segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

“Formar leitores para ler o mundo”

Nos próximos dias 22 e 23 de Janeiro, realizar-se-á na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, um congresso internacional sobre a leitura para a infância e juventude. Tal congresso, subordinado ao título Formar leitores para ler o mundo, constitui uma das muitas iniciativas que o projecto Casa da Leitura, criado por essa Fundação, organizou nos seus três anos de existência.
A propósito deste evento, falámos com um dos membros da equipa que tem dado corpo ao projecto: Rui Marques Veloso.

Começo pela pergunta clássica: O que fez surgiu a Casa da Leitura?
A Casa da Leitura surge a partir de um projecto de António Prole, elemento destacado da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas, que foi apresentado, em 2005, à Fundação Calouste Gulbenkian, no sentido de se criar um portal que permitisse a consulta e recolha de informação no âmbito da leitura e da literatura infantil. Pretendia-se, assim, proporcionar uma plataforma de conteúdos que, a médio prazo, conduzisse a resultados significativos em termos da literacia da população portuguesa. A Fundação acolheu de forma muito favorável este projecto, criando as condições necessárias para a sua concretização, o que se verificou no início de 2006, tendo assumido plenamente que este portal seria integrado no seu plano de actividades.

De entre as actividades que foram levadas a cabo pela Casa, nos seus três anos de existência, qual ou quais destacaria, como de maior relevância para aquilo a que o projecto se propõe: levar as crianças e os jovens a ler?
Foco quatro vertentes que considero nucleares: as sinopses e recensões de livros para crianças e jovens, assim como as de obras de investigação no âmbito da promoção da leitura e da literatura infantil, os laboratórios de experimentação sedeados nas bibliotecas de Odivelas e de Beja e a edição de artigos científicos.

Na visita que fiz ao sítio da Casa da Leitura, descobri uma Montra, com sugestões de leituras. Que critérios segue a equipa para seleccionar os livros que nela constam?
R: A palavra qualidade poderia resumir os critérios que norteiam o trabalho da equipa que trabalha na Casa. Há uma grande autonomia na escolha dos livros que serão objecto das recensões; a dimensão estética, em termos literários e plásticos, tem de ser marcante, de forma a contribuir para a educação do gosto e constituir estímulo para a imaginação dos potenciais leitores. O livro informativo ou com características funcionais é seleccionado pelo rigor do tratamento dos conteúdos e sua adequação às competências leitoras da criança. No respeitante às obras de investigação e aos ensaios relativos à matéria em causa, interessa-nos a sua actualidade e interesse para a formação dos profissionais que nos visitam em busca de informação no âmbito da leitura.

Relativamente ao Congresso que vai acontecer daqui a uns dias, quais são os seus objectivos?
A escolha dos conferencistas e dos oradores, que irão analisar e comentar as temáticas que estruturam os quatro painéis, pautou-se pela preocupação em trazer a este congresso nomes de referência em termos internacionais, como se pode constatar pelo programa oportunamente divulgado.

Poderá dar-nos uma ideia das temáticas que vão ser abordadas?
Há três painéis que abordam a literatura para a infância e formação de leitores, as estratégias de leitura e compreensão leitora, os projectos de promoção da leitura; o quarto painel dará espaço para um debate sobre a leitura. A assistência poderá (e deverá) participar, por inscrição, nos debates que serão realizados em salas distintas daquelas onde se realizam as conferências, seguidas dos comentários dos oradores convidados.

Quanto ao futuro, que vida vai ser a da Casa da Leitura?
O tempo de vida da Casa da Leitura, definido pela Fundação Caloste Gulbenkian, foi de três anos. O sucesso que o portal alcançou (com um número de visitas que ultrapassou largamente o milhão) abriu a reflexão sobre a conveniência de se prolongar mais um ano, de forma a garantir num futuro próximo uma eventual existência autónoma. Nada está definido, excepto o facto de este congresso fechar o ciclo de vida previsto para a Casa da Leitura.

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