quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Petição e inquérito

Os professores portugueses que se opõem ao modelo de avaliação imposto pelo actual Ministério da Educação colocaram online um original inquérito que é simultaneamente uma petição. Aqui.

2 comentários:

Anónimo disse...

Declaração de interesses: não sou professor abrangido pelo sistema de avaliação em curso.

Já escrevi noutro lugar que o grande professor é aquele que reúne duas qualidades:
- domina o corpo das matérias que lhe cumpre leccionar;
- tem a capacidade de encantar e seduzir os alunos, provocando-lhes a paixão pelo ramo do saber que ensina

A primeira qualidade deve estar sempre pressuposta na decisão de contratar um professor.
A segunda ninguém sabe exactamente como se alcança. Sabe-se apenas que pressupõe a primeira.

Neste contexto, não há muito para avaliar e o que há, não é objecto do chamado processo de avaliação em curso. Este não avalia nada. Mede. Mede o número de relatórios que o professor preencheu, mede o número de reuniões a que compareceu, mede as notas que deu, mede o número de acções de propaganda do governo a que frequentou... Mede, mede, mede.
Uma avaliação séria exige que os avaliados e a comunidade em geral reconheçam nos avaliadores a superioridade intelectual para avaliar e a honestidade moral para o fazer com isenção, imparcialidade, transparência e justiça.
Nenhum destes requisitos parece reunido.
Isto dito, é profundamente desonesto por parte dos professores promoverem um despropositado inquérito/petição (é inquérito ou é petição?) onde as questões induzem as respostas dos inquiridos.
Perante questões tão capciosamente formuladas (por exemplo, "Pelo total fracasso no seu mandato enquanto Ministra da Educação, e teimosia em não querer resolver o problema, acha que Maria de Lurdes Rodrigues deveria apresentar a sua demissão?"), alguém pode responder "não"?
E não deviam os leitores ser claramente esclarecidos sobre se estão a responder a um inquérito ou a subscrever uma petição, não semeando, como se faz, a confusão, levando os mais desatentos a subscrever (quiçá contra a sua real vontade) um petição, cuidando estarem apenas a responder a um inquérito?
Passei pelo site e abandonei-o sem preencher nada.
Esta acção dá uma péssima imagem dos professores. Não os ajuda.

António Cardoso da Conceição
Porto

Anónimo disse...

"Perante questões tão capciosamente formuladas (por exemplo, "Pelo total fracasso no seu mandato enquanto Ministra da Educação, e teimosia em não querer resolver o problema, acha que Maria de Lurdes Rodrigues deveria apresentar a sua demissão?"), alguém pode responder "não"?"

Apoiadíssimo. Isto não é uma pergunta de inquérito, não pretende saber a opinião das pessoas, dividindo apenas num "nós contra ela (ministra da educação)". Também acabei por não preencher nada.
Os professores têm que se mentalizar que a progressão nas suas carreiras terá sempre de passar por uma avaliação periódica e que não se pode basear na auto-avaliação. Muita gente há no sistema de ensino sem qualquer formação de pedagogia, sequer, a dar aulas. Tem que se separar o trigo do joio!

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...