quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
UM "CARTOON" DO FRIO NORTE
Todos estarão lembrados da polémica em torno dos "cartoons" de Maomé publicados por um jornal dinamarquês. Agora chegou à minha caixa do correio, também do frio Norte da agora tão fria Europa, um "cartoon" que, embora noutra escala, pode provocar polémica. Não sei mesmo se não será considerado blasfemo por alguns...
Aqui no "De Rerum Natura" gostamos da polémica. Não, não pensem que eu penso que não haja aquecimento global. Já escrevi que há, embora não porque o Al Gore diga que haja. E também não pensem que sou a favor da queima de livros, até porque dirijo uma grande biblioteca e sou absolutamente contra todos os "Fahrenheits 451". Os livros, mesmos os que alguns declaram mentirosos, são para preservar. Sou a favor da liberdade de expressão, incluindo a liberdade de expressão dos "cartoonistas".
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13 comentários:
E eu que pensava que filmes como o «Dia depois de amanhã» tinha ajudado a popularizar a noção de que aquecimento global não é sinónimo de desaparecimento das temperaturas baixas...
Hoje em dia, de cada vez que há neve aqui ou acolá, vêm logo uns tantos tontinhos gritar, com um risinho alarve:
«Então onde é que está o 'vosso' aquecimento global?»
Primeiro, as alterações climáticas são fenómenos de muito longo prazo.
Não tem pés nem cabeça tirar conclusões do que sucede (ou não sucede) em meia-dúzia de anos, quanto mais dias.
Por outro lado, pode - sim! - acontecer que o aquecimento num ponto provoque arrefecimento noutro.
Basta colocar um bloco de gelo numa sala, fazer subir a 'temperatura global do compartimento', e ver o que acontece.
Mas o mais irritante é ver que um assunto sério, como este, está a ser discutido em termos de esquerda/direita, à boa maneira de um Benfica/Sporting para atrasadinhos da cabeça.
Carlos, não conheço um só assunto que tenha interesse público que não seja discutido à balda. Os seres humanos são mesmo assim, nada se pode fazer quanto a isso.
Welzer falava em 7 anos, há uma ou duas semanas, no Spiegel, para invertermos a situação climatérica global, de forma a prevenir consequências drásticas. Mas o nuclear não é opção. Carlos, podes saber (incomensuravelmente!) mais do que eu, em termos técnicos, mas já deu para ver que o problema é fortemente político, e quanto a isso já decidi: é não. É mais urgente a educação do que muita energia...
Adelaide Chichorro Ferreira
Não concordo nada com esta observação do Medina Ribeiro e como sou colega e amigo dele já lhe enviei um e-mail a fazer-lhe sentir a minha discordância.
Eu sei que o Medina é um porreirão que gostava de ver todas as pessoas a darem-se bem umas com as outros na paz dos anjos. Mas esta questão não permite ilusões e não tem nada de discussão de adeptos de futebol. Estão em causa interesses volumosos e consequências que podem tocar o bolso de muita gente.
Os adeptos do global warming estão preocupados com o degelo dos polos e com a subida do nível do mar e propõem medidas que, além de inúteis para o efeito, vão agravar estupidamente o preço da energia, como acontece com as famosas licenças de emissão de carbono, medidas que são muito bem recebidas pelos intermediários financeiros que vão receber as comissões, mas que fazem aumentar a tarifa de electricidade de forma insidiosa.
E como eu conheço um dos bolsos de onde vai sair esse dinheiro todo, e não estou minimamente disposto a enriquecer mais vigaristas de colarinho branco, oponho-me firmemente a uma trapalhada destinada a colmatar uma ameaça que considero inexistente.
Para mim é claro como água que só um clubista pode postar o mesmo comentário em vários blogs a criticar o clubismo presente.
Há quem lhe chame "Spam". O Carlos Medina chamar-lhe-á "Serviço Público".
Caro(a)Barba Rija,
Eu coloquei o mesmo comentário em 2 blogues diferentes porque o tema dos 2 posts era o mesmo.
E colocá-lo-ei em mais, se entender que o devo fazer - desde que Você me autorize, evidentemente...
(Claro que, se eu fosse daquelas pessoas que recorrem a 'nicknames', passaria mais despercebido...)
Barba Rija : Você escusava de ouvir esta do Medina Ribeiro. Mas, de facto, como é que um homem de barba rija não dá a cara ao manifesto?
Meu caro Medina, longe de mim impedi-lo. Sou, no fundo, um amante da liberdade. Mas um pato é um pato é um pato. E você comporta-se como um clubista ao mesmo tempo que se indigna do clubismo. Pareceu-me suficientemente ridículo para comentar.
A propósito da sua inevitável boca de resposta infantil, gostaria no entanto de saber qual é a verdadeira diferença entre o seu nome lindo como o sol e o meu nick. Ficarei eu realmente a saber mais sobre si do que o senhor sobre mim? Porventura sim, mas por mais que o seu ego deseje o contrário, essa informação não me dá absolutamente nenhuma vantagem.
Quem for realmente curioso, basta rever alguns posts aqui deste blog para encontrar o meu nome, ver os meus blogs para ler o meu nome preto-no-branco, etc. Mas honestamente, não vejo realmente qual a importância de ter um nome ou um nick. Guardo o nick desde já há bastantes anos, de uma era mais anónima da internet, e tenho-lhe carinho suficiente para não o abandonar.
Parece-me apenas outra desculpa para mandar bitaites infantis.
Compreendo a posição de todos face ao Aquecimento Global mas era interessante também falar do que é o reflexo prático destas teorias uma vez que estes assuntos não se esgotam nos argumentos puramente científicos.
As medidas descritas como tendo efeitos positivos sobre alterações climáticas são também puramente lógicas por uma questão de saúde, economia e bom-senso.
Ou seja, aquecimento global ou não, o reflexo PRÁTICO e positivo destas medidas não depende de consensos científicos- é puro senso comum que gerir bem a floresta (também enquanto recurso económico), impedir a destruição de habitats, promover a eficiência energética nos transportes e edifícios e evitar o desperdício no consumo são coisas bastante pragmáticas e elementares cujos efeitos benéficos são empiricamente verificáveis.
Pode ser muitas vezes um pouco mais interessante discutir sobre ciência quando se tiram conclusões sobre os seus resultados práticos.
Carlos (Fiolhais): também eu continuo a pensar que o aquecimento global é uma realidade, mas este cartoon está mesmo excelente. Independentemente do lado em que se esteja na barricada. Já noutros cartoons que tenho visto não há este sentido de humor oportuno.
Carlos (Medina Ribeiro): para muitos, não é uma questão de clubite. É uma questão de preto ou branco. Não compreendem que os sistemas complexos (como a Natureza ou o Clima) não têm uma evolução linear e constante, que podem oscilar. Os fenómenos extra-CO2 passam-lhes ao lado e apenas são invocados se lhes servirem para a tese e apenas enquanto estão colocados de forma a servir a tese. Estão aqui incorporados os ciclos das manchas solares ou os El Niños.
Já o Barba Rija tem um clube muito específico: o que procura eorias da conspiração ou outra coisa qualquer que possa ser "debunked". Gosta de invocar fontes, mas pode não as compreender. Mas seja. É opção dele (com a qual até simpatizo, mesmo que não a partilhe)
A questão do nome ou nick, por outro lado, é pouco importante. Até porque seguindo os links é possível ver que se trata de um aluno de arquitectura chamado Luís Dias. E mesmo que não se visse o nome, ele usa sempre o mesmo nick o que permite uma identificação permanente, o que é de salutar.
Caro JSA, em relação à sua crítica da minha posição, gostaria apenas de dizer que a vida é bem mais complexa do que imagina, e assim também a vida de estranhos, como eu lhe sou a si, será bem mais, rica não direi por ser presumptuoso, mas enfim, cheia de acontecimentos, descobertas e investigações mui próprias e particulares.
Desse modo, é-me extremamente difícil engolir uma apreciação engavetada do que a minha "posição" poderá ou não significar, até porque se tem alterado bastante no tempo da minha vida.
O problema do "peak oil", por exemplo, surgiu-me há alguns anos como algo arrebatador e mais assustador do que o filme do Al Gore, se é que isso é possível. Foi difícil mas lá consegui sair desse buraco pseudo-científico, bastantes meses antes da bolha especulativa arrebentar. Do mesmo modo, e embora reconheça que a ciência favorável ao AG "catastrófico" seja bem mais sólida (notar o eufemismo) do que o "peak oil", cada vez mais me convenço que não há suficientes provas de que estamos perante uma crise que valha a pena sacrificar uma ainda maior redistribuição forçada de poder e dinheiro (leia-se corrupção) com tão pouco "pay-back" por uma crise que, sinceramente, está bem abaixo na minha lista de prioridades.
E se fosse tão simples como o Nuno parece pensar, já se teria deitado o CO2 ao lixo assim como se já o fez em relação aos CFC. Uma investigação mais séria permite-nos perceber que se trata de uma tarefa bem mais cara e cheia de barreiras tecnológicas e más escolhas do que qualquer outra que tenhamos encarado até hoje.
PS: já não sou estudante, sou mesmo arquitecto :)
1 - O "peak oil" ja ocorreu. Foi em Julho do ano passado.
2 - "Uma investigação mais séria permite-nos perceber que se trata de uma tarefa bem mais cara e cheia de barreiras tecnológicas e más escolhas do que qualquer outra que tenhamos encarado até hoje."
Absolutamente de acordo.
Por outro lado, nunca a Humanidade enfrentou uma crise tao grave como esta, com a provavel excepcao do periodo em que obrigou o Hominideo actual a sair de Africa para colonizar o mundo inteiro.
A analise do genoma humano actual indica que somos todos descendentes de talvez um mero milhar de casais reprodutores.
Isto para nao falar que e falacioso que esses recursos nao existem... afinal de contas, muito mais se anda a gastar nos dias de hoje em bancos.
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