terra.”

Toda a investigação que tem sido feita em torno dos planetas extra-solares têm corroborado a singularidade da Terra e do sistema solar, falando os cientistas na necessidade de reintroduzir um paradigma pós-coperniciano, ou seja, da necessidade de fazer uma revolução coperniciana ao contrário.


“Acontece que os planetas extrasolares que conhecemos hoje são mais parecidos com Júpiter, para onde Galileu dirigiu a sua primitiva luneta, do que com a Terra.”

O que corrobora o que se disse anteriormente.

“Haverá decerto outros semelhantes ao nosso. Seria o acontecimento não do ano mas do milénio se este ano ou nos seguintes se descobrisse vida num planeta desses. Galileu e Darwin ficariam contentes...”

Não basta existir um planeta semelhante ao nosso para existir vida, já que mesmo no nosso planeta, que a Bíblia diz ter sido sintonizado para a vida (como de facto é) não se sabe como é que a vida surgiu por acaso nem isso foi observado.

Francis Crick, no seu livro Life Itself, estimou que a probabilidade de o DNA ser sintetizado por acaso é zero.

Se a teoria das probabiilidades serve para alguma coisa, ela corrobora a criação inteligente da vida e desmente a origem acidental da vida.

Na verdade, a única lei científica conhecida nessa matéria é a lei da biogénese, de acordo com a qual a vida só pode vir da vida.

O modelo evolucionista naturalista exige que essa lei tenha sido violada uma vez, embora não tenha disso qualquer evidência empírica.

É a adesão à filosofia naturalista (e não qualquer evidência empírica) que exige isso.

Diferentemente, o modelo criacionista não exige nenhuma violação da lei da biogénese, antes é totalmente consistente com ele.

Isto porque, se aceita que um Deus vivo criou os primeiros seres vivos e codificou e colocou no núcleo das suas células toda a informação genética necessária à sua reprodução, diversificação e adaptação.

Anónimo disse...

Tem alguns erros de português mas tudo bem. FAZER O QUE NÉ.

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